* ARTÍLIO BATISTA *
[1918 - ?]
PRESO ENTRE 1936 - 1939 (PENICHE, ALJUBE, CAXIAS) || 1948 (ALJUBE) || 1949 (ALJUBE) || 1958 (CAXIAS) || 1960 (ALJUBE) || 1971 - 1972 (CAXIAS)
Militante comunista nos anos 30 e resistente antifascista, Artílio Batista foi, entre 1936, quando tinha somente dezassete anos, e 1972, sucessivamente preso por seis vezes e fotografado pela PVDE/PIDE/DGS, passando repetidamente pelo Aljube, Caxias e Peniche, para além de Esquadras da Polícia.
Nunca abdicou do combate à Ditadura, representou o Concelho da Moita no II Congresso Republicano (1969) e preparou uma tentativa de fuga de vários presos políticos de Caxias (1937) e concretizou outra de Peniche (1938), sendo, no entanto, capturado no mesmo dia.
No início da década de 1970, integrou e participou em acções das Brigadas Revolucionárias, juntamente com o filho e outros familiares.
No início da década de 1970, integrou e participou em acções das Brigadas Revolucionárias, juntamente com o filho e outros familiares.
[Artílio Batista || 1936 || ANTT || RGP/3113 || PT-TT-PIDE-E-010-16-3113_P4_m0239d]
Filho de Maria da Graça Martins, natural de São Vicente de Fora, Lisboa, e de Nuno Batista, Artílio Batista nasceu em Setembro de 1918, em Vila Nova da Barquinha.
Serralheiro, com residência na Rua dos Corvos nº 3 - 1 - Lisboa, Artílio Batista começou por ser preso pela Secção Política e Social da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado em 11 de Maio de 1936, quando ainda era menor, encaminhado para uma esquadra e, em 26 do mesmo mês, entrou na 1.ª Esquadra, onde regressaria por mais duas vezes nesse ano.
Depois da passagem por esquadras da PSP e de ter sido mantido em regime de incomunicabilidade, entrou na Fortaleza Militar de Peniche em 28 de Julho de 1936.
Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 18 de Novembro, foi condenado a 23 meses de prisão correccional e na perda de direitos políticos por cinco anos, contabilizados somente quando maior de idade [Processo 699/36].
[Artílio Batista || 1936 || ANTT || RGP/3113 || PT-TT-PIDE-E-010-16-3113_P4_m0239d]
No dia a seguir ao julgamento foi levado para o Aljube, reentrando em Peniche em 20 de Novembro de 1936.
O ano de 1937 seria particularmente agitado quanto a passagens pelas prisões fascistas: 1.ª Esquadra (30 de Março); Aljube (9 de Abril); Caxias (26 de Junho); e Peniche (17 de Novembro), sendo esta última transferência motivada «por ter sido organizador de uma tentativa de fuga de vários presos em Caxias» [ANTT, RGP/3113].
Regressaria a Caxias no ano seguinte, em 23 de Novembro, «ficando ali em regime de isolamento e sem visitas por ter preparado e levado a efeito a evasão de Peniche em 18/11/38, sendo recapturado no mesmo dia».
Embora já tivesse terminado a pena a que fora condenado pelo TME, Artílio Batista foi mantido em prisão preventiva «no regime anteriormente citado, visto ser mal comportado e reincidente na preparação de fugas de outros presos».
Levado para o Aljube em 24 de Março de 1939, só seria libertado em 16 de Julho de 1939, três anos depois de ter sido detido.
[Artílio Batista || 02/03/1948 || ANTT || RGP/3113 || PT-TT-PIDE-E-010-16-3113_P4_m0239c]
Ainda a residir em Lisboa, Artílio Batista seria preso pela segunda vez em 2 de Março de 1948. Enviado para o Aljube, saiu em liberdade condicional em 16 de Março do mesmo mês [Processo 1012/48].
[Artílio Batista || 02/03/1948 || ANTT || RGP/3113 || PT-TT-PIDE-E-010-16-3113_P4_m0239c]
No ano seguinte, envolveu-se activamente na candidatura presidencial de Norton de Matos e, em 22 de Setembro de 1949, foi novamente detido, permanecendo no Aljube até finais desse ano [Processo 1024/49].
Já se encontrava a viver na Margem Sul do Tejo, no Barreiro, quando se deu a quarta prisão, sendo entregue pela GNR à PVDE em 31 de Maio de 1958, provavelmente na sequência da campanha presidencial desse ano, envolvendo as candidaturas oposicionistas de Arlindo Vicente, de quem era apoiante, e de Humberto Delgado [Processo 644/958].
[Artílio Batista || 17/06/1960 || ANTT || RGP/3113 || PT-TT-PIDE-E-010-16-3113_P4_m0239b]
Libertado em 21 de Agosto de 1958, Artílio Batista voltou a ser detido em 17 de Maio de 1960 e encaminhado para o Aljube, donde saiu em 22 de Julho [Processo 832/960]. Esta prisão terá resultado do seu envolvimento com o capitão Almeida Santos, tendo-o visitado no presídio da Trafaria em 1959 e, de certa forma, aderido a eventuais acções militares contra o regime, integrando o núcleo de civis.
[Artílio Batista || 17/06/1960 || ANTT || RGP/3113 || PT-TT-PIDE-E-010-16-3113_P4_m0239b]
Em Maio de 1969, Artílio Batista integrou a representação da CDE do distrito de Setúbal ao II Congresso Republicano, juntamente com Manuel Cabanas (Barreiro), Herculano Pires (Almada) e Joaquim Carreira Tapadinhas (Montijo), apresentando-se pela Moita.
[Artílio Batista || 02/12/1971 || ANTT || RGP/3113 || PT-TT-PIDE-E-010-16-3113_P4_m0239a]
[Artílio Batista || 02/12/1971 || ANTT || RGP/3113 || PT-TT-PIDE-E-010-16-3113_P4_m0239a]
No início da década de 1970, e por intermédio de Isabel do Carmo que o conhecia do Barreiro e sabia da sua "apetência" pela luta armada, Artílio Batista integrou as Brigadas Revolucionárias e participou, com Carlos Antunes, na sabotagem da Base da NATO na Fonte da Telha, em 7 de Novembro de 1971 [Isabel do Carmo, Luta Armada, 2017].
A sexta, e última, prisão de Artílio Batista ocorreu no período marcelista, imediatamente a seguir àquela acção, tendo sido detido pela Direcção Geral de Segurança em 2 de Dezembro de 1971.
A sexta, e última, prisão de Artílio Batista ocorreu no período marcelista, imediatamente a seguir àquela acção, tendo sido detido pela Direcção Geral de Segurança em 2 de Dezembro de 1971.
Recolheu a Caxias e saiu em liberdade em 28 de Fevereiro de 1972.
[Artílio Batista || ANTT || RGP/3113 || PT-TT-PIDE-E-010-16-3113_P4_m0239]
Nesse mesmo ano, em Julho de 1972, também esteve envolvido nos preparativos da acção em que as BR soltaram porcos vestidos de almirante, numa alusão à reeleição de Américo Tomás como Presidente da República.
Apesar da resistência à Ditadura ter sido assegurada por muitos "anónimos" como Artílio Batista, este nome raramente consta dos livros da oposição antifascista: no entanto, foi um daqueles que nunca desistiu de resistir e lutar, tendo uma das vezes sido preso juntamente com a mulher.
O nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.
Apesar da resistência à Ditadura ter sido assegurada por muitos "anónimos" como Artílio Batista, este nome raramente consta dos livros da oposição antifascista: no entanto, foi um daqueles que nunca desistiu de resistir e lutar, tendo uma das vezes sido preso juntamente com a mulher.
O nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.
O seu filho, Artílio Vasco Batista (20/02/1942 - 05/05/2015), sempre se orgulhou do percurso do pai, sendo também um opositor ao regime: nos anos 60, envolveu-se nos movimentos estudantis, tendo sido expulso, após julgamento sumário, da Escola Industrial e Comercial Alfredo da Silva. Posteriormente, foi um dos fundadores e operacionais das Brigadas Revolucionárias.
NOTA: Obrigado a José Marcelino, também ele um resistente e ex-preso político, pela informação e documentação disponibilizadas.
Fontes:
ANTT, Registo Geral de Presos 3113 [Artílio Batista / PT-TT-PIDE-E-010-16-3113_P4_m0239].
[João Esteves]
4 comentários:
Eu é que agradeço por dar a conhecer Artilio Batista como diz um Anónimo mas grande lutador e extraordinário comunicador RECORDO UMA SUA INTERVENÇÃO NAQUELA QUE PENSO TER SIDO a primeira reunião para formação da CDE
O meu Amigo Artílio Batista era um lutador convicto contra o Salazarismo. Foi sempre um homem de princípios. Tenho um respeito imenso pela sua memória e orgulho-me de ter sido seu companheiro na CDE do distrito de Setúbal e de juntamente com ele (Moita) com o Manuel Cabanas (Barreiro), Dr. Herculano Pires (Almada) e eu (Montijo), nós os 4, rrepresentámos o distrito de Setúbal, no II Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro, em Abril de 1969. Desse grupo, talvez por ser o mais novo, apenas permaneço eu. Paz às almas de todos esses companheiros.
😢😥😥💞💞💞saudades do meu avô querido , que tanto lutou pela liberdade e democracia no nosso país, e pelos direitos dos trabalhadores, pelas injustiças ... Nunca mas nunca será esquecido. ..
conheci o filho artilio vasco batista aqui no barreiro,tanto na universidade senior fundada por ele como noutras actividades culturais e desportivas e vi a saber atraves dele que o seu pai artilio batista tinha nasc ido na minha freguesia de PRAIA DO RIBATEJO,e como eu tinha vindo viver para o BARREIRO,dois antifascistas que lutaram pela liberdade do nosso povo e do nosso pais da tirania fascista salazarista,estejam onde estiverem um abraço para os dois,25 de abril sempre,fascismo nunca mais.
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