terça-feira, 18 de junho de 2024

[3445.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCXXX

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCXXX *

01965. José Carlos dos Santos [1928, 1930]

[Lisboa, c. 1885. Funcionário público. Filiação: Maria Emília Vieira dos Santos, Carlos Inácio dos Santos. Casado. Residência: Rua Alves Correia, 161 - Lisboa. Preso em 01/05/1928, quando reunido com outros elementos que fariam parte de um «comité revolucionário», seria levado para a Penitenciária de Lisboa e deportado no "Gil Eanes" para S. Tomé em 04/05/1928. Por decisão do Ministro das Colónias seguiu em março de 1929 para Moçâmedes (Angola), via Luanda,  no "Lourenço Marques", por lhe ter sido fixada residência na Chibia - província da Huíla. Escassos dias depois, foi autorizado o seu regresso à Metrópole, tendo embarcado em Moçâmedes naquele transporte em 13/03/1929. Apresentou-se às autoridades militares de Luanda em 19/03/1929 e, em 19/04/1929, apresentou-se no gabinete do Ministério do Interior, declarando ficar a residir em Lisboa. Preso em 22/07/1930, «por suspeita de estar comprometido no movimento revolucionário em preparação»; libertado em 11/08/1930.]
[alterado em 20/06/2024]

01966. António de Carvalho [1928]

[Barcarena, c. 1893. Médico. Filiação: Palmira Augusta F. Carvalho, Júlio José de Carvalho. Residência: Rua Carlos Mascarenhas, 12. Preso em 01/05/1928, quando reunido com outros elementos que fariam parte de um «comité revolucionário», foi levado para a Penitenciária de Lisboa e deportado no "Gil Eanes" para S. Tomé em 04/05/1928. Por decisão do Ministro das Colónias seguiu em março de 1929 para Moçâmedes (Angola), via Luanda,  no "Lourenço Marques", por lhe ter sido fixada residência na Chibia - província da Huíla. Por ter regressado, apresentou-se na Polícia de Informações em 03/12/1929.]
[alterado em 20706/2024]

01967. Camilo Zuzarte Cortesão Abreu [1928]

[S. João do Campo, 17/06/1890. Comerciante. Filiação: Joaquina Cortesão Abreu, Guilherme Zuzarte de Freitas Abreu. Casado. Residência: Rua Direita das Campinas, 426 - Porto. Primo direito de Jaime Cortesão. Participou nas primeiras revoltas contra a Ditadura Militar. Preso em 01/05/1928, quando reunido com outros elementos que fariam parte de um «comité revolucionário», seria levado para a Penitenciária de Lisboa e deportado no "Gil Eanes" para S. Tomé em 04/05/1928. Esteve exilado em Espanha e no Brasil, onde faleceu em 22/02/1966.]
[alterado em 20/06/2024]

01968. João Nicolau Lúcio Escórcio [1928]

[Ilha da Madeira, c. 1870. Capitalista. Filiação: Maria Joaquina Gomes, Casimiro Lúcio Escórcio. Viúvo. Residência: Rua Pinheiro Chagas, 27 - Lisboa. Preso na sua residência em 01/05/1928, quando estava reunido com outros elementos que integravam um «comité revolucionário», levado para a Penitenciária de Lisboa e deportado no "Gil Eanes" para S. Tomé em 04/05/1928. Por decisão do Ministro das Colónias seguiu em em finais de janeiro de 1929 para Lisboa, embarcando no no vapor "África". Apresentou-se, em 20/02/1929, no gabinete do Ministério do Interior e na Polícia de Informações de Lisboa, ficando a residir na Rua Alves Torgo, 14, por ter sido despejado da sua anterior casa por decisão administrativa, alegando-se ser «um local de reuniões políticas para fins revolucionários».]
[alterado em 20/06/2024]

01969. Raúl Pinto Coelho Madeira [1928, 1930, 1931, 1937]

[Raúl Madeira || in Gente de Soure, de António dos Santos Mota]

[Lagares da Beira, Oliveira do Hospital, 05/10/1897. Médico e assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Filiação: Elvira dos Milagres Pires, Alexandre Coelho Madeira. Solteiro. Preso na residência de João Nicolau Lúcio Escórcio em 01/05/1928, quando estava reunido com outros elementos que integravam um «comité revolucionário», levado para a Penitenciária de Lisboa e deportado no barco "Gil Eanes" para S. Tomé em 04/05/1928. Conseguiu fugir desta ilha e, em março de 1929, encontrava-se em Paris numa situação económica muito difícil. Segundo Vítor Falcão, em carta a Bernardino Machado datada de 16/03/1929, tratava-se de um «rapaz de caráter, um espírito desempoeirado e brilhante, um republicano convicto, um valor moral e intelectual» que estava na «miséria», depois de ter ajudado a fuga de muitos deportados e que pensava emigrar para o Congo Belga. Regressou a Portugal e seria preso em 17/06/1930, acusado de estar implicado numa nova revolta com, entre outros, Augusto Casimiro, Carlos Vilhena, Correia de Matos, Ernesto Carneiro Franco, Francisco Cunha Leal, Hélder  Ribeiro, João Soares, Maia Pinto, Moura Pinto, Pinto Garcia, Rego Chaves, Ribeiro de Carvalho, Sá Cardoso e Tavares de Carvalho. Foi, então, um dos deportados para S. Miguel. Terá regressado já que casou em Lisboa em 03/01/1931. Voltaria a ser preso em 1931, «como bombista», e deportado, em 26/06/1931, para Timor. Durante o transporte, quando a bordo do "Gil Eanes", escreveu duas importantes missivas datadas de 09 e 10/07/1931, onde relatava que os 69 presos acomodados no porão da ré mal podiam respirar e que «viajamos com destino a Timor, em condições verdadeiramente miseráveis». Após quatro meses de viagem, desembarcou, em 21/10/1931, em Dili e ficou internado no Campo de Concentração de Oecussi. De volta à Metrópole, fixou-se como médico em Soure. Preso em 30/07/1937, por ordem do ministro do Interior. Levado para os calabouços da PSP de Coimbra, seria libertado em 29/08/1937. Integrou, em 1958, a Comissão Distrital de Coimbra da candidatura presidencial de Humberto Delgado. Subscreveu, em 31/01/1961, o "Programa para a Democratização da República". Faleceu em 05/10/1973.]
[alterado em 20/06/2024]
 
[João Esteves]

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