[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

segunda-feira, 27 de julho de 2015

[1039.] NATÉRCIA IZOLINA AZEVEDO ALVES CARAMALHO || NATÉRCIA BABO [II]

* NATÉRCIA BABO *
[1914 - 2004 ?]

[21/09/1914 - 2004[?)]

Advogada. 

Filha de Albertina Vieira de Azevedo e de Isolino Alves Caramalho [Póvoa de Varzim, 1889 — Lisboa, 1943], nasceu a 21 de Setembro de 1914 em Santa Leocádia de Briteiros, Guimarães. 

Frequentou, na segunda metade da década de 30, a Faculdade de Direito de Lisboa, então no Campo Santana, onde foi colega, entre outros de Álvaro Cunhal [1913 - 2005] e Alexandre Babo [30/09/1916 - 02/11/2007], com quem casou.

Após a licenciatura, conseguiu, no início dos anos 40, colocação num Bairro administrativo do Porto, cidade onde o casal passou a viver.

Integrou o grupo fundador da Delegação do Porto da Associação Feminina Portuguesa para a Paz, onde era a sócia nº 182: proferiu conferências,  marcou presença no almoço de homenagem à escritora Maria Lamas aquando da sua deslocação àquela cidade e foi por seu intermédio que João Villaret aceitou realizar um recital  a favor da Paz promovido pela agremiação no Teatro S. João, o qual foi apresentado por si. 

Natércia Babo esteve ainda associada a outros episódios da luta antifascista. 

Pertenceu à Comissão Distrital Feminina do Porto do Movimento de Unidade Democrática (MUD) e assinou a Circular nº 1, juntamente com Amélia Cal Brandão, Beatriz Almeida Cal Brandão, Irene Cortesão, Irene de Castro, Maria Branca Lemos, Maria Elvira Cortesão e Maria Manuela David, todas sócias da AFPP. 

Em 1949, participou activamente na campanha presidencial de Norton de Matos e discursou na sessão realizada em Viana de Castelo, no Teatro de Sá de Miranda, onde fez «uma intervenção bem estruturada e firme, condenando e atacando o regime sem tibiezas» [Alexandre Babo, Recordações de um caminheiro, 1993].

Foi na sequência dessa reunião de propaganda que foi presa um mês depois pela PIDE, em 4 de Março de 1949, por ter afrontado publicamente o comandante daquela polícia local por não se ter levantado para cantar o Hino Nacional.

Por intermédio do marido, escritor a advogado que passou a militar no Partido Comunista a partir de 1943 e de quem se divorciou na segunda metade da década de 50, Natércia Babo conviveu com o activismo antifascista do Porto e, embora nunca tenha sido daquela organização, por influência de Joaquim Pires Jorge, dirigente que muitas vezes se abrigou na casa do casal, chegou a «tomar posição e praticar actos que muita gente do partido não seria capaz», responsabilizando-se por ir várias vezes a Coimbra de comboio buscar o jornal Avante! para ser redistribuído no Norte: «Arriscava comigo sem se opor e sabia perfeitamente que, sendo presa, nada lhe valia afirmar que não era filiada» [A. Babo].

Traduziu alguma literatura com Alexandre Babo, tendo o seu pai também sido tradutor de nomes como Gogol, Tolstoi, Maupassant e Sienkiewicz. 

Aparece referenciada no Caderno de Irene de Castro como Dr.ª Natércia Babo, com escritório na Rua Alexandre Braga, 40, 2º e residência na Rua do Bairro do Comércio, 91, R/C, Porto. É esta a morada que também aparece no Registo Geral de Presos da PIDE como sua residência [ANTT, RGP, Registo nº 19002].
 
[João Esteves || 29/09/2015]

1 comentário:

Anónimo disse...

Tia Néné fora de série. Mulher valente e sem medo.
Maria Alberta Caramalho