* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCXVI *
01899. Ernesto Galvão [1927]
[Lisboa, c. 1882. Carpinteiro. Filiação: Carolina Costa Galvão, José Francisco Galvão. Casado. Residência: Rua do Arco do Carvalhão - Pátio das Confeiteiras, 10 - Lisboa. Preso pela Polícia de Informações do Ministério do Interior em 26/05/1927, «por ser anarquista, figurando o seu nome numa da "União Anarquista Portuguesa"». Libertado em 06/06/1927.]
01900. José de Sousa Coelho [1927, 1935]
[Penacova, 17/08/1898. Torneiro. Filiação: Maria da Conceição de Sousa. Casado. Residência: Travessa das Terras do Monte, 17 - Lisboa. Começou a intensa intervenção sindical e política durante a República, primeiro dentro da área anarcossindicalista, tendo sido Secretário-Geral das Juventudes Sindicalistas e, depois, enquanto militante do Partido Comunista, do qual foi um dos fundadores, em março de 1921. Neste mesmo ano, esteve, também, na origem das Juventudes Comunistas, da qual foi o primeiro dirigente e de onde transitou, em 1922, para a direção do Partido Comunista, evidenciando-se, sobretudo, na área do sindicalismo. Depois de divergências com José Carlos Rates, retomaria, em 1926, no II Congresso, o anterior protagonismo. Preso pela Polícia de Informações do Ministério do Interior em 26/05/1927, juntamente com Alfredo Pinto, Álvaro da Costa Ramos, Ernesto Galvão, Henrique Caetano de Sousa, J. Monteiro, José dos Santos Arranha, José dos Santos Cadete, José Manuel Saraiva de Aguiar, Júlio Luís, Manuel da Silva Campos e Manuel Henriques Rijo. Todos tinham ligações aos sindicatos e ao movimento operário, sendo uns acusados de anarquistas e Henrique Caetano de Sousa e José de Sousa Coelho de pertencerem ao Socorro Vermelho Internacional. Estes dois seriam libertados em 24/06/1927, como se depreende de um ofício confidencial enviado pelo Diretor Interino da Polícia de Informações ao ministro do Interior, datado de 24/06/1927. Foi, em 1929, com Bento Gonçalves, um dos responsáveis da reorganização do Partido Comunista, integrando a Comissão Central Executiva Provisória. Na sequência da prisão daquele, tornou-se, entre 1930 e 1933, o principal dirigente comunista, desenvolvendo relevante atividade junto dos sindicatos: a ele se deve a criação, em 1930, da Comissão Inter-Sindical (CIS), do qual é o Secretário-Geral, em estreita ligação com o Partido Comunista, onde era o responsável sindical. A nova confederação nacional de sindicatos operários, alinhada com a Internacional Sindical Vermelha, passava a concorrer com a Confederação Geral do Trabalho (CGT), de orientação anarcossindicalista. Dinamizou a criação de Grupos de Defesa Sindical, que envolveram militantes comunistas dos respetivos locais de trabalho, concebeu, com Bento Gonçalves, um sistema eficaz de imprimir o jornal “Avante!” e envolveu-se na preparação e eclosão da Greve Geral de 18 de janeiro de 1934, por ele considerada como um «movimento de protesto contra a violenta dissolução dos sindicatos operários» e não um «movimento revolucionário insurrecional». Referenciado há vários anos, foi julgado à revelia pelo Tribunal Militar Especial em 20/02/1935 e condenado em seis anos de desterro, multa de doze mil escudos e perda dos direitos políticos por dez anos. Permaneceu em Portugal durante a ida, nesse ano, da delegação do Partido Comunista ao VII Congresso da Internacional Comunista, realizado em Moscovo. Procurado, seria preso pela PVDE em 11/11/1935, por «comunista», juntamente Bento Gonçalves e Júlio Fogaça, o trio que constituía o Secretariado, levado para uma esquadra e transferido, nesse mesmo dia, para o Aljube. Após dois meses em regime de incomunicabilidade, seguiu, em 08/01/1936, para a Fortaleza de S. João Batista, em Angra do Heroísmo. Em 23 de outubro, seria deportado para o Campo de Concentração do Tarrafal, simultaneamente com aqueles dois dirigentes. Aqui, começou por integrar a direção da Organização Comunista Prisional do Tarrafal e, devido ao acentuar das divergências políticas com Bento Gonçalves, criou a organização dos comunistas afastados, sendo expulso do Partido Comunista em 1942. Regressou de Cabo Verde em 20/02/1945, saindo em liberdade. Procurou, então, formar o Partido Social Operário, aderiu, em 1946, ao reativado Partido Socialista Português e acabou por se empenhar e evidenciar enquanto dirigente do movimento cooperativista, nomeadamente através da Fraternidade Operária Lisbonense - Ateneu Cooperativo, onde desenvolveu a amizade com António Sérgio, Caixa Económica Operária e Mealheiro dos Conferentes Marítimos. Faleceu em 1967.]
01901. José da Silva Santos Arranha [1927]
[Caldas da Rainha, 03/01/1891. Marceneiro. Fundador do Sindicato Único dos Operários Marceneiros de Lisboa, interveio no Congresso Operário de 1922, na Covilhã, onde foi eleito Secretário-Geral da CGT, cargo que exerceu somente durante um ano por se ter demitido, em outubro de 1923, devido a divergências internas. Voltou a participar no Congresso de 1925 e, em 1925-1926, tornou-se Diretor do jornal "A Batalha". Preso pela Polícia de Informações do Ministério do Interior em 26/05/1927, numa leva que integrava Alfredo Pinto, Álvaro da Costa Ramos, Ernesto Galvão, Henrique Caetano de Sousa, J. Monteiro, José de Sousa, José dos Santos Cadete, José Manuel Saraiva de Aguiar, Júlio Luís, Manuel da Silva Campos e Manuel Henriques Rijo. Exilou-se, nos anos 1930, na Bélgica, de onde regressou no final da década. Faleceu em 24/02/1962.]
[João Esteves]
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