* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CDLX *
02378. Joaquim Ribeiro de Carvalho [1927, 1927, 1928, 1934]
[Joaquim Ribeiro de Carvalho deportado na Madeira (1928) || O Rebate, 19/05/1928]
[Joaquim Ribeiro de Carvalho.
"O Mata Frades". Arnal, freguesia de Maceira - Leiria, 07/04/1880. Jornalista, escritor, tradutor. Filiação: Maria da Encarnação Carvalho, Manuel Ribeiro da Costa. Casado. Residência: Rua Almirante Reis, 25 - Lisboa. Maçom e republicano. Frequentou o seminário de Leiria, mas acabou por se dedicar ao jornalismo. Escreveu livros e traduziu, entre outros escritores, Alphonse Daudet, Blasco Ibáñez, Camille Flammarion, Catulle Mendés, Gorki, Louis Bousenard, Mirabeau e Tolstói. Foi um dos organizadores da Carbonária portuguesa e da implantação da República. Fundou o Centro Radical Português, dirigiu a importantíssima Biblioteca de Educação Moderna e, entre 1911 e 1925, seria sucessivamente eleito deputado pelo círculo de Leiria. Só não o foi em 1918, durante o Sidonismo. Integrou as listas do Partido Republicano Português, do Partido Evolucionista (até 1919), do Partido Liberal (1921, 1922) e, em 1925, apresentou-se como independente. Dirigiu o jornal "República" entre 1920-1924 e 1930-1942. Combateu, desde o início, a Ditadura Militar, sendo preso na sequência do movimento revolucionário de fevereiro de 1927. Levado para a Cadeia Nacional, deu entrada na sua enfermaria em finais de março, aí reencontrando o oficial da marinha Artur Marinha de Campos. Preso em 24/10/1927, "por conspirar contra a Ditadura Militar": fixada residência obrigatória na Madeira. Em carta a Manuel Pestana, datada de 05/08/1930, escreve: "Tiraram-me o pão de cada dia, não me deixando um único centavo, ao fim de 30 anos de bom serviço. Arrastaram-me de cadeia em cadeia, misturado com gatunos e com vadios [...] Conservaram-me enterrado num poço sem ar e sem luz, onde até de dia os ratos andavam sobre mim." Regressou em maio de 1928 e começou a ser acompanhado por informadores, nomeadamente no Cacém, onde adquiriu a Quinta da Bela Vista. Segundo aqueles, pretendia criar uma "nova carbonária", a qual também teria na chefia o tenente Alexandrino e Lopes Soares. Preso em 26/10/1928, acusado de ser um dos dirigentes da organização secreta "Os Obreiros da República"; libertado em 30/11/1928. Continuou a ser vigiado. Preso em 24/01/1934, por suspeita de ser o autor de vários artigos publicados no jornal espanhol "El Liberal". Não havendo provar para enviar o seu caso a tribunal e considerando perigoso libertá-lo, por decisão de Conselho de Ministros de 22/03/1934, foi-lhe proibida a residência em território nacional por seis meses. Embarcou para o estrangeiro em 26/03/1934. Faleceu em 10/10/1942, em Lisboa.]
[João Esteves]
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