[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

segunda-feira, 12 de junho de 2017

[1611.] ANA DE CASTRO OSÓRIO || 145 ANOS

* COMEMORAÇÃO DO NASCIMENTO (1872-1935) *

|| MANGUALDE || 18 DE JUNHO || BIBLIOTECA MUNICIPAL DE MANGUALDE ||

|| INTERVENIENTES: CATARINA MARCELINO || JOÃO AZEVEDO || ROSALINA ALMEIDA || ROSABELA AFONSO || HENRIQUE MONTEIRO || ELZA PAIS || MARIA ANTÓNIA PALLA || JOÃO ESTEVES || TERESA FRAGOSO ||


[1610.] AMÂNDIO SECCA [I] || 14 DE JUNHO DE 2017

* AMÂNDIO SECCA || DESENHAR E ESCREVER A AMIZADE *

|| 14 DE JUNHO || COOPERATIVA ÁRVORE || EDIÇÃO MODO DE LER ||



[PORTO || MODO DE LER || 2017]

No dia 14 de Junho, pelas 18h00, apresentação na Cooperativa Árvore do álbum DESENHAR E ESCREVER A AMIZADE.

Esta edição resulta da produção fac-similada de um álbum que o Eng.º Amândio Secca foi recolhendo ao longo dos últimos trinta anos e é acompanhado de uma pequena brochura de apresentação com um texto do Eng.º Amândio Secca.

Edição de 244 páginas, impressa em papel Couché Volume de 200 gramas e encadernada com capa dura.

Textos de Poesia e Prosa, Desenhos, Colagens e Pintura de vários autores, Amigos de Amândio Secca.

O Dr. Dionísio Vinagre fará a apresentação da obra.

sábado, 10 de junho de 2017

[1609.] DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL - O 25 DE ABRIL || VOLUME 2

* CONTINUA O MISTÉRIO DO ECLIPSE FEMININO NO 25 DE ABRIL, PERÍODO REVOLUCIONÁRIO E NA TRANSIÇÃO PARA A DEMOCRACIA *

[Livraria Figueirinhas || 2016]

O segundo volume deste Dicionário, contemplando a letra C de CABO-VERDE a COSTA (Vasco Fernando Leote de Almeida e), mantém velhos procedimentos de uma abordagem no masculino dos acontecimentos subsequentes ao 25 de Abril (rotulado, na contracapa, como "golpe militar") até 1976.

Exactamente num período histórico em que as Mulheres assumiram papel preponderante, mesmo que não institucionalizado, quase não há lugar para elas, com excepção das entradas biográficas dedicadas a Isabel do Carmo e a Natália Correia, havendo uma outra, temática, sobre a Comissão da Condição Feminina. Neste último caso, talvez tivesse valido a pena citar um ou outro estudo de Maria Regina Tavares da Silva, seguramente a estudiosa mais conhecida em Portugal e reconhecida internacionalmente, sobre a história da Comissão que ajudou a construir e a estabelecer bases duradouras.

Obra onde as elites, os governantes e os vencedores, à posteriori, da História ganham quase exclusiva notoriedade, reconstruindo-se, por vezes, a sua imagem, compete aos historiadores olhar para a sociedade no seu todo e estarem atentos aos que, tendo também tido a sua cota de participação, foram deixando de ter visibilidade pela historiografia dominante. Mas elas estiveram lá - em 1974, 1975 e 1976 - e, de certeza, mereceriam ter mais do que duas/três entradas neste segundo volume. Nem na Capa há lugar para um rosto feminino. Sequer um...

E, embora se afirme na contracapa, que "A obra que aqui se apresenta trata desse intenso processo histórico, marcado por vários momentos chave, e procura sistematizar, com rigor científico, informação sobre: instituições políticas, jurídicas, culturais, sociais e económicas; partidos políticos; biografias de personagens políticos, militares, culturais e religiosos; aspectos gerais sobre o Estado e as suas políticas públicas; os principais movimentos sociais, as ideologias, a economia e a inovação, a diversidade religiosa, a literatura e a arte", será que, afinal, o 25 de Abril fez desaparecer as Mulheres, já que elas raramente constam destes dois primeiros volumes?

Por vezes, é mesmo necessário reescrever uma História onde todos caibam e não apenas aqueles sobre quem recaem sempre os holofotes. 

Aguardemos, pois anda faltam seis volumes!

[1608.] REVISTA FACES DE EVA || 37 [I]

* FACES DE EVA. ESTUDOS SOBRE A MULHER || 37 || 2017 *

|| 21 DE JUNHO || FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA || ANFITEATRO II ||


sexta-feira, 9 de junho de 2017

[1607.] BENEDITA VASCONCELOS [I] || 1947 - 2017

* HÁ OS QUE PARTEM E HÁ OS QUE VIVEM SEMPRE EM NÓS *

[1947 - 2017]

Não há palavras para descrever esta (in)esperada notícia. 

Não conhecia pessoalmente a Benedita Vasconcelos, mas é como se ela existisse desde sempre. Via Facebook, que entendia só merecer ser utilizado de forma criteriosa, foram-se estabelecendo pontes através de nomes comuns de Coimbra: Benedita Vasconcelos por os ter conhecido, eu por saber que existiam via memórias familiares e investigações posteriores das activistas coimbrãs das décadas de 40 e 50.

De "enorme abertura de espírito", "uma antifascista de grande carácter" e "uma mulher de fibra, insubmissa e fiel a princípios", como tão bem a caracterizou Helena Pato, amiga de muitos anos e que nunca deixou de a acompanhar nestes últimos momentos, dando-lhe o ânimo possível, fomos trocando mensagens sobre esta "nossa gente", prontificando-se a identificar nomes que tinham integrado a Delegação de Coimbra do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas. E era um contentamento enorme que nos unia quando se dava uma pequena descoberta, assim como falava com enorme carinho do Comandante José Moreira de Campos (1898 - 1967), seu tio, compulsivamente reformado pelo governo salazarista ao abrigo do Decreto Lei nº 25316, de 13 de Maio de 1935. 

Recorrendo, de novo, à Helena Pato, a Benedita Vasconcelos "ficará na nossa memória para sempre", até porque "é o esquecimento e não a morte que nos faz ficar fora da vida" (Mia Couto).

terça-feira, 6 de junho de 2017

[1606.] MÁRIO RODRIGUES FARIA [I]

* CONTOS E OUTRAS PROSAS DE MÁRIO RODRIGUES FARIA || PREFÁCIO, ORGANIZAÇÃO E NOTAS DE LUÍSA DUARTE SANTOS *

[Edições Fénix || Dezembro de 2016]


Eis um livro que, provavelmente, terá passado despercebido e que, no entanto, merece particular atenção a todos os estudiosos da geração vilafranquense do neo-realismo e da luta antifascista no final da década de 30.

Com Prefácio, Organização e Notas de Luísa Duarte Santos e Posfácio de Maria Lucília Estanco Louro, compila oito Contos e quinze outras Prosas de Mário Rodrigues Faria [11/01/1921 - 08/02/2004] publicadas, entre Março de 1938 e Outubro de 1940, nos periódicos Sol Nascente (1938/39), O Diabo (1938/40), Mensageiro do Ribatejo (1939/40), Pensamento (1940) e Jornal de Ílhavo (1940).



Nascido em Vila Franca de Xira em 1921, integrou o "grupo de jovens com renovados interesses literários sociais e políticos e que viria a constituir a nova geração neo-realista" [Luísa Duarte Santos, p. 7], tornando-se amigo e camarada de ideais de Alves Redol, de Carlos Pato, de Arquimedes Silva Santos e de Garcez da Silva.

No ano lectivo de 1938/39, começou a frequentar o curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, instituição onde passou a conviver com alguns dos principais intelectuais antifascistas: Cândida Ventura, Fernando Piteira Santos, Joana Campina, Joaquim Barradas de Carvalho, Joel Serrão, Jorge Borges de Macedo, Manuel Campos Lima, Maria Lucília Estanco Louro, Matilde Rosa Araújo, Olívia Cunha Leal e Rui Grácio,

Participou, em 1940/41, na reorganização do Partido Comunista, integrando o Comité Local em Vila Franca, juntamente com António Dias Lourenço e Carlos Pato, e foi um dos convivas da fragata Liberdade (1940-1942).

Por dificuldades financeiras, abandonou a Faculdade e seguiu, mais tarde, a carreira militar, falecendo em Lisboa, em 8 de Fevereiro de 2004, aos 83 anos.

Começou a publicar com apenas dezassete anos e, apesar da reconhecida qualidade literária, os seus últimos escritos editados findaram ao fim de dois anos e meio: se "o tempo e as circunstâncias, pessoais e sociais, levaram a sua escrita ao silêncio", "é hora de voltar à sua leitura" [Luísa Duarte Santos, p. 15].

Projecto nascido da investigação de Luísa Duarte Santos do reencontro de dois amigos e correlegionários de Mário Rodrigues Faria - Arquimedes da Silva Santos e Maria Lucília Estanco Louro -, este livro "oferece" ainda um conjunto de fotografias, onde constam, para além destes dois nomes, Alves Redol, Atilano dos Reis Ambrósio (Jorge Reis), Dias Lourenço, Garcez dos Santos, Maria Ângela Montenegro, Rui Grácio.

O Posfácio de Maria Lucília Estanco Louro é de leitura obrigatória pelo enquadramento histórico que faz de Mário Rodrigues Faria. 



[João Esteves]

segunda-feira, 5 de junho de 2017

[1605.] LAURA LOPES [I]

* FOLHAS SOLTAS DE UMA VIDA. MEMÓRIAS DE UMA MULHER DO SÉCULO XX || 2017 *

[Edições Colibri || 2017]

Livro de memórias, de histórias e de História da autoria de Laura Lopes, "a rapariga dos cabelos ruivos", nascida em 1923, numa família operária.

História e histórias de uma vida militante de décadas, Laura Lopes começa por relembrar a Lisboa dos desfavorecidos e dos operários nas décadas de 20 e 30 e o quão difícil era para uma rapariga oriunda das classes trabalhadoras construir um percurso escolar, sendo vítima de "discriminação social" ao frequentar a escola primária da Câmara e, depois, no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, onde lhe foi retirada a isenção de propinas a que tinha direito por opinar contra a guerra e em defesa da paz. Tinha, então, onze anos!

Lutadora e persistente, trabalhou como peleira na Rua do Carmo e, depois, numa companhia de seguros inglesa para prosseguir os estudos, tendo frequentado à noite a Escola Comercial Patrício Prazeres e, em 1948, entrou na Faculdade de Direito onde talvez fosse "a única aluna proveniente da classe operária". Aí, por intermédio de Ovídio Martins, antifascista e poeta caboverdeano, iniciou a luta de décadas contra o regime fascista e se tornou numa empenhada lutadora pela Paz. 

Aderiu ao MUD-Juvenil, tornou-se, em 1949, militante clandestina do Partido Comunista, participou nas principais iniciativas, nacionais e internacionais, em defesa da Paz mundial, esteve na constituição do movimento Democrático das Mulheres e, por este seu relato, perpassam episódios das muitas vidas com que se foi cruzando:  Alcina Bastos, Ângelo Caldeira Rodrigues, Ângelo Veloso, Belmira Cruz, Blanqui Teixeira, Carlos Aboim Inglês, Carlos Brito, Carlos Costa, através de quem conheceu Maria Machado, então a viver num pequeno quarto da Maguidal, "uma alfaiataria de antifascistas situada num 3.º andar da Rua da Palma", Duarte Vidal, Francisco Martins Rodrigues, Graça Mexia, Guilherme da Costa Carvalho, Helena Neves, Humberto Soeiro, Ilídio Esteves, Isabel Pato, João Pulido Valente, José Dias Coelho,  Lino Lima, Manuel Pedro, Manuela Bernardino, Maria Barreira, Maria das Dores Cabrita, Maria Isabel Aboim Inglês, Maria Lamas, Maria Teixeira, Maria Teresa Horta, Olívia Maria, Ovídio Martins, Rosalina Pinho, Ruy Luís  Gomes, Silas Cerqueira, Vasco Cabral, Virgínia Moura, os gémeos Eugénio e Manuel Ruivo... entre muitos outros nomes, não se coibindo de tecer juízos críticos sobre alguns destes companheiros de percurso e de vida.

De Olívia Maria, "presa mais de oito anos e seis anos na clandestinidade" e com quem passou muitos serões na Graça, estando o marido [José Carlos] a cumprir pesada pena de prisão, dá uma descrição pormenorizada devido ao registo, então feito, da sua história em dez folhas de bloco escritas de ambos os lados e de que Laura Lopes se socorreu para a descrever neste livro.

De Alcina Bastos "mulher vertical, antifascista desde sempre", nome pouco valorizado e reconhecido, lembra a "mulher valorosa (...), simples, modesta e de uma enorme integridade moral e verticalidade nas suas atitudes, na sua maneira de estar na vida" e que "nunca vergou a cabeça perante nada nem ninguém, em circunstâncias penosas da sua sua não pactuou com o fascismo, nunca recebeu benesses, sempre as recusou": "uma voz sempre a soar na ocasião necessária - mas sem alardes."

De Guilherme da Costa Carvalho, transcreve o postal de 18/07/1972, com carimbo de Paris, que este lhe mandou a  pedir para informar o cunhado Ilídio Esteves que "tudo me tem corrido bem", "que tenho pensado nele com o afecto e o respeito que mutuamente nos une, que não o esqueço", embora refira que, quanto ao seu estado de saúde, "o mal é mais extenso do que supunha pois são os dois pulmões que estão igualmente atingidos, e eu pensava ser só o direito. Tenhamos paciência."

Do seu percurso de Advogada, sobressai as intervenções no âmbito Direito de Família, Direito Criminal e de defesa de presos políticos, sendo que "os contactos com as polícias eram desgastantes [...] exigindo serenidade, espírito de observação, rapidez de reflexos mentais, memorização, domínio total sobre si próprio". Participou em Novembro de 1972, no 1.º Congresso Nacional dos Advogados, e manteve colaboração na imprensa, com textos jurídicos: assinou, como Dra. Luz Pinheiro, a rubrica "A Mulher e o Direito" no Jornal Magazine da Mulher, dirigido por Lília da Fonseca; e manteve na revista Modas e Bordados e, posteriormente, na revista Mulheres, a secção "A mulher e a lei", com alguns percalços nestas duas últimas publicações. Colaborou ainda no Diário de Lisboa e no Notícias da Amadora.

Mas Laura Lopes foi também professora, tendo sido afastada do ensino por motivos políticos em 1966, quando leccionava na Escola Comercial e Industrial de Emídio Navarro. Reintegrada no ensino depois de 1974, após um processo atribulado, acabaria por se aposentar enquanto professora, aos 70 anos.

No entanto, e como não podia deixar de ser, parte substancial do livro é dedicado à sua intervenção nas organizações, nacionais e internacionais, em defesa da Paz, disso dando pormenorizado relato baseado em avultada documentação. Militante convicta da Paz, a sua caminhada iniciou-se em 9 de Abril de 1949 quando, numa iniciativa do MUD Juvenil, se decidiu colocar junto ao Monumento dos Mortos da Grande Guerra um pequeno cartaz com a frase "A Juventude luta pela Paz": Laura Lopes foi a escolhida para representar a Faculdade de Direito, tendo sido a única a concretizar o decidido entre os jovens de todas as universidades.

Depois, em 1950, interveio na recolha de assinaturas a favor do Apelo de Estocolmo; representou o Portugal antifascista nas reuniões internacionais da Paz, com destaque para o Congresso dos Povos para a Paz, realizado em Dezembro de 1952, em Viena, onde participou ao lado de Manuel Valadares e de Vasco Cabral, e esteve na fundação do Conselho Português para a Paz e Cooperação, este constituído já depois de 1974.

Através dos movimentos da e pela Paz, é dada atenção, até com alguma minúcia, ao percurso de Maria Lamas, e a Manuel Valadares, a Vasco Cabral, a Silas Cerqueira e a Vasco de Magalhães Vilhena, entre outros membros de delegações portuguesas a reuniões internacionais.

Laura Lopes, que nunca teve televisão, deixa-nos um testemunho que não é neutro, nem isso ela pretende, que merece ser lido enquanto relato de vida de uma mulher que, desde muito nova, se assumiu como cidadã do seu país e do mundo e enquanto documento histórico de parte do século XX, sobretudo da sua segunda metade.