[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 18 de maio de 2019

[2138.] ANTÓNIO DOS SANTOS CARTAXO [I] || PRESO POLÍTICO (1931 - 1932)

* ANTÓNIO DOS SANTOS CARTAXO *
[1875 - ?]

REPUBLICANO E OPOSITOR À DITADURA MILITAR, PRESO EM DEZEMBRO DE 1931

Filho de Gertrudes Maria de Oliveira e de António dos Santos Cartaxo, António dos Santos Cartaxo nasceu em 1875, em Santiago do Escoural - Concelho de Montemor-o-Novo. 

Comerciante em Évora, integrou, em Outubro de 1910, a Comissão Administrativa do município na sequência da implantação da República, juntamente com Felício Caeiro, Francisco de Almeida Teles do Vale, Francisco Maria Nunes, João José de Oliveira, Joaquim António Simões, José Celestino Rebolado Formosinho, Júlio do Patrocínio Martins e Manuel Gomes Fradinho.

Vereador responsável pelo passeio e iluminação na câmara republicana eborense, António dos Santos Cartaxo terá desempenhado o cargo de Presidente entre 13 de Fevereiro de 1913 e 21 de Janeiro de 1914.

Republicano afecto ao Partido Democrático, colaborou nos periódicos locais O CarbonárioO Democrático e A Democracia do Sul, assinando neste último "artigos progressistas e sobre figuras progressistas como Abel Salazar", segundo as palavras de António Cartaxo, seu neto, no livro Quase verdade como são memórias [Edições Colibri, 2009]. 

Assim como combateu o Sidonismo, também foi opositor à Ditadura Militar, sendo vigiado em Évora por informadores da Polícia de Defesa Política e Social. 

Segundo o seu Cadastro Político [ANTT, Cadastro Político 185], em 8 de Fevereiro de 1930 «assistiu ao almoço realizado no Hotel Alentejano, onde foram proferidos morras à Ditadura, por António Manuel Pascoal».

Em 2 de Junho do mesmo ano, acrescenta-se àquele registo a informação veiculada por um "Alfredo": «É considerado elemento irrequieto e inimigo acérrimo da Ditadura, mas no momento que passa não se nota que esteja envolvido na organização revolucionária». 

Com residência na Rua da República N.º 1, seria preso em Dezembro de 1931, «por incitar os desordeiros, quando dos tumultos levados a efeito, na Praça do Giraldo [...] no dia 13 do corrente, juntamente com Joaquim da Câmara Manuel e outros». Entregue à Polícia de Defesa Política e Social pelo Comando da PSP de Évora, regista-se que o «epigrafado é um democrático intransigente e declarou no seu depoimento ser adversário das instituições Republicanas vigentes. Era membro duma liga de união dos partidos políticos, que pretenderam organizar, com o fim de combater a actual Situação Política do País [...] É tido em Évora como um dos organizadores de tudo quanto ali se passou».

Levado para o Aljube, bem como os outros eborenses então detidos, aí travou amizade com o compositor Fernando Lopes-Graça [António Cartaxo].

[António Cartaxo || Quase verdade como são memórias || Edições Colibri, 2009]

Restituído à liberdade em 19 de Fevereiro de 1932 [Processo 237], foi-lhe fixada residência obrigatória em Lisboa e, em 15 de Março, o Ministro do Interior autorizou o regresso de António dos Santos Cartaxo a Évora.

No livro memorialista Quase verdade como são memórias, António Cartaxo narra alguns episódios da vida deste avô, com quem morou escasso tempo, e em cuja casa se respirava música.

[António Cartaxo || Quase verdade como são memórias || Edições Colibri, 2009]

[António Cartaxo || Quase verdade como são memórias || Edições Colibri, 2009]

Fontes:
ANTT, Cadastro Político 185 [António dos Santos Cartaxo / PT-TT-PIDE-E-001-CX07_m0094, m0094a].
António Cartaxo, Quase verdade como são memórias, Edições Colibri, 2009.

[João Esteves]

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