[2050.] ARTUR GOMES CRESCÊNCIO FERNANDES TEIXEIRA [I] || DEPORTADO PARA O TARRAFAL (1937 - 1944)

* ARTUR GOMES CRESCÊNCIO FERNANDES TEIXEIRA *

[06/03/1901 - ?]

 PRESO EM 1925, 1926, 1932, 1935 E 1937 || "RESPONSÁVEL" PELA SEDE CLANDESTINA DO PARTIDO COMUNISTA EM 1931-1932 || ALJUBE (1937) || ENVIADO PARA O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO TARRAFAL (1937 - 1944) || CAXIAS (1944) 

[Artur Crescêncio Teixeira || 1937 || ANTT - RGP/671 || PT-TT-PIDE-E-010-4-671_m0147]

Filho de Emília Gomes Moita e de António Crescêncio Fernandes Teixeira, Artur Gomes Crescêncio Fernandes Teixeira terá nascido em 6 de Março de 1901, em Castro Daire. 

Conhecido por "O Alfaiate", que era a sua profissão, Artur Crescêncio Teixeira começou por ser por três vezes preso ainda durante o período da 1.ª República, acusado de ser bombista e integrar a Legião Vermelha: em 16 de Junho de 1925, «sob a acusação de ser legionário» [Processo 2732, da PSE]; em 10 de Novembro de 1925, «por ordem superior, sendo solto na mesma data» [Processo 2846, da PSE]; e em 21 de Janeiro de 1926, «por ser bombista e fazer parte da "Legião Vermelha"» [Processo 2867, da PSE; ANTT, Cadastro Político 8136].

[Artur Crescêncio Teixeira || F. 18/06/1925 || PT-TT-PIDE-Policias-Anteriores-1-NT-8902 || "Imagem cedida pelo ANTT"] 

Em 22 de Junho de 1932, seis anos após o triunfo da Ditadura Militar, foi preso quando fazia parte do Grupo Sindical da Associação Fraternal da Classe dos Operários Alfaiates de Lisboa, «por estar envolvido na organização comunista», onde seria o «filiado nº 97 da célula nº 3 do Comité de Zona nº 1 do PCP» [ANTT, Cadastro Político 8136]. 

No âmbito da militância comunista, Artur Crescêncio Teixeira terá sido incumbido por José de Sousa de alugar «uma casa na Rua Cidade Cardiff, nº 34, último andar, onde ficou instalada a sede clandestina do Partido, com arquivo e máquinas», ficando ambos a habitá-la.

[Artur Crescêncio Teixeira || F. 18/06/1925 || PT-TT-PIDE-Policias-Anteriores-1-NT-8902 || "Imagem cedida pelo ANTT"] 

Com a prisão de Bernard Freund em Janeiro de 1932, a sede foi mudada para o nº 54 da Avenida Sacadura Cabral, a qual passou também a ser a sua residência. Aí foi feita, juntamente com José de Sousa e Manuel Francisco Roque Júnior, uma «instalação em cimento armado, apropriada às máquinas, onde imprimiam os manifestos clandestinos».

Foi nessa casa que Artur Crescêncio Teixeira foi preso, sendo «apreendido tudo quanto pertencia ao Partido, inclusive arquivos e máquinas».

Apesar da importância da tarefa que lhe foi atribuída na sede partidária e os conhecimentos que detinha do que lá se passava, a Polícia considerou que a sua actividade seria mais relevante na associação de classe dos alfaiates, onde tinha abandonado há pouco tempo a Direcção «continuando a pertencer ao Grupo de Defesa Sindical» [Processo 460 da SPS; ANTT, Cadastro Político].

[Artur Crescêncio Teixeira || 1937 || ANTT - RGP/671 || PT-TT-PIDE-E-010-4-671_m0147]

Estava para ser deportado para Timor ou Cabo Verde, por parecer do Director Geral da Segurança Pública e anuência do Ministro do Interior [11 de Agosto de 1932], quando foi abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro, sendo libertado em 10 de Dezembro de 1932.

No entanto, o seu Processo terá sido enviado no início de 1933 ao Tribunal Militar Especial, tendo, segundo a obra colectiva Tribunais Políticos, sido julgado em 18 de Agosto de 1934 [Fernando Rosas (Coord.), Tribunais Políticos, Temas e Debates/Círculo de Leitores, 2009, p 299].

Artur Crescêncio Teixeira foi novamente preso pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado em 22 de Março de 1935, «para averiguações», sendo levado para uma esquadra e libertado no dia 25 do mesmo mês [Processo 1395].

Em 10 de Março de 1937, quando já não teria militância activa, foi preso com Albano [ou Álvaro] Pimenta Brás [RGP/6302 - Álvaro Pimenta Brás] e outros elementos, «sob a acusação de promover agitação e propaganda subversivas» [ANTT, Processo Político]. Levado para uma esquadra incomunicável, foi transferido para o Aljube em 21 de Abril.

Segundo a acusação, continuava a ser procurado por militantes comunistas e a estabelecer ligações, tendo mantido contactos, entre outros, com Artur Alfredo Dias [RGP/1072], José de Sousa Coelho [RGP/2074], Joaquim Fernandes Teixeira [RGP/6301] e Reinaldo de Castro [RGP/12951] [Processo 3178].

[Artur Crescêncio Teixeira || 1937 || ANTT - RGP/671 || PT-TT-PIDE-E-010-4-671_m0147]

Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 15 de Maio de 1937 no âmbito do Processo 460, embora tenha sido abrangido pela amnistia de 05/12/1932 na parte referente a ser «militante comunista, mascarando com a sua residência a sede clandestina do Partido e de fazer propaganda subversiva», como estava na posse de uma pistola e de 72 balas aquando da sua captura em 22 de Junho de 1932, foi condenado a dois anos e meio de degredo, ficando depois à disposição do Governo [Processo 14/933 do TME].

Integrou a 2.ª Leva de Presos Políticos deportados para o Tarrafal, embarcando para Cabo Verde em 5 de Junho de 1937.

Apesar de já ter cumprido a pena a que fora condenado e, em 12 de Março de 1940, ter sido despronunciado pelo TME das acusações que constavam do Processo 3178, aquele que tinha motivado a sua última prisão, permaneceu no Tarrafal até 25 de Setembro de 1944, cumprindo mais de sete anos de degredo.

Chegado de Cabo Verde em 1 de Outubro de 1944, seguiu para Caxias e, em 13 de Dezembro, foi entregue as Cadeias Civis Centrais de Lisboa.

NOTA: Atenção ao uso indevido das imagens sem a devida autorização do Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Fontes:

ANTT, Cadastro Político8136 [Artur Gomes Crescêncio Fernandes Teixeira / PT-TT-PIDE-E-001-CX07_m0468, m0468a, m0468b, m0468c].
ANTT, Registo Geral de Presos / 671 [Artur Crescêncio Fernandes Teixeira / PT-TT-PIDE-E-010-4-671_m0147].

ANTT, Livro de Cadastrados - 1, Fotografia 90 [Artur Crescêncio Fernandes Teixeira - 'O Alfaiate' / ca-PT-TT-PIDE-Policias-Anteriores-1-NT-8902_m0010].

ANTT, Livro de Cadastrados - 3, [Artur Gomes Crescêncio Fernandes Teixeira / ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903_m0022].

[João Esteves]