domingo, 7 de fevereiro de 2021

[2490.] ALBERTINA MARQUES TEIXEIRA [I] || 1934 - 2008

 * ALBERTINA DOS SANTOS MARQUES TEIXEIRA *

[07/09/1934 - 04/12/2008]

[Albertina Marques Teixeira || in "o riachense" || 22/04/2020]

Operária têxtil. 

Segunda filha de Ângela Santos Almeida e de João Chora Marques, nasceu em Riachos, distrito de Santarém, em 7 de Setembro de 1934, e foi viver para o Barreiro com apenas um ano de idade. 

Os familiares empregaram-se na Companhia União Fabril (CUF) e Albertina Marques, operária do sector têxtil, tornou-se em 1956, com 22 anos, militante do Partido Comunista: "«Foi uma opção de vida» diz com alegria na voz, «as dificuldades eram muitas mas nós tínhamos uma força tão grande que nunca pensámos em desistir. Pelo contrário!»” [Arte Barreiro]. 

Nesse meio operário, distribuía a imprensa partidária, como o Avante!, O Militante e O Corticeiro, recolhia assinaturas e a sua casa foi lugar de várias reuniões clandestinas, nunca sendo detetada: “«Era uma tarefa tão perigosa quanto apaixonante». Quando pressentia problemas, levava os materiais do partido para a quinta da mãe que, cuidadosamente, os enterrava na capoeira das galinhas até voltar a ser segura a sua circulação.” [idem

Em 1957, foi detida com Lenine Maria Sobreiro [01/02/1934 - 11/01/2018], seu primeiro marido e também militante comunista. Levada para Caxias durante dois dias, chegou a ser interrogada na sede da PIDE. 

Já divorciada, passou à clandestinidade em 1964, quando era companheira do engenheiro químico e dirigente Fernando Augusto da Silva Blanqui Teixeira [04/05/1922 - 01/10/2004], mantendo-se assim até 1969. Reingressou na clandestinidade em 1972, situação em que estava quando se deu o 25 de Abril de 1974. 

Usou os pseudónimos “Margarida”, “Ana”, “Rosa” e “Paula”, mudou de vida, de casa e de lugares por várias vezes, chegou a estar algum tempo na União soviética, a frequentar um curso de ciência política, encontrando-se no Porto aquando da Revolução: como não era seguro abandonar a casa do Partido, “assisti a tudo da janela, as lágrimas caíam-me, sabia que a minha filha estava no Porto mas não podia vê-la” [idem]. 

Regressou ao Barreiro em Maio desse ano, juntamente com a irmã Irene, que também vivia na clandestinidade, onde se juntou ao companheiro, responsável pela abertura do primeiro Centro de Trabalho legal. Trabalhou neste, primeiro na Rua Eusébio Leão, depois na Rua Vasco da Gama, e integrou a Comissão Concelhia do PCP, sempre com responsabilidades na área de recolha de fundos e tesouraria. 

Em 2006, a Câmara Municipal atribuiu-lhe o galardão “Barreiro Reconhecido” na categoria “Resistência Antifascista”. Nessa ocasião, foi publicada uma biografia sua em Arte Barreiro, tendo então afirmado: “Sinto que, à minha maneira, contribui para construir um mundo melhor. Estou contente com a vida que escolhi e com as opções que fiz!”. 

Manteve mais de cinco décadas de militância política ativa e aparece, por vezes, identificada por Albertina Marques Blanqui Teixeira.

Faleceu no Barreiro em 4 de dezembro de 2008, com 74 anos de idade. 

["o riachense" || 22 de Abril de 2020 || p. 13]

O jornal "o riachense" dedicou-lhe, em 22 de Abril de 2020, um texto no âmbito da evocação de Resistentes Antifascistas locais como forma de comemorar os 46 anos do 25 de Abril: "Albertina Marques Teixeira, uma vida dedicada ao Partido". 

Agradece-se a Manuel Lopes a disponibilização de um exemplar daquele.

Feminae - Dicionário Contemporâneo, editado em 2013 pela CIG, inseriu a biografia possível de Albertina Marques Teixeira.

[João Esteves]

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