* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCXCII *
01743. Alfredo José da Costa [1933]
[Barreiro, c. 1890. Empregado de comércio. Filiação: Maria da Costa, Eduardo Costa. Preso aos 43 anos, integrou, em 19/11/1933, a leva de presos políticos deportada para Angra do Heroísmo. Por ter terminado a pena imposta pelo Tribunal Militar Especial, regressou dos Açores em 08/10/1934. Consta de uma fotografia de grupo tirada na Fortaleza de Angra do Heroísmo, juntamente com: 1 – Raul Jorge Wheelhouse; 2 – José Praça; 3 – António Marques; 4 – António João da Silva; 5 – João Lopes Soares; 6 – José Matos Machado; 7 – Bernardino Dias; 8 – Joaquim de Oliveira Guerreiro; 9 – Jaime António Palma Mira; 10 – António Seca; 11 – Alfredo José da Costa; 12 – João Perdigão; 13 – Augusto Monteiro (Espólio de João Lopes Soares / Fundação Mário Soares).]
01744. António Dias [1933]
[Lisboa, c. 1899. Filiação: Mariana Dias. Deportado por ordem do Governo para Angra do Heroísmo em 19/11/1933. Julgado pelo TME - Açores em 20/08/1934, seria condenado a 420 dias de prisão correcional. Regressou em 09/11/1934, saindo em liberdade.]
01745. Júlio César Leitão [1932, 1933]
[Vila Nova de Foz Côa, c. 1891. Barbeiro. Filiação: Umbelina, José Leitão. Residência: Rua Jardim do Regedor - Lisboa. Expulso do Brasil em 1928 por militar no Partido Comunista local e ser considerado indesejável. Em Portugal, entrou em contacto com os comunistas nacionais e esteve na origem da da convocação, em abril de 1929, do «Pleno» da Amadora, do qual resultou a formação de um «Comité Central Executivo» do Partido Comunista, o qual integrou juntamente com Bento Gonçalves e o espanhol Manuel Delicado. Fez parte do Comité Regional de Lisboa e desenvolveu intensa atividade partidária, utilizando o pseudónimo "Nelson" na organização de células e comités. Preso em 17/03/1932, passou por esquadras e Cadeia de Monsanto, esteve para ser deportado para a ilha Terceira por despacho do ministro do Interior, o que não se concretizou, e seria barbaramente torturado. Deportado para Angra do Heroísmo em 19/11/1933, foi transferido para Lisboa em 09/11/1934 e libertado em 21/12/1934.]
01746. António Franco Trindade [1932]
[Militante do Partido Comunista no início de década de 1930, foi um dos resistentes à Ditadura Militar e ao Estado Novo que mais anos esteve preso: de 24 de Abril de 1932 a 30 de Maio de 1950. Ericeira - Mafra, c. 1906. Litógrafo da Casa da Moeda. Filiação: Maria de Jesus Costa da Trindade, Prudêncio Franco da Trindade. Solteiro. Residência: Avenida Almirante Reis, 35 - Lisboa. Integrou o Comité de Zona N.º 1 do Partido Comunista Português. Filiado nº 132 da Célula 19, foi seu Secretário, tendo ainda a cargo o controlo da Célula 18. Esteve envolvido nos preparativos da jornada de luta preparada para o dia 29/02/1932 e que implicava o recurso a bombas, a qual acabou por não se realizar devido à prisão de alguns dos implicados. De seguida, com Álvaro Augusto Ferreira e Manuel Francisco da Silva ("O Manuel Pedreiro" que faleceu em 24 de Agosto de 1941, quando detido na Fortaleza de Angra do Heroísmo), fez parte do núcleo responsável pela preparação de ações durante o 1.º de Maio, com recurso ao uso dos explosivos não utilizadas anteriormente. Jaime Tiago e Manuel Alpedrinha também acompanharam os preparativos. No dia 24/04/1932, quando o grupo experimentava o material na Serra de Monsanto e se treinava sob a instrução de Manuel Francisco da Silva, a PSP e a Polícia Especial do Ministério do Interior intervieram e prenderam alguns dos presentes, entre eles António Franco Trindade, Abel Augusto Gomes de Abreu (gráfico da Casa da Moeda), Álvaro Augusto Ferreira, Carlos Luís Correia Matoso (estudante de Agronomia), Eduardo Valente Neto (marítimo), João Lopes Dinis (canteiro, faleceu no Tarrafal em 12/12/1941), Manuel Francisco da Silva (pedreiro) e Silvino Fernandes Costa (ajudante de farmácia). Outros, conseguiram fugir. Era considerado «elemento duma atividade extraordinária e perigosíssimo pela ação revolucionária desenvolvida, sendo de notar que, como funcionário do Estado, não hesitou em sacrificar o seu lugar aos manejos revolucionários em que se envolveu». Fez parte da leva de 143 presos políticos que, em 19/11/1933, embarcou no vapor "Quanza", fundeado a cerca de 500 metros da praia sul de Peniche, com destino à Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, onde chegou a 22. Julgado em 24/08/1934 pela Secção dos Açores do Tribunal Militar Especial, foi condenado, tal como muitos dos seus camaradas, a 14 anos de degredo, ficando depois à disposição do Governo, e à multa de vinte mil escudos. Embora tenha interposto recurso, a sentença foi confirmada em 30/08/1934 e, em 23/10/1936, integrou a primeira leva de presos políticos que seguiu para o Campo de Concentração do Tarrafal. Aí, integrou a Organização Comunista Prisional do Tarrafal (OCPT) e, na sequência de divergências no seu seio, formou, com Álvaro Duque da Fonseca, Boaventura Gonçalves, Fernando Macedo, Fernando Quirino, Jaime Tiago, José de Sousa, Leonilde Felizardo e Virgílio de Sousa o grupo dos comunistas afastados, sendo expulsos do Partido Comunista em 1943 [José Pacheco Pereira, Álvaro Cunhal - Uma Biografia Política, Vol. I, 1999]. Em 09701/1946, subscreveu a exposição dirigida por presos políticos no Tarrafal à Comissão Executiva do Movimento de Unidade Democrática (MUD), onde se saúda e apoia as resoluções tomadas na sessão de 08/10/1945. Subscreveram-na ainda, António Batista, António Gato Pinto, António Gonçalves Coimbra, Armindo Guimarães, Constantino, Eurico Martins Pires, Francisco Silvério Mateus, Jaime Tiago, João Maria, Joaquim Pedro e Tomás Marreiros [Casa Comum/Fundação Mário Soares]. Só foi libertado (liberdade condicional) do Tarrafal em 30/05/1950. Regressou e apresentou-se na PVDE em 22/06/1950, indo residir para a Rua António Pedro, 54. A liberdade definitiva só se deu em 02/06/1953. Dos 18 anos que esteve preso, três foram passados na Fortaleza de São João Baptista, Açores, e catorze no Tarrafal, Cabo Verde.]
[João Esteves]
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