* ANTÓNIO DA SILVA || DEPORTADO PARA ÁFRICA, MADEIRA E ANGRA DO HEROÍSMO || PLANEAMENTO DE UM ATENTADO A SALAZAR (1933) *
Marceneiro, António da Silva foi preso pela primeira vez em 1927 e deportado para África.
Em 1933, voltou a ser novamente preso, acusado de estar envolvido no planeamento de um atentado a António de Oliveira Salazar enquanto Presidente do Ministério. A "história" daquele encontra-se descrito no Cadastro Político de António da Silva [ANTT, Cadastro 2753].
Filho de Eugénia Vidas e de Luís da Silva, António da Silva nasceu em Lisboa em 1896.
Marceneiro, foi preso em 31 de Outubro de 1927, acusado de conspirar contra a Ditadura Militar e ser "chefe dum grupo civil". Quinze dias depois, em 15 de Novembro, foi deportado para África, desconhecendo-se a localidade.
Segundo declarações do próprio, participou, em Abril de 1931, na Revolta da Madeira, podendo deduzir-se que estaria deportado no Funchal.
No entanto, o que talvez tenha maior significado no percurso político de António da Silva é ter sido preso em 26 de Fevereiro de 1933 sob a acusação "de haver planeado, juntamente com Horácio da Silva Alves, Manuel Vicente Pedroso e Silvano de Sousa, um atentado contra S. Exa o Presidente do Ministério - Dr. Oliveira Salazar - que se encontrava no Caramulo" [ANTT, Cadastro Político 2753].
O mesmo documento informa que aquela iniciativa teria sido combinada entre José Maria de Almeida Júnior e António da Silva, tendo sido convidados os outros três para executarem o atentado. As bombas terão sido fabricadas por José Maria de Almeida Júnior em Segões (Moimenta da Beira, Viseu), com a colaboração do segundo e a vigilância dos restantes, tendo todos participado no ensaio da explosão de duas delas.
O atentado seria realizado com tiros de pistola, disparados por quatro dos envolvidos, cabendo a Manuel Vicente Pedroso "a missão de arremessar as bombas contra aqueles que os perseguissem na fuga".
Também teria sido José Maria da Silva Júnior a entregar as armas a Horácio Alves e a Silvano de Sousa, já que António da Silva tinha uma pistola dada "no Funchal por ocasião da revolta que ali teve lugar e em que tomou parte".
Para António da Silva, o dito atentado "não passava de um "Truc", combinado entre ele e o Almeida Júnior, com o simples fim de extorquirem dinheiro aos políticos com quem o Almeida Júnior se ligava por intermédio do ex-capitão Carlos de Vilhena". Para a Polícia, o atentado não terá sido efectuado porque os dois "não quiseram distribuir pelos restantes os cinquenta mil escudos que tinham para o executar".
Quando foi detido, António da Silva tinha na sua posse uma pistola "Parabellum", carregadores e respectivas balas.
Em 19 de Novembro de 1933, António da Silva integrou a leva de 143 presos políticos que embarcou no vapor Quanza, fundeado a cerca de 500 metros da praia sul de Peniche, com destino à Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, onde chegou a 22.
Em 21 de Agosto de 1934, foi julgado nos Açores pelo Tribunal Militar Especial e condenado à pena de seis anos de desterro, com prisão, no local do desterro, por um ano, à multa de vinte mil escudos e perda dos direitos políticos por dez anos.
Em 3 de Março de 1936, requereu que lhe fosse fixada residência na Ilha da Madeira, o qual foi indeferido.
Em 14 de Maio de 1937, a esposa fez novo requerimento dirigido ao ministro do Interior, sendo também indeferido.
Em 16 de Novembro de 1939, requereu que lhe fosse fixada residência em qualquer local do Continente, mas foi igualmente indeferido.
António da Silva regressou da Fortaleza de Angra do Heroísmo em 29 de Abril de 1941, recolheu à 1.ª Esquadra e foi transferido para Peniche no dia seguinte, data da fotografia que encima este texto.
Em 2 de Novembro passou para o Aljube e saiu em liberdade condicional em 24 de Dezembro de 1941, depois de quase nove anos preso.
O nome que consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017, é António Silva e não António da Silva.
Fontes: ANTT, Cadastro Político 2753; RGP/6.
[João Esteves]
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