[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

[2000] MARIA LUCÍLIA ESTANCO LOURO [VI] || MÁRIO RODRIGUES FARIA [II]

* MARIA LUCÍLIA ESTANCO LOURO *
[27/01/1922 - 27/12/2018]

[Edições Fénix || Dezembro de 2016]

Em Setembro de 2008, Maria Lucília Estanco Louro escreveu o Posfácio ao livro "Contos e Outras Prosas de Mário Rodrigues Faria", com Prefácio, Organização e Notas de Luísa Duarte Santos [Edições Fénix, 2016].

Ao esboçar uma "breve notícia biográfica sobre Mário Rodrigues Faria", integra o Autor no contexto do grupo neo-realista de Vila Franca de Xira, descreve o ambiente vivido na fragata "LIberdade", utilizada nos Passeios do Tejo, e desvenda a militância dos estudantes antifascistas da Faculdade de Letras em finais da década de 1930 - inícios da de 1940.

Mas neste precioso livro, que tem passado algo despercebido, é possível ainda rever desenhos de Maria Lucília, extractos de missivas trocadas com Mário Rodrigues Faria e fotografias inéditas,quer dos Passeios do Tejo, quer dos colegas, amigos e camaradas da Faculdade de Letras.

Com Prefácio, Organização e Notas de Luísa Duarte Santos, o livro compila oito Contos e quinze outras Prosas de Mário Rodrigues Faria [11/01/1921 - 08/02/2004] publicadas, entre Março de 1938 e Outubro de 1940, nos periódicos Sol Nascente (1938/39), O Diabo (1938/40), Mensageiro do Ribatejo (1939/40), Pensamento (1940) e Jornal de Ílhavo (1940).

Nascido em Vila Franca de Xira em 1921, Mário Rodrigues Faria integrou o "grupo de jovens com renovados interesses literários sociais e políticos e que viria a constituir a nova geração neo-realista" [Luísa Duarte Santos, p. 7], tornando-se amigo e camarada de ideais de Alves Redol, de Carlos Pato, de Arquimedes Silva Santos e de Garcez da Silva.

No ano lectivo de 1938/39, começou a frequentar o curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, instituição onde passou a conviver com alguns dos principais intelectuais antifascistas: Cândida Ventura, Fernando Piteira Santos, Joana Campina, Joaquim Barradas de Carvalho, Joel Serrão, Jorge Borges de Macedo, Manuel Campos Lima, Maria Lucília Estanco Louro, Matilde Rosa Araújo, Olívia Cunha Leal e Rui Grácio,

Participou, em 1940/41, na reorganização do Partido Comunista, integrando o Comité Local em Vila Franca, juntamente com António Dias Lourenço e Carlos Pato, e foi um dos convivas da fragata Liberdade (1940-1942).

Por dificuldades financeiras, abandonou a Faculdade e seguiu, mais tarde, a carreira militar, falecendo em Lisboa, em 8 de Fevereiro de 2004, aos 83 anos.

Começou a publicar com apenas dezassete anos e, apesar da reconhecida qualidade literária, os seus últimos escritos editados findaram ao fim de dois anos e meio: se "o tempo e as circunstâncias, pessoais e sociais, levaram a sua escrita ao silêncio", "é hora de voltar à sua leitura" [Luísa Duarte Santos, p. 15].

Projecto nascido da investigação de Luísa Duarte Santos do reencontro de dois amigos e correlegionários de Mário Rodrigues Faria - Arquimedes da Silva Santos e Maria Lucília Estanco Louro -, este livro "oferece" ainda um conjunto de fotografias, onde constam, para além destes dois nomes, Alves Redol, Atilano dos Reis Ambrósio (Jorge Reis), Dias Lourenço, Garcez dos Santos, Maria Ângela Montenegro, Rui Grácio.

O Posfácio de Maria Lucília Estanco Louro é de leitura obrigatória pelo enquadramento histórico que faz de Mário Rodrigues Faria.

[João Esteves]

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

[1999.] MARIA LUCÍLIA ESTANCO LOURO [V] || ENTREVISTA À REVISTA "FACES DE EVA" (2015)

* MARIA LUCÍLIA ESTANCO LOURO *
[27/01/1922 - 27/12/2018]


É indispensável a leitura da entrevista que Maria Lucília Estanco Louro concedeu em 2015, "num agradável encontro de fim de tarde", a Ilda Soares de Abreu e Maria José Remédios e publicada no nº 34 da revista Faces de Eva, através da qual se desvenda muito do seu percurso familiar, profissional, cívico e político, permitindo, também, completar o que dela consta em Feminae. Dicionário Contemporâneo [Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, 2013].










[Faces de Eva || N.º 34 || 2015 || Edições Colibri]

[1998.] MARIA LUCÍLIA ESTANCO LOURO [IV] || 1922 - 2018

* MARIA LUCÍLIA ESTANCO LOURO *
[27/01/1922 - 27/12/2018]

[Fotografia retirada, com a devida vénia, do FB da Biblioteca Municipal de São Brás de Alportel "Dr. Estanco Louro]

Nascida em Beja em 27 de Janeiro de 1922, filha de Albertina Emília Freire [1898-1971] e de Manuel Francisco Estanco Louro [1890-1953], Maria Lucília Estanco Louro pertence a uma geração única que em tempos sombrios soube, corajosamente, conciliar a docência e a intervenção cívica com o combate militante à ditadura do Estado Novo.

Se Maria Lucília Estanco Louro, licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1944, com a tese Paul Gauguin visto à luz da Caracterologia - Vida e Obra, continua a ser uma referência enquanto docente que se preocupou com a formação pedagógica, cultural e científica dos seus alunos à luz da historiografia mais avançada, também o é pelo activismo antifascista desde o início dos anos 40 do século XX, tendo feito parte dos célebres passeios do Tejo e da Associação Feminina Portuguesa para a Paz.

Professora.

Militante da Associação Feminina Portuguesa para a Paz entre 1940 e 1944, tendo sido sua Secretária durante três anos, numa altura em que era Presidente Cândida Madeira Pinto e tinham cargos directivos Maria Alice Lamy, Stella Fiadeiro e Maria Helena Pulido Valente, sendo muito ativas Cândida Gaspar, Maria Luísa Bastos, Joana Campina e Cândida Ventura. 

Com Cândida Ventura, colega da Faculdade de Letras de Lisboa, colaborou na mobilização de artistas, escritores, actores e poetas para colaborarem nas sessões culturais e pacifistas que a AFPP promovia. 

Na sede da Associação, na Rua D. Pedro V, ao Príncipe Real, organizavam pequenos pacotes com cigarros e géneros que mandavam, em colaboração com o Socorro Vermelho Internacional, para os prisioneiros nos campos de concentração. 

Ainda no âmbito das actividades da AFPP, no dia 9 de abril, data da Batalha de La Lys, costumavam, depositar ramos de flores no monumento aos mortos da Grande Guerra. 

Participou, no início da década de 1940, nos passeios de barco  culturais e políticas realizados no rio Tejo, sendo, com Cândida Ventura, uma das duas únicas sobreviventes [sobre eles consultar http://antonioanicetomonteiro.blogspot.pt/]. 

Posteriormente, já professora do Liceu, apoiou a campanha de Humberto Delgado; subscreveu as listas da Oposição Democrática; foi “compagnon de route” do Partido Comunista Português desde 1940 e filiada desde os anos setenta; tornou-se sócia da Associação de Amizade Portugal-Cuba; e pertence ao Conselho Português para a Paz e Cooperação. 

O seu empenhamento profissional (pedagógico-didático) não é menos intenso e relevante. Licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1944, a sua tese, intitulada Paul Gauguin visto à luz da Caracterologia - Vida e Obra suscitou polémica visto ser então a primeira a versar sobre Arte, considerada então uma parente pobre da História. 

Em 1948, fez Exame de Estado no Liceu Pedro Nunes com a tese Filosofia - Valores Éticos e Estéticos.

Lecionou nos Liceus de Faro, Beja, Évora, Oeiras, Lisboa (D. Leonor, D. João de Castro, Passos Manuel e Pedro Nunes) e na Escola do Magistério Primário de Évora. 

Orientadora de Estágios Pedagógicos nos Liceus de Oeiras, Pedro Nunes e Passos Manuel, entre 1973 e 1976. 

Participou nos Colóquios de História e de Filosofia realizados em 1959, no Liceu Pedro Nunes, sob a égide do Reitor Francisco Dias Agudo, que pela ousadia da sua promoção e pela categoria dos intervenientes (Professores Delfim Santos, Vieira de Almeida, Rui Grácio, Joel Serrão) representavam então uma luta pela actualização e dignificação dos conteúdos pedagógicos e informativos dos ramos abrangidos. 

Dentro do mesmo combate ao ensino orientado pelo Estado Novo e veiculado pelos compêndios fascizantes, participou nas reuniões de professores progressistas, realizadas um tanto clandestinamente na Escola Francisco Arruda sob a direcção do Professor Calvet de Magalhães; frequentou os Cursos de Aperfeiçoamento Profissional orientados pelo Professor Rui Grácio no Sindicato dos Professores; e cursou, em 1975, o 10.º Curso de Pós-Graduação em História de Arte, instituído pelo Professor José Augusto França na Universidade Nova de Lisboa. 

Após o 25 de Abril, interveio activamente, com muitos outros docentes [José Magno, Maria de Lurdes Ribeiro, Hardisson Pereira, João Cruz, Maria Eugénia Bráulia Reis, Ana Leal de Faria, Margarida Matos...], numa Comissão presidida por Maria Emília Diniz com o intuito de acabar com os velhos programas e actualizá-los com tudo o que tinha ocorrido na investigação e na metodologia. 

Estes novos programas foram divulgados em cadernos de apoio editados pelo Ministério da Educação, substituindo os antigos compêndios do 6.° e 7.° anos. Coube a Maria Lucília Estanco Louro fazer o tema Humanismo e Experimentalismo na Cultura do século XVI e, em coautoria com João Cruz, A Arte Portuguesa nos Séculos XIX e XX, não tendo este último fascículo chegado a ser publicado, porque entretanto estes programas, julgados demasiadamente revolucionários, foram abolidos. 

Realizou inúmeras palestras, participou em colóquios, escreveu artigos e colaborou em publicações. 

Redigiu várias entradas no Dicionário de História de Portugal, dirigido pelo Professor Joel Serrão, e a convite deste. 

Dos muitos escritos dispersos, é de mencionar “O Jovem Piteira” [Fernando Piteira Santos], publicado no Jornal de Letras, por se referir a “alguém cuja inteligência, sólida formação cultural (especialmente política) e fulgurante lucidez e poder de comunicação marcaram os jovens da minha geração, seus colegas na Faculdade de Letras de Lisboa nos anos 40” e que integrava “Barradas de Carvalho, Rute Arons, Olívia Cunha Leal, Rui Grácio, Joel Serrão, Joana Campina, Eunice Oliveira, Jorge Borges de Macedo, Francisco Morais Janeiro, Mário Faria, Nataniel Costa, Tony Nogueira Santos e eu própria, Maria Lucília”. 

A competência, profissionalismo, dedicação e intervenção cívica de Maria Lucília Estanco Louro, quer sob condições políticas adversas, quer após a Revolução de Abril,  podem ser testemunhados pelos seus antigos alunos, muitos dos quais tornadas figuras públicas, entre os quais se contam: Ana Maria Magalhães; António Damásio; António Torrado; Diogo Freitas do Amaral; Guilherme de Oliveira Martins; Joaquim Benite; Joaquim Letria; Joel Hasse Ferreira; Jorge Martins; José Meco; José Viana da Mota Brandão, Maria Beatriz Ruivo; Miriam Halpern Pereira; Maria Ângela de Sousa; Maria José Moura; Mário Vieira de Carvalho; Norberto Barroca; Rui Vieira Nery.

Pertence a uma geração única que dedicou décadas da sua vida na luta contra a ditadura e, coerentemente, continua, dentro das suas possibilidades, a manifestar o mesmo empenho político e cívico. 

Existe uma entrada mais completa sobre Maria Lucília Estanco Louro em Feminae. Dicionário Contemporâneo [Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, 2013].

[João Esteves]

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

[1997.] LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS DE PENICHE [I] || 27 DE ABRIL DE 1974

* PRESOS POLÍTICOS LIBERTADOS DE PENICHE EM 27 DE ABRIL DE 1974 *

[Diário de Lisboa || 29 de Abril de 1974]

- Ângelo Matos Mendes Veloso [1930 - 1990]
- António Cândido Tavares Coutinho Coelho 
- António Joaquim Gervásio [1927]
- António Manuel Garcia Neto [ ? - 1977]
- António Maria Metelo Perez 
- Carlos Alberto do Nascimento Saraiva da Costa
- Carlos António Cardoso Gonçalves
- Carlos António Gonçalves Tomás 
ou Carlos Domingos Gonçalves Tomás
- Carlos Domingos Soares da Costa
- Filipe Viegas Aleixo [1915 - 2000]
- Francisco Manuel Cardoso Braga
- Francisco Martins Rodrigues [1927 - 2008]
- Horácio José Cecílio Rufino
- João Carneiro de Moura Pulido Valente [1925 - 2003]
- João Manuel Duarte de Carvalho
- João Pedro Mendes da Ponte
- João Viegas dos Santos
- Joaquim de Sousa Duarte
- José António Brazido da Palma
- José Eurico Bernardo Fernandes
- José Fernando da Fonseca Simões de Sousa
- José Guerreiro Drago
- José Manuel Caneira Iglésias
- José Pedro Correia Soares
- Licínio Pereira da Silva
- Luís Filipe Coelho Fraga da Silva
- Luís Miguel Vilan Marques Rodrigues
- Manuel Martins Pedro
- Nelson do Rosário Anjos
- Pedro de Campos Alves
- Raul Domingos Caixinhas 
- Rui Manuel Pires de Carvalho d'Espiney [1942 - 2016]
- Rui Benigno Barbosa Paulo da Cruz [1949 - ]
- Rui Teives Henriques
- Sebastião Augusto Bandeira de Lima Rego

[1996.] OS TRÊS ÚLTIMOS PRESOS POLÍTICOS LIBERTADOS DE PENICHE || 27/04/1974

[22/08/1915 - 10/08/2000]

* FRANCISCO MARTINS RODRIGUES *
[1927 - 22/04/2008]

* RUI D'ESPINEY *
[06/08/1942 - 28704/2016]
[Diário de Lisboa || 28 de Abril de 1974]

[1995.] FERNANDO CORREIA [I] || LIBERTADO DE CAXIAS EM 27/04/1974

* FERNANDO CORREIA *

[Fernando Correia || Fotografia retirada de Abril, Abril]

DEPOIMENTO DO JORNALISTA LIBERTADO DE CAXIAS EM 27 DE ABRIL DE 1974

[Diário de Lisboa || 27 de Abril de 1974]

Fernando António Pinheiro Correia nasceu em Coimbra, em Julho de 1942. 

Colaborou, em finais da década de 1950, com contos e pequenos artigos nos suplementos juvenis do Diário de Lisboa e do jornal República, sob a direcção de Mário Castrim e de Augusto da Costa Dias. 

Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tornou-se jornalista profissional em 1965.

Entre 1966 e 1973, foi redactor do vespertino Diário Popular entre 1966 e 1973 e, em 1973-1974, do Diário de Lisboa. 

Pertenceu, ainda, à redacção da revista Seara Nova entre 1969 e 1974 e, neste mesmo ano, integrou a equipa que, em 17 de Maio, lançou o primeiro número legal do Avante!, jornal onde se manteve como subchefe de redacção até 1986. 

Quando se deu a Revolução de 25 de Abril de 1974, estava preso em Caxias, daí saindo directamente para a redacção do Diário de Lisboa, onde entregou aquela reportagem sobre o último dia de prisão. 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

[1987.] ABEL AUGUSTO LOPES DE ALMEIDA [I] REVOLTA DE MENDES NORTON (1935)

* ABEL AUGUSTO LOPES DE ALMEIDA *
[28/03/1882 - 1937]

Oficial reformado do Exército, Abel Augusto Lopes de Almeida foi um dos muitos militares que, em determinado momento, conspirou contra a Ditadura Militar ou a Ditadura do auto-intitulado Estado Novo.

Filho de Joana Augusta de Moura Pinto e de José de Almeida, terá nascido em Chaves, em 28 de Março de 1882. 

Iniciou a carreira militar em África e, enquanto alferes miliciano de Administração Militar, integrou o Corpo Expedicionário Português, tendo embarcado em 5 de Fevereiro de 1917 [AHM].

Governador-Civil de Coimbra entre 25 de Outubro e 14 de Novembro de 1921, aderiu ao Partido Republicano Nacionalista: fundado no início de 1923, pretendia aglutinar as direitas republicanas e albergava muitos militares.

Esteve envolvido na chamada Revolta de Mendes Norton, preparada para eclodir na madrugada de 10 de Setembro de 1935, no Destacamento Misto de Penha de França, e fracassada pela intervenção da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado. Estava, então, em contacto com João da Costa, José Masseneiro, Manuel Caipira e João Pedro dos Santos, este último procurado pela PVDE.

Na noite de 9 de Setembro, a pedido de Cerqueira de Vasconcelos, José Masseneiro e Manuel Caipira foram buscá-lo a sua casa, na Rua Chaby Pinheiro, 15, 3.º - Dto, e transportaram-no para uma habitação na Rua de Moçambique 52, exactamente o mesmo prédio onde, a partir de 1936, passa a morar o Major Silva Pais, director da PIDE/DGS entre 1962 e 1974.  

[Abel Augusto Lopes de Almeida || ANTT || RGP/1782 || PT-TT-PIDE-E-010-9-1782_m0383]

Preso pela Polícia de Segurança Pública de Lisboa em 10 de Setembro, foi entregue à Secção Política e Social da PVDE dois dias depois e levado, posteriormente, para S. Julião da Barra.

Nesse mesmo ano, em 18 de Dezembro de 1935, foi deportado para Angra do Heroísmo.

Seguiu para Cabo Verde em 18 de Abril de 1936, onde lhe foi fixada residência na Colónia de S. Nicolau, mas aí terá permanecido pouco tempo já que, em 2 de Maio, regressou aos Açores.

Terá falecido no ano seguinte.

Fontes:
AHM, Abel Augusto Lopes de Almeida - Alferes Miliciano, PT/AHM/DIV/1/35A/1/01/0091.
ANTT, Registo Geral de Presos / 1782 [Abel Augusto Lopes de Almeida / PT-TT-PIDE-E-010-9-1782_m0383].
ANTT, Cadastro Político 5762 [Abel Augusto Lopes de Almeida / PT-TT-PIDE-E-001-CX05_m0009].
Coronel Pereira da Costa, "Manuel Valente: um revolucionário esquecido", Revista Militar 2532, Janeiro de 2013.

[João Esteves]

[1986.] DALILA CABRITA MATEUS [I] - ÁLVARO MATEUS [I] || NACIONALISTAS DE MOÇAMBIQUE

* DALILA CABRITA MATEUS | ÁLVARO MATEUS *
[1952 - 2014] [1940 - 2013]

NACIONALISTAS DE MOÇAMBIQUE
DA LUTA ARMADA À INDEPENDÊNCIA

Capa: Desenho do pintor Malangatana

Texto Editores || 2010




[Texto Editores || 2010]

[1985.] JOÃO CÉSAR VIEIRA JÚNIOR [I] || DEPORTADO DUAS VEZES PARA ANGRA DO HEROÍSMO

* JOÃO CÉSAR VIEIRA JÚNIOR *

Preso por três vezes (1933, 1936, 1940) e deportado por duas vezes para Angra do Heroísmo (1933, 1936). 

Activista da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas, foi preso pela primeira vez em 28 de Março de 1933 e enviado para a Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo. Novamente preso em 1936, passou pelo Aljube, Peniche e Caxias, sendo novamente deportado para os Açores. Preso pela terceira vez em 11 de Junho de 1940.

[João César Vieira Júnior || 1933 || ANTT || RGP/87 || PT-TT-PIDE-E-010-1-87_P2_m0180b]

Filho de Margarida Adelaide Vieira e de João César Vieira, João César Vieira Júnior nasceu em Lisboa, em 20 de Julho de 1915.

Empregado de escritório [ANTT, Cadastro Político 4786] / comércio [ANTT, RGP/87] e filiado nas Juventudes Comunistas, onde teria o N.º 123-A, foi preso pela primeira vez em 28 de Março de 1933, «sob a acusação de estar envolvido em manejos comunistas». 

Segundo o seu Cadastro Político que consta na Torre do Tombo, integraria a Célula 12-A, controlada por Afonso Martins da Silva, também ele empregado do comércio, e representava aquela no Sub-Comité de Zona N.º 1. Para além de distribuir manifestos, proceder à venda de jornais clandestinos e preparar «um simpatizante comunista», foi considerado pela PVDE como «bastante activo e consciente», «apesar de ser um elemento ainda um pouco novo» [Processo 713, enviado ao TME em 19/06/1933].

[João César Vieira Júnior || Fotografia de 12/06/1940 || ANTT || RGP/87 || PT-TT-PIDE-E-010-1-87_P2_m0180]

Por ordem do Governo, foi transferido para Angra do Heroísmo em 19 de Novembro de 1933, integrando a leva de 143 presos políticos que embarcou no vapor Quanza, fundeado a cerca de 500 metros da praia sul de Peniche. Dessa leva consta Afonso Martins da Silva.

Julgado em 25 de Agosto de 1934 pela Secção dos Açores do Tribunal Militar Especial, considerou-se que parte das suas actividades políticas estavam abrangidas pela amnistia de 5 de Dezembro de 1932, sendo punido ao abrigo do Decreto 23.203, de 6 de Novembro de 1933 [Processo 58/933, do TME].

Regressou de Angra do Heroísmo em 9 de Novembro e continuou a residir em Lisboa, na Rua D. Dinis, 18  1.º.

[João César Vieira Júnior || Fotografia de 12/06/1940 || ANTT || RGP/87 || PT-TT-PIDE-E-010-1-87_P2_m0180]

João César Vieira Júnior voltou a ser preso em 4 de Março de 1936, novamente por actividades comunistas. Preso numa esquadra, foi transferido para o Aljube em 24 de Abril, seguiu, dois dias depois, para Peniche e, em 14 de Outubro entrou na Fortaleza de Caxias - Reduto Norte. 

Novamente deportado para Angra do Heroísmo, embarcou em 17 de Outubro de 1936 e foi julgado pelo Tribunal Militar Especial em 29 de Maio de 1937, sendo condenado a dois anos de prisão correccional [Processo 625/936, enviado ao TME em 09/06/1936]. 

Apesar de ter cumprido a pena imposta pelo TME, foi mantido em prisão preventiva por decisão da SPS/PVDE, datada de 21/03/1938, regressando dos Açores em Agosto de 1938 e libertado no dia 8.

[João César Vieira Júnior || ANTT || RGP/87 || PT-TT-PIDE-E-010-1-87_P2_m0180]

A terceira prisão deu-se em 11 de Junho de 1940, por mandado de captura do 8.º Juízo Criminal de Lisboa [Processo 880/940].

O nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.

Fontes:
ANTT, Registo Geral de Presos / 87 [João César Vieira Júnior / PT-TT-PIDE-E-010-1-87_P2_m0180, m0180a, m0180b].
ANTT, Cadastro Político 4786 [João César Vieira Júnior / PT-TT-PIDE-E-001-CX10_m0508, m0508a].

[João Esteves]

[1984.] HELDER MARTINS [I] || CASA DOS ESTUDANTES DO IMPÉRIO (1953 - 1961)

* HELDER MARTINS *

CASA DOS ESTUDANTES DO IMPÉRIO: 
SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO SEU PERÍODO MAIS DECISIVO (1953 A 1961)

Editorial Caminho || 2017






[Editorial Caminho || 2017]