[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

[1755.] JOÃO VARELA GOMES [IV]

* JOÃO VARELA GOMES || MEMÓRIA IDEOLÓGICA NO CENTENÁRIO DA REPÚBLICA *

|| LETRA LIVRE || 2011 ||

"Para que fique registado", aquando do Centenário da República, João Varela Gomes (1924 - 2018) reuniu textos por si publicados na imprensa (a imprensa possível), entre os quais constam vários dedicados aos primeiros anos de combate à Ditadura Militar. 

De leitura obrigatória são os três artigos sobre "Deportados em Timor" (Diário de Lisboa, 1983) e os dois abrangendo "Os 50 irremissíveis inimigos da Ditadura" (Diário de Lisboa, 1984), ou seja os 50 nomes (46 militares e 4 civis) que não eram abrangidos pela amnistia de 5 de Dezembro de 1932.




[Letra Livre || 2011]

[Diário de Lisboa || 27 de Abril de 1983]

[Diário de Lisboa || 18 de Julho de 1983]

[João Esteves]

[1754.] JOÃO VARELA GOMES [III]

* JOÃO VARELA GOMES || GUERRA DE ESPANHA - ACHEGAS AO REDOR DA PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA - 70 ANOS DEPOIS *

|| FIM DE SÉCULO || 2006 ||

Em 1987, João Varela Gomes (1924 - 2018) reuniu em livro textos seus publicados no Diário de Lisboa (1983-1984) e na revista Versus (1986-1987), centrados em depoimentos de antifascistas portugueses que combateram na Guerra Civil de Espanha e nos sobreviventes da Revolta dos Marinheiros de 1936. Vinte anos depois, saiu uma segunda edição, com Prefácio de António Louçã [Fim de Século, 2006].



[Fim de Século || 2006]


[João Esteves]

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

[1753.] JOÃO VARELA GOMES [II] || DEPOIMENTO NO TRIBUNAL PLENÁRIO - JULHO DE 1964

* JOÃO MARIA PAULO VARELA GOMES *
[24/05/1924 - 26/02/2018]

[Maria Eugénia e João Varela Gomes || Novembro de 1951]

* O JULGAMENTO DE BEJA || DEPOIMENTO DO CAPITÃO VARELA GOMES *

TRIBUNAL PLENÁRIO DA BOA HORA || JULHO DE 1964

 
 
 
 
 
[Arquivo de AGE]

[João Esteves]

[1752.] MARGARIDA TENGARRINHA [II]

* MARGARIDA TENGARRINHA (N. 1928) || MEMÓRIAS DE UMA FALSIFICADORA - A LUTA NA CLANDESTINIDADE PELA LIBERDADE EM PORTUGAL || EDIÇÕES COLIBRI *

|| 1 DE MARÇO || 18 HORAS || TORRE DO TOMBO ||

|| APRESENTAÇÃO: DR. SILVESTRE LACERDA ||


[1751.] JOÃO LOPES DINIS [I]

* JOÃO LOPES DINIS (1904 - 1941) || DEPORTADO PARA ANGRA DO HEROÍSMO E PARA O  TARRAFAL, ONDE MORREU AOS 37 ANOS DE IDADE *

[João Lopes Dinis || ANTT || RGP/248]

Comunista, foi preso no âmbito dos preparativos para o 1.º de Maio de 1932 [e não em 1934]. Condenado a dez anos de degredo, com prisão, foi deportado, primeiro, para a Fortaleza de S. João Baptista e, depois, para o Campo de Concentração do Tarrafal. Aí faleceu em 12 de Dezembro de 1941, aos 37 anos de idade.

Filho de Paulina Maria e de Francisco Lopes Dinis, João Lopes Dinis nasceu em 1904, em Sintra.

Canteiro, conhecido por "O João Alpedrinha" ou "O João Facadinha", integrou a Célula 21 do Comité de Zona N.º 4 do Partido Comunista e esteve envolvido nos preparativos da jornada de luta a ocorrer no dia 29 de Fevereiro de 1932 e que implicava o recurso a bombas, a qual acabou por não se realizar devido à prisão dalguns dos implicados. 

Segundo o respectivo Cadastro Político [ANTT, Cadastro 5301], João Lopes Dinis participou, com Álvaro Augusto Ferreira, António Soares Monteiro Ferro, Dionísio Moreira de Paiva ("O Russo"), Francisco de Campos, José Duarte 1.º, José Duarte 2.º e Manuel Francisco da Silva ("O Manuel Pedreiro" que faleceu em 24 de Agosto de 1941, quando detido na Fortaleza de Angra do Heroísmo), no planeamento e fabrico de 52 bombas a serem utilizadas. 

Falhada a jornada de 29 de Fevereiro, envolveu-se nos preparativos do 1.º de Maio, tendo estado presente nas experiências realizadas na Serra de Monsanto em 17 e 24 de Abril e sido preso nesta última data com vários dos seus camaradas [Processo 452/SPS].

O seu processo foi enviado para o Tribunal Militar Especial em 24 de Fevereiro de 1933, tendo sido só julgado no ano seguinte, em 20 de Outubro de 1934.

Condenado a dez anos de degredo, com prisão, e na multa de vinte mil escudos, interpôs recurso, tendo a sentença sido confirmada pelo mesmo Tribunal em 3 de Novembro [Processo 16/933, do TME].

Enviado para o Aljube em 4 de Dezembro, foi transferido para Peniche em 19 do mesmo mês e regressou ao Aljube em 20 de Março de 1935, a fim de ser enviado para a Fortaleza de S. João Baptista, em Angra do Heroísmo (23/03/1935).

[ANTT || RGP/248]

Dezoito meses depois, em 29 de Outubro de 1936, João Lopes Dinis integrou a primeira leva de presos políticos enviada para o Campo de Concentração do Tarrafal e aí faleceu em 12 de Dezembro, pelas 12 horas e 50 minutos.

O nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.

Fontes: ANTT, Cadastro Político 5301; RGP/248.

[João Esteves]

sábado, 24 de fevereiro de 2018

[1750.] FERNANDO ALCOBIA [I]

* FERNANDO ALCOBIA (1914 - 1939) || DEPORTADO PARA O  TARRAFAL, ONDE MORREU AOS 25 ANOS DE IDADE *

Fernando Alcobia foi um dos jovens comunistas a morrer no Tarrafal, vítima das condições desumanas a que os presos políticos eram sujeitos e de falta de qualquer assistência médica. Tinha 25 anos.

[RGP/2233]

Filho de Júlia Alcobia, Fernando Alcobia nasceu em 15 de Fevereiro de 1914, em Lisboa.

Vendedor de jornais, era militante da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas e integraria o Comité de Zona N.º 1 do Partido Comunista, tendo a seu cargo a Agitação e Propaganda.

No âmbito da semana de agitação e de luta contra a fome, a guerra e o fascismo, preparada pelo PCP e que deveria decorrer entre 25 de Fevereiro e 2 de Março de 1935, afixou nos prédios de Alfama propaganda política. 

Em Abril de 1935, segundo José Pacheco Pereira, participou na reunião do Pleno da FJCP realizada em Queluz e onde Álvaro Cunhal foi eleito seu Secretário Político.

No dia 10 de Junho de 1935, aquando do Cortejo do Trabalho Nacional que desfilou na Avenida perante Óscar Carmona e Oliveira Salazar, fez parte do grupo que se deslocou à Serra de Monsanto para tentar proceder à largada, falhada, de balões vermelhos com a foice e o martelo.

Dias depois, em 16 de Junho, participou, com Américo Gonçalves de Sousa, Fernando Moura e José Machado Pinto, na distribuição de manifestos no Parque Eduardo VII. Preso, conseguiu fugir na sequência da intervenção de José Machado Pinto que disparou contra o seu captor, o agente José Machado Pinto, guarda auxiliar Nº 264 da P. S. P. de Lisboa.

Procurado, refugiou-se em Espanha, onde seria preso pela Guarda Civil, por estar indocumentado, e entregue à Guarda Fiscal de Elvas.

Entregue, em 3 de Dezembro de 1935, à Secção Política e Social da PVDE, foi, primeiro, enviado para uma esquadra e, em 27 de Dezembro, seguiu para Peniche.

Entre 4 de Fevereiro e 8 de Setembro de 1936, andou constantemente a ser transferido, passando, cronologicamente, pela 1.ª Esquadra, Peniche, Aljube, outra esquadra, 1.ª Esquadra, Aljube, 1.ª Esquadra e, novamente, Aljube. 


[RGP/2233]

Segundo o seu Cadastro Político, foi acusado de, em Agosto de 1936, ter tentado fugir do Aljube com José Machado Pinto através da "abertura de um buraco na parede da casa de banho da sala n.º 3" [ANTT, Cadastro 6006; Processo 1898].

De seguida, integrou a primeira leva de presos políticos enviada para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde chegou em 29 de Outubro de 1936 e faleceu ao fim de três anos, em 19 de Dezembro de 1939.

Segundo relato dos seus companheiros, Fernando Alcobia 
«passara muitas vezes pela frigideira. Pela primeira vez em Outubro de 1938. E a sua saúde sofreu o primeiro abalo. Foi depois a «brigada brava», de onde certa vez o trouxeram em braços. Numa outra altura meteram-no na frigideira com um abcesso no ouvido. Passou toda uma noite com dores agudas a pedir a vinda do médico. Não veio o Tralheira (nome pelo qual os presos tratavam o médico assassino). Queriam que trabalhasse e não o podia fazer e toda uma manhã ficou sentado numa pedra gemendo com dores. De volta ao campo, levaram-no para a frigideira e ali esteve vinte dias, sempre com um abcesso, sempre sem que Esmeraldo Pais Prata (o médico assassino) o tratasse. Trabalho, frigideira, frigideira, trabalho, foi o que Fernando Alcobia teve de sofrer até 15 de Dezembro, quando adoeceu com uma biliosa. O estado de fraqueza em que se encontrava quebrou-lhe todas as resistências à doença.
Esmeraldo Pais Prata veio enfim vê-lo. Estava na agonia. Acendeu uma lanterna e os olhos de Fernando Alcobia não reagiram. A morte já não tardaria muito. Fernando Alcobia tinha vinte e quatro anos e ia morrer assassinado.
-Se estiver pior amanhã, mandem-me chamar.
- E que tratamento lhe devo fazer, senhor doutor? - perguntou Virgílio de Sousa (o enfermeiro), que só depois de muito insistir conseguira que o Tralheira fosse ver o doente.
- Tratamento? Sim! Olhe, ponha-lhe umas compressas de água fria na testa.
Fernando Alcobia morreu pelas dez da manhã.
Morria muito jovem, devido à frigideira, ao trabalho da «brigada brava», às mãos daqueles que o fizeram sofrer tudo isto e tudo lhe negaram.» [Tarrafal - Testemunhos, Caminho, 1978, pp. 142-143].
Fernando Alcobia era o sustento da sua mãe, que vivia no Beco da Lapa - 56, e a sua namorada "pouco sabia dele e da sua vida e que só setenta anos mais tarde viria a saber quem ele era e o que lhe acontecera" [Blogue Cravo de Abril]. Segundo este mesmo Blogue, Fernando Alcobia é a personagem Simão, namorado de Teresa, no romance "O Tempo das Giestas", de José Casanova.

O nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.

Fontes: ANTT, Cadastro Político 6006; RGP/2233.

[João Esteves]

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

[1749.] AURÉLIO DIAS [I]

* AURÉLIO DIAS (1904 - 1934) || PRESO EM ABRIL DE 1932 E MORTO NA PRISÃO EM OUTUBRO DE 1934 *

Militante do Partido Comunista, Aurélio Dias faleceu na Cadeia Penitenciária de Lisboa em 30 de Outubro de 1934, sendo apontado como uma das primeiras vítimas mortais da Ditadura do Estado Novo, provavelmente após "30 dias de tortura".


[PVDE, Polícias Anteriores 3 NT 8903 || "Imagem cedida pelo ANTT" || (Atenção ao uso indevido desta imagem sem a devida autorização do ANTT)]

Nome pouco conhecido e sumariamente referenciado como tendo falecido em 1932 [excepção para o livro evocativo dos 60 anos de luta do Partido Comunista, Edições Avante!, 1982], o esboço biográfico que se segue assenta, sobretudo, no seu Cadastro Político que consta na Torre do Tombo. 

E apesar de todas as reservas inerentes à documentação policial, arquitectada em função dos interesses da governação vigente e da condenação dos opositores, há neste Cadastro Político algo de muito relevante: o segundo julgamento, realizado pelo Tribunal Militar Especial em 3 de Novembro de 1934, em virtude de recurso, realizou-se quatro dias depois do seu falecimento, sendo que a sentença passou de 10 anos de degredo para "2 anos de prisão correccional, dada por expiada com a já sofrida" [ANTT, Cadastro 4416], ou seja, ela terá sido moldada de acordo com a morte violenta de Aurélio Dias.

Filho de Carolina da Piedade e de João Dias Ferreira, Aurélio Dias terá nascido em 1904, em Constância, trabalhando em Lisboa como fragateiro.

Marítimo, a sua actividade política no âmbito do Partido Comunista data de 1931, integrando, primeiro, a Célula Nº 17 do Comité de Zona Nº 2 e, depois, a Célula Nº 24 do Comité de Zona Nº 1.

No ano seguinte, esteve envolvido nos preparativos da jornada de luta a ocorrer no dia 29 de Fevereiro de 1932 e que implicava o recurso a bombas, a qual acabou por não se realizar devido à prisão dalguns dos implicados. Falhada esta, envolveu-se na jornada do 1.º de Maio.

No âmbito daqueles preparativos, manteve contactos, entre outros, com Álvaro Augusto Ferreira, António Franco da Trindade, Artur Serra, Carlos Norberto, Eduardo Valente Neto (marítimo), Francisco Mera, José Martins Pinto Júnior, Leonel da Rosa Felício, Manuel Francisco da Silva ("O Manuel Pedreiro" que faleceu em 24 de Agosto de 1941, quando detido na Fortaleza de Angra do Heroísmo), Manuel Moor e Valério da Cruz [Processos 452 e 676].

Considerado "elemento duma actividade extraordinária e de uma grande preponderância no meio marítimo em Alfama, sendo bastante perigoso pelo desembaraço da sua acção revolucionária" [ANTT, Cadastro 4416], foi preso no dia 24 de Abril de 1932, na Serra de Monsanto, quando o grupo experimentava o material a usar no 1.º de Maio.

Em 10 de Agosto de 1932, por parecer do Director-Geral de Segurança Pública, e concordância do Ministro do Interior, decidiu-se que "lhe seja fixada residência obrigatória em Cabo Verde ou Timor, tendo dado entrada na Cadeia Penitenciária, onde fica aguardando a oportunidade de embarque".

Em 24 de Fevereiro de 1933, o processo de Aurélio Dias foi enviado para o Tribunal Militar Especial afim de se proceder ao seu julgamento [Processo 452], tendo, posteriormente, sido acrescentado um outro processo [Processo 676].

Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 20 de Outubro de 1934, foi condenado a 10 anos de degredo com prisão e multa de vinte mil escudos.

Terá interposto recurso e do julgamento realizado em 3 de Novembro resultou a redução da pena para "2 anos de prisão correccional, dada por expiada com a já sofrida". Entretanto, já falecera em 30 de Outubro, na Penitenciária de Lisboa, com 30 anos.

A única fotografia que se conhece foi tirada na prisão, tem uma cruz por cima para indicar que falecera e publica-se aqui com a devida autorização do ANTT (Arquivo Nacional da Torre do Tombo) [PVDE, Polícias Anteriores 3 NT 8903 - "Imagem cedida pelo ANTT"].

Fontes: ANTT, Cadastro Político 4416; PVDE, Polícias Anteriores 3 NT 8903.

[João Esteves]

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

[1748.] ADELINO JESUS DA CRUZ [I]

* ADELINO JESUS DA CRUZ || DEPORTADO PARA ANGOLA (1928) *

Filho de Maria Martins e de António Maria da Cruz, Adelino Jesus da Cruz terá nascido em 1902, em Lisboa.

Antigo Marinheiro do Armada, foi preso em 22 Junho [Julho?] de 1928 "por ter andado fardado de marinheiro durante o último movimento revolucionário, quando já era da classe civil" [ANTT, Cadastro Político 2161].

Segundo as escassas linhas que constam do seu Cadastro Político, em 21 de Agosto de 1928 "foi deportado para Angola" [Processo 3864].

Residia na Rua do Cruzeiro da Ajuda, 19 - 1.º, Lisboa.

Fonte: ANTT, Cadastro Político, 2161.

[João Esteves]

[1747.] ADELINO HENRIQUES RIBEIRO [I]

* ADELINO HENRIQUES RIBEIRO || PRESO NO ALJUBE E EM PENICHE POR LIGAÇÕES A SARMENTO DE BEIRES *

Filho de Gertrudes da Conceição e de Francisco Ribeiro, Adelino Henriques Ribeiro nasceu em 1898, no Cadaval.

Comerciante no Bombarral, era considerado pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado como agente de ligação do Major José Manuel Sarmento de Beires [04/09/1893 - 08/06/1974], envolvido, desde 1928, em várias movimentações revolucionárias contra a Ditadura Militar.

Segundo o Cadastro Político de Adelino Henriques Ribeiro [ANTT, Cadastro 5019], este seria um dos responsáveis pela angariação de fundos para Sarmento de Beires, com quem manteve ligações entre Agosto de 1931 e Novembro de 1933, assegurando, ainda, os contactos com o ex-Alferes Mário Martins dos Santos e o médico Raúl Coelho Madeira.

Adelino Henriques Ribeiro "era a pessoa que sempre estava em contacto com aquele elemento conspirador, quer pessoalmente quando este indivíduo se encontrava em Portugal, quer por correspondência quando se encontrava ausente, para o que usava as cifras que lhe foram apreendidas" [ANTT, Cadastro].

Há muito vigiado "pelos agentes secretos desta Polícia", foi preso em 21 de Novembro de 1933, na casa que arranjara, clandestinamente, para Sarmento de Beires, na Rua da Padaria - 15 [Processo 866/SPS].

Em 8 de Fevereiro de 1934, foi transferido do Aljube para a Fortaleza de Peniche, tendo, em 7 de Abril, sido enviado para o Hospital de Arroios para tratamento.

Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 2 de Junho de 1934, foi condenado a quatro anos de desterro, sem prisão, multa de quatro mil escudos e perda dos direitos políticos por oito anos.

Em virtude do recurso interposto, o julgamento de 9 de Junho reduziu a pena para três anos de desterro, sem prisão, e a multa para para mil escudos [Processo 9/934, do TME].

Em 3 de Julho, requereu ao Ministro do Interior para cumprir o desterro no Bombarral ou Alcobaça, invocando a continuação do tratamento da doença de que padecia, o que foi autorizado por despacho de 18 do mesmo mês.

Libertado em 23 de Julho de 1934, seguiu para Alcobaça, não podendo ausentar-se dessa localidade sem autorização da PVDE. 

Requereu, em Fevereiro de 1935, para ser transferido para o Bombarral, autorização concedida por despacho do Ministro do Interior de 26 de Fevereiro.

Foi sempre autorizado a deslocar-se a Lisboa sempre que o solicitou por motivos de saúde.

Sepultado no Cemitério do Bombarral.

O nome não consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017, embora tenha lá permanecido entre 8 de Fevereiro e 7 de Abril de 1934.

Fonte: ANTT, Cadastro Político 5019.

[João Esteves]

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

[1746.] ACÁCIO JOSÉ DA COSTA [I]

* ACÁCIO JOSÉ DA COSTA || DEPORTADO PARA O TARRAFAL, JÁ DEPOIS DE TER CUMPRIDO A PENA A QUE FORA CONDENADO *

[Acácio José da Costa || RGP/637 || PT-TT-PIDE-E-010-4-637_m0079]

Serralheiro nas Oficinas Gerais dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste e militante do Partido Comunista, Acácio José da Costa teve participação activa no chamado "Processo das Bandeiras": na madrugada do dia 28 de Fevereiro de 1935, foram afixados nas portas, paredes, janelas e candeeiros do Barreiro e Lavradio manifestos e tarjetas “Contra a guerra imperialista e o fascismo”, “Contra a ditadura de Salazar”, pelo apoio ao “Socorro Vermelho Internacional” e pela “Jornada de 7 horas sem redução de Salários”, entre outros dizeres. 

[Acácio José da Costa || RGP/637 || PT-TT-PIDE-E-010-4-637_m0079]

Simultaneamente, hastearam-se bandeiras vermelhas em várias ruas [Rua Heliodoro Salgado, Rua Joaquim António Aguiar, Avenida da Bélgica (actual Av. Alfredo da Silva), Rua do Campo do Luso e Rua Miguel Bombarda (Lavradio)] e uma bandeira vermelha, com a foice, o martelo e as iniciais do P.C.P., foi colocada no topo da Chaminé das Oficinas Gerais da CP, no Barreiro.

Preso em 16 de Março de 1935, Acácio José da Costa integrou a primeira leva de presos políticos enviada para o Campo de Concentração do Tarrafal, já depois de ter cumprido a pena a que fora condenado. Aí permaneceu oito anos, dos mais de nove que esteve detido.


Filho de Maria de Almeida Costa e de Eduardo José da Costa, Acácio José da Costa nasceu em 1905, em Loures.

Serralheiro nas Oficinas Gerais dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, a residir no Barreiro, na Rua Particular - 13, aderiu ao Partido Comunista por intermédio de Bento Gonçalves e, segundo o seu Cadastro Político da responsabilidade da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, foi o "organizador do núcleo N.º 10, formado nas oficinas dos Caminhos de Ferro" e integrou "o Comité Regional do Partido, no Barreiro, ocupando o cargo de Secretário Responsável Político", juntamente com Joaquim Jorge (agulheiro dos Caminhos de-Ferro, Secretário Responsável da Organização) e José Simões ("José da Mina", operário da CUF, Secretário Responsável da Agitação e Propaganda) [Vanessa Almeida e ANTT, Cadastro 5975].

A ligação às orientações do Partido Comunista era estabelecida através de Bento Gonçalves. A preparação e realização da jornada de 28 de Fevereiro no Barreiro estava inserida na "semana de agitação e de luta contra a fome, a guerra e o fascismo" preparada pelo PCP e que deveria decorrer entre 25 de Fevereiro e 2 de Março. Estiveram envolvidos naquela, entre outros, António Fernandes, serralheiro nas Oficinas Gerais, Flávio Alves, Secretário da Célula da Companhia União Fabril (CUF), Francisco Ferreira ("Chico da Cuf"), "Joaquim da Aldeia", trabalhador na ponte rolante, e José João Rodrigues, operário da CUF.    

Acusado de "fazer parte da organização comunista" do Barreiro, de ter sido o responsável pelo hastear da bandeira na chaminé das Oficinas Gerais da C.P. e de sabotar o "posto de transformação de electricidade situado na Avenida da Bélgica", foi, segundo Vanessa de Almeida, "interrogado pela primeira vez no Posto Policial do Barreiro no dia 10 de Março de 1935". 

Entregue à PVDE em 16 de Março de 1935, permaneceu numa esquadra até 1 de Maio, data em que foi levado para o Aljube. Daqui seguiu, em 22 de Junho, para a Fortaleza Militar de Peniche e aí permaneceu até 7 de Fevereiro de 1936, quando foi transferido para Lisboa, para o Aljube.

Julgado no Tribunal Militar Especial em 15 de Fevereiro, foi condenado a 18 meses de prisão e perda dos direitos políticos por cinco anos [Processo 77/935, do TME], regressando a Peniche em 18 de Março de 1936.

[Acácio José da Costa || RGP/637 || PT-TT-PIDE-E-010-4-637_m0079]

Embora tenha terminado o cumprimento da pena em 6 de Setembro de 1936, continuou em prisão preventiva: em 14 de Outubro foi transferido para Caxias e, dias depois, foi deportado para Cabo Verde, integrando a primeira leva de presos que inaugurou o Campo de Concentração do Tarrafal de onde só regressou em Outubro de 1944.

Novamente enviado para Caxias, foi libertado em 14 de Outubro de 1944, ao  fim de nove anos e sete meses de cativeiro, indo residir para a Travessa da Praia, 54, no Barreiro. 

Preso 3498 dias, Acácio José da Costa faleceu em 28 de Novembro de 1986, com 81 anos.

Em 14 de Dezembro de 2015, o Município do Barreiro deu início 80 anos às "Comemorações da Jornada de Agitação e Luta de Fevereiro de 1935, no Barreiro | O REGRESSO DAS BANDEIRAS", tendo, então, Silvestre Lacerda, Diretor Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, procedido à entrega simbólica de documentos, em suporte digital, de todo o “Processo das Bandeiras” (da PVDE), do acervo documental do Arquivo Nacional da Torre do Tombo



Na sua intervenção, Silvestre Lacerda lembrou que, "relativamente aos documentos que entregou à CMB", são “vozes distorcidas pela PVDE. Esta não é a verdade, é uma das perspectivas de quem quer avançar com o conhecimento. Se não formos capazes de dar voz aos que tinham voz mais fraca, naturalmente toda a escrita da História será feita por outros que no momento exacto estiveram do outro lado”.

Vanessa de Almeida e Helena Pato traçaram a sua biografia.

O nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.

Fontes: 
ANTT, Cadastro Político 5975. 
ANTT, RGP/637.

[João Esteves]
[Revisto em 18/12/2018]

domingo, 18 de fevereiro de 2018

[1745.] ACÁCIO AUGUSTO ROCHA [I]

* ACÁCIO AUGUSTO ROCHA || REVOLTA DE 20 DE JULHO DE 1928 || "DEPORTADO PARA O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE ANGOLA" *

2.º Sargento Músico de Caçadores 10, Acácio Augusto Rocha foi preso por ter participado no movimento revolucionário de 20 de Julho de 1928 contra a Ditadura Militar.

Segundo as escassas linhas que constam do seu Cadastro Político, em 21 de Agosto de 1928 "foi deportado para o Campo de Concentração de Angola" [Ofício do Ministério da Guerra 3185, de 24/08/928].

Fonte: ANTT, Cadastro Político, 2718.

[João Esteves]

[1744.] ACÁCIO AUGUSTO [I]

* ACÁCIO AUGUSTO || REVOLTA DE 26 DE AGOSTO DE 1931 CONTRA A DITADURA MILITAR || DEPORTADO PARA TIMOR *

Guarda dos Caminhos-de-Ferro.

Filho de Maria da Conceição e de Francisco Augusto, Acácio Augusto nasceu em 1896, em Moimenta da Beira.

Preso por dois militares da GNR, acusado de ter participado na Revolta de 26 de Agosto de 1931 contra a Ditadura Militar [Processo 192].

Na semana seguinte, em 2 de Setembro de 1931, foi deportado para Timor e, abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro de 1932, regressou a Portugal em meados de 1933.

Apresentou-se às autoridades em 12 de Junho e declarou ir residir para Ponte de Carenque - Queluz, morada onde vivia aquando da sua detenção.

Voltou a ser detido em 19 de Dezembro de 1933, "por suspeita de ter ligações revolucionárias com vários indivíduos desafectos à Situação, e ainda por suspeita de saber do paradeiro de vário material de guerra" [Processo 905].

Libertado em 13 de Janeiro de 1934 [ANTT, Cadastro Político 3208].

Fonte: ANTT, Cadastro 3208.

[João Esteves]

sábado, 17 de fevereiro de 2018

[1743.] ADELAIDE BRAMÃO [I]

* ADELAIDE BRAMÃO *
[1872 - 1963]

* ACTIVISTA DO CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS || 1945 || LISBOA *

Nasceu em 1872 e faleceu, nonagenária, em 1963. 

Casada com o escritor e político Alberto Allen Pereira de Sequeira Bramão [1865-1944] que, nos últimos anos da Monarquia, reivindicou a Lei do Divórcio e cooperou, em 1909, com Ana de Castro Osório na campanha promovida pela Liga Republicana das Mulheres Portuguesas a favor da sua aprovação pelo Parlamento. 

A sua casa era frequentada por Maria Lamas, enviuvou em 1944 e no ano seguinte, já septuagenária, integrou o numeroso grupo de mulheres que, em Lisboa, aderiu ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas quando aquele passou a ser presidido por aquela escritora. 

[12/01/1935 || O júri do concurso infantil promovido pelo Modas e Bordados || Maria Lamas; Alice Ogando; Adelaide de Lima Cruz; Maria Rio de Carvalho; Adelaide Bramão; Judite Maggioli Serra Ribeiro || ANTT]

Na mesma época, substituiu o marido na chefia da delegação da Voz de Portugal, periódico do Rio de Janeiro, e colaborou em O Senhor Doutor, “um amigo que diverte, educa e instrui”, jornal para crianças criado na década de trinta. 

Usou o pseudónimo Baronesa X, sob o qual publicou O que as crianças devem saber: história de dois traquinas, para os mais novos, e os livros Breviário da dona de casa e Saber viver: regras de etiqueta, opiniões e conselhos, que teve várias edições. 

Esteve representada com este último na “Exposição de Livros Escritos por Mulheres” promovida pelo CNMP na Sociedade Nacional de Belas Artes (1947). 

Colaborou na organização de dois livros póstumos do marido, ambos datados de 1945. 

[João Esteves]

[1742.] ABÍLIO DA ENCARNAÇÃO PEREIRA [I]

* ABÍLIO DA ENCARNAÇÃO PEREIRA || GREVE GERAL DE 18 DE JANEIRO DE 1934 - COIMBRA || DEPORTADO PARA ANGRA DO HEROÍSMO *

Bolacheiro em Coimbra, Abílio da Encarnação Pereira teve participação activa nos preparativos da Greve Geral Revolucionária de 18 de Janeiro naquela cidade. Condenado a 12 anos de degredo com prisão, foi deportado para Angra do Heroísmo. Esteve preso mais de 15 anos, sendo que os últimos seis passou-os em Peniche.

[Abílio da Encarnação Pereira || ANTT || RGP/19]

Filho de Maria Emília Alves e de Aníbal da Encarnação Pereira, Abílio da Encarnação Pereira nasceu em Coimbra, m 26 de Maio de 1886.

Trabalhador da Fábrica Triunfo, onde era bolacheiro, Abílio da Encarnação integrou o Comité Sindical Revolucionário, constituído por anarquistas, que preparou a Greve Geral de 18 de Janeiro de 1934 em Coimbra: era o responsável pela guarda do material explosivo e armamento a utilizar e participou na distribuição de manifestos revolucionários. 

Nesse âmbito, manteve contactos com António Paiva, bolacheiro, residente nos Carvalhais, Lousã; Arnaldo Simões Januário, barbeiro; Joaquim Duarte; José Alexandre, carpinteiro; Manuel dos Santos, carvoeiro; Manuel Rodrigues da Cunha Maia, Presidente do Sindicato de Manipuladores de Pão; Raúl Ferreira Galinha [ANTT, Cadastro Político 5127; Processo 1011 - A/SPS].

Julgado, em 9 de Fevereiro de 1934, pelo Tribunal Militar Especial, foi condenado em 12 anos de degredo com prisão e vinte mil escudos de multa [Processo 51/934 do TME]. Interpôs recurso, mas o mesmo tribunal, reunido em 10 de Março, confirmou a sentença.

[Abílio da Encarnação Pereira || ANTT || RGP/19]

Embarcou, em 8 de Setembro, para Angra do Heroísmo, de onde regressou ao fim de 9 anos, em 9 de Julho de 1943.

Levado para Peniche, só saiu em liberdade condicional em 2 de Abril de 1949. Sujeito a apresentações mensais em Coimbra durante quatro anos, só foi restituído à liberdade definitiva em 23 de Abril de 1953, muito tempo depois de cumprida a pena decretada pelo TME. 

[Abílio da Encarnação Pereira || ANTT || RGP/19]


O nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.

Fontes: 
ANTT, Cadastro Político 5127 [Abílio da Encarnação Pereira / PT-TT-PIDE-E-001-CX05_m0054, moo54a, m0054b] 
ANTT, Registo Geral de Presos 19 [Abílio da Encarnação Pereira / PT-TT-PIDE-E-10-1-19_c0045].

[João Esteves]

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

[1741.] ACÁCIA DE CARVALHO GONÇALVES DE RESENDE [I]

ACÁCIA DE CARVALHO GONÇALVES DE RESENDE *

* ACTIVISTA DO CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS || 1931 - 1945 || LISBOA *

Filha dos republicanos Maria Emília de Carvalho Gonçalves [? - 15/12/1942] e de César Gonçalves [n. 27/09/1876], director do jornal O Rebate de Tomar, sobrinha de Bárbara Rosa de Carvalho [Pereira] e neta materna de António Teixeira de Carvalho, presidente da Comissão Municipal Republicana de Tomar, empossado presidente da câmara na sequência da revolução de 5 de Outubro, Acácia de Carvalho Gonçalves nasceu na cidade nabantina e conviveu desde pequena com o associativismo feminista, republicano e maçónico. 

Em 1909, quando era muito nova já que os pais tinham casado em 29 de maio de 1899, o seu nome apareceu inscrito na lista de subscritores a favor das vítimas da catástrofe do Ribatejo promovida pela Liga Republicana das Mulheres Portuguesas de que a mãe e a tia eram activistas. 

Entre 1931 e 1945, quando estava a viver próximo da capital, evidenciou-se na militância activa no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas para onde entrou por proposta da mãe. 

Em Dezembro de 1934, participou na recepção promovida pelo Conselho a Adelaide Cabete quando do seu regresso de Angola e desempenhou, a partir de 1932, várias funções nos corpos gerentes: Vogal da Direcção (1932-1935) e 2.ª (1944) e 3.ª Vogal (1943) do Conselho Fiscal; Secretária das Secções de Educação (1937) e de Propaganda e Biblioteca (1938); membro da Comissão de Assistência (1945). 

Entretanto, terá casado, já que, a partir de 1943, é acrescentado o apelido Resende ao nome, perdendo-se o seu rasto pouco depois do enlace. 

Terá vivido na casa que os pais construíram em Paço de Arcos quando saíram de Tomar e que denominaram “Vivenda Acácia”. 

Amiga e correligionária da mãe e da tia, Maria Veleda dedicou, em 1922, o texto “Noite de Natal - Sinite párvulos venire ad me” “À minha querida amiguinha, Acácia de Carvalho Gonçalves”. 

[João Esteves]

[1740.] ABÍLIO AUGUSTO BELCHIOR [I]

* ABÍLIO AUGUSTO BELCHIOR || DEPORTADO PARA ANGRA DE HEROÍSMO E TARRAFAL, ONDE FALECEU *

Marmorista, Abílio Augusto Belchior foi preso por fazer parte da Confederação Geral do Trabalho e acusado de participar em atentados. Condenado a degredo, com prisão, foi enviado para a Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, e integrou a primeira leva de presos que seguiu para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde faleceu.

[Abílio Augusto Belchior || ANTT || RGP/587 || PT-TT-PIDE-E-010-3-587_m0379]

Filho de Maria Joaquina e de Manuel dos Santos Belchior, Abílio Augusto Belchior nasceu em Urros, Concelho de Moncorvo, em 1898.

Com residência no Porto [Rua Nova de São Crispim, 220 - Ilha N.º 12], onde trabalhava como marmorista, foi detido naquela cidade em 2 de Janeiro de 1932, «por fazer parte da Confederação Geral do Trabalho» e libertado em 13 de Fevereiro [ANTT, Cadastro Político 5306].


[Abílio Augusto Belchior || ANTT || RGP/587 || PT-TT-PIDE-E-010-3-587_m0379]

Novamente detido em 14 de Abril de 1932, acusado de ter participado no atentado de 2 de Janeiro, juntamente com Francisco Alberto, contra Francisco do Passo, Adjunto da Polícia Política do Porto [Processo 79/Porto]. 

Por parecer do Director-Geral da Segurança Pública e concordância do Ministro do Interior, deliberou-se, em 22 de Junho, que lhe fosse fixada residência na Ilha Terceira.

Em 16 de Julho de 1932, entrou na Penitenciária de Lisboa, vindo do Porto, ficando a aguardar o embarque para os Açores [Processo 515/SPS Lisboa].  

[Abílio Augusto Belchior || ANTT || RGP/587 || PT-TT-PIDE-E-010-3-587_m0379]

Voltou à Cadeia da Relação do Porto para, em 26 de Julho de 1933, ser julgado pelo Tribunal Militar Especial, o que sucedeu só no ano seguinte, em 23 de Junho de 1934, sendo condenado a 14 anos de degredo, com prisão, e na multa de vinte mil escudos [Processo 100/933, TME].

Entrou no Aljube de Lisboa em 19 de Março de 1935 [Processo 1395/SPS] e, em 23 de Março, embarcou para Angra do Heroísmo no vapor Carvalho Araújo [Ofício 191/22-03-1935/SPS].

No ano seguinte, em 23 de Outubro, Abílio Augusto Belchior integrou a primeira leva de presos políticos enviada para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde faleceu em 29 de Outubro de 1937, com 39 anos de idade.

Fontes: 
ANTT, Cadastro Político 5306 [Abílio Augusto Belchior / PT-TT-PIDE-E-001-CX05_m0041, m0041a].
ANTT, Registo Geral de Presos 587 [Abílio Augusto Belchior / PT-TT-PIDE-E-010-3-587_m0379].

[João Esteves]
     [Revisto em 18/12/2018]

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

[1739.] ABIGAIL DE PAIVA CRUZ [I]

* ABIGAIL DE PAIVA CRUZ *
[1883 - 1944]

* CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS || 1931-1938 || LISBOA *

[Abigail de Paiva Cruz || 1928]

Escultora, pintora e tecedora de rendas. 

Nasceu em 28 de Abril de 1883, no Porto, e faleceu em Lisboa em 8 de Outubro de 1944. 

Embora autora de quadros a óleo e de estatuetas, esta discípula de Marques de Oliveira e aluna de Teixeira Lopes destacou-se enquanto artista de rendas, com exposições em Lisboa, Paris (Casa Fast, 1925) e Madrid. 

A revista lisboeta Vida Feminina dedicou-lhe, no número de 10 de Agosto de 1925, uma notícia elogiosa e Sara Beirão enalteceu, em texto datado de Março de 1928, o talento reconhecido internacionalmente. 

[Abigail de Paiva Cruz || Ilustração Portuguesa - N.º 734 || 15/03/1920]

Em 1931, foi convidada pela revista Portugal Feminino a inserir nas suas páginas um curso de rendas de bilros, de croché e outras. 

Nesse mesmo ano, quando gozava de reconhecido prestígio e acabara de abrir uma escola de rendas na Rua das Picoas, n.º 9, aderiu, juntamente com a pintora Emília Adelaide dos Santos Braga, ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas por proposta da Vice-Presidente em exercício, a escritora Sara Beirão. 

Desempenhou, entre 1932 e 1938, funções na Comissão de Arte, onde colaborou com as escritoras Ana das Neves Patrício Álvares (Anita Patrício), Beatriz Arnut, Branca de Gonta Colaço e Maria Amélia Teixeira. Foi eleita sua Secretária em 1936 e 1937 e, em 1938, tornou-se Presidente.

[João Esteves]

[1738.] ABEL BATISTA DA SILVA [I] || DEPORTADO PARA ANGOLA E CABO VERDE

* ABEL BAPTISTA DA SILVA || DEPORTADO PARA ANGOLA E CABO VERDE || 1928-1932 *

* CAPITÃO DE INFANTARIA - BATALHÃO DE CAÇADORES 7 || PARTICIPAÇÃO, EM 20 DE JULHO DE 1928, NA "REVOLTA DO CASTELO" CONTRA A DITADURA MILITAR *

Nasceu em 1883.

Em 10 de Outubro de 1922, quando era Tenente de Infantaria, Abel Batista da Silva foi proposto pelo Ministro da Guerra para ser condecorado com o Grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo, o que sucedeu no ano seguinte [Conselho das Ordens, em 1 de Março de 1923; Boletim de Aceitação, de 14 de Março de 1923; Decreto de Concessão, Diário do Governo de 31 de Outubro de 1923].

Em 1928, já Capitão de Infantaria do Batalhão de Caçadores 7, instalado no Castelo de S. Jorge, foi um dos oficiais detidos por ter participado no movimento revolucionário de 20 de Julho de 1928 contra a Ditadura Militar.

Preso em 20 de Julho, foi deportado para Angola em 21 de Agosto [Ofício do Ministério da Guerra N.º 3185, de 24/08/1928] e, posteriormente, seguiu para Cabo Verde.

Abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro de 1932, encontrando-se, então, «com residência obrigatória em Cabo Verde, por motivos políticos» [ANTT, Cadastro Político 2759].
  
Fonte: 
ANTT, Cadastro Político 2759 [Abel Baptista da Silva / PT-TT-PIDE-E-001-CX05_m0014].

[João Esteves]