[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

[2997.] CARMEN DE BURGOS || 1867 - 1932

 CARMEN DE BURGOS *

[1867 - 1932]

[Concepción Núñez Rey || Carmen de Burgos, Colombine, periodista universal || 2 vols. || 2018]

Escritora, tradutora, pedagoga, ensaísta, professora, conferencista e periodista, sendo a primeira mulher a ter uma coluna fixa num periódico nacional de Espanha (Diario Universal, 1903), Carmen de Burgos y Seguí, também conhecida por Colombine, foi, ainda, uma reconhecida feminista das três primeiras décadas do século XX, tendo presidido, entre outras agremiações, à Cruzada de Mujeres Españolas e à Liga Internacional de Mujeres Ibéricas e Hispanoamericanas.

Acompanhou a evolução do feminismo português, sendo muito amiga de Ana de Castro Osório, que visitou por diversas vezes e com quem estabeleceu profícua correspondência que pode ser consultada no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional de Portugal.

Escreveu milhares de artigos em periódicos de todo o mundo, tendo Concepción Núñez Rey compilado um número significativo na obra, em dois volumes, intitulada Carmen de Burgos, Colombine, periodista universal (Junta de Andalucia, Consejería de Cultura, 2018).


Uma notável edição, cuja metodologia bem podia servir de exemplo para a recolha e publicação de tantas centenas, senão milhares, de textos dos primórdios do feminismo português, nomeadamente os da autoria de Ana de Castro Osório.

[João Esteves]

domingo, 30 de outubro de 2022

[2996.] AO RAIAR DA AURORA - II || ANTOLOGIA DE NARRATIVAS BREVES DE ESCRITORAS PORTUGUESAS OITOCENTISTAS

 AO RAIAR DA AURORA - II *

ANTOLOGIA DE NARRATIVAS BREVES DE ESCRITORAS PORTUGUESAS OITOCENTISTAS

Organizadores: Eduardo da Cruz || Andreia Alves Monteiro de Castro

Editora LiberArs, São Paulo || 2022 

[Ao raiar da Aurora: antologia de narrativas breves de escritoras portuguesas oitocentistas || Vol. II]

Se o "objetivo com este livro é reverter o apagamento que estas escritoras sofreram" [p. 14], introduzindo-as nos Cursos de Letras, onde escasseiam os textos escritos por mulheres, estes também não podem ser dissociados do que foi "A madrugada do feminismo" [p. 11], gerado e dinamizado por vários dos nomes que constam desta Antologia.

AUTORAS

Adelina Lopes Vieira (1850 - 1823)

Alice Pestana (1860 - 1929)

Ana de Castro Osório (1872 - 1935)

Ana Villalobos Galheto (1863 - 1944)

Angelina Vidal (1853 - 1917)

Branca de Gonta Colaço (1880 - 1945)

Cacilda de Castro

Cláudia de Campos (1859 - 1916)

Luthgarda Guimarães de Caires (1858 - 1935)

Maria O'Neill (1873 - 1932)

Mariana Coelho (1857 - 1954)

Paulina Campelo Macedo (1873 - 1931)

Sarah Beirão (1880 - 1974)

Teresa Franco (1887 - )

Virgínia de Castro e Almeida (1874 - 1945)

EQUIPA DE INVESTIGAÇÃO

Ana Carolina Cardozo Barbosa

Ana Comandulli

Andreia Alves Monteiro de Castro

Eduardo da Cruz

Elisabeth Fernandes Martini

Gabrielle Sant'Anna de Oliveira

Isabel Lousada

Júlia Garcia Santos

Júlia Santiago

Luzia Ribeiro de Carvalho

Mayara Gonçalves Marques da Silva

Sandra Cristina Patrício da Silva

Sérgio Abreu  


[Imagem da capa: "Flores" (c. 1890), pastel sobre cartão de Maria Augusta Bordalo Pinheiro]

[João Esteves]

[2995.] AO RAIAR DA AURORA - I || ANTOLOGIA DE NARRATIVAS BREVES DE ESCRITORAS PORTUGUESAS OITOCENTISTAS

 * AO RAIAR DA AURORA - I *

ANTOLOGIA DE NARRATIVAS BREVES DE ESCRITORAS PORTUGUESAS OITOCENTISTAS

Organizadores: Eduardo da Cruz || Andreia Alves Monteiro de Castro

Editora LiberArs, São Paulo || 2022

[Ao raiar da Aurora: antologia de narrativas breves de escritoras portuguesas oitocentistas || Vol. I]

"Dar voz às mulheres", mais precisamente a vinte e seis escritoras portuguesas nascidas no Seculo XIX, é o objectivo, mais do que oportuno, da Antologia, em dois volumes, Ao raiar da Aurora.

Organizada por Eduardo da Cruz e Andreia Alves Monteiro de Castro, para além do sistemático resgaste literário de contistas femininas  e narrativas há muito olvidadas, tendo por denominador comum o Brasil (viagens, referências, publicações, temas, evocações), esta compilação, que conta com a intervenção de outros pesquisadores e investigadoras, proporciona, ainda, a redescoberta do papel que algumas dessas escritoras tiveram no embrionário feminismo português nas últimas décadas de oitocentos.

A anteceder as narrativas escolhidas de cada autora, apresenta-se uma nota biográfica esclarecedora acompanhada, quando possível, de fotografia, permitindo, desta forma, o enquadramento temporal de cada uma e, não menos relevante, o resgaste de rostos, muitos deles esbatidos e varridos pelo tempo.

Todas, "apesar de todos os entraves, ousaram escrever e publicar suas histórias" [p. 12] e são merecedoras de serem (re)integradas na História da Literatura.

Esta excelente edição da LiberArs bem merece ser conhecida, divulgada, adquirida deste lado do Atlântico e, sobretudo, ser objecto de estudo.

Muito obrigado a Eduardo da Cruz pela constante disponibilidade, por dar a conhecer estes dois volumes com 48 textos de autoria feminina e pelo rigoroso labor investigativo que há muito vem desenvolvendo em torno de escritoras e jornalistas portuguesas com laços ao Brasil, sendo que algumas são indissociáveis da já longínqua construção do feminismo português.

Volume 1

Ana Maria Ribeiro de Sá (1848 - 1938)

Ana Plácido (1831 - 1895)

Antónia Gertrudes Pusich (1805 - 1883)

Catarina Máxima de Figueiredo (1829 - )

Efigénia do Carvalhal (1839 - 1932)

Emília Eduarda (1843 - 1908)

Guiomar Torresão (1844 - 1898)

Hermenegilda de Lacerda (1841 - 1895)

Maria Amália Vaz de Carvalho (1847 - 1921)

Maria Peregrina de Sousa (1809 - 1894)

Maria Rita Chiappe Cadet (c. 1836 - 1885)


[Imagem da capa: "Malvaíscos" (1885), óleo de Maria Augusta Bordalo Pinheiro]

[João Esteves]

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

[2994.] MANUEL GUILHERME DE ALMEIDA || 1898 - 1992

 * MANUEL GUILHERME DE ALMEIDA *

[10/09/1898 - 11/11/1992]

Manuel Guilherme de Almeida (1898 - 1992): Pequena biografia de um natural de Janeiro de Cima

 Edição da Câmara Municipal do Fundão || Maio de 2022

Alfaiate, inventor, professor de corte, sindicalista, preso político, deportado, mestre, comendador, pai, avô e bisavô, Manuel Guilherme de Almeida foi homenageado em Janeiro de Cima, sua terra natal, em 29 de Maio de 2022, tendo a Câmara Municipal do Fundão publicado esta importante biografia da autoria de Guilherme de Almeida, seu filho mais novo.

[Guilherme de Almeida || Manuel Guilherme de Almeida (1898 - 1992 - Pequena biografia de um natural de Janeiro de Cima || Câmara Municipal do Fundão, 2022]

Nome incontornável da alfaiataria portuguesa, Manuel Guilherme de Almeida foi, desde muito jovem, um defensor da sua classe e o seu activismo associativo e político, neste caso no âmbito do Partido Comunista Português e do Socorro Vermelho Internacional, levaram a que fosse preso quatro vezes durante a 1.ª República (1920, 1922), “por ser conhecido agitador da classe operária", e cinco durante o fascismo (1931, 1935, 1943, 1956, 1963), conhecendo, ainda, a deportação em 1931 e 1936.

Entre 14 de Abril de 1920 e 13 de Outubro de 1964, totalizou 93 meses de privação da liberdade, passando por numerosas esquadras, nomeadamente a 1.ª, Campo de Concentração de Ataúro (Timor), Aljube, Forte de S. Julião da Barra, Forte de Caxias, Fortaleza Militar de Peniche e Fortaleza de S. João Baptista, em Angra do Heroísmo. Juntamente com a sua mulher, Alice Marques Louro de Almeida (1907 - 1983), prestou inestimável apoio aos presos políticos e suas famílias, fosse ele humano, material ou jurídico, numa permanente e arriscada solidariedade reconhecida por todos os que dela usufruíram.  

Filho de José Guilherme (1873 - 1959), assalariado rural, e de Maria do Carmo de Almeida (1873 - 1939), Manuel Guilherme de Almeida, o primogénito de sete irmãos, nasceu em 10 de Setembro de 1898, na aldeia de Janeiro de Cima, terra natal de seus pais e avós.

A partir de 1908, passou a residir em Lisboa, onde os pais já viviam e labutavam, aí concluindo a 3.ª e 4.ª classes. Em finais de 1911, com 13 anos, começou a trabalhar como aprendiz de alfaiate, após responder a um anúncio publicado no Diário de Notícias, iniciando uma invulgar, reconhecida e prestigiada carreira nesse ramo: oficial (1918), contramestre (1923) e, por fim, mestre. Leccionou aulas de corte na Associação Fraternal dos Operários Alfaiates de Lisboa, de que era sócio desde 1913, e aprofundou um novo método de corte, "de sua autoria, inovador e eficaz" [p. 21].

Encerrada aquela pelo Estado Novo em Setembro de 1933 e extinta a escola de corte, fundou, em 4 de Março de 1934, com António Mendes Baptista, a Academia de Corte Geométrico, desenvolvendo o seu método de corte, que denominou sistema Maguidal (acrónimo de Manuel Guilherme d'Almeida). A partir de Março de 1939, aquela instituição passou a denominar-se Academia de Corte Sistema Maguidal: criou e leccionou cursos de alfaiataria, cursos de camiseiro e cursos por correspondência para alunos de fora de Lisboa, lançando, nesse mesmo ano, a revista trimestral Vestir, que duraria até 1985. Em 1943, passou a produzir um Álbum semestral de figurinos, denominado Moda Actual e que perdurou sete anos. 

Nunca descurando a sua classe e as dificuldades que enfrentava na velhice, esteve, em 1944, entre os fundadores da Casa de Repouso dos Alfaiates de Portugal, destinada aos idosos que ficavam sem meios de subsistência. Ainda na década de 1940, em 1948, publicou o livro Método de Corte Sistema Maguidal, obra pioneira e a mais completa da alfaiataria portuguesa, reeditada em 1962. Palestras, conferências, exposições e congressos, a par dos Cursos que ministrava, preenchiam a vida profissional, tendo a Academia formado mais de 3500 alfaiates durante mais de meio século. Em 10 de Junho de 1983, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem de Mérito Industrial.

A par do invulgar percurso profissional, Manuel Guilherme de Almeida manteve, desde jovem, actividade associativa e política, acarretando-lhe riscos, prisões, deportações e sobressaltos, a que a família não escapou.

Republicano "convicto até à medula" [p. 35], militou, desde 1919, nas Juventudes Comunistas, foi preso três vezes em 1920, "por ordem superior", "por ser conhecido agitador das classes operárias", "por andar a colar prospectos incitando o povo à greve" e "por fazer parte do grupo de grevistas da Classe dos Alfaiates" e, em 1921, estava entre os fundadores do Partido Comunista Português. Em 10 de Março de 1922, por estar envolvido em novas greves, voltou a ser preso "por ordem superior" e enviado, com outros trabalhadores, para o Forte de São Julião da Barra.

Em 1923, casou com Alice Marques Louro, aprendiz de costureira, que se revelou uma mulher de "coragem invulgar", "suporte das opções políticas de Manuel Guilherme de Almeida", "apoio da família", "personalização do auxílio" a tantos antifascistas, "visita amiga dos que estavam presos", "amparo moral, e por vezes material, dos que estavam doentes" [p. 19]. Do enlace nasceram três filhos: Fernando Louro de Almeida (1924-2013), formado em Escultura pela ESBAL; Arnaldo Louro de Almeida (1926-2008), formado em Pintura pela ESBAL; e Guilherme Alexandre Louro de Almeida (n. 1950), formado em Física pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Nesse mesmo ano, integrou a Comissão Administrativa da Comuna Salvador Segui (Anjos - Lisboa); em Abril de 1924, foi eleito delegado da Comuna Karl Marx, de Arroios, à Conferência Regional Comunista a realizar em Junho; e, em Dezembro de 1925, tornou-se Secretário dos Encarcerados Socorro Vermelho Internacional, cuja missão era acompanhar a situação dos detidos pela polícia política, apoiando-os e denunciando os maus-tratos e torturas.

Com o triunfo da Ditadura Militar em 28 de Maio de 1926, recomeçaram as prisões e aconteceram as deportações. Preso em 26 de Agosto de 1931, acusado de estar envolvido no movimento revolucionário desse dia, seria deportado para Timor em 2 de Setembro, indo a bordo do vapor Pedro Gomes com mais 377 presos políticos.

Calhou-lhe ficar no ilhéu de Ataúro, um campo de concentração natural onde o clima era implacável, devido à humidade, calor sufocante e abundância de mosquitos, e vivia, tal como os restantes deportados, em condições desumanas. Depois, passou para Díli e, abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro de 1932, regressou a Portugal no navio Moçambique, tendo desembarcado em 9 de Junho de 1933.

A par do retomar da profissão, coube-lhe, em 1934, reestruturar o Socorro Vermelho Internacional, ficando este de prestar apoio jurídico e material aos presos e suas famílias, para além de contactos com o estrangeiro. Alice Louro de Almeida visitava os presos, transmitia notícias e dava o apoio possível. 

No âmbito das suas funções no Secretariado do SVI, foi preso em 20 de Março de 1935, levado para uma esquadra, de onde seguiu para o Aljube no dia 30. Transferido para uma esquadra em 11 de Junho, regressou ao Aljube em 29 de Julho. Em 7 de Agosto foi, mais uma vez, enviado para uma esquadra, a 1.ª, aí permanecendo até 3 de Setembro, quando voltou ao Aljube, seguindo para Peniche no dia 11. Regressou à 1.ª Esquadra em 25 de Outubro, para ser julgado no dia seguinte pelo TME e condenado a 600 dias de prisão correccional.

Levado para a Fortaleza Militar de Peniche em 22 de Novembro, aí permaneceu até 14 de Outubro de 1936, sendo deportado três dias depois para Angra do Heroísmo, seguindo no cargueiro Loanda, o qual também transportava os presos que iriam inaugurar o Campo de Concentração do Tarrafal. 

Manuel Guilherme de Almeida permaneceu na Fortaleza de S. João Baptista até finais de 1938: indultado em 23 de Dezembro, regressou a Lisboa na primeira semana de Janeiro de 1939, viajando no paquete Carvalho Araújo e apresentando-se na PVDE no dia 6.

Mais uma vez, retomou a vida profissional e a sua Academia Maguidal, situada na Rua da Palma - 219, era, simultaneamente, residência da família, escola de corte, loja de utensílios de alfaiate, redacção da revista Vestir e por lá passavam muitos oposicionistas, "funcionando como uma central de acolhimento aos antifascistas, às suas famílias e aos perseguidos pela polícia política" [p. 17]. Porto seguro e solidário, onde Alice Louro de Almeida teve papel de destaque, a Maguidal acolhia os que eram perseguidos pela PIDE, como Maria Machado; albergava os que andavam em trabalho político na capital; apoiava os presos recém-libertados, que se encontravam em condições difíceis; proporcionava alimentos, roupa e, até, cuidados médicos.

Ali se refugiaram, para além de Maria Machado, António Ramos Rosa, o casal Diamantina Vicente e José Vitoriano, Ilda Aleixo, José Tengarrinha, Manuel Lourenço Neto, (António Maria) Vitoriano Rosa, entre muitos outros.

Em 21 de Outubro de 1943, foi preso por seis dias, "para averiguações", e levado para Caxias. Em 1945, interveio no Movimento de Unidade Democrática (MUD) e, em 14 de Abril de 1956, na sequência de ter dado abrigo à militante comunista Maria Machado, voltou a ser detido, bem como a família mais próxima, acusado de "actividades contra a Segurança do Estado". Apenas o filho mais novo, o autor desta biografia, não o foi por ter, apenas, cinco anos e meio de idade.

De Caxias só seria libertado, juntamente com a mulher, em 27 de Agosto de 1956. Dois anos depois, estava com as candidaturas presidenciais de Arlindo Vicente e Humberto Delgado.

A última prisão aconteceu em 22 de Abril de 1963: julgado em 29 de Março de 1964, foi condenado em 18 meses, repartidos entre Caxias e Peniche, e libertado em 13 de Outubro de 1964.

[Guilherme de Almeida || Manuel Guilherme de Almeida (1898 - 1992 - Pequena biografia de um natural de Janeiro de Cima || Câmara Municipal do Fundão, 2022]

Tal como é evidenciado nesta evocação biográfica, a vida familiar, profissional e política de Manuel Guilherme de Almeida são indissociáveis e conjugam-se numa só. Faleceu em 11 de Novembro de 1992, com 94 anos e uma vida plenamente preenchida.


[Nota: Muito grato a Guilherme de Almeida pela imediata disponibilização deste livro e pelas preciosas informações sobre o Pai.]

[Fotografia da capa: Manuel Guilherme de Almeida em 1967.]

[João Esteves]

[2993.] ROSTOS - II || ENTRE A MONARQUIA E A REPÚBLICA

 ENTRE A MONARQUIA E A REPÚBLICA *

ROSTOS - II

[Catálogo da Exposição "Percursos, Conquistas e Derrotas das Mulheres na 1.ª República", 2010 || Coordenação de Teresa Pinto]

Galeria de mulheres retirada da Exposição "Percursos, conquistas e derrotas das mulheres na 1.ª República", realizada na extinta Biblioteca Museu República e Resistência entre 02/10/2010 e 19/12/2010.

Exposição comissariada por Teresa Pinto, sendo a consultoria artística do Mestre José Ruy.

Rostos de:

- Ernestina Pereira Santos 

- Eugénia Manuel Atalaia

- Evelina Sousa 

- Fausta Pinto da Gama 

- Filipa de Oliveira 

- Gertrudes Silva 

- Honorata de Carvalho 

- Judite Pontes Rodrigues 

- Lénia Loyo Pequito

- Lídia de Oliveira 

- Luise Ey

- Luísa Bramcamp Freire  

- Luísa Leitão Santos 

- Luísa Robertes 

- Madame Lacombe

- Manuela da Palma Carlos 

- Maria Adelaide Brito 

- Maria Clara Correia Alves 

- Maria Francisca Machado 

- Maria O'Neill 

- Mariana Osório de Castro 

- Mariana Assunção da Silva 

- Maria Veleda 

- Olga Morais Sarmento 

- Paulina Luisi 

- Sara Beirão 

- Sara Benoliel 

- Sofia Quintino 

- Virgínia Quaresma 

- Vitória Pais de Andrade

[João Esteves]

[2992.] ROSTOS - | || ENTRE A MONARQUIA E A REPÚBLICA

 ENTRE A MONARQUIA E A REPÚBLICA *

ROSTOS - I

[Catálogo da Exposição "Percursos, Conquistas e Derrotas das Mulheres na 1.ª República", 2010 || Coordenação de Teresa Pinto]

Mulheres que enfileiraram no republicanismo militante e contribuíram para que a República fosse uma realidade ou que, sendo monárquicas, católicas e conservadoras, estiveram do outro lado. 

Foram milhares as mulheres que intervieram no processo de transição da Monarquia para a República, sendo que muitas tomaram a palavra na tribuna, na imprensa ou em reuniões mais restritas.

Embora com ideias por vezes antagónicas, quase todas foram silenciadas durante gerações.

Galeria retirada do Catálogo da Exposição "Percursos, Conquistas e Derrotas das Mulheres na 1.ª República", 2010, Coordenação de Teresa Pinto.

Rostos de:

- Adelaide Cabete 

- Adelina Marreiros 

- Albertina Gamboa 

- Alice Moderno 

- Alice Pestana 

- Alzira Vieira 

- Ana Augusta de Castilho 

- Ana de Castro Osório 

- Ana Laura Chaveiro 

- Angelina Vidal 

- Antónia Silva 

- Antonina Góis 

- Augusta Costa 

- Aurora Teixeira de Castro 

- Beatriz Pinheiro 

- Berta Vilar Coelho 

- Branca de Gonta Colaço 

- Carlota Crispim 

- Carolina Amado 

- Carolina Beatriz Ângelo 

- Carolina Rocha da Silva 

- Cláudia de Campos 

- Conceição Adelina Ferreira 

- Domitila de Carvalho 

- Elina Guimarães 

- Emília Patacho

[João Esteves]

[2991] CAROLINA BEATRIZ ÂNGELO || NOS 111 ANOS DO SEU DESAPARECIMENTO (16/04/1878 - 03/10/1911)

 * CAROLINA BEATRIZ ÂNGELO *

[16/04/1878 - 03/10/1911] 

Nos 111 anos do desaparecimento de Carolina Beatriz Ângelo

[Capa do Catálogo da Exposição que lhe foi dedicada pelo Museu da Guarda, então dirigido pela Dr.ª Dulce Borges, em Junho de 2010]

Aquele, coordenado por Dulce Borges, contém textos muito relevantes da autoria de António Lopes, Dulce Helena Pires Borges, Isabel Lousada, João Esteves, Madalena Braz Teixeira, Manuela Tavares, Maria Antonieta Garcia, Maria do Sameiro Barroso, Maria Helena Carvalho dos Santos e Teresa Pizarro Beleza

Recebeu, em 12 de Dezembro de 2011, o Prémio de Melhor Catálogo atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia.

[João Esteves]

[2990.] MANUELA ALEXANDRA QUEIROZ DE BARROS FERREIRA || 08/09/1938 - 23/07/2022

 MANUELA BARROS FERREIRA *

[08/09/1938 - 23/07/2022]

Relatório circunstanciado de uma vida a dois 
(Cláudio Torres e Manuela Alexandra

Edições Afrontamento || 2021


Em “Relatório circunstanciado de uma vida a dois”, livro saído em Novembro de 2021 nas Edições Afrontamento, escassos meses antes do falecimento da autora, aos 83 anos de idade, Manuela Barros Ferreira traça a cumplicidade singular de uma longa vida a dois, iniciada em 1959, ano em que começou a frequentar pintura na Escola de Belas Artes do Porto e conheceu Cláudio Torres, inscrito em escultura.

Esse feliz "encontro" romântico-político, marca o início do seu despertar político, quando ambos, juntamente com outros estudantes universitários, procuravam constituir uma Associação de Estudantes e, simultaneamente, combatiam a ditadura vigente através de reuniões clandestinas e pichagens a nitrato de prata com dizeres antissalazaristas que só se tornavam perceptíveis com a luz do sol. Se os outros jovens, entre os quais Marcela Torres, irmã de Cláudio, dois dos filhos do professor e historiador Flausino Torres, militavam no Partido Comunista, o mesmo não se passava com Manuela, que desconhecia esse envolvimento partidário.

O grupo, vítima de um camarada que prestou declarações quando detido, não tardaria a ser preso pela PIDE, o que aconteceu em 27 de Junho de 1960, sendo levado para as instalações da Rua do Heroísmo, no Porto.

Manuela Barros Ferreira, alvo de vários interrogatórios e que permaneceu presa cerca de três meses, descreve as vivências durante o cativeiro, as solidariedades do dia-a-dia e como se processavam os diferentes contactos entre os detidos políticos, não raras vezes detectados pela PIDE, e entre aqueles e o exterior. 

Quanto a Cláudio Torres, foi-lhe logo aplicada as torturas do sono e da estátua durante nove dias e nove noites, num total de cerca de vinte dias: suceder-se-iam mais dois períodos, um de quatro e outro de sete dias.

A passagem, efémera de um dia, antes de ser libertada, pela Cadeia da Relação do Porto, na Cordoaria, onde conviveu e foi solidariamente acolhida, tal como Marcela Torres, por "mulheres da vida sofridas que nos tratavam como se fôssemos irmãs reencontradas", assim como o posterior envio de Cláudio Torres para a Cadeia Central do Norte, em Paços de Ferreira, remete o leitor para uma outra abordagem das arbitrariedades a que estavam sujeitos os presos políticos, submetendo-os ao "convívio" forçado com detidos por outro tipo de delito.

Julgados em 9 de Janeiro de 1961, Cláudio e António David foram condenados a pena já cumprida, enquanto Marcela Torres foi absolvida, tendo cumprido os mesmos dias de prisão daqueles.

Em liberdade, mas com Cláudio Torres considerado apto para o serviço militar no mês em que se iniciou a Guerra Colonial, devendo comparecer em Penamacor no Verão de 1961, em 3 de Julho, o casal optou pela saída do país, até porque recebera a informação, "muito em segredo", do assassinato em Angola, pelas costas, de um colega militante do Partido Comunista e que fora mobilizado.

A saída por via marítima através de uma lancha do tempo da segunda guerra, com Manuela Ferreira grávida e já casada desde 17 de Junho de 1961, revelar-se-ia uma aventura perigosa e quase inverosímil, com desenlace feliz aquando do desembarque no norte de África, em Tânger.

A fuga aconteceu poucos dias depois do enlace, sendo sete os ocupantes do Eleanor May, rebaptizado Rumo, com destino a Marrocos: dois casais e três jovens, "tentando fugir ao regime de então e à guerra colonial" num barquinho com "pouco mais de cinco metros de comprimento e um motor fora de borda" (Manuela e Cláudio, Fernando Vasconcelos e Maria Helena Vidal, que viriam a participar na "Operação Vagô", em 10 de Novembro de 1961, José Hermínio Duarte, José Valadas, cujo nome verdadeiro era José Duarte Ferreira Afonso, e Valdemar Pinho). Do grupo, cinco já tinham estado presos por motivos políticos e Cláudio Torres e Valdemar Pinho estavam prestes a ser mobilizados.

Foram muitas, e perigosas, as peripécias vividas durante a viagem de 17 dias, com sobressaltos e imponderáveis constantes, para além de discordâncias que rompiam a harmonia inicial dos sete tripulantes.

Iniciava-se, então, mais de uma década de exílio. Primeiro, em Rabat, Marrocos, até Setembro de 1962; depois, em Bucareste, enquanto locutores da Rádio Romena, com emissões em português para Portugal, África e Brasil, usando os nomes Teresa e José Ramos.

Depois do nascimento da segunda filha, Manuela Barros Ferreira começou a estudar Filologia Românica, de forma a preparar um eventual regresso a Portugal, renunciando, assim, às Belas Artes. Já licenciada, o regresso definitivo aconteceria em 1973, ao fim de doze anos consecutivos de exílio, tendo sido detida pela PIDE no aeroporto de Lisboa em 27 de Abril e levada para Caxias, por haver um mandado de captura desde 1962.

Libertada em 17 de Maio, sob caução e residência fixa, por indicação do Prof. Lindley Cintra começou a trabalhar como bolseira no, então, Centro de Estudos Filológicos. Quanto a Cláudio Torres, abandonaria Bucareste em Setembro de 1973, fixando-se em Paris até Abril de 1974, de onde regressou no célebre avião do dia 30.

Com a Revolução, seriam outras as vivências, não menos intensas que as anteriores, mas em Liberdade... Manuela e Cláudio tinham, então, 35 anos.

O livro toma, por isso, um outro rumo, mais centrado no núcleo familiar, respectivos lugares e percursos profissionais, pressentindo-se uma necessidade premente de deixar registado para a posteridade acontecimentos mais privados, entrecruzando-se com muitos outros da esfera pública.

Detalhado e rigoroso, este testemunho de Manuela Barros Ferreira recria uma vida intensamente vivida, onde são muitos os protagonistas, nacionais e internacionais, e em que a resistência ao fascismo e ao colonialismo, os contactos com os diferentes núcleos de exilados políticos portugueses e a capacidade permanente de adaptação ao desconhecido, contornando o inesperado, ganham destaque, a par dos apontamentos políticos envolvendo Flausino Torres, nomeadamente as suas inquietações finais, os dirigentes dos movimentos de libertação com que o casal se foi cruzando, a Primavera de Praga e a transformação ditatorial da Roménia com Ceausescu.

Simultaneamente, as vivências do quotidiano em diferentes contextos culturais, com a reconstituição de espaços, ambientes, hábitos, paisagens, costumes, cores, aromas, sabores, sentimentos e afectos, tornam ainda mais perceptível e relevante esta incursão memorialista de mais de seis décadas.

A capa é da autoria de Sofia M. Bento, tendo por base uma pintura a óleo de Constantin Mara.

Duas notas

A primeira, para a evocação de José Mouga, a propósito do lançamento, com Cláudio Torres, de panfletos clandestinos na Feira de S. Mateus, em Viseu, em finais da década de 1950: "Os dois juntos conseguiram transformar num momento de festa belo e poético os seus apelos à luta contra Salazar, inscritos em letra minúscula nos papéis que as pessoas apanhavam no ar ou no chão." [p. 109].

A segunda: o reencontro, através da palavra escrita, com Joaquim Boiça e Luís Silva, amigos de memórias inolvidáveis do tempo da Faculdade e cujo percurso merece continuar a ser acompanhado. O mesmo para Santiago Macias, mais novo e envolvendo outras histórias, as tais que Cláudio Torres situa no ano de 1985, "quando a festa acabou"...

[João Esteves]

domingo, 16 de outubro de 2022

[2989.] ESCOLA MATERNAL || CONFERÊNCIA DE MANUEL DE ARRIAGA - 10/05/1907

 * ESCOLA MATERNAL *

"Escola maternal - Conferência do dr. Manuel de Arriaga"

Vanguarda || 11/05/1907

[Vanguarda || 11/05/1907]

[João Esteves]

[2988.] ESCOLAS MATERNAIS || CONFERÊNCIA DE MANUEL DE ARRIAGA - 10/05/1907

 * ESCOLAS MATERNAIS *

"Escolas maternais - Conferência do dr. Manuel de Arriaga"

Vanguarda || 10/05/1907

[Vanguarda || 10/05/1907]

[João Esteves]

[2987.] "JORNAL DA MULHER" || ALMA FEMININA - 05/05/1907

 * PUBLICAÇÃO DO 1.º NÚMERTO DA REVISTA ALMA FEMININA *

"A mulher portuguesa no jornalismo"

"Jornal da Mulher" || 05/05/1907

O “Jornal da Mulher” pronuncia-se sobre a revista Alma Feminina, em vias de ser publicada, anunciando que «inserirá artigos feministas firmados pelos mais aureolados nomes de individualidades portuguesas e estrangeiras, acompanhará em todos os seus números, todo o movimento que fora auscultado em todas as sociedades cultas em prol deste ideal, mas não deixará, por isso, de se interessar pela literatura, pela vida no sport, de relatar em interessantes crónicas, todos os acontecimentos que se forem dando nos nossos mundanos.» 

O primeiro número da revista Alma Feminina saiu em 6 de Maio de 1907, tendo Albertina Paraíso como Directora e Virgínia Quaresma como Secretária da Redacção. Redigida por escritoras portuguesas e brasileiras, cada número avulso custava 40 réis. 


[O Mundo || 05/05/1907]

[João Esteves]

[2986.] "JORNAL DA MULHER" || A MULHER, OS SEUS DEVERES E OS SEUS DIREITOS - 03/05/1907

 * A MULHER, OS SEUS DEVERES E OS SEUS DIREITOS *

"A mulher, os seus deveres e os seus direitos - A propósito duma série de conferências"

"Jornal da Mulher" || 03/05/1907


[O Mundo || 03/05/1907]

[João Esteves]

sábado, 15 de outubro de 2022

[2985.] VIRGÍNIA QUARESMA || SOLIDARIEDADE FEMININA - 26/04/1907

 * VIRGÍNIA QUARESMA *

"Solidariedade feminina"

"Jornal da Mulher" || 26/04/1907

[O Mundo || 26/04/1907]

[João Esteves]

[2984.] VIRGÍNIA QUARESMA || O FEMINISMO EM ESPANHA - 23/04/1907

 * VIRGÍNIA QUARESMA *

"O feminismo em Espanha - Uma conferência de «Colombine»"

"Jornal da Mulher" || 23/04/1907

[O Mundo || 23/04/1907]

[João Esteves]

[2983.] ESCOLAS MATERNAIS || CONFERÊNCIA DE AGOSTINHO FORTES - 19/04/1907

* ESCOLAS MATERNAIS *

"Escolas maternais"

Vanguarda || 20/04/1907 

[Vanguarda || 20/04/1907]

[João Esteves]

[2982.] ESCOLAS MATERNAIS || CARTA DE MANUEL DE ARRIAGA A ANA DE CASTRO OSÓRIO - 10/04/1907

 * ESCOLAS MATERNAIS *

"Escolas maternais - Uma carta do dr. Manuel de Arriaga"

Vanguarda || 20/04/1907

[Vanguarda || 20/04/1907]

[João Esteves]

[2981.] ESCOLAS MATERNAIS || CONFERÊNCIA DE AGOSTINHO FORTES - 19/04/1907

 * ESCOLAS MATERNAIS *

"Escolas maternais"

Vanguarda || 18/04/1907

[Vanguarda || 18/04/1907]

[João Esteves]

[2980.] ESCOLAS MATERNAIS || REVISTA DO BEM - 15/04/1907

 * ESCOLAS MATERNAIS *

"Escolas Maternais"

Revista do Bem || N.º 55 || 15/04/1907


[Revista do Bem || 15/04/1907]

[João Esteves]

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

[2979.] MARIA VELEDA || CONFERÊNCIA DE PROPAGANDA DO REGISTO CIVIL - ABRIL DE 1907

 * MARIA VELEDA *

"Livre-pensamento"

Vanguarda || 14/04/1907

Em 14 de Abril de 1907, o jornal Vanguarda publica um discurso de Maria Veleda proferido no âmbito da propaganda do Registo Civil [“Livre-Pensamento (Discurso proferido em Sacavém, em comissão de propaganda do Registo Civil, pela insigne propagandista Maria Veleda)”].

[Vanguarda || 14/04/1907]

[João Esteves]

[2978.] ESCOLAS MATERNAIS || CONFERÊNCIA DE BORGES GRAINHA - 13/04/1907

 * ESCOLAS MATERNAIS *

"Escolas maternais e jardins de infância"

Vanguarda || 14/04/1907

Conferência de Borges Grainha na Sociedade de Geografia

[Vanguarda || 14/04/1907]

[João Esteves]

[2977.] ESCOLAS MATERNAIS || VANGUARDA - 13/04/1907

 * ESCOLAS MATERNAIS *

"Escolas maternais e jardins de infância"

Vanguarda || 13/04/1907

[Vanguarda || 13/04/1907]

[João Esteves]

[2976.] CONCEPCIÓN GIMENO DE FLAQUER || "JORNAL DE MULHER" - 13/04/1907

 CONCEPCIÓN GIMENO DE FLAQUER *

"Um livro de Concepción Gimeno de Flaquer"

"Jornal da Mulher" || 13/04/1907


[O Mundo || 13/04/1907]

[João Esteves]

[2975.] ESCOLA MATERNAL || VANGUARDA - 09/04/1907

* ESCOLA MATERNAL *

"Escola maternal"

Vanguarda || 09/04/1907

[Vanguarda || 09/04/1907]

[João Esteves]