* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCXV *
01890. Manuel Joaquim Lourinho [1933]
[Manuel Joaquim Lourinho || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903]
[Manuel Joaquim Lourinho.
Preso pela SPS/Lisboa em 25-26/12/1933. Transferido, em 03/01/1934, da 23.ª esquadra para a 1.ª]
01891. Augusto Celorico [1933]
[Idanha-a-Nova, c. 1915. 1.º Cabo do Batalhão de Metralhadoras 1. Filiação: Emília Folgado Torres, João Celorico. Solteiro. Residência: Na Unidade. Entregue na SPS de Lisboa em 23-24/12/1933, por estar associado a uma célula comunista na Unidade. Entregue, em 18/01/1934, ao Governo Militar de Lisboa. Julgado pelo TME em 21/07/1934, seria condenado a 2 anos de prisão correcional, cumprindo-os no Presídio Militar.]
01892. Alzemiro Duarte [1933]
[Libertado das prisões do Aljube/Porto em 25-26/12/1933.]
01893. José Maria Faro Cal [1933]
[Lisboa, c. 1915. Cortador. Filiação: Judite da Conceição Faro, Lino Cal. Solteiro. Residência: Rua Alves Torgo, 265 - Lisboa. Preso pela SPS em 27/12/1933, por fazer parte das Juventudes Comunistas Portuguesas. Transferido, em 30/12/1933, de uma esquadra, onde estava incomunicável, para a 1.ª esquadra. Julgado pelo TME em 04/04/1934, seria condenado a 15 meses de prisão correcional. Seguiu para Peniche em 10/04/1934, de onde foi libertado em 11/05/1935.]
[José Maria Faro Cal || 1935_04_12 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-514_c0002]
[José Maria Faro Cal || 1935_04_13 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-514_c0001]
01894. Luís Filipe Aguilar [1933]
[Figueira de Castelo Rodrigo, c. 1908. Empregado dos telefones. Filiação: Adelaide Augusto Rocha, António Augusto de Aguilar. Solteiro. Residência: Rua Almeida e Sousa / Travessa da Peixeira, 27 - Lisboa. Preso em 28/12/1933, por ter recebido de Manuel Joaquim Lourinho dois jornais clandestinos intitulados "A Greve" e seis opúsculos, igualmente clandestinos, intitulados "Juventude a Postos", a fim de serem vendidos. Transferido para a 1.ª esquadra em 02/01/1934. Libertado em 08/01/1934.]
01895. José Augusto Frutuoso [1931, 1932, 1933]
[Coimbra, c. 1904. Modelador. Filiação: Maria José Frutuoso. Casado. Residência: Rua das Padeiras, 37 - Coimbra. Preso em 11/03/1931, «por suspeita de ser detentor de bombas de dinamite e outro material explosivo», sendo considerado «elemento avançado e perigoso»; libertado no mesmo dia. Enviado de Coimbra para SPS de Lisboa em 29/03/1932, «por estar implicado na organização daquela cidade». Também fazia a ligação do Núcleo Local do SVI com a capital, pertencendo àquele Álvaro Bordalo de Andrade Sá Donas-Boto, António Manuel Salvador Bordalo e Seixas, Carlos Paiva de Carvalho, José de Almeida e Leandro Augusto dos Santos Lima. Libertado em 16/04/1932. Enviado pela PSP de Coimbra à SPS de Lisboa em 29/12/1933, por exercer «atividade como propagandista acérrimo das ideias libertárias entre a massa operária de Coimbra». Para além da «propaganda da causa comunista», relacionava-se com elementos do movimento sindical local, como Álvaro Teixeira, Secretário-Geral do Sindicato dos Metalúrgicos, e Augusto da Cunha Melo, Presidente do sindicato dos Choferes do Centro de Portugal. Esteve, ainda, envolvido nos preparativos da Greve Geral Revolucionária de 18/01/1934. Libertado em 31/05/1934, por ter sido despronunciado pelo TME.]
01896. Serafim Filipe Pinheiro [1927, 1927]
[Serafim Filipe Pinheiro || ANTT PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903]
[Alenquer, c. 1890. Funcionário Público - Chefe do pessoal menor da Casa da Moeda. Filiação: Luísa da Conceição Pinheiro, António Filipe Pinheiro. Casado. Residência: Rua Prior Coutinho, 37 - Lisboa. Encontrava-se preso em Elvas em 10/08/1927, por «suspeita de estar implicado nos últimos acontecimentos políticos». Enviado para Lisboa nesse dia, recolheu à Cadeia Nacional. Julgado pelo TME, seria condenado em pena correcional, suspensa por dois anos. Preso em 18/09/1927, «por ter tomado parte no movimento de 7 de Fevereiro e trabalha ativamente para a organização de um movimento revolucionário»; libertado em 06/10/1927. Vigiado durante todo o ano de 1929.]
01897. Manuel da Silva Campos [1927, 1927, 1928]
[Salvador - Odemira, c. 1893. Sapateiro. Filiação: Joaquina Maria, José da Silva Campos. Casado. Residência: Rua Cidade Manchester, 23 - Lisboa. Desenvolveu, durante a 1.ª República, intensa atividade sindical associada à CGT, da qual foi Secretário-Geral. Integrou a Federação de Calçado Couros e Peles, foi delegado à Conferência Operária Nacional de 1917 e aos Congressos Operários de 1922 e 1925 e, entre 1923 e 1925, é o Diretor e redator principal do jornal "A Batalha". Preso no jornal "A Batalha" em 06/02/1927, seria libertado no dia seguinte pelos revoltosos do 7 de Fevereiro. Preso pela Polícia de Informações do Ministério do Interior em 26/05/1927, «por suspeita de ser anarquista, visto o seu nome constar de uma relação da "União Anarquista Portuguesa"»; libertado em 06/06/1927. Preso em 17/02/1928, «por ordem superior», «acusado de ser anarquista»; libertado em 28/05/1928. Integrou, em 1935, o Comité Confederal da CGT, juntamente com Adriano Botelho, Emídio Santana e Joaquim Miquelino da Silva. Faleceu em 26/02/1954, com 61 anos, em S. Luís. onde se dedicava à agricultura.]
01898. Manuel Henriques Rijo [1927, 1927, 1934]
[Manuel Henriques Rijo || F. 08/06/1927 || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903]
[Manuel Henriques Rijo.
Arruda dos Vinhos, 27/05/1897. Empregado de Escritório dos Caminhos de Ferro Portugueses. Filiação: Maria da Conceição Rijo, José Henriques Rijo. Viúvo. Residência: Rua das Freiras, 44 - Lisboa / Rua de S. Bento, 248 - Lisboa / Rua Carvalho Araújo, 157 - Lisboa. Envolveu-se desde muito novo na ação sindical, sendo um dos anarquistas mais em evidência nas primeiras décadas do século XX, com ação de destaque na Confederação Geral do Trabalho, no jornal "A Batalha" e na preparação da Greve Geral Revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Começou como fator na estação de Santa Apolónia e, em 1920, está referenciado como «agitador dos ferroviários da C.P, fazendo parte da Delegação do Sindicato de Ovar»; no ano seguinte, participou, com Mário Castelhano, na greve de 1921. Delegado aos Congressos Operários de 1922 e de 1925, onde subscreveu várias teses, entre as quais “Condições de trabalho nas colónias” e “A defesa das mulheres e menores no trabalho”. Em 1926, entrou, com Mário Castelhano, para o Conselho Confederal de CGT, em representação da Federação Ferroviária e, depois, para o seu Comité Confederal, assumindo a administração de “A Batalha”. Na sequência do 28 de maio de 1926, foi preso pela Polícia de Informações do Ministério do Interior em 26/05/1927, quando integrava a «Federação Ferroviária», «por ser anarquista». Novamente preso em 26/10/1927, «por conspirar contra a Ditadura Militar, por ser conhecido como elemento avançado e ainda por ser ele e Mário dos Santos Castelhano os principais orientadores do movimento extremista». Deportado, em 15/11/1927, para África, seguiu, primeiro para Angola, onde terá permanecido cerca de três anos em Novo Redondo. Em 1931, estava com residência fixada no Arquipélago dos Açores, na ilha do Pico, tendo, em 26/02/1931, o Ministério do Interior autorizado o seu regresso. No entanto, terá permanecido no Arquipélago, envolveu-se na Revolta das Ilhas, despoletada pela Madeira em abril e voltou, em junho de 1931, ao Continente. Começou a trabalhar como escriturário no Sindicato dos Manipuladores de Pão, reassumiu o seu papel no Comité Confederal da CGT e, em abril de 1933, aparece descrito pelas autoridades policiais como «anarcossindicalista militante», encontrando-se fugido. Em julho de 1933, foi incumbido pela CGT de formar um Comité de Ação e seria considerado um dos principais responsáveis pela organização do movimento que levaria à greve de 18 de janeiro de 1934. Fracassada esta, não foi logo detido, acabando preso, por denúncia, em 15/08/1934. Levado, incomunicável, para uma esquadra, passou, em 12/09/1934, da 4.ª esquadra para o Aljube, com a indicação de ser «chefe anarquista na revolução de 18 de janeiro». Os seus “Autos de Declaração” datam de 10, 18, 19 e 21 de setembro e, em 23 de março de 1935, foi Julgado pelo Tribunal Militar Especial: condenado em sete anos de desterro, multa de catorze mil escudos e perda dos direitos políticos por dez anos, seguiu, em 23/04/1935, para a Fortaleza de S. João Batista, em Angra do Heroísmo. Em março de 1936, o seu filho, Adelino Vieira Rijo, requereu para lhe ser fixada residência no Continente, o que foi indeferido por despacho do Ministro do Interior de dia 24 do mesmo mês. Seguiu para o Tarrafal em 23/10/1936. Escreveu no Campo de Concentração um esboço biográfico de Mário Castelhano, aí falecido aos 44 anos. Regressou em 20/02/1945 e seria libertado na mesma data. Faleceu em agosto de 1974, com 77 anos de idade.]
[alterado em 06/10/2024]
[João Esteves]