[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sexta-feira, 26 de março de 2010

[0046.] ASSOCIAÇÃO FEMININA DE PROPAGANDA DEMOCRÁTICA [I] || 26/03/1916

* ASSOCIAÇÃO FEMININA DE PROPAGANDA DEMOCRÁTICA || 26/03/1916 *

BERNARDINO MACHADO

Em 26 de Março de 1916, a Associação Feminina de Propaganda Democrática convida as associadas a participarem na manifestação promovida em honra do Presidente da República pelo Grémio da Mocidade Republicana Radical.

[João Esteves]

[0045.] LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS [IX] || 26/03/1912

* LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS || 26/03/1912 *

HOMENAGEM A TEÓFILO BRAGA

Em 26 de Março de 1912, uma comissão da LRMP participa na récita da gala organizada  no Teatro da República em honra de Teófilo Braga.

[João Esteves]

[0044.] MARIA VELEDA [IV] || 26/03/1911

* MARIA VELEDA || 26/03/1911 *

LEI ELEITORAL DA REPÚBLICA

Reflexão de Maria Veleda na "Tribuna Feminina" do jornal O Tempo [26/03/1911, p. 3, cols. 1-2], sobre a primeira lei eleitoral da República. 

Tece considerações críticas sobre Madeleine Pelletier e assume-se como contrária ao sufragismo.


«A propósito da reforma da lei eleitoral
 
Muito se fantasia lá por fora! Ainda não há muito tempo, apareciam as esquinas, em Paris, cobertas de espaventosas affiches, noticiando que a República Portuguesa, a dois dias da sua proclamação, resolvera conceder o voto às mulheres. // Madame Pelletier, justamente surpreendida, abalou de longada, caminho deste país extraordinário, que, marchando, aliás, na retaguarda do progresso,  dava a todos os países civilizados uma lição de igualdade tão estrondosa e tão completa. // «Devem ser prodigiosas as mulheres portuguesas» diria de si para consigo a ilustre propagandista do sufrágio feminino. «É impossível que as mulheres portuguesas não disponham de um partido feminista devidamente organizado, muito embora, nos congressos internacionais onde temos reivindicado os nossos direitos, elas brilhassem sempre pela ausência. No seu país, essas mulheres privilegiadas terão realizado importantes comícios, feito uma intensiva propaganda a favor do ideal. Devem ser modelares as feministas portuguesas; e o governo republicano, que lhes concedeu o sufrágio, deve ser o governo mais progressivo do mundo!» // É provável que madame Pelletier levasse para a sua terra alguma desilusão... Pelo menos, num artigo que publicou num jornal francês, e foi reproduzido na Capital, a ilustre escritora burilava frases discretamente irónicas, que alvejavam alguns dos nossos políticos mais em evidência. Madame Pelletier declarava, por exemplo, que o dr. Afonso Costa não era feminista, e que o dr. Bernardino Machado o era a seu modo... // É que, para o feminismo de madame Pelletier, todo aquele que não defenda o sufrágio, não é feminista. // Não conhecemos a opinião do doutor Afonso Costa nem a do doutor Bernardino Machado sobre o sufrágio, mas se o último se tem revelado sincero e convicto feminista em teoria, o dr. Afonso Costa realizou num brevíssimo lapso de tempo algumas das mais importantes reivindicações feministas e que mais interessam à vida sentimental da mulher. A lei da família e a lei sobre o divórcio não viriam melhorar bastante a situação da mulher portuguesa? A lei da família, que nivela os filhos bastardos com os filhos legítimos e levanta a mulher sem esposo e sem coroa virginal, que o preconceito enjeita e despreza, à dignidade augusta de Mãe, não foi um avanço importantíssimo no caminho da emancipação feminina? // Mas o voto interessa mais as sufragistas; e madame Pelletier retirou-se de Portugal, levando, certamente, as suas primeiras previsões muito abaladas... // Agora, é um jornal inglês que noticia ter o governo da República concedido o voto às mulheres portuguesas, acrescentando ainda que uma importante sociedade feminista celebrou este triunfo em reunião especial... // E enquanto estas deliciosas fantasias vão marchetando de purpura e ouro o azul diáfano da ilusão, as mulheres portuguesas continuam vivendo tranquilamente, burguesmente a sua existência igual e monótona... // Publicada a nova lei eleitoral, algumas mulheres haveria que a lessem com certa curiosidade r interesse. Não pertencemos nós a este número. A lei passou-nos despercebida; e se uma nossa colega não nos escrevesse sobre o assunto, calculando que devêssemos estar satisfeitíssimas, porque a lei eleitoral continuará excluindo as mulheres do direito do voto, ainda neste momento ignoraríamos essa, ao que parece, suprema injustiça do Governo da República. // Injustiça... será. Realmente, perante a lógica e o princípio de igualdade por que devemos nortear-nos, não é admissível que qualquer lapuz ignorante seja eleitor e uma mulher ilustrada o não seja. Isto está sobejamente discutido, e não temos a estulta pretensão de convencer os inconvencidos, que a nenhuma razão se dobram e persistem nas suas opiniões, menos por convicção do que por espírito de rotina. De resto -, mais uma vez o dizemos -, não nos preocupa a questão do sufrágio, que pode ter razão de existir noutros países mais cultos, mas que apenas começa a revelar-se, muito timidamente, em Portugal. // Não basta que meia dúzia de senhoras cultas reclamem o direito do voto, para que qualquer governo lho conceda como um mimo – uma caixinha de bombons, ou um raminho de violetas. // Não basta que um grupo interprete o sentir da minoria – é preciso que essa minoria dê, pelo menos, sinais da sua existência. // Uma lei não se atira ao acaso, para o meio da multidão. E onde estão essas mulheres que reclamam o direito ao voto? Onde apareceram elas a reivindicar esse direito? // As inglesas, por todos os meios ao seu alcance, desde a propaganda falada e escrita à propaganda pela força e pela violência, ora realizando meetings, ora assaltando o Parlamento, sujeitando-se aos maiores vexames, não as intimidando a prisão, e ganhando terreno dia a dia, são dignas de admiração e respeito. Combatem por um princípio de igualdade, e por mais que tenham tentado inutilizá-las pelo ridículo, elas prosseguem altivamente na sua campanha. Presentemente, as inglesas estão esperançadas em que o Conciliation Bill, que foi redigido por cinquenta deputados, passe este ano no Parlamento. // Mas falaremos mais de espaço sobre este assunto. // Na França, a propaganda feminista tem-se feito, revestindo o mesmo carácter sufragista. As francesas, porém, como as inglesas, podem lutar contra um meio hostil às suas reivindicações, porque o partido dispõe de muitas mulheres com aptidões literárias e científicas, dispõe de numerosas oradoras e incansáveis propagandistas, dispõe de dinheiro, que é a mola real de todos os cometimentos. // E nós? Onde estão as nossas oradoras? Como se tem feito a nossa propaganda? Em que comício defendemos já os nossos direitos? Quando nos fizemos representar num congresso? Onde nos manifestámos publicamente? // O que temos feito – meia dúzia de artigos publicados, duas ou três reclamações assinadas por seis ou oito nomes, não representa não pode representar a vontade sequer da mais insignificante minoria. // Apareçam as oradoras, façam-se conferências – não por homens, que é deprimente esperar deles a obra que deve ser nossa, exclusivamente nossa – revolucione-se a opinião, faça-se a propaganda, como a fazem as feministas estrangeiras, organizem-se manifestações públicas, realizem-se comícios, prove-se, finalmente, que as mulheres portuguesas estão educadas para reivindicarem os seus direitos, e só então, se o governo persistir em recusar-no, poderá dizer-se que praticou uma revoltante injustiça. // Pela propaganda escrita, nunca as sufragistas portuguesas conseguirão o que pretendem – já porque é limitadíssimo o número das nossas escritoras, já porque, só por meio de actos, mais ou menos irreverentes, mais ou menos corajosos, conseguirão impor-se e dominar o preconceito. // É o que acontece em Inglaterra, onde apenas dois jornais se referiram a um substancioso discurso, sobre sufrágio feminino, proferido na câmara dos Pares por um notável homem político, ex-ministro e o leader da oposição. // Não somos sufragistas, repetimos, por coerência com os princípios que professamos, mas se o fossemos e quiséssemos triunfar, adoptaríamos a atitude das mulheres  inglesas, caso pudéssemos contar com a coragem e a dedicação das restantes partidárias do sufrágio feminino. // Maria Veleda.»

[O Tempo || 26/03/1911]

[João Esteves]

[0043.] MARIA CLARA CORREIA ALVES [I] || 26/03/1911

* MARIA CLARA CORREIA ALVES || 26/03/1911 *

GRÉMIO LUSITANO || 26/03/1911

[Maria Clara Correia Alves || 1869 - 02/02/1948]

Maria Clara Correia Alves integra o núcleo de oradores da sessão do Grémio Lusitano, em honra do Governo Provisório da República e da promulgação da Lei do Registo Civil obrigatório, tendo abordado o "papel da mulher na família, agradecendo ao sr. dr. Afonso Costa tudo quanto tem feito a favor do seu sexo". 

Realizada em  26 de Março de 1911, é presidida por Magalhães Lima, Grão-Mestre da Maçonaria.


[O Mundo || 25/03/1911]

[O Mundo || 26/03/1911]

[O Mundo || 27/03/1911]

[O Tempo || 27/03/1911]

[João Esteves]

[0042.] LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS [VIII] || 26/03/1911

* LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS || 26/03/1911 *

A LRMP é convidada a participar na festa de homenagem a Almirante Reis e Miguel Bombarda, organizada no Coliseu dos Recreios pela Associação do Registo Civil.

[João Esteves]

[0041.] LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS [VII] || DIVÓRCIO - 26/03/1909

* LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS || 26/03/1909 *

A LRMP começa a distribuir as listas a pedir a discussão da Lei do Divórcio no Parlamento.

«Liga Republicana das Mulheres Portuguesas

Começaram a ser distribuídas as folhas destinadas a colher assinaturas para a representação ao parlamento, pedindo a discussão da lei do divórcio, promovida por esta Liga.
Quem quiser auxiliar esta propaganda, que não tem carácter político, e sim um acto de moralidade social, pode requisitar os impressos na sede provisória da Liga, Rua do Ouro, 266, 2.º E.
Encontram-se as folhas para recolher assinaturas, nos seguintes:
Sede da Liga; Livraria Central, Gomes de Carvalho, Rua da Prata; Biblioteca de Educação Nacional, Abel d’Almeida, R. do Alecrim, 80; Livraria Editora, Guimarães & C.ª, Rua de S. Roque, 68-70; Camisaria Coelho, Rua Augusta, 260; Farmácia Normal, Rua da Prata, 220; Drogaria Correia, Rua de S. Joaquim, ao Calvário, 77; Farmácia Conceição Rocha, Rua Luís de Camões, a Santo Amaro; Casa A. Ferreira, Rua da Junqueira, 227, Papelaria Bécarre, Rua Nova do Almada.».

[A República || 26/03/1909]

[João Esteves]

quinta-feira, 25 de março de 2010

[0040.] CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS [III] || 25/03/1917

* CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS || 25/03/1917 *

Assembleia geral do CNMP de 25 de Março de 1917, procedendo-se à eleição dos novos corpos gerentes: Adelaide Cabete - Presidente da Direcção; Regina Quintanilha - Presidente da Assembleia Geral; Persina de Vasconcelos - Presidente do Conselho Fiscal.

[João Esteves]

[0039.] CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS [II] || 25/03/1916

* CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS || 25/03/1916 *

Realiza-se, em 25 de Março de 1916, a assembleia geral do CNMP, presidida por Claudina de Almeida e secretariada por Maria Brasão e Maria Emília Baptista Ferreira.

«Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas

Reuniu, sob a presidência da sr.ª D. Claudina de Almeida, secretariada pelas sr.as D. Maria Brasão e D. Maria Emília Baptista Ferreira, a assembleia geral deste Conselho.
Lida a acta da sessão última e o expediente, donde se destacava uma carta da sr.ª D. Adelaide Cabete explicando a sua ausência, e um telegrama da distinta advogada D. Regina de Quintanilha, foi apresentada, pela sr.ª D. Cândida de Aguilar Santos, uma proposta para a formação duma comissão de senhoras, com o fim de prestar assistência às crianças das escolas infantis, sendo preferidos os filhos dos mobilizados. Foi aprovada por unanimidade.
A secretária-geral Maria Clara Correia Alves felicita-se por ver partir do Conselho uma iniciativa tão nobre e altruísta e põe desde logo seu préstimo ao serviço dessa ideia. Pela sr.ª D. Persina de Vasconcelos foi proposto que se lançasse na acta um voto de sentimento pela doença do sócio honorário sr. Dr. Magalhães Lima.
Em seguida a secretária geral lê o relatório anual da comissão administrativa. Antes, porém, faz largas considerações acerca do desenvolvimento do Conselho, apontando as dificuldades imensas que tem sido preciso vencer. Confronta o que aqui se passa com o que se faz, lá fora, nas instituições congéneres, manifestando a sua mágoa profunda.
A propósito cita que numa revista inglesa recebida nesse mesmo dia se eleva o nosso iletrismo feminino a 98,6! Como se os 80% nos não bastassem! Depois de ler ainda a conta da receita e despesa do ano de 1915, dá notícia da despedida justificada da tesoureira sr.ª D. Aurora Silva e propõe para a substituir, até se realizarem as novas eleições, a sr.ª D. Maria Amália Baptista Ferreira, que, gentilmente, aceitou o encargo, tomando logo conta da escrituração e saldo existente. Lido depois o balancete do último trimestre, usaram ainda da palavra algumas sócias, sendo em seguida encerrados os trabalhos, às 22 horas e meia.».

[Boletim Oficial do CNMP, n.º 6, Maio de 1916, p. 71]

[João Esteves]

[0038.] CAROLINA BEATRIZ ÂNGELO [I] || MARIA VELEDA [III]

* CAROLINA BEATRIZ ÂNGELO || 25/03/1911 *

O jornal A Capital publica, em 25 de Março de 1911, uma entrevista com a médica Carolina Beatriz Ângelo.


«No Limiar Da Urna - As mulheres querem entrar! - ‘Se a lei não nos abre a porta, também não nos põe na rua’ - Assim o entende uma denodada sufragista portuguesa

 [...] // A notícia é nova em folha e podia, portanto, ser dada com mais preâmbulos. Como, porém, não queremos torturar a curiosidade do leitor, aqui lha servimos sem rodeios: a mulher portuguesa não se conformou com os severos artigos e parágrafos da lei eleitoral, que lhe recusam a liberdade de voto. Reage, e... vai tentar a escalada da urna! Será feliz nessa arriscada empresa, que muitos de nós, os fortes, não teríamos coragem de abordar? Terá, para isso, de empregar heróicos esforços, cujos ecos façam gemer os prelos da Europa inteira? // À primeira pergunta responderá o futuro. À segunda respondemo-lhes nós, pela boca duma das nossas mais sinceras democratas - a distinta médica sr.ª D. Carolina Beatriz Ângelo.

*
A inteligente sufragista não quis acreditar nos seus ouvidos quando lhe dissemos - que sabíamos tudo. Evidentemente, ela tinha o seu segredo - porque, por enquanto, é um segredo! - fechado a sete chaves, e julgava-o até inatingível pela diabólica indiscrição do repórter. Caiu, por isso, das nuvens. E, conquanto não tivesse a crueldade de nos obrigar a dizer o nome do nosso informador, íamos jurar que ainda mesmo agora o não sabe - nem talvez o venha a saber. Entretanto, gentilmente confessou que a nossa informação era exacta, passando a expor-nos em poucas palavras o seu plano - que, afinal, é bem simples. // - A nossa intenção - começou ela - não é pedir agora ao governo que introduza modificações na lei. De forma alguma. Nós propomo-nos tomar parte no sufrágio eleitoral, mas sem que para isso seja necessário alterar uma vírgula do decreto. // E, perante a nossa sincera estupefacção, a ilustre feminista explica: // - A lei eleitoral, conquanto não nos abra a porta, também nos não dá com ela na cara. Esse facto é que talvez o senhor não tenha notado e por isso se admira tanto. Pois leia a lei e verá. Encontram-se ali artigos e parágrafos para determinar quem pode ser eleitor e artigos e parágrafos para mostrar quem pode ser elegível; explica-se ali que tal e tal não pode votar porque é menor ou não tem folha corrida, e que tal e tal não pode ser eleito porque desempenha determinados cargos. O que, porém, ali se não diz é que tal e tal não pode ser eleito ou eleitor... pelo facto de ser mulher. Ora, se assim é, porque motivo hão-de as mulheres ser excluídas da urna? // Achámos curioso o argumento, mas, como é natural, mais uma vez nos mostrámos incrédulo. Porém, a nossa ilustre entrevistada prossegue: // - Bem sei o que me vai dizer. Que se a lei não menciona os sexos é porque se subentendia que só dos homens se tratava. Efectivamente, assim parece, e decerto foi essa mesma a impressão do legislador. Mas a verdade é que, juridicamente, não é assim. Devo esclarecê-lo que, antes de tomar a resolução de reclamar, consultei o meu advogado . E conquanto tenha compreendido - faça-me a justiça de o acreditar - que, na intenção da lei, estão as mulheres irremediavelmente excluídas, nem por isso deixaremos de apresentar o nosso protesto, quando mais não seja para obrigar o ministro... a publicar um esclarecimento à mesma lei. Se o não fizer nem formos atendidas, resta-nos a consolação de dizer que a lei deixou de ser observada. // - Evidentemente, é isso que vem a acontecer. Publica-se o esclarecimento... e nada feito. // - Decerto. Nós também não contamos com outra coisa. Mas, ao menos, cumpre-se a lei; e com isso nos contentamos, por agora... // - Por agora... // - Naturalmente. O facto de termos sofrido agora uma decepção - porque foi uma decepção - não basta para nos prostrar desalentadas. Continuaremos, com mais tenacidade que nunca, a pugnar pelo que reputamos um sacratíssimo direito - o voto das mulheres. Bem sei que nos tentam tapar a boca com o eterno argumento: a mulher não está suficientemente educada para intervir na política do país. De acordo. Nós também não reclamamos desde já o voto para todas. Reclamamo-lo para aquelas cuja ilustração e inteligência as colocam em circunstâncias iguais ou superiores às dos homens. E não se pode dizer que isso afectaria os princípios da igualdade, visto que também entre os homens se faz idêntica selecção. // O voto das mulheres - continua a nossa amável interlocutora - é absolutamente indispensável numa sociedade bem constituída e especialmente num país onde se implantaram os princípios da democracia. A experiência é cheia de factos que o comprovam. Toda a gente sabe que a entrada das mulheres em certos parlamentos, como por exemplo os da Noruega, contribuiu enormemente para a diminuição do alcoolismo. É que há questões e problemas no organismo de um povo que só as mulheres podem compreender eficazmente. E se as mulheres já têm o direito de intervir na arte, no funcionalismo, na ciência, em todos os ramos, enfim, da actividade humana, porque razão hão-de deixar de intervir na política, que é o principal factor de toda a engrenagem social? // A sr.ª D. Beatriz Ângelo falava agora com outra animação, e decerto prosseguiria na sua bela defesa das regalias feministas. Eram, porém, horas de seguir para o seu consultório médico, onde certamente a aguardavam já numerosos clientes. Urgia, portanto, por termo às suas interessantes considerações. Mas, como ainda lhe dirigíssemos mais uma pergunta sobre a reclamação a fazer ao governo, a ilustre senhora gentilmente nos esclarece: // - Trata-se dum requerimento em forma, condimentado com os necessários argumentos justificativos. É elaborado por mim e deve ser entregue dentro de breves dias. // E com estas palavras pôs termo à agradável palestra, da qual fornecemos ao leitor os pontos mais interessantes. // R. J.».
[A Capital, 25/03/1911]

* MARIA VELEDA || 25/03/1908 *

A Vanguarda transcreve, em 25 de Março de 1908, do periódico A Beira, de Viseu, um texto em defesa de Maria Veleda, atacada pelo seu artigo "A propósito...".

[Vanguarda || 25/03/1908]

[João Esteves]

[0037.] LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS [VI] || 24/03/1912

* LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS || 24/03/1912 *

HOMENAGEM A TEÓFILO BRAGA

A Liga Republicana das Mulheres Portuguesas associa-se à homenagem nacional a Teófilo Braga, fazendo parte da comissão organizadora, juntamente com o Centro Escolar Republicano Magalhães Lima. 

Integra-se no cortejo cívico e realiza uma festa infantil no Jardim da Estrela.


[O Mundo || 23 de Março de 1912]

[João Esteves]

[0036.] ANA DE CASTRO OSÓRIO [IX] || "Por Alto" - 24/03/1908

* ANA DE CASTRO OSÓRIO

"Por Alto"

A República || 24/03/1908

Texto de Ana de Castro Osório no jornal A República de 24 de Março de 1908: “Por Alto”.

[A República || 24/03/1908]

[João Esteves]

[0035.] ANA DE CASTRO OSÓRIO [VIII] || 1872 - 1935

* ANA DE CASTRO OSÓRIO *
[18/06/1872 - 23/03/1935]

[Álbum Republicano || 1908]

Morre, em Lisboa, Ana de Castro Osório.

Escritora, editora, pedagoga, publicista, republicana e feminista, nasceu em Mangualde, em 18 de Junho de 1872, e faleceu em Lisboa, em 23 de Março de 1935, com 62 anos de idade. 

Marcou as primeiras três décadas do século XX, fruto duma ininterrupta e intensa actividade literária, cívica, política e feminista.

Filha do juiz e bibliófilo João Baptista de Castro e de Mariana Osório de Castro Cabral e Albuquerque, Ana de Castro Osório foi influenciada pelo ambiente cultural, histórico e socioeconómico em que cresceu, tratando-se duma família que cultivava os laços entre os seus membros e onde se discutiam as questões de forma aberta e frontal, como prova a correspondência trocada entre todos durante dezenas de anos.

Acompanhando os pais, passou a residir em Setúbal em 1895, cidade onde assumiu a condição de escritora quando tinha 23 anos e casou, em 10 de Março de 1898, na Igreja de Nossa Senhora da Anunciada, com o poeta e republicano Francisco Paulino Gomes de Oliveira [22/06/1864-13/03/1914]. 

Do enlace, nasceram João de Castro Osório e Oliveira [1899-1970], que desde muito novo revelou vocação para as letras, destacou-se como doutrinador político conservador na década de 20, e José Osório de Castro e Oliveira [27/08/1900-1964], escritor que casou com a cantora lírica Raquel Bastos. Embora filhos de destacados republicanos, ambos estiveram associados ao Manifesto Nacionalista de 1919 e, em 1922, João de Castro Osório publicou A Revolução Nacionalista.

O interesse literário de Ana de Castro Osório intensificou-se com o convívio quotidiano de alguém com quem partilhava os mesmos interesses culturais e colaborou com o marido em diversas iniciativas e negócios. O ambiente familiar tornou-se propício à actividade intelectual e, por isso, lutou para que as outras mulheres usufruíssem das mesmas condições, fruto de uma educação privilegiada para a época, pugnando, tanto nos escritos, como na intervenção associativa, pela emancipação social e económica das mulheres. Escreveu muito. Publicou e distribuiu gratuitamente centenas de exemplares dos folhetos genericamente intitulados A Bem da Pátria, nomeadamente As mães devem amamentar seus filhos e A educação da criança pela mãe.

Identificada como uma das fundadoras da literatura infantil em Portugal, e por não ter encontrado editor, publicou-a à sua custa mediante a criação da Casa Editora Para as Crianças: responsabilizou-se por todos os encargos editoriais e assumiu as tarefas relacionadas com a venda e distribuição dos contos e histórias para os mais pequenos. Posteriormente, fundou as Edições Lusitânia. Diversos livros seus foram adoptados como manuais escolares, quer em Portugal, como em estados do Brasil: A Minha Pátria (1906); Viagens Aventurosas de Felício e Felizarda ao Brasil.

Fundadora da Escola Liberal de Setúbal e maçon desde 1907, integrando a Loja Humanidade, Ana de Castro Osório foi igualmente uma das impulsionadoras do associativismo feminista, ao promover, em meia dúzia de anos, a criação do Grupo Português de Estudos Feministas (1907), da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (1908) e da Associação de Propaganda Feminista (1911). Com o deflagrar da I Guerra, criou a Comissão Feminina Pela Pátria (1914), destinada a trabalhar a favor dos soldados mobilizados e suas famílias; fundou a loja maçónica feminina Carolina Ângelo (1915); e organizou a Cruzada das Mulheres Portuguesas, iniciativa de Elzira Dantas Machado (1916). Na batalha pela implantação da República, escreveu amiudadamente na imprensa diária, proferiu conferências, participou em comícios e secretariou eventos e sessões solenes. Empenhou-se, em 1909 e 1910, na obtenção da Lei do Divórcio e terá sido consultada por Afonso Costa quando este a concretizou em 3 de Novembro de 1910.

Em 1911, aquando da nomeação de Paulino de Oliveira como Cônsul de Portugal em São Paulo, passou a residir no Brasil, onde se manteve até à morte do marido, em 13 de Março de 1914, vitimado pela tuberculose. Aí manteve-se intransigente defensora da República, o que originou polémicas com membros da comunidade portuguesa, continuou empenhada na divulgação dos ideais feministas, bem como da sua literatura, e participou, com o esposo, no Congresso de Instrução Pública de Belo Horizonte.

De regresso a Portugal, fixou residência em Lisboa, no prédio onde vivia a família, na Rua do Arco do Limoeiro, que rapidamente se transformou na sede das actividades desenvolvidas por Ana de Castro Osório enquanto feminista, escritora e activista da Cruzada das Mulheres Portuguesas. Aliás, revelou-se, desde 1914, uma convicta defensora da intervenção de Portugal no conflito mundial: escreveu amiudadamente sobre ele e procurou reunir a elite feminina de todo o país em torno desse desígnio patriótico.

O carisma e relevância intelectual levaram a que fosse escolhida como delegada da Câmara Municipal de Cuba ao Congresso Municipalista de Évora (1915), onde apresentou a Tese “A Mulher na Agricultura, nas Indústrias Regionais e na Administração Municipal”.

No ano seguinte, foi nomeada pelo Ministro do Trabalho, António Maria da Silva, Subinspectora dos Trabalhos Técnicos Feminino, único desempenho que se lhe conhece atribuído pelos governos republicanos: apesar de ter sido contestada pela associação de classe das costureiras, numa polémica em torno da aplicação da legislação sobre os serões, aproveitou para incentivar as pequenas indústrias caseiras e regionais de rendas, tapetes e doces.

Recusou ser condecorada com a Ordem de Santiago, atribuída pelo governo da República em 1919, mas aceitaria, já durante o Estado Novo, ser condecorada com a Ordem de Mérito Agrícola e Industrial. A década de vinte é sobretudo marcada pela sua vontade de se afirmar como escritora reconhecida a nível nacional e no Brasil, regressando a este país em 1922 para proferir uma série de conferências no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Reuniu-as em 1924 no livro A Grande Aliança, título demonstrativo do sonho antigo de concretizar a aproximação cultural entre os dois países separados pelo Atlântico.

Deixou centenas de artigos espalhados pela imprensa de todo o país e chegou a acalentar o desejo de se tornar numa colaboradora paga dum grande jornal diário, tendo-o confidenciado a seu pai no início do século XX. Colaborou em dezenas de periódicos.

Quando faleceu, morava na Rua Augusto Rosa, 17, 2.º, onde alternava com a residência do Estoril. 

Enterrada no jazigo de família, no cemitério do Alto de S. João, associaram-se à última homenagem personalidades políticas do regime; militares (general Ferreira Martins, comandante Jaime Athias, general Luís Domingues, tenente-coronel Marcelino Afonso, capitão Osvaldo de Andrade, general Vieira da Rocha); intelectuais; homens de letras (Aquilino Ribeiro, Carlos Lemos, viúvo da feminista Beatriz Pinheiro de Lemos, Fernando Pessoa, Hernâni Cidade, João de Barros), das artes e da ciência; assim como antigas companheiras dos combates feministas, das lides jornalísticas e do mundo da escrita e das tertúlias. Entre estas, destacavam-se Albertina Paraíso, Amélia Teixeira, dinamizadora da revista Portugal Feminino, Beatriz Arnaut, poetisa e activista do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, Eduarda Lapa, Elmana Trigo de Brito, professora de música e companheira na Liga e na Associação de Propaganda Feminista, Emília de Sousa Costa, Fernanda de Castro, Maria Pereira de Eça, Maria Veleda, Regina Quintanilha, a primeira advogada portuguesa, Teresa Leitão de Barros, então escritora destacada e dirigente do CNMP, e Virgínia Quaresma, a primeira jornalista profissional portuguesa, que tinha colaborado estreitamente com a falecida na Sociedade Futura e na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas.

Participaram igualmente representantes da Cruzada das Mulheres Portuguesas e da Liga dos Combatentes da Grande Guerra – aliás, o papel desenvolvido pela escritora durante o conflito mundial que decorreu entre 1914 e 1918 foi reconhecido com a inauguração na sede desta última de um busto de Ana de Castro Osório

Dirigiu o funeral Hermínio do Nascimento e as palavras derradeiras couberam ao professor Simões Raposo e à advogada Regina Quintanilha, em nome da Cruzada das Mulheres Portuguesas.

Sobre a sua vertente enquanto escritora para crianças, educadora e pedagoga, ver a entrada do Dicionário de Educadores Portugueses, editado pela ASA (2003) sob a direcção de António Nóvoa.

[v. João Esteves, "Ana de Castro Osório", Dicionário no Feminino (séculos XIX-XX), Lisboa, Livros Horizonte, 2005, pp. 91-99]

[João Esteves]

[0034.] ADELAIDE CABETE [II] || 23/03/1925

* ADELAIDE CABETE || SAMPAIO E MAIA *

[Sampaio e Maia]

Portaria do Ministro do Trabalho, [Ângelo de Sá Couto da CunhaSampaio e Maia [21/05/1886 - 19/12/1970], que reconhece Adelaide Cabete como representante do Governo português no Congresso Internacional Feminista de Washington, organizado pela ICW. 

[João Esteves]

[0033.] CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS [I] || 23/03/1918

* CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS || 23/03/1918 *

A assembleia-geral de 23 de Março de 1918 do CNMP não se realiza, por falta de quórum. Fica adiada para o dia 6 de Abril.

[João Esteves]

[0032.] ANA DE CASTRO OSÓRIO [VII] || 23/03/1917

* ANA DE CASTRO OSÓRIO || 23/03/1917 *

O MOVIMENTO FEMININO

Artigo de Ana de Castro Osório em O Mundo datado de 23 de Março de 1917: “O movimento feminino” [p. 1, cols. 8-9].

[João Esteves]

[0031.] LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS [V] || 23/03/1911

* LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS || 23/03/1911 *

O Mundo informa que a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas tenciona agradecer ao ministro do Interior e ao director geral de instrução secundária, superior e especial a nomeação de duas senhoras para a Biblioteca Nacional de Lisboa.

[João Esteves]

[0030.] LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS [IV] || 23/03/1911

* LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS || 23/03/1911 *

REVISÃO DOS ESTATUTOS || CAIXA GERAL DO TRABALHO

Assembleia geral extraordinária da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas para modificação dos Estatutos, sendo abolido, por 107 votos contra 60, o art.º 11 dos antigos Estatutos e § único do 3.º ponto do art.º 20.º do novo regulamento. 

É nomeada uma comissão, composta por Antónia de Jesus da Silva, Berta Vilar Coelho, Maria Adelaide Costa, Maria Gil do Nascimento e Maria Veleda, a fim de organizar uma Caixa Geral do Trabalho, destinada aos operários.

[João Esteves]

[0029.] DIVÓRCIO || "JORNAL DA MULHER" - 23/03/1910

* DIVÓRCIO *

"JORNAL DA MULHER" || 23/03/1910

O “Jornal da Mulher” pronuncia-se, em 23 de Março de 1910, sobre “O clero e o divórcio” [O Mundo, p. 5, cols. 1-7].

[João Esteves]

[0028.] MARIA DA SILVEIRA [I] || PRESA POR MOTIVOS POLÍTICOS EM 1932

* MARIA DA SILVEIRA *

Detida, em 22 de Março de 1932, pela Polícia Política. 

Filha de Rosa Pereira e de Joaquim da Silveira, nasceu em 1882, na Covilhã. 

Divorciada, com 50 anos e residência na Rua Jardim do Regedor, foi presa para averiguações pela Polícia Internacional Portuguesa em 22 de Março de 1932, por viver maritalmente com Júlio César Leitão e acompanhá-lo no momento da detenção deste barbeiro, que tinha trazido do Brasil métodos conspirativos e integrava o restrito núcleo dirigente do Partido Comunista. 

Libertada no dia seguinte, porque «no seu auto de declarações não se fez prova de que tivesse qualquer cumplicidade nos manejos comunistas do seu amante.».

[Comissão do Livro Negro sobre o Regime Fascista, Presos Políticos no Regime Fascista II – 1936-1939, Mem Martins, 1982, p. 417]

[0027.] BRANCA DE GONTA COLAÇO [I] || 1880 - 1945

* BRANCA EVA DE GONTA SYDER RIBEIRO COLAÇO *

[08/07/1880 - 22/03/1945]

Morre, com 64 anos de idade, a escritora Branca Eva de Gonta Syder Ribeiro Colaço.

Filha de Tomás Ribeiro e de Ann Charlotte Syder, a poetisa Branca de Gonta Colaço nasceu em Lisboa em 8 de Julho de 1880 e casou, em 1898, com o pintor Jorge Colaço.

Escritora conceituada, cujas opiniões monárquicas expressou nos periódicos O Dia e O Talassa, militou activamente no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas a partir de meados da década de 20 e colaborou na revista Alma Feminina, onde assinou textos sobre Carolina Michaëlis de Vasconcelos e Adelaide Cabete.

Presidiu, durante anos consecutivos, às Secção da Paz (1928-1934) e de Arte (1936, 1937).

Foi incluída, com obras diversificadas, na “Exposição de Livros Escritos por Mulheres”, organizada pela agremiação na Sociedade Nacional de Belas Artes em 1947. 

Tal como outras escritoras suas contemporâneas, recebeu a Ordem de Santiago de Espada. 

[Novidades || 23/03/1945]

domingo, 21 de março de 2010

[0026.] ELVIRA MENDONÇA [I] || PRESA POLÍTICA NA DÉCADA DE 1930

* ELVIRA MENDONÇA *

Em 21 de Março de 1936 é presa, pela segunda vez, Elvira Mendonça.

Nascida em 1 de Agosto de 1883, na Póvoa de Santa Iria, foi presa duas vezes pela Polícia de Segurança Pública na década de 30, quando era viúva, acusada de “ligações comunistas”. 


[Elvira Mendonça || ANTT || RGP/2632 || PT-TT-PIDE-E-010-14-2632]

Já quinquagenária, a primeira verificou-se em 13 de Fevereiro de 1936, mas foi libertada pouco depois, no dia 28; enquanto a segunda, deu-se imediatamente a seguir, em 21 de Março, donde resultou julgamento pelo Tribunal Militar Especial em 21 de Dezembro e condenação a 22 meses de prisão correccional. 

Solta em 28 de Dezembro de 1937, terá morrido poucos anos depois: José Dias Coelho, no livro A Resistência em Portugal, inscreveu o seu nome na lista daqueles que “morreram às mãos da PIDE ou em consequência das torturas” [p. 77].

Rose Nery Nobre de Melo inseriu a “Biografia Prisional” no livro Mulheres Portuguesas na Resistência.

[João Esteves]

[0025.] MARIA O'NEILL [I] || 1873 - 1932

* MARIA DA CONCEIÇÃO INFANTE DE LACERDA PEREIRA DE EÇA CUSTANCE O’NEILL *

[19/11/1873 - 21/03/1932]

Morre em 21 de Março de 1932, no Oceano Atlântico, quando regressava do Brasil, a escritora, poetisa, conferencista e propagandista republicana, socialista, feminista e espírita Maria da Conceição Infante de Lacerda Pereira de Eça Custance O’Neill.

Filha de Carlos Torlades O’Neill e de Maria Carlota Infante de Lacerda Pereira de Eça, Maria O’Neill nasceu em Lisboa, a 19 de Novembro de 1873. 

Para além da actividade literária, tendo começado a publicar nova e com regularidade anual, da colaboração em periódicos – Actualidades, Alma Feminina, Almanaque das Senhoras (1921-1924), Bem Público, Brasil-Portugal, Correio da Europa, Espiritismo, Ilustração Portuguesa, Intransigente, Jornal da Mulher, Pensamento, Prosa e Verso, Sátira, Serões, O Soneto Neo-Latino, A Vida Elegante (1915), Zig-Zag – e de ter sido directora do Almanaque da Senhoras (1911-1925) e do Almanaque Ilustrado, não descurou a intervenção associativa, cívica e política.

Em Maio de 1919, durante o 4.º Congresso da Região do Sul do Partido Socialista, Maria O’Neill é referenciada como militante socialista: apresentou, na sessão nocturna do dia 2, a tese “A acção da mulher no socialismo”.

Tornou-se num dos nomes emblemáticos do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, evidenciando-se no início da década de 20, quando proferiu, na Associação dos Caixeiros, a conferência “A ferocidade do egoísmo” (08/05/1920). 

Escreveu regularmente na revista Alma Feminina, foi, durante anos consecutivos, Presidente da Secção Trabalho e Assistência Social (1921) e Presidente da Secção de Assistência Social (1922, 1923, 1925-1929, 1931, 1932), presidiu à comissão directora da Liga de Bondade, iniciativa promovida em 1923, fez parte das Comissões Permanentes de Assistência e Trabalho e das Ligas de Bondade (1924) e, em 1926, exerceu o cargo de Vice-Presidente da Assembleia Geral.

O seu dinamismo estendeu-se aos Congressos Feministas e Abolicionistas. Fez parte da comissão organizadora do Primeiro Congresso Feminista e de Educação (1924) e, no segundo, realizado em 1928, apresentou a tese “O voto às mulheres”.

Quanto aos Congressos Abolicionistas de 1926 e 1929, usou da palavra, em nome pessoal, na sessão inaugural (1/8/1926), interveio nos debates da 1.ª Sessão Ordinária (2/8/1926), apresentou a tese “A escravatura feminina” na 2.ª Sessão (03/08/1926) e participou nos trabalhos da Sessão de Encerramento (05/08/1926). No Segundo Congresso Nacional Abolicionista, pronunciou-se sobre “A causa primordial do não-abolicionismo”.

Enquanto oradora, interveio na festa comemorativa do aniversário do Conselho (1923), discursou, em 18 de Maio de 1927, na sessão pacifista organizada pela Secção da Paz e, em Novembro de 1928, durante a Semana da Paz, proferiu uma conferência sobre a Paz Universal. Em 14 de Junho de 1928, quando da “Semana da Criança”, pronunciou-se, na Voz do Operário, sobre “Aprender brincando”.

Tal como outras intelectuais suas contemporâneas, dedicou-se ao espiritismo e pertenceu ao Conselho Superior da Federação Espírita Portuguesa e à redacção da revista Espiritismo.

Faleceu em 21 de Março de 1932, no Oceano Atlântico, quando regressava do Brasil, aonde se deslocara para fazer a sua propaganda, tendo a revista Alma Feminina manifestado o seu pesar: “Escritora notável, poetisa de valor; é considerável a bagagem literária que legou à sua terra. Oradora distintíssima, de uma espontaneidade extraordinária, eloquente e erudita, a sua voz arrebatava as massas”. Também o Portugal Feminino se referiu ao desaparecimento e publicou a sua fotografia no n.º 29, de Junho de 1932. 

Usou o pseudónimo Lina Marville.

[v. JE, Dicionário no Feminino (séculos XIX-XX), Livros Horizonte, 2005, pp. 625-626]

[João Esteves]

[0024.] ALBERTO BRAMÃO [I] || 21/03/1909

* DIVÓRCIO *

"JORNAL DA MULHER" || 21/03/1909

Carta de Alberto Bramão, datada de 17/03/109, sobre “O Divórcio” e inserida na secção “Jornal da Mulher” de 21 de Março de 1909 [O Mundo, p. 6, cols. 1-5].

[O Mundo || 21 de Março de 1909]

[João Esteves]

sexta-feira, 19 de março de 2010

[0021.] ADELAIDE CABETE [I] || 19/03/1933

* ADELAIDE CABETE || 19/03/1933 *

[25/01/1867 - 19/09/1935]

Em 19 de Março de 1933, Adelaide Cabete vota em Angola no plebiscito ao projecto da Constituição salazarista que dá origem ao autointitulado "Estado Novo".

[João Esteves]