[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sexta-feira, 14 de junho de 2024

[3441.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCXXVI

PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCXXVI * 

01945. Leopoldo dos Reis Calapez [1928]

[Leopoldo dos Reis Calapez || ANTT || PT-TT-PIDE-Policias-Anteriores-1-NT-8902]

[Trabalhador da CP no Barreiro. Militante do Partido Comunista antes de 1926. Preso e deportado para a Guiné em 04/05/1928, embarcou no barco "Gil Eanes".]

01946. Silvino Augusto Ferreira [1928, 1940]

[Silvino Augusto Ferreira || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903]

[Lisboa, 08/08/1899. Torneiro mecânico no Arsenal de Lisboa. Filiação: Maria do Sacramento Ferreira. Militante e dirigente do Partido Comunista durante a 1.ª República, manteve sempre contactos com os anarco-sindicalistas. Preso e deportado para a Guiné em 04/05/1928, embarcou no barco "Gil Eanes". Conseguiu evadir-se, seguiu para Dakar e chegou a França, onde contatou os refugiados portugueses. Regressou clandestinamente a Lisboa em 1932 e retomou as suas atividades políticas e sindicais, tornando-se Secretário-Geral do Sindicato do Arsenal do Exército. Na sequência do fracasso da Greve Geral Revolucionária de 18/01/1934, exilou-se em Espanha, país de onde regressou em 1936. No ano seguinte, envolveu-se ativamente no atentado a Salazar ocorrido em 4 de julho de 1937. Conseguiu fugir, viveu na clandestinidade e seria julgado, à revelia, pelo Tribunal Militar Territorial em 20/03/1939, sendo condenado a 10 anos de prisão celular, seguidos de doze de segredo ou, em alternativa, a 28 anos de degredo. Preso em 08/08/1940, recolheu ao Aljube e, em 04/10/1940, seguiu para a Penitenciária de Lisboa, onde passou 19 anos. Exilou-se, em janeiro de 1960, em França, onde vivia a mulher e o filho.]

01947. Francisco Guerra [1928, 1933]

[Lisboa, c. 1901. Sapateiro. Filiação: Maria José, Joaquim Guerra. Solteiro. Residência: Rua Garibaldi, Pátio - Vila Maia, 9. Preso em 23/02/1928, «por ser o encarregado de lançar bombas sobre as tropas governamentais» e estar envolvido no movimento que devia despoletar no dia 24. Deportado para a Guiné em 04/05/1928, embarcou no barco "Gil Eanes". Evadiu-se, regressou em maio de 1929 e empregou-se na Companhia Portuguesa de Alpargatas. Preso pela PSP de Lisboa em 15/07/1933 e entregue à S.V.P.S. em 17/07/1933; libertado em 20/07/1933.]

01948. José Lourenço [1928]

[Lisboa, c. 1903. Pedreiro. Filiação: Maria do Nascimento. Residência: Travessa dos Prazeres - Quinta do Passarinho, Lisboa. Preso em 24/10/1925, «por andar a distribuir manifestos»; libertado em 26/10/1925. Preso em 23/02/1928, «por ser bombista e por fazer parte do grupo de ação do "João Varina"». Deportado para a Guiné em 04/05/1928, de onde se evadiu, embarcou no barco "Gil Eanes". Preso em 26/07/1933, «por se ter evadido da Guiné»; libertado no mesmo dia por despacho do Diretor-Geral de Segurança Pública, «por se ter provado que não conspirava contra a atual Situação, desde que se encontrava na Metrópole».]

01949. Rogério António da Silva [1928]

[Estremoz, c. 1904. Polidor de cantarias. Filiação: Emília do Carmo, José da Silva. Solteiro. Residência: Estremoz. Preso em 04/01/1928, «por ser bolchevista», e deportado para a Guiné em 04/05/1928. Embarcou no barco "Gil Eanes".]

01950. Quirino Francisco Fernandes [1928]

[Quirino Francisco Fernandes.
Sobral de Monte Agraço, c. 1901. Carpinteiro. Filiação: Maria do Espírito Santo, Luís Francisco. Casado. Residência: Terras do Gil - Palma de Baixo. Preso duas vezes em 1922, «por dar vivas à "revolução social"» e «por distribuir manifestos incitando à greve geral». Novamente preso em 1923, acusado de «ser fabricante de bombas» e ter «tomado parte nos atentados da Rua Augusta». Preso em 06/02/1928, «como sindicalista e anarquista», foi deportado para a Guiné em 04/05/1928, embarcando no "Gil Eanes". Evadiu-se em 05/06/1930.]
[alterado em 08/10/2024]

01951. Filipe José da Costa [1928, 1928, 1932, 1934, 1947]

[Filipe José da Costa || F. 19/03/1925 || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-1-NT-8902]

[Lisboa, 19/12/1896. Pintor, a residir e a trabalhar na capital. Filiação: Teresa de Jesus Costa, Manuel José da Costa. Pertenceu, durante a República, às Juventudes Sindicalistas. Preso em 28/03/1928, acusado de «ser o principal autor do atentado contra o Chefe dos guardas da Penitenciária», foi deportado para a Guiné em 04/05/1928, seguindo, com outros presos políticos e sociais, no “Gil Eanes”. Preso em 08/07/1928, «por ser legionário vermelho evadido da Guiné», seria deportado, em 21/08/1928, para Moçambique. Transferido para Cabo Verde, foi-lhe fixada residência obrigatória em Timor, conseguido evadir-se nesta última viagem quando a bordo do vapor “Moçambique”, onde também se encontravam Arnaldo Simões Januário, Bernardino dos Santos, Cal Brandão e Daniel Severino. Preso em 18/02/1932, em Lisboa, ao desembarcar do barco “Colonial”, onde viajava com o nome «Carlos Alberto de Sousa». Evadiu-se, em 04/04/1932, da Cadeia do Aljube, juntamente com Emídio Guerreiro, Heitor Rodrigues, José dos Santos Rocha, José Severo dos Santos e Manuel Sanches Dias: acusado de ter matado o guarda António Lopes, seria condenado à revelia em 28 anos de prisão. Refugiou-se na zona de Almada, sob o nome de «Azevedo da Cruz», frequentava o associativismo local e, anarquista assumido, integrando o grupo “Spartacus”, envolveu-se no movimento revolucionário de 18/01/1934 na margem Sul, nomeadamente através da Associação de Classe dos Corticeiros de Almada: além de detentor de bombas explosivas e pistolas, participou no corte do cabo submarino no sítio do Portinho. Regressado há pouco de Espanha, onde se acolhera temporariamente, é preso em 31/07/1934, «por se encontrar há muito fugido» e estar implicado no movimento revolucionário de janeiro. Entregue ao 4.º Juízo Criminal de Lisboa em 30/10/1934, foi absolvido do crime de assassinato do guarda do Aljube e recolheu ao Limoeiro. Voltou, em 29/03/1935, a ficar sob a alçada da PVDE, a fim de ser julgado pelo Tribunal Militar Especial. Entrou no Aljube em 09/05/1935 e o TME, reunido no dia 15, condenou-o em cinco anos de desterro, multa de vinte mil escudos e perda dos direitos políticos por dez anos: era acusado de, «anteriormente a 18 de janeiro do ano findo, ter tomado parte em várias reuniões preparatórias do movimento revolucionário grevista […] tendo tomado parte no corte do cabo submarino entre Porto Brandão e Trafaria». Interpôs recurso e o TME, de 25/05/1935, alterou a pena para quatro anos de desterro, com seis meses de prisão no local escolhido pelas autoridades, e oito mil escudos de multa. Embarcou, em 08/06/1935, para Angra do Heroísmo, a fim de entrar na Fortaleza de S. João Batista. Transferido, em 23/10/1936, para o Campo de Concentração do Tarrafal, deveria ter sido solto em 15/10/1940, o que não sucedeu por despacho do diretor da PVDE de 24 do mesmo mês, ficando em prisão preventiva por considerar inconveniente a sua libertação. Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 35.041, de 18 de Outubro de 1945, foi libertado em 30/12/1945 e regressou a Lisboa, no paquete “Guiné”, em 01/02/1946. Preso, pela última vez, em 28/03/1947, «para averiguações», recolheu ao Aljube, sendo libertado em 14/05/1947.]

[João Esteves]

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