[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quarta-feira, 31 de maio de 2023

[3316.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXLV

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXLV *

01469. Óscar Valdemar Seca de Morais [1928, 1928, 1940]

[Óscar Valdemar Seca de Morais || ANTT || RGP/12019 || PT-TT-PIDE-E-010-61-12019]

[Luanda, 14/07/1909, estudante / industrial. Filiação: Alice Hermengarda Seca de Morais, Jaime Alberto de Castro Morais. Solteiro / Casado. Filho de Jaime de Morais (13/06/1882 - 20/12/1973), médico e oficial da armada que participou na implantação da República e foi um ativo opositor da Ditadura Militar e do Estado Novo, tendo estado exilado em Espanha, França, Bélgica e Brasil, onde faleceu quatro meses antes do 25 de Abril de 1974. Preso em 11/06/1928, "por tentar dar fuga ao comité revolucionário, quando estava preso na Penitenciária"; solto nesse mesmo dia. Preso em 23/06/1928, «por ter ligações com elementos revolucionários e ter reuniões na sede de "O Rebate"»; libertado em 26/06/1928. Acompanhou o pai no exílio, colaborando no auxílio aos republicanos durante a Guerra de 1936-1939. Na sequência do triunfo dos nacionalistas e início da 2.ª Guerra, com a invasão da França pelas tropas nazis, país onde a família se refugiara desde Setembro de 1939, procurou regressar a Portugal, tendo sido preso em 10/02/1940, "a pedido dos Serviços Secretos". Recolheu à 1.ª esquadra, foi transferido, em 13/02/1940, para o Aljube e libertado em 12/04/1940, embarcando, nesta data, para o Brasil, seguindo o mesmo rumo que o pai, preso e expulso do território nacional.]

[João Esteves]

[3315.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXLIV

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXLIV *

01465. Manuel Augusto da Rosa Alpedrinha [1927, 1928, 1933]

[Manuel Augusto da Rosa Alpedrinha || ANTT || RGP/137 || PT-TT-PIDE-E-010-1-137]

[Mação, 08/04/1905, estudante da Escola Superior Colonial. Filiação: Ana Maria Rosa Alpedrinha. Solteiro. Residência: Rua Melo Gouveia - Lisboa / Rua Morais Soares, 58 - Lisboa. Preso em 01/12/1927, "por se manifestar publicamente contra a Ditadura Militar", e libertado no mesmo dia. Preso em 22/07/1928, "por suspeita de ter tomado parte no movimento revolucionário de 20"; libertado em 18/08/1928. Iniciado na Maçonaria em 08/06/1929, tornou-se, simultaneamente, militante clandestino do Partido Comunista, tendo cargos de responsabilidade. Colaborou com Bento Gonçalves e, em 1931, integrou o Secretariado Político do Comité Central Executivo, passando à clandestinidade no ano seguinte, andando fugido à polícia. Preso em 20/02/1933, passou pelo Aljube e Penitenciária de Lisboa, tendo sido deportado, em 19/11/1933, para Angra do Heroísmo, a fim de ingressar na Fortaleza de S. João Batista. Julgado em 25/08/1934, foi condenado em 690 dias de prisão correcional, faltando-lhe, então, cumprir 139 dias. Mandado libertar em 08/06/1935 pelo Tribunal Militar Especial, por ter terminado em 11/01/1935 a pena a que fora condenado, continuou detido à ordem da PVDE por decisão do Ministro do Interior. Seguiu, em 23/10/1936, para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde foi libertado por ter sido abrangido pela amnistia estipulada pelo Decreto 35041. Regressou a Lisboa em 01/02/1946, no barco Guiné, saindo em liberdade. Passou, então, a trabalhar como jornalista, nomeadamente nos jornais República e Diário de Lisboa. Faleceu em 30/12/1984, em Cascais.]

01466. Manuel Henriques Leitão [1930, 1931, 1937]

[Vila Alva - Cuba, 11/12/1903, estudante da Faculdade de Medicina de Lisboa / médico. Filiação: Brites Maria Henriques, Manuel José Leitão. Solteiro. Residência: Rua das Trinas, 1 - Lisboa. Integrou, entre 1926 e 1932, a Direção da Associação Académica da Faculdade de Medicina de Lisboa. Preso em 23/03/1930, "por ordem superior"; libertado no mesmo dia. Presidiu, em 25/04/1931, à Assembleia-Geral na qual os estudantes de medicina decidiram declarar-se em greve na sequência da Revolta das Ilhas, sendo preso em 28/04/1931. Libertado em 11/05/1931, foi-lhe fixada residência em Beja. Preso em 03/08/1937, "para averiguações", foi levado para o Aljube; libertado em 16/09/1937.] 

01467. Mário Lima Alves [1931, 1938, 1947, 1948]

[Mário Lima Alves || F. 22/05/1947 || ANTT || RGP/9778 || PT-TT-PIDE-E-010-49-9778]

[Lisboa, 05/02/1906, estudante da Faculdade de Direito de Lisboa / advogado. Filiação: Maria Alice Cordeiro Dias Lima Alves, César Justino Lima Alves. Solteiro / Casado. Residência: Rua Rodrigo da Fonseca, 202 ou 204 - Lisboa. Preso em 29/04/1931, por ter participado na invasão da Faculdade de Direito de Lisboa, na sequência da declaração da greve no dia anterior; fixada residência na Covilhã. Preso em 20/04/1938, "para averiguações", recolheu ao Aljube; libertado em 02/05/1938. Em Outubro de 1945, foi um dos dinamizadores do Movimento de Unidade Democrática (MUD), integrando a sua 1.ª Comissão Central. Preso em 22/05/1947, "para averiguações", foi levado para a Penitenciária de Lisboa. Saiu em liberdade condicional em 07/07/1947 e obteve a liberdade definitiva em 04/02/1948. Preso em 19/08/1948, "para averiguações", entrou no Aljube; libertado no mesmo dia.]   

01468. Narciso Luís Machado Guimarães [1931, 1936, 1937]

[Narciso Luís Machado Guimarães || ANTT || RGP/4336 || PT-TT-PIDE-E-010-22-4336]

[Filho mais novo de Elzira Dantas Machado [1865 - 1942] e de Bernardino Machado [1851 - 1944], o Presidente da República deposto pelo Golpe Militar de 28 de Maio de 1926, Narciso Machado foi preso em 1931, em 1936 e em 1937, quando era estudante de Direito. Conheceu os calabouços da Penitenciária de Lisboa [1931], de Peniche [1936] e do Aljube [1937]. Nasceu em 05/06/1908, em Lisboa, e em 28/04/1931quando era quintanista de Direito, participou no grande movimento estudantil desencadeado nesse final de mês contra a Ditadura, abrangendo as Academias do Porto, Coimbra e Lisboa, sendo preso por ser "um dos instigadores à greve projetada para o dia 1.º de Maio", levado para a Penitenciária de Lisboa e libertado em 07/05/1931. Em 04/09/1936, quando vivia na Rua Gomes Freire - 189, foi preso pela PSP e entregue, em 14 do mesmo mês, à Secção Política e Social da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado por, juntamente com o irmão Bento Luís Machado Guimarães [1903 - 1976] e outros, "terem andado num automóvel de praça por várias artérias desta cidade, dando vivas ao comunismo". Detido na 1.ª esquadra e transferido, em 18/09/1936, para a Fortaleza Militar de Peniche, saiu em liberdade em 04/12/1936. Detido pela terceira vez pelo Comando da PSP de Lisboa, Narciso Machado entrou na Secção Política e Social da PVDE em 31/01/1937, recolheu à 1.ª esquadra e seguiu para o Aljube em 02/02/1937 e aí permaneceu até 31 de Maio.]

[João Esteves]

terça-feira, 30 de maio de 2023

[3314.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXLIII

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXLIII *

01462. José Maria Barbosa de Magalhães Godinho [1927, 1928, 1930, 1930, 1947]

[José Magalhães Godinho || F. 11/07/1947 || ANTT || RGP/17749 || PT-TT-PIDE-E-010-89-17749]

[Lisboa, 12/02/1909, estudante da Faculdade de Direito de Lisboa / advogado. Filiação: Maria José de Vilhena Barbosa de Magalhães Godinho, Vitorino Henriques Godinho. Solteiro / Casado. Matriculou-se na Faculdade de Direito no ano letivo de 1926-1927 e licenciou-se em 1932, tendo exercido, nesse período, diversos cargos na sua Associação Académica. Também foi, por quatro anos, o delegado à Federação Académica de Lisboa. Preso por sete vezes, entre 1927 e 1948, na maioria das vezes por escassos dias. Preso em 01/12/1927, na esquadra do Teatro Nacional, por ter tomado parte na vaia de estudantes ao Presidente Óscar Carmona na sua passagem pelo Rossio. Integrou, em Abril de 1928, a comissão dirigente da greve dos estudantes de Direito. Preso em 13/05/1928, quando regressa de reuniões com as Academias de Coimbra e do Porto. Preso em 15/03/1930 e libertado no mesmo dia. Preso em 19/11/1930, no Ministério da Instrução, aquando dos protestos contra a detenção do estudante Francisco Joaquim Mendes, Presidente da Federação Académica de Lisboa. Libertado no mesmo dia. Mantém, antes e depois da sua licenciatura, ligações com os movimentos reviralhistas. Fundador, em 1942, do Núcleo de Doutrinação e Ação Socialista, integrou, em 1943-1944, o MUNAF e, em 1945, o MUD. Preso em 10/07/1947, recolheu à Penitenciária de Lisboa e, em 23/09/1947, foi transferido para o Forte de Caxias; libertado em Outubro. Preso em 19/08/1948, levado para o Aljube e libertado no mesmo dia. Terá sido novamente preso em 1948. Integrou, em 1949, a Comissão Central da candidatura presidencial de Norton de Matos; subscreveu, em 1961, o Programa para a Democratização da República; aderiu, em 1964, à Ação Socialista Portuguesa; e, em 1969, foi candidato a deputado por Lisboa, nas listas da CEUD. Faleceu em 25/03/1994, em Lisboa.]

01463. José Sales Grade [1931]

[Preso em 29/04/1931, por ter participado na invasão da Faculdade de Direito de Lisboa, na sequência da declaração da greve no dia anterior, sendo-lhe fixada residência em Beja.]

01464. Luís Alexandre Branquinho [1930, 1931]

[Lisboa, c. 1910, estudante da Faculdade de Direito de Lisboa. Filiação: Clara da Conceição Branquinho, Luís Pedro Branquinho. Solteiro. Residência: Rua Angelina Vidal, 57 - Lisboa. Preso em 19/11/1930, no Ministério da Instrução, aquando dos protestos contra a detenção do estudante Francisco Joaquim Mendes, Presidente da Federação Académica de Lisboa. Libertado no mesmo dia. Preso em 21/12/1931, "por estar envolvido em manejos revolucionários com Diamantino Galamba e outros"; libertado em 17/02/1932. Encontrava-se, em Setembro de 1935, fugido à PVDE, por estar envolvido no movimento revolucionário a ocorrer no dia 10 desse mês, conhecido pela Revolta de Mendes Norton.]

[João Esteves]

segunda-feira, 29 de maio de 2023

[3313.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXLII

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXLII *

01456. Francisco Joaquim Mendes [1930]

[Filiação: Adelaide Nascimento Mendes, José Joaquim Mendes. Irmão de Manuel Mendes (Manuel Joaquim Mendes). Integrou, entre 1926 e 1932, a Direção da Associação Académica da Faculdade de Ciências de Lisboa. Preso na madrugada de 19/11/1930, quando seria Presidente da Federação Académica de Lisboa. Esta detenção esteve na origem da deslocação de dezenas de estudantes da Academia ao Ministério da Instrução, sendo vários presos por contestarem o Ministro. Um dos fundadores, em 1942, do Núcleo de Doutrinação e Ação Socialista.]

01457. Gualter Moutinho Correia Cardoso [1930]

[Angra do Heroísmo, c. 1910, estudante da Faculdade de Direito de Lisboa. Filiação: Henriqueta Maria Moutinho, Óscar Correia Cardoso. Solteiro. Residência: Rua de Arroios, 94 - Lisboa. Preso em 19/11/1930, no Ministério da Instrução, aquando dos protestos contra a detenção do estudante Francisco Joaquim Mendes, Presidente da Federação Académica de Lisboa. Libertado no mesmo dia.]

01458. João Carlos Faria Nordeste [1928, 1930]

[Aveiro, c. 1911, estudante da Faculdade de Direito de Lisboa. Filiação: Maria da Luz Faria Nordeste, Alfredo da Cruz Nordeste. Solteiro. Residência: Rua da Bela Vista, à Graça, 27 - Lisboa. Preso em 23/06/1928, «por ter ligações com elementos revolucionários e ter reuniões na sede de "O Rebate"»; libertado em 26/06/1928. Preso em 19/11/1930, no Ministério da Instrução, aquando dos protestos contra a detenção do estudante Francisco Joaquim Mendes, Presidente da Federação Académica de Lisboa. Libertado no mesmo dia.]

01459. João Gomes da Silva Júnior [1930]

[S. Bartolomeu - Coimbra, c. 1907, estudante da Faculdade de Direito de Lisboa. Filiação: Ana Nazaré de Carvalho Silva, João Gomes da Silva. Solteiro. Residência: Av. Miguel Bombarda, 133 - Lisboa. Preso em 19/11/1930, no Ministério da Instrução, aquando dos protestos contra a detenção do estudante Francisco Joaquim Mendes, Presidente da Federação Académica de Lisboa. Libertado no mesmo dia.]

01460. José Gago da Silva Júnior [1930]

[Setúbal, c. 1911. estudante da Faculdade de Direito de Lisboa. Filiação: Maria de Sousa Calçada e Silva, José Gago da Silva. Solteiro. Residência: Av. 5 de Outubro, 319 - Lisboa. Preso em 19/11/1930, no Ministério da Instrução, aquando dos protestos contra a detenção do estudante Francisco Joaquim Mendes, Presidente da Federação Académica de Lisboa. Libertado no mesmo dia.]

01461. José Grácio Ribeiro [1927, 1927, 1928, 1928, 1929, 1931]

[José Grácio Ribeiro || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903]

[Chão de Maçãs, 1909, estudante / estudante da Faculdade de Direito de Lisboa. Filiação: Ricardina Ribeiro, Alberto Ribeiro. Preso em 03/03/1927, por distribuição, dentro de um automóvel, de manifestos contra o Governo. Preso em 26/12/1927, por distribuir um manifesto subversivo; libertado em 29/12/1927. Preso em 31/05/1928. Preso em 19/07/1928 e libertado em 18/08/1928. Preso em 11/04/1929. Quando estudante da Faculdade de Direito de Lisboa, destacou-se como propagandista das ideias comunistas e enquanto dirigente da Federação das  Juventudes Comunistas Portuguesas, sendo por seu intermédio que Carolina Loff da Fonseca aderiu àquela. Na sequência de ser o responsável político pela organização de uma contramanifestação a ter lugar no dia 19/05/1931, foi preso em 22/05/1931 e deportado, em 28/06/1931, para Timor, seguindo no navio "Gil Eanes". Frequentava, então, o 4.º ano de Direito. Abrangido pela amnistia de 05/12/1932, regressou a Portugal, já sem qualquer ligação ao Partido Comunista, de onde fora afastado, tendo aderido ao Estado Novo, nomeadamente à União Nacional. Publicou, em 1972, o livro de caráter memorialista Deportados, contendo o interior uma fotografia sua a bordo do Gil Eanes.


[Grácio Ribeiro || Deportados || 1972]

Em Agosto de 1996, a filha doou à Torre do Tombo "originais manuscritos e dactilografados de romances, poesia e outros escritos literários da autoria de Grácio Ribeiro, e alguns documentos referentes ao jornal por ele fundado, o Agora, de que também existem alguns exemplares. Um dos cadernos é de receitas culinárias, e o outro de apontamentos sobre diversos temas ordenados alfabeticamente".]

[João Esteves]

[3312.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXLI

PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXLI * 

01450. Asdrúbal João de Aguiar [1928, 1931]

[Estudante da Faculdade de Direito de Lisboa. Integrou, em 1927, o o grupo fundador do Batalhão Académico Antifascista (BAAF). Preso em 11/06/1928, "por ter tomado parte no assalto ao automóvel que conduzia o tenente Maia Rebelo", e levado para a Cadeia do Forte de Monsanto. Libertado em 04/09/1928. Iniciado, em 02/02/1930, na loja maçónica "Rebeldia". Eleito, em Outubro de 1930, Presidente do Conselho Fiscal da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa. Preso em 29/04/1931, por ter participado na invasão da Faculdade de Direito de Lisboa, na sequência da declaração da greve no dia anterior, sendo-lhe fixada residência em Azeitão. Manteve-se ativo nas lutas académicas. Já advogado, subscreveu, em 1949, o panfleto de propaganda da Comissão Concelhia de Caldas da Rainha dos Serviços da Candidatura do General Norton de Matos à Presidência da República, intitulado "Ao Povo".]

01451. Bernardino Machado Vaz [1930, 1931]

[Porto, c. 1907, estudante da Faculdade de Direito de Lisboa. Filiação: Manuela Machado Vaz, Ângelo Alves de Sousa Vaz. Neto de Bernardino Machado. Solteiro. Residência: Castelo de Santa Catarina - Cruz Quebrada. Dirigente, em 1930, da Liga Republicana dos Estudantes da Faculdade de Direito. Eleito, em Outubro de 1930, Vice-Presidente da Associação Académica daquela Faculdade e preso em 19/11/1930, no Ministério da Instrução, aquando dos protestos contra a detenção do estudante Francisco Joaquim Mendes, Presidente da Federação Académica de Lisboa. Libertado no mesmo dia. Preso em 29/04/1931, por ter participado na invasão da Faculdade de Direito de Lisboa, na sequência da declaração da greve no dia anterior.]

01452. Daniel Neves Sales Grade [1928]

[Albufeira, c. 1908, estudante do Instituto Superior de Comércio. Filiação: Ermelinda Neves Grade, José Crisóstomo Grade. Solteiro. Residência: Travessa da Pereira, 19 - Lisboa. Preso em 22/07/1928, na Rua Marquês de Fronteira, juntamente com Artúlio Fernandes Feijão e Carlos Moreira, sob a acusação de ter participado no movimento revolucionário do dia 20. Libertado em 18/08/1928.]

01453. Fernando Alberto Bastos Nunes Correia [1931]

["Camarão". Lisboa, c. 1909, estudante. Filiação: Antonieta Angélica Mains Bastos Nunes Correia, Carlos Araújo Nunes Correia. Solteiro. Residência: Rua Nova do Almada, 11 - Lisboa. Conhecido na Polícia "pelas suas ideias comunistas", foi preso em 26/08/1931, quando estava a prestar serviço militar, por ter tomado parte no movimento revolucionário desse dia, saindo para a Rotunda. Levado para a Cadeia Nacional, foi deportado, em 02/09/1931, para Timor. Segundo António Monteiro Cardoso, "evadiu-se de automóvel para o Timor holandês, após  o que embarcou num navio francês, no qual seguiu até Marselha". Regressou a Portugal após a amnistia de 05/12/1932" [Timor na 2ª Guerra Mundial. O Diário do Tenente Pires, CEHCP - ISCTE, 2007]. Faleceu em 1971.]

01454. Flávio dos Santos [1931]

[Lisboa, c. 1904, estudante da Faculdade de Medicina de Lisboa. Filiação: Engrácia Maria dos Santos, António Francisco dos Santos. Solteiro. Residência: Rua B, Bairro Catarino, J. F. M. - Lisboa. Eleito, em Dezembro de 1930, 1.º Secretário da Assembleia-Geral da Associação Académica da Faculdade de Medicina de Lisboa. Preso em 21/04/1931, "por ser um dos instigadores à greve projetada para o dia 1.º de Maio"; libertado em 07/05/1931.]

01455. Florindo Eugénio Madeira [1930]

[Florindo Eugénio Madeira || Fotografia retirada do livro A Maçonaria no Alto Alentejo (1821-1936), de António Ventura || Caleidoscópio, 2019]

[Sé - Portalegre, 03/06/1906, estudante da Faculdade de Direito de Lisboa. Filiação: Cipriana Rosa Guitas, Francisco António Madeira. Solteiro. Residência: Rua Maria Andrade, 39 - Lisboa. Quando aluno da Faculdade de Direito de Lisboa, envolveu-se, entre 1928 e 1930, nas lutas estudantis contra a Ditadura Militar. Preso em 19/11/1930, no Ministério da Instrução, aquando dos protestos contra a detenção do estudante Francisco Joaquim Mendes, Presidente da Federação Académica de Lisboa. Libertado no mesmo dia. Integrou, em 1942, o grupo fundador do Núcleo de Doutrinação e Ação Socialista. Aderiu, em 1945, ao MUD e participou, em 1949 e 1951, nas candidaturas presidenciais de Norton de Matos e de Quintão Meireles. Iniciado, desde Outubro de 1930, na Maçonaria. Faleceu em Estremoz, em 24/03/1957.]

[João Esteves]

domingo, 28 de maio de 2023

[3311.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXL

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXL *

01446. António Maldonado de Freitas [1931, 1931]

[Nascido em 1910, filho de Maria Pereira de Sousa Freitas e de Custódio Maldonado de Freitas. Estudante. Integrou, em 1927, o grupo fundador do Batalhão Académico Antifascista (BAAF). Preso em 29/04/1931, por ter participado na invasão da Faculdade de Direito de Lisboa, na sequência da declaração da greve no dia anterior. Preso em Agosto de 1931, por ter participado na revolta de 26/08/1931. Enviado para Peniche e, depois, foi-lhe fixada residência nas Caldas da Rainha. Faleceu em 1975.]

01447. Armindo José Rodrigues [1930, 1938, 1949]

[Armindo José Rodrigues || F. 15/02/1949 || ANTT || RGP/9971 || PT-TT-PIDE-E-010-50-9971]

[Lisboa, 27/06/1904, estudante de Medicina. Filiação: Catarina Rosa y Alberty Rodrigues, José Isidoro Rodrigues. Solteiro / Casado. Estudante da Faculdade de Medicina, integrou, entre 1926 e 1932, a direção da Associação Académica. Preso em 19/11/1930, aquando dos protestos contra a detenção do estudante Francisco Joaquim Mendes, Presidente da Federação Académica de Lisboa. Libertado do Aljube no dia seguinte. Já médico, a residir na Av. Miguel Bombarda - 117, foi preso em 11/05/1938, "para averiguações", recolhendo, incomunicável, a uma esquadra. Transferido, em 20/05/1938, para o Aljube e libertado em 03/06/1938. Preso em 15/02/1949, "para averiguações", foi levado para o Forte de Caxias; libertado em 24/03/1949. Foi militante ativo do Partido Comunista, com intervenção de destaque nos anos 30, quando  colaborou, entre outros, com Bento Gonçalves, este na clandestinidade. Fez parte do MUD (1945) e interveio nas campanhas presidenciais de Norton de Matos (1949) e de Arlindo Vicente e Humberto Delgado (1958). Para além de médico, revelou-se como tradutor e poeta, tendo produzido uma vasta obra poética. Colaborou, entre outra imprensa, em O Diabo, RepúblicaVértice e Seara NovaFaleceu em 08/08/1993, em Lisboa. Deixou um importante livro de memórias, publicado já depois do seu falecimento: Um poeta recorda-se: memórias de uma vida (Edições Cosmos, 1998).]

01448. Artúlio Fernandes Feijão [1928, 1929, 1930, 1937]

[Artúlio Fernandes Feijão || F. 25/08/1928 || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903]

[Lisboa, 21/12/1911, estudante. Filiação: Amélia Fernandes Feijão, Moisés Moreira Feijão. Solteiro. Residência: Bairro Ermida - Lisboa / Rua Capitão José Soares da Encarnação, 17. Preso em 22/07/1928, por suspeita de ter participado no movimento revolucionário de 20 de Julho; libertado em 18/08/1928. Preso em 08/03/1929, "por colaborar no jornal "Igualdade" fazendo propaganda Comunista"; libertado em 14/05/1929. Preso em 12/11/1930 por, durante a projeção do filme Linha Geral no cinema Odéon, ter dado vivas à Rússia Vermelha, ao Bolchevismo e ao Comunismo; libertado em 19/11/1930. Preso em 21/01/1937, "sob a acusação de propaganda extremista", recolheu aos calabouços da 1.ª esquadra. Transferido, em 23/01/1937, para o Forte de Caxias, regressou, no dia seguinte, à 1.ª esquadra e,  em 02/02/1937, passou para o Aljube. Libertado em 17/02/1937.]

01449. Artur Morgado Ferreira dos Santos Silva [1930, 1939, 1949, 1958, 1961]

[Artur Santos Silva || F. 06/05/1939 || PT-TT-PIDE-E-010-57-11279_p4]

[Sé - Porto, 05/04/1910, estudante / advogado. Filiação: Ernestina Morgado dos Santos Silva, Eduardo Ferreira dos Santos Silva (médico e político republicano). Solteiro / Casado. Residência: Rua do Bonfim, 321 - Porto / Rua da Constituição, 355 - Porto. Estudou no Liceu Alexandre Herculano e frequentou as Faculdades de Direito de Coimbra e de Lisboa, onde concluiu a licenciatura. Integrou as lojas maçónicas Revolta (1928) e Rebeldia (1930) e participou nos diversos movimentos estudantis entre 1927 e 1933. Preso em 19/11/1930, aquando dos protestos contra a detenção do estudante Francisco Joaquim Mendes, Presidente da Federação Académica de Lisboa. Libertado do Aljube no dia seguinte. Casou, em 1938, com Alda de Oliveira Brochado (1912 - 03/12/2008). Preso em 04/05/1939, no Porto, "para averiguações"; libertado em 12/05/1939. Em 1942, foi um dos fundadores do Núcleo de Doutrinação e Ação Socialista, em 1945, esteve associado ao MUD e, em 1947, fez parte da Comissão Distrital do Porto do Movimento Nacional Democrático. Participou, em 1949, na candidatura presidencial de Norton de Matos e, em 20/01/1949, foi preso pela Subdiretoria do Porto e entregue, em 31/01/1949, aos Tribunais Criminais do Porto. Julgado em Tribunal Plenário do Porto, em 26/05/1949, foi condenado na pena de três meses de prisão correcional, suspensa por dois anos, e suspensão de todos os direitos políticos por três anos. Em 1951, envolveu-se na candidatura presidencial do almirante Quintão Meireles, foi candidato a deputado em 1957 e, no ano seguinte, apoiou a candidatura de Humberto DelgadoPreso pela Delegação do Porto em 21/06/1958, "para averiguações, por crimes contra a Segurança do Estado", recolheu às suas prisões privativas. Libertado em 05/08/1958, "mediante termo de identidade e residência". Subscritores do Programa para a Democratização da República, foi preso pela Delegação do Porto em 02/10/1961, para "averiguações de crimes contra a Segurança do Estado", recolhendo às prisões privativas daquela. Transferido, em 03/10/1961, para o Aljube; libertado em 14/10/1961, mediante caução. Voltou a ser candidato nas listas da Oposição nas eleições de 1961 e 1965 e, em 1969, concorreu pela CEUD, sempre pelo círculo do Porto. Enquanto advogado, defendeu presos políticos nos famigerados Tribunais Plenários. Faleceu em 07/06/1980, no Porto. 

[Artur Santos Silva || F. 02/10/1961 || PT-TT-PIDE-E-010-57-11279_p1]

[João Esteves]

[3310.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXXIX

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXXIX *

01443. Joaquim Rodrigues [1933]

[Setúbal, c. 1910, metalúrgico. Filiação: Clotilde Rodrigues, Joaquim José Rodrigues. Solteiro. Residência: Rua Heróis de Chaves, 30 - Setúbal. Preso em 09/07/1933, na sede do Sindicato dos Compositores Tipográficos, quando participava numa reunião clandestina convocada pelo Comité Central das Juventudes Comunistas. Mantinha ligações com Adolfo Martins e Fernando Quirino. Libertado em 05/10/1933 e julgado pelo TME em 22/01/1934, foi condenado em seis meses de prisão correcional e perda dos direitos políticos por dois anos.]

01444. Henrique da Conceição Loreti/Loretti [1933]

[Lisboa, c. 1914, aprendiz de impressor. Filiação: Iria da Conceição, Ernesto dos Santos Loreti/Loretti. Casado. Residência: Rua dos Cavaleiros, 45. Trabalhava, havia quatro anos, na tipografia de "A Casa dos Gráficos", onde procedeu à impressão do jornal clandestino "O Jovem" e do opúsculo "Construindo um Mundo Novo". Teria sido convidado por Manuel Alpedrinha para aderir às Juventudes Comunistas. Preso em 21/07/1933 e libertado em 05/10/1933. Julgado pelo TME em 22/01/1934, foi absolvido.] 

01445. João Correia Gaspar [1933, 1933, 1939]

 [João Correia Gaspar || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-4-NT-8904]

[Sé - Faro, 12/06/1909, encadernador / agente da Sociedade Portuguesa de Seguros / comerciante. Filiação: Mariana da Assunção Correia Gaspar, Eduardo Correia Gaspar. Estrada da Circunvalação - Faro / Rua dos Álamos, 6 - Lisboa / R. Vangirard, 330 - Paris. Preso em 06/08/1933, "por ser um elemento de grande atividade dentro da Organização do Partido Comunista Português, em Faro", constituindo "o ponto de referência escolhido pelos elementos da organização de Lisboa, em Delegacias ao Algarve, para os auxiliar na tarefa a que se propunham no sul do País". Mantinha ligações com Alberto Carlos Braga Júnior, que usava o pseudónimo de Joaquim dos Santos Cordilheira, Artur Alves, Francisco de Paula OliveiraFrancisco Simões, Manuel Joaquim Vaz e Mário Mata Branco, entre outros. Preso em 28/09/1934, a fim de ser julgado pelo TME, o que sucedeu em 24/10/1934. Condenado em 480 dias de prisão correcional e perda dos direitos políticos por cinco anos. Levado de Peniche para o Aljube em 19/12/1934 e, em 18/01/1935, regressou àquele Forte. Libertado em 21/11/1935. Entregue na Delegação do Porto da PVDE pelo Comandante do vapor "Pero de Alenquer" em 20/05/1939. Transferido, em 23/05/1939, para Lisboa, "para averiguações", deu entrada no Aljube. Entregue, em 02/06/1939, à P. I. C. de Lisboa.] 

[João Correia Gaspar || F. 23/05/1939 || ANTT || RGP/237 || PT-TT-PIDE-E-010-2-237]

[João Correia Gaspar || 1934_12_19 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-262]

[João Correia Gaspar || 1934_12_20 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-262]

[João Correia Gaspar || 1935_01_18 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-481]

[João Correia Gaspar || 1935_01_19 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-481]

[João Correia Gaspar || 1935_05-06 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-530]

[João Correia Gaspar || 1935_05_23 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-530]

[João Correia Gaspar || 1935_11_22 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-418]

[João Correia Gaspar || 1935_11_23 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-418]

[João Esteves]

sábado, 27 de maio de 2023

[3309.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXXVIII

 

PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXXVIII *

01441. José Ramos Vargas [1933]

José Vargas Júnior, José Ramos Vargas, José Cândido Vargas Júnior, José da Conceição Alves Júnior ou José da Conceição Vargas Júnior.

[José Ramos Vargas || F. 02/03/1919 || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

["O Cavalaria 7". Lisboa, c. 1899, estivador / marítimo. Filiação: Carolina Chaves, Jaime Vargas. Solteiro. Residência: Rua dos Bacalhoeiros / Hotel Rocha - Lisboa. Várias vezes detido por crimes de delito comum durante a 1.ª República, foi deportado para a Guiné por estar envolvido no atentado a Ferreira do Amaral em Maio de 1925 e, durante a Ditadura Militar, esteve preso em Peniche, foi enviado para a Fortaleza de São João Batista e acabou no Tarrafal, de onde só foi libertado em 3 de Novembro de 1945. Entre 26 de Fevereiro de 1919 e 15 de Setembro de 1924, foi preso por onze vezes, por suspeitas de "furto", "roubo", "vadiagem", "arrombamento" e "conto do vigário". Geralmente libertado ao fim de escassos dias, a pena maior que cumpriu foi entre 6 de Fevereiro de 1921 e 5 de Outubro de 1923, tendo o seu processo sido remetido ao Tribunal de Defesa Social: Preso em 26/02/1919. Preso em 16/03/1919. Preso em 03/07/1920; libertado em 07/07/1920. Preso em 09/09/1920; libertado em 13/09/1920. Preso em 10/11/1920; libertado em 16/11/1920. Preso em 05/01/1921; libertado no mesmo dia. Preso em 06/02/1921; libertado em 05/10/1923. Preso em 25/03/1924; libertado em 02/04/1924. Preso em 01/05/1924. Preso em 03/09/1924; libertado em 08/09/1924. Preso em 15/09/1924; libertado em 23/09/1924. Acusado de pertencer à Legião Vermelha, foi preso em 25 de Maio de 1925, " por tomar parte no atentado contra o Ex.mº Senhor Comandante Ferreira do Amaral" e, em 29 de Maio, "seguiu a bordo do vapor "Carvalho de Araújo" para a Guiné, por ordem do Governo". 

[José Ramos Vargas || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

Ter-se-á evadido das Colónias e, em 06/10/1933, foi preso em Lisboa pela Seção Política e Social da PVDE, «por  suspeita de andar ligado com elementos agitadores». Transferido, em 01/11/1933, da 9.ª esquadra para a 1.ª. Devido à sua «recente atividade revolucionária», embarcou, em 19/11/1933, em Peniche com destino à Fortaleza de São João Batista, em Angra do Heroísmo. Dois anos depois, em Agosto de 1935, requereu ao Governo que lhe fosse fixada residência em Cabo Verde, "sem dispêndio para a Fazenda Nacional", o que foi recusado pela Secção Política e Social da PVDE, com o argumento de que "o requerente é "O Cavalaria 7", célebre membro da Legião Vermelha. Não tem recursos para viver fora das alfurjas e é um dos espectros de vulto no capítulo do crime, sob pretexto de causa social". Dando seguimento à decisão da PVDE, o Ministro do Interior, em despacho de 16 de Agosto de 1935, indeferiu o respetivo recurso. Em 23 de Agosto de 1936, integrou a primeira leva de presos que foi enviada para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde só seria libertado em 3 de Novembro de 1945. Ficou a residir em Cabo Verde.]
[alterado em 07/04/2024]

01442. D. dos S. da B. [1933, 1933]

[João Esteves]

[3308.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXXVII

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXXVII *

01438. António de Carvalho Leal [1933]

[Fundão, c. 1906, barbeiro. Filiação: Antónia de Oliveira Leal, José de Carvalho Ferreira. Casado. Residência: Rua A - Bairro Catarino. Preso pela PSP de Lisboa em 04/10/1933, «em virtude de ter soltado vivas ao Comunismo, na noite de 3 para 4, [...] na ocasião em que se realizava uma manifestação republicana para comemorar a implantação da República», e entregue à Seção Política e Social nesse mesmo dia. Transferido para o Aljube em 13 ou 14/10/1933. Libertado em 31/10/1933 ou 01/11/1933 [v. Processo 807).]
[alterado em 25/03/2024]
[alterado em 07/04/2024]

01439. Artur Guilherme Rodrigues Cohen [1933]

[Artur Guilherme Rodrigues Cohen || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903]

[Nascido em 1877. Engenheiro civil e de minas pela Escola do Exército, tendo pertencido ao Corpo de Engenharia de Minas e Serviços Geológicos (CEMSG). Pertenceu ao comité revolucionário que dirigiu a Revolução de 5 de Outubro de 1910. Director dos Serviços Geológicos em 1922, manteve-se nestas funções até 1935, quando integrou o numeroso grupo expulso da função pública por decisão do Conselho de Ministros de 14 de Maio e publicada no Diário do Governo N.º 111, Série I, do dia 16. Faleceu em 1961.] 

[A Ordem || Rio Grande do Sul || 14/07/1935]

01440. José Rodrigues [1933]

[Braga, c. 1911, criado de servir. Filiação: Luísa de Jesus. Solteiro. Residência: Rua Dr. António Cândido, 26. Preso pela Seção Política e Social em 06/10/1933, "para averiguações". Transferido da 28.ª esquadra para a 1.ª em 22/10/1933. Libertado da 1.ª esquadra em 25/10/1933.]
[alterado em 28/03/2024]

[João Esteves]

quinta-feira, 25 de maio de 2023

[3307.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXXVI

PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXXXVI * 

01433. Quirino de Oliveira Cabedal [1933]

[Abrantes, c. 1904, carpinteiro. Filiação: Augusta Antónia, Joaquim de Oliveira Cabedal. Casado. Residência: Rua dos Cascalhos - Tramagal. Preso em 13/04/1933 e entregue à SPS em 22/04/1933, por estar filiado no Partido Comunista, a que aderiu por intermédio de Zeferino Seabra Esteves, ingressando na organização do Tramagal: integrava o Comité Local, onde era o Secretário do Socorro Vermelho Internacional, e colaborava com António Paulo Mineiro, António Rodrigues Grácio Rosa e Eleutério Dias Pinheiro. Transferido para o Aljube em 06/10/1933. Julgado pelo TME em 07/03/1934, considerou-se que estava abrangido pela amnistia de 05/12/1932 e foi libertado no mesmo dia.]

[alterado em 22/03/2024]

01434. Raul de Meneses Correia [1933]

["O Sem Medo". Lisboa, c. 1909, criado no Albergue dos Inválidos do Trabalho. Filiação: Maria da Conceição Crespo, Joaquim de Jesus Meneses Correia. Solteiro. Residência: Rua Possidónio da Silva, 204. Preso em 18/02/1933, por pertencer às Juventudes Comunistas, a que aderiu por intermédio de Júlio Agostinho da Silva. A sua célula, a N.º 47, reunia nas terras do Sabido, a Campo de Ourique, e era controlada por Adolfo Teixeira Pais. Transferido para o Aljube em 06/10/1933. Julgado pelo TME em 02/03/1934, foi absolvido e libertado em 05/03/1934.]

[alterado em 22/03/2024]

01435. Serafim Rosa [1933]  

[Abrantes, c. 1893, trabalhador rural. Filiação: Vicência Maria, Francisco Cristóvão Rosa. Casado. Residência: Rio de Moinhos - Abrantes. Preso em 14/04/1933 e entregue à SPS em 22/04/1933, "por fazer parte da célula comunista de Rio de Moinhos", tendo aderido através de Zeferino Seabra Esteves. Mantinha ligações com Domingos Jorge Leitão. Transferido para o Aljube em 06/10/1933. Julgado pelo TME em 07/03/1934, por ter na sua posse uma pistola "Savage", foi condenado em 360 dias de prisão correcional e perda dos direitos políticos por cinco anos. Libertado em 10704/1934, por ter terminado a pena imposta pelo TME.] 

[alterado em 22/03/2024]

01436. João da Silva [1933]

[Preso pela Seção Política e Social em 02/10/1933. Transferido de prisão em 10/10/1933. Novamente transferido de cárcere em 11 ou 12/10/1933, provavelmente para o Forte de S. Julião da Barra. Transferido, em 07/11/1933, de S. Julião para o Porto. Transferido, em 10/11/1933, da SPS do Porto para o Aljube local. Pode tratar-se do escultor e medalhista João da Silva.]

[alterado em 22/03/2024]
[alterado em 23/03/2024]
[alterado em 10/04/2024]
[alterado em 13/04/2024]

01437. Pedro Batista da Rocha [1933, 1936, 1943]

[Pedro Batista da Rocha || F. 06/12/1943 || ANTT || RGP/288 || PT-TT-PIDE-E-010-2-288]

[Filho único de Hermínia do Carmo Batista e de António José da Rocha, músico militar preso por estar envolvido na Revolta Republicana de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, Pedro Batista da Rocha nasceu em 25 de Julho de 1912, em Lisboa, Anjos, e cresceu em Alfama. Frequentou o Liceu Gil Vicente, tendo os amigos, as greves estudantis, as leituras, as dificuldades económicas e o ambiente familiar em torno dos ideais da República, contribuído para a sua adesão à luta contra a Ditadura Militar e militância comunista desde 1929. Usou os pseudónimos de "Hélder", nas Juventudes Comunista, de "Osvaldo", no Socorro Vermelho Internacional, e "José Pedro da Rocha". Segundo as suas memórias, intituladas Escrito com paixão [Caminho, 1991], com 18 anos era já membro das Juventudes Comunistas, tendo aderido por influência de César Maurício e trabalhado diretamente com Francisco de Paula Oliveira e, depois, com Fernando Quirino. Participou, então,  nas greves estudantis e nos comícios relâmpago. Detetado e procurado como ativista comunista desde 1932, Pedro Rocha desempenhou ainda trabalho partidário, entre outros, com Afonso Henriques VenturaAfonso Martins da SilvaÁlvaro Duque da FonsecaBento GonçalvesBernard FreundCarolina Loff da FonsecaCassiano Nunes DiogoEliseu MonteiroIsaac SoaresJoaquim Domingos LisboaJúlio dos Santos PintoManuel Augusto da Rosa AlpedrinhaMário Rodrigues PioTogo da Silva Batalha e Virgínio de Jesus Luís. Em 1933, integrou o Secretariado Político e Executivo das Juventudes Comunistas. Foi, simultaneamente, ativista, desde 1929, do Socorro Vermelho Internacional, em Lisboa, sendo funcionário da sua sede clandestina instalada no Regueirão dos Anjos. Posteriormente, em 1933, foi encarregado da sua reorganização no Alentejo e Algarve, assim como dos Comités Locais do Partido Comunista e das suas Juventudes: saiu de Lisboa em 19 de Junho e passou por Vale de Vargos, Aldeia Nova de São Bento, Beja, Aljustrel, Portimão, Lagos, Odeceixe, Monchique, Silves e Faro. Integrou, ainda, diversas agremiações, como a Associação dos Amigos da União Soviética, criada em 1931, Caixa Económica Operária e Clube Naval de Lisboa. Enquanto empregado comercial, foi delegado do seu sindicato, filiado na Comissão Intersindical (CIS). Preso, pela primeira vez, em 23 de Julho de 1933, juntamente com Rodrigo Ollero das Neves, na casa da Rua Bernardim Ribeiro, 57, 4.º, foi julgado pelo Tribunal Militar Especial em 22 de Janeiro de 1934, juntamente com mais vinte jovens, e condenado em dezoito meses de prisão correccional e perda dos direitos políticos por dois anos. Libertado em 27 de Janeiro do ano seguinte, tinha passado pela Penitenciária de Lisboa, Aljube e Peniche, mantendo colaboração em periódicos feitos, clandestinamente, pelos presos. Voltou a ser preso, «para averiguações», em 16 de Maio de 1936 e libertado em 26 do mesmo mês. Em Abril de 1937, dando seguimento ao apelo do Partido Comunista para que militantes e simpatizantes se juntassem às forças republicanas de Espanha e/ou porque tivesse sido enviado pela Frente Popular Portuguesa para se especializar em assuntos militares, Pedro Rocha saiu legalmente de Portugal para França, aproveitando a organização da Exposição Internacional de Artes e Técnicas Aplicadas à Vida Moderna. Embarcou no paquete "Aurigny", desembarcou no Havre, passou por Paris, onde contactou com os portugueses antifascistas residentes em França, assistiu ao 1.º de Maio em Lyon e, depois, atravessou os Pirenéus a pé e chegou a Figueras, na Catalunha, em Maio, após uma atribulada e tormentosa viagem. Em Espanha, manteve contactos estreitos com os portugueses Caetano JoãoCarolina Loff da FonsecaCésar de AlmeidaJaime de MoraisJosé RamosManuel Roque JúniorMário Batista ReisMiguel RamosÓscar MoraisUtra Machado e Telmo dos Santos, entre outros. Aí também se cruzou com Luís António Soares, "um homem de meia-idade", pai de Pedro Soares, seu camarada das Juventudes Comunistas. Por usar óculos, não pode ser piloto de caça, passando para a artilharia. Frequentou, segundo as suas memórias dactilografadas, a escola pré-militar de Pins del Vallès, em Sant Cugat del Vallès; a escola de comissários, cujo responsável militar era o major César de Almeida; e, por fim, a Escola de Artilharia N.º 2, em Lorca, perto de Valência, onde estavam mais cinco portugueses: Caetano JoãoManuel Roque JúniorMário Batista ReisMiguel Ramos e Óscar MoraisConcluído aquele curso, foi promovido a tenente de artilharia. Adstrito à Reserva Geral de Artilharia e colocado no 2.º Grupo de Canhões de 7.62, Pedro Rocha participou em combates no sector Tremp/Blaguer; Lérida; frente do Levante (Sagunto), entre outros. Foi quando estava em Lorca que, em Outubro de 1937, aderiu ao Partido Comunista de Espanha, talvez por intermédio de Mário Batista Reis, delegado português no Partido Socialista Unificado da Catalunha, integrando a célula da Escola Popular de Guerra N.º 2. Em finais de Outubro de 1938, terá passado a capitão, como consta do Certificado passado em nome de Juan Negrín López, Presidente do Governo de Espanha e Ministro de Defesa Nacional. Em Fevereiro de 1939, juntamente com Jaime CortesãoJaime de MoraisMário Fernandes e outros portugueses, saiu de Espanha e começou, durante cerca de dois anos e meio, a prolongada passagem pelos campos de internamento franceses: Argelès-sur-Mer, Gurs, novamente Argelès e, por fim, Vernet d'Arriège, vigiado por milícias de Vichy. Forçado pelas condições desumanas e políticas deste último campo, inscreveu-se para trabalhar, como voluntário, na Alemanha nazi, onde esteve como carregador na IGFarben, em Bitterfeld e, depois, em Berlim, no escritório da editora da revista “O Espelho de Berlim”, de propaganda nazi. Também terá trabalhado como locutor de rádio, ganhando razoavelmente. Invocando a necessidade de visitar os pais, regressou a Portugal no Verão de 1942, entrou em contacto com os antigos camaradas de Partido, agora sujeito a nova reorganização, e viveu numa semiclandestinidade até ser preso, «para averiguações», em 4 de Dezembro de 1943. Enviado para o Aljube, foi libertado em 19 de Janeiro de 1944. Nesse mesmo ano, em Maio, partiu para Angola, onde se manteve por mais de dois anos e continuou a ser vigiado e perseguido pela PIDE. Seguiu, então, para Brazaville e aí permaneceu, durante 14 anos, como locutor da RTF. Em fins de 1959, fixou-se no Brasil, trabalhando no Estado de São Paulo. Logo que eclodiu a Revolução de 25 de Abril, Pedro Rocha ofereceu, por carta, os seus préstimos profissionais ao Movimento das Forças Armadas, não tendo obtido qualquer resposta. Em 1976, ao fim de 28 anos de exílio e de 43 de militância antifascista, regressou a Portugal. João Varela Gomes, em artigo publicado no Diário de Lisboa de 9 e 10 de Setembro de 1983, dá amplo destaque ao percurso político de Pedro Rocha, inserindo documentação sua enquanto participante na Guerra Civil de Espanha. Voltou a dedicar um capítulo a Pedro Rocha no livro Guerra de Espanha. Achegas ao redor da participação portuguesa - 70 anos depois [Fim de Século, 2006.]

[João Esteves]