[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

[2064.] EDMUNDO GONÇALVES [I] || PRESO POR SEIS VEZES E DEPORTADO PARA O TARRAFAL, ONDE FALECEU

* EDMUNDO GONÇALVES *
[19/02/1900 - 13/06/1944]

PRESO SEIS VEZES ENTRE 1929 E 1936 || DEPORTADO PARA CABO VERDE (1930 - 1932) || ENVIADO PARA O TARRAFAL ONDE FALECEU (1937 - 1944)

[Edmundo Gonçalves || 1935 ou 1936 || ANTT || PT-TT-PIDE-E-010-7-1214_m0033]

Ex-2.º Sargento, Edmundo Gonçalves foi um resistente que não abdicou de combater a Ditadura Militar e a Ditadura do Estado Novo a partir de, pelo menos, 1929. Apesar de deportado uma primeira vez para Cabo Verde, não desistiu de lutar contra o regime saído do 28 de Maio de 1926 e, em 1937, foi enviado para o Tarrafal, de onde não voltaria.

Filho de Francisca Júlia e de Henrique Gonçalves, Edmundo Gonçalves nasceu em 19 de Fevereiro de 1900, em Lisboa.

Preso pela primeira vez em 13 de Abril de 1929, «por estar comprometido na organização revolucionária de Infantaria 17» [ANTT, Cadastro Político 320; Processo 4322].

Ainda no mesmo ano, em 20 de Dezembro, voltou a ser detido «por ter ligações com elementos revolucionários, entre eles o Tenente Cardoso», sendo libertado em 3 de Março de 1930 [Processo 4472].

Em 30 de Abril desse ano tornou a ser preso, «por suspeita de possuir uma pistola e resistência ao agente captor», e libertado em 10 de Junho «por nada se ter provado» [Processo 4567-A].

Vigiado pelas autoridades policiais, o "Informador Bom" indicou, em 23 de Junho de 1930, que Edmundo Gonçalves «costuma parar na "Brasileira" na companhia de Zacarias José Cordeiro, do sargento Pinho [de Infantaria 17] e do Cabral». 

Em 17 de Julho de 1930, foi preso pela quarta vez «por ser considerado indesejável, sendo entregue ao Ministério da Guerra e proposto ao mesmo Ministério para que lhe seja fixada residência fora do Continente»: «Não foi organizado processo».

Foi-lhe fixada residência obrigatória em Cabo Verde, por motivos políticos, Edmundo Gonçalves foi abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro de 1932, tendo-se apresentado na Polícia em 18 de Janeiro e continuado a viver na Travessa das Laranjeiras, 9. 

[Edmundo Gonçalves || 1935 ou 1936 || ANTT || PT-TT-PIDE-E-010-7-1214_m0033]

Dois anos e meio depois, em 9 de Junho de 1935, «foi preso por ser acusado de ter aliciado sargentos e assistido a reuniões políticas para o bom êxito do movimento revolucionário que estava para eclodir», sendo-lhe aprendido versos que cantaria [Processo 1495]. 

Encerrado no Aljube em 25 de Junho e libertado, por falta de provas, em 15 de Julho, Edmundo Gonçalves foi preso pela sexta vez em 6 de Dezembro de 1936.

[Edmundo Gonçalves || 1935 ou 1936 || ANTT || PT-TT-PIDE-E-010-7-1214_m0033]

Transferido para a 1.ª Esquadra em 2 de Janeiro de 1937, seguiu para Caxias em 22 de Março e, em 17 de Abril, entrou no Aljube.

Julgado pelo Tribunal Militar Espacial em 23 de Abril, foi condenado a quatro anos de desterro [Processo 284/937] e enviado para o Tarrafal, integrando a 2.ª leva de presos políticos. 

Apesar de ter sido condenado a quatro anos, aí permaneceu sete anos e um dia, falecendo em 13 de Junho de 1944, com 44 anos de idade.

Fontes:
ANTT, Cadastro Político 320 [Edmundo Gonçalves / PT-TT-PIDE-E-001-CX08_m0703, m0703a].
ANTT, Registo Geral de Presos 1214 [Edmundo Gonçalves / PT-TT-PIDE-E-010-7-1214_m0033].

[João Esteves]

Sem comentários: