[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

segunda-feira, 5 de maio de 2025

[3607.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CDLV

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CDLV *

02362. António Vitorino Fragoso [1927]

[António Vitorino Fragoso.
Batalhão de caminhos de ferroPreso em 17/03/1927, por suspeita de ter participado no movimento revolucionário de fevereiro de 1927, e levado para a Penitenciária de Lisboa.]

02363. José Rodrigues Reboredo [1927, 1927, 1940]

[José Rodrigues Reboredo || F. 07/12/1940 || ANTT || RGP/12947 || PT-TT-PIDE-E-010-65-12947]

[José Rodrigues Reboredo.
Barcelos, 19/07/1891. Confeiteiro. Filiação: Teresa Gomes de Carvalho, José Rodrigues Reboredo. Casado. Residência: Av. Fernão de Magalhães, 49 - Porto / Rua António Benedito, 49 - Barcelos, Travessa dos Navegantes, 147 - Porto. Frequentou os primeiros anos do liceu e, por falecimento do pai, enveredou pela profissão de confeiteiro, área onde se tornou reconhecido especialista, nacional e internacional, começando a trabalhar em Viana do Castelo. Simultaneamente, envolveu-se na ação sindical: pertenceu à Associação dos Operários Confeiteiros e à comissão administrativa da União dos Sindicatos Operários do Porto e da Câmara Sindical do Trabalho, sendo, ainda o delegado da Confederação Geral do Trabalho naquela cidade, onde passou a residir. Revelou-se um importante propagandista dos ideais anarquistas, com colaboração na sua imprensa, sendo editor, administrador e redator de “A Aurora”, “A Comuna” e “A Vanguarda Operária”, todos do Porto. Anteriormente, ainda em Viana do Castelo, tinha sido editor de “A Voz do Produtor” (1917). Preso em 26/03/1927, no Porto, juntamente com o carpinteiro António Inácio Martins, acusador de propagarem doutrinas consideradas subversivas. Foram-lhe "encontrados documentos de caráter internacional a que a Polícia de Defesa Social liga grande importância". Preso em 14 de maio de 1927, “por ser anarquista”, saiu em liberdade dois dias depois. Em julho de 1932, continuava a ser referenciado como um “elemento anarquista” e andava fugido, refugiando-se na província, acusado de ser o autor, impressor e distribuidor dos manifestos intitulados “Ao Povo de Paranhos”. Passou, clandestinamente, a fronteira e exilou-se em Espanha. Primeiro, na Galiza, mais tarde, em Madrid e, por fim, radicou-se em Barcelona, onde desenvolveu intensa atividade de âmbito anarquista, sendo a sua principal figura: filiou-se na CNT, onde era o representante da CGT portuguesa, impulsionou a Federação dos Anarquistas Portugueses Exilados (FAPE), dirigindo o seu secretariado, e publicou o jornal “Rebelião”. Com a revolta militar franquista contra a República, continuou a colaborar com os anarquistas espanhóis e, perante o avanço dos nacionalistas, atravessou, com a mulher, a filha Aurora, a neta e o genro, o também anarquista Manuel Francisco Rodrigues, os Pirenéus, refugiando-se em França, onde seria internado nos campos de concentração de Argelès-Sur-Mer e, depois, no de Gurs. De regresso a Portugal, é detido em 15/12/1940, em Beirã, Marvão, e levado, no dia seguinte, para a 1.ª esquadra. Seguir-se-á o Aljube, em 20 de dezembro, Caxias, em 21 de fevereiro de 1941, a 1.ª esquadra, em 6 de março, novamente Caxias, em 13 de março, e Peniche, em 22 de junho. Em 4 de setembro seria deportado, sem qualquer julgamento, para o Campo de Concentração do Tarrafalintegrando a sua Organização Libertária. Regressou em 20/02/1945 e libertado. Antes de abandonar o campo concentracionário, escreveu, com José Correia Pires, uma carta “A todos os companheiros da Organização Libertária do Campo do Tarrafal”, onde se apelava à preservação da unidade de sindicalistas, anarcossindicalistas, anarquistas e libertários, sob a égide da CGT e do jornal “A Batalha”, e se enunciavam os perigos caso triunfassem as dissensões, outrora tão prejudiciais. Faleceu em 17/06/1952, no Porto. Segundo Alexandre Vieira, em Figuras Gradas do Movimento Social Português (edição do autor, 1959), “O seu funeral foi uma eloquente manifestação de respeito por quem tivera tanto de inteligência e probidade, como de modesto”.]
[alterado em 09/05/2025]

[João Esteves]

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