[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

domingo, 26 de julho de 2015

[1036.] AMÉLIA ALMEIDA BRANDÃO DE CAL OU AMÉLIA ALMEIDA CAL BRANDÃO [III]

* AMÉLIA CAL BRANDÃO *
[?-17/11/1974]

Amélia Almeida Brandão de Cal ou Amélia Almeida Cal Brandão, nome por que ficou conhecida devido à vulgarização da inversão dos dois apelidos, casou, em 1905, com Silo José Cal Muiños, imigrante galego natural de Redondela radicado no Porto e funcionário da empresa inglesa Casa Graham. 

Mãe de Carlos Cal Brandão [05/11/1906-31/01/1973], de Silo José Cal Brandão [n. 23/03/1908] e de Mário Cal Brandão [25/03/1910-21/10/1996], republicanos com militância ativa na oposição à ditadura surgida em 1926 e apoio a republicanos espanhóis. 

Em 1937, a casa do casal acolheu Isabel Gómez Costas, que fugira de Redondela com seis filhos depois do assassinato do marido, Telmo Bernárdez. Aí receberam abrigo, cuidados e alimentos, bem como bilhetes dum barco norueguês rumo a Bordéus [nondesaesquecemento.blogspot.com.es/2015/01/casas-refuxio-no-porto.html]. 

Sócia nº 305 da Delegação do Porto da Associação Feminina Portuguesa para a Paz, com residência na Rua do Almada, 18, 4º, estando inscrita como Amélia Brandão Cal. 

[in Lúcia Serralheiro, Mulheres em Luta Contra a Corrente, Edições Evolua, 2011]

Republicana e anticlerical, celebrava as datas de 31 de Janeiro e do 5 de Outubro, associou-se a iniciativas da oposição democrática, nomeadamente do MUD, sendo em sua casa que, por vezes, se reunia a sua comissão feminina, e festejou o fim da II Guerra. 

Apesar de ter só a 4ª Classe, foi autora de uma carta pública a Clyde Gomes Alflalo, assistente social apoiante da União Nacional, onde refutava a ideia de que as mulheres portuguesas deviam estar agradecidas a Salazar por Portugal não ter entrado no conflito mundial. Nesse documento, datado de 30 de Outubro de 1945 e com enorme divulgação no Porto, tendo ainda sido impressa pela Comissão Distrital de Braga do MUD, refere também as injustiças políticas praticadas pelo Governo e as prisões da PIDE. 

Posteriormente, denunciou junto das autoridades as condições desumanas suportadas pelos presos políticos e, no Tribunal da Boa Hora, foi uma das testemunhas de defesa de Guilherme da Costa Carvalho, filho de Herculana de Carvalho, sua amiga e correlegionária da AFPP do Porto. 

Sobreviveu ao fim da ditadura, contra a qual tanto lutara, falecendo cerca de seis meses após o 25 de Abril de 1974. 

Lúcia Serralheiro inscreveu a sua biografia no Dicionário no Feminino (séculos XIX-XX) [Lisboa, Livros Horizonte, 2005] e estudou-a no âmbito do livro Mulheres em Grupo Contra a Corrente [Associação Feminina Portuguesa para a Paz (1935-1952), Rio Tinto, Evolua Edições, 2011].

João Esteves

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