[n. 29/03/1909]
Costureira.
Filha de Elvira Mendonça e de António Luiz dos Santos, Susana Mendonça dos Santos nasceu em Lisboa a 29 de Março de 1909.
Tal como a mãe e o irmão Manuel dos Santos [1914? - 25/10/1947], operário comunista conhecido pelo “pequeno Dimitrov” condenado nos anos 30 a 22 anos de prisão e fugido da Penitenciária de Coimbra em Setembro de 1944, com a saúde muito debilitada, morrendo na clandestinidade, manteve intensa atividade política nas décadas de 30 e de 40, conhecendo também ela a prisão por mais de uma vez.
Detida em 21 de Novembro de 1936 pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado/Secção Política e Social, com Luísa Rodrigues [07/03/1903 - 01/12/1960], de quem era colega de fábrica, esta última acusada “de fazer propaganda subversiva e de ter distribuído panfletos clandestinos nas oficinas onde trabalhava.
Transferida para o regime de incomunicabilidade em 5 de Dezembro de 1936, passou para a 1.ª Esquadra da PSP em 14 de Dezembro e foi enviada para a Cadeia das Mónicas em 19 de Dezembro, sendo restituída à liberdade em 12 de Abril de 1937 [TT, RGP 5323; Proc. 1757/936].
Tornou a ser presa a 1 de Agosto de 1942, foi transferida para a Inspeção de Coimbra no dia 5, regressou a Lisboa em 28 do mesmo mês, recolhendo à 1.ª Esquadra, e ingressou no Forte de Caxias em 15 de Setembro.
Julgada pelo Tribunal Militar Especial em 27 de Outubro de 1943, foi condenada a 1 ano de prisão correcional, dada por extinta, e saiu em liberdade em 22 de Novembro de 1943 [Proc. 280/942, enviado ao TME em 23/11/1942].
O jornal Avante! da primeira quinzena de Março de 1943, a propósito de novo julgamento de Manuel dos Santos, informava que para o pressionarem a fazer declarações o regime fascista tinha condenado “a sua mãe «como jovem comunista» (?) a dois anos de prisão [...] e a sua irmã Susana no Tribunal Militar Especial a muitos meses de prisão” [Avante!, n.º 28], preparando-se para “sujeitá-lo a novo julgamento em Tribunal Militar Especial ao lado de sua irmã bastante doente” [ibidem].
O mesmo periódico clandestino denunciou, entre 1935 e 1947, a repressão policial que afectava quotidianamente a família daquele preso comunista, acusando de “prenderem, condenarem e assassinarem sua mãe”, ao detê-la em Fevereiro e Março de 1936, “como elemento de ligação entre ele e os seus camaradas” [“Salvemos Manuel dos Santos”, Avante!, Série II, n.º 20, Agosto de 1936, p. 2] e cuja condenação a dois anos de prisão “arruinaram o seu organismo depauperado pela miséria” [“Nos Tribunais Fascistas – Novo julgamento de Manuel dos Santos”, Avante!, Série VI, n.º 28, 1.ª Quinzena de Março de 1943, p. 2, col. 2].
Sendo Susana Mendonça dos Santos colega de fábrica e correlegionária de Luísa Rodrigues, não terá sido por acaso que o irmão Manuel dos Santos foi viver clandestinamente com esta quando fugiu da prisão, já muito doente, em 1944, falecendo três anos depois.
Sendo Susana Mendonça dos Santos colega de fábrica e correlegionária de Luísa Rodrigues, não terá sido por acaso que o irmão Manuel dos Santos foi viver clandestinamente com esta quando fugiu da prisão, já muito doente, em 1944, falecendo três anos depois.
Feminae - Dicionário Contemporâneo [Lisboa, CIG, 2013] incluiu uma nota biográfica de Susana Mendonça dos Santos, sendo agora corrigidos e atualizados alguns dos dados ali inseridos.
[João Esteves]
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