[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

terça-feira, 29 de março de 2022

[2782.] 18 DE JANEIRO DE 1934 || PROCESSO 23/934 DO TME - ACÓRDÃO

* 18 DE JANEIRO DE 1934 *

PROCESSO 23/934 DO TME

Acórdão do Tribunal Militar Especial, reunido no Presídio Militar da Trafaria em 5 de Fevereiro de 1934, por ordem do Governo, envolvendo os seguintes intervenientes na Greve Geral de 18 de Janeiro:

- António da Costa, trabalhador de tráfego: três anos de desterro, multa de três mil escudos e perda de direitos políticos por cinco anos.

- António de Assunção Freire, funcionário público: três anos de desterro, multa de três mil escudos e perda de direitos políticos por cinco anos. 

- António Fernandes de Almeida Júnior, empregado do comércio: 10 anos de degredo, com prisão no local, e multa de vinte mil escudos, ficando, depois, à disposição do Governo.

- Casimiro Júlio Ferreira, funileiro: 10 anos de degredo, com prisão no local, e multa de vinte mil escudos, ficando, depois, à disposição do Governo.

- João António da Silva, empregado do comércio: dois anos de degredo nas colónias, em possessão de primeira classe

- Jorge da Silva, trabalhador: três anos de desterro, multa de três mil escudos e perda de direitos políticos por cinco anos.

- José Maria da Rocha Vieira, marítimo: absolvido. 

- Manuel de Carvalho Rodrigues: 10 anos de degredo, com prisão no local, e multa de vinte mil escudos, ficando, depois, à disposição do Governo.

- Manuel Gomes Cascarejo, marítimo: 10 anos de degredo, com prisão no local, e multa de vinte mil escudos, ficando, depois, à disposição do Governo.

[João Esteves]

[2781.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXXI] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXI *

01145Simplício de Oliveira Rodrigues Barata [1932]

[Marinha Grande, c. 1914, empregado do comércio. Filiação: Adosinda da Conceição, João Adelino Barata. Solteiro. Residência: Marinha Grande. Preso no Posto de Beirã e entregue em 21/09/1932, "por fazer propaganda comunista em Espanha" e fazer a ligação entre os elementos políticos espanhóis e os portugueses (v. Processo 527). Recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Libertado do Aljube em 08/10/1932.]
[alterado em 06/09/1932]

01146. Luís Hidalgo Mariano [1932]

[Lisboa, c. 1917, estudante. Filiação: Maria Teresa Hidalgo, Joaquim Fernando Mariano. Solteiro. Residência: Rua Pereira Carrilho. Preso no Posto de Beirã e entregue em 20/09/1932, "por fazer propaganda comunista em Espanha e ser agente de ligação entre os elementos políticos espanhóis e portugueses" (v. Processo 527). Recolheu, incomunicável, a uma esquadra; libertado do Aljube em 08/10/1932, por não se terem provado as acusações.]
[alterado em 06/09/2022]

01147. José da Cruz Martins [1932]

[Lisboa, c. 1892, torneiro mecânico. Filiação: Maria do Rosário Martins, João da Cruz Martins. Casado. Residência: Rua do Bocage, 12. Preso em 10/09/1932, "por suspeita de ter tomado parte ativa na manifestação realizada pelas Juventudes Comunistas, em Alcântara, no dia 4 de Setembro de 1932, comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado do Aljube em 23/09/1932, por não se ter provado a acusação.]

01148. Augusto Rodrigues Mendonça [1932]

[Lisboa, c. 1896, fundidor. Filiação: Maria Isabel Rodrigues, Caetano José Mendonça. Casado. Residência: Rua Gil Vicente, 19. Preso em 10/09/1932, "por suspeita de ter tomado parte ativa na manifestação realizada pelas Juventudes Comunistas, em Alcântara, no dia 4 de Setembro de 1932, comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado do Aljube em 23/09/1932, por não se ter provado a acusação.]

01149. Vítor Morais/Marques Júdice da Costa [1932]

[Preso pela SVPS em 26/09/1932, recolheu a uma esquadra. Libertado do Aljube em 08/10/1932.]
[alterado em 06/09/1932]

01150. João Siris [1932]

[Silves, c. 1901, servente. Filiação: Maria Jacinta, Manuel Siris. Solteiro. Residência: Praça das Amoreiras, 27 - Lisboa. Preso pelo Comando da PSP e entregue à SVPS em 27/09/1932, por dormir num vão de escada e ter-lhe sido encontrado um papel com o nome de várias entidades em destaque; recolheu a uma esquadra. Libertado em 18/10/1932.]
[alterado em 30/03/2022]

[João Esteves]

segunda-feira, 28 de março de 2022

[2780.] JOAQUIM RIBEIRO || NO TARRAFAL, PRISIONEIRO - 1976

 * JOAQUIM RIBEIRO * 

NO TARRAFAL, PRISIONEIRO

A OPINIÃO || SETEMBRO DE 1976





Herculana da Costa Carvalho


[2779.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXX] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXX *

01140. António dos Santos Serra [1932]

[António dos Santos Serra || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Preso em 17/09/1932, juntamente com José de Amorim e José Soares, "O Malatesta", acusado de estar implicado num eventual assalto (Processo 555). Libertado em 08/12/1932, por estar abrangido pela amnistia de 05/12/1932.]
[alterado em 03/04/2023]

01141. Henrique Fragoso [1932, 1933]

[Henrique Fragoso || F. 18/08/1933 || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Évora, c. 1906, eletricista mecânico. Filiação: Maria da Conceição Nunes Alves Fragoso, Francisco José Fragoso. Casado. Residência: Rua do Jerónimo, 35 - Lisboa. Entregue em 17/09/1932, ido do hospital de S. José onde estava internado, sob prisão, à ordem da SVPS (Processo 534). Entregue, em 01/10/1932, a pedido do Comando da PSP, "para ser ouvido" e "lhe ser dado o destino conveniente", por ser nesta instituição que está o decorrer o processo.  Preso, provavelmente, em Agosto de 1933, havendo uma fotografia datada de 18/08/1933.]

01142. Moisés Ferreira [1931]

[Castro Daire, c. 1906, pedreiro. Filiação: Eufémia Ferreira, Francisco Lourenço. Solteiro. Residência: Costa do Castelo, 34 - Lisboa. Preso em 26/08/1932, na Rua Marquês Sá da Bandeira, por ter tomado parte no movimento revolucionário desse dia. Conduzido ao Batalhão de Caçadores 5, foi deportado para Timor em 02/09/1931 (Processo 324). Seguiu, em 03/09/1931, no navio Pedro Gomes, tendo desembarcado em Díli em 16/10/1931. Regressou no ano seguinte por indicação da Junta de Saúde, apresentou-se na SVPS em 17/09/1932 e, por ordem do Subdiretor da Polícia Internacional Portuguesa, recolheu ao Hospital de S. José. Libertado em 08/12/1932, por estar abrangido pela amnistia do dia 5.]
[alterado em 04/04/2023]

01143João Fernandes do Nascimento [1931, 1932]

[Benavente, c. 1886, tipógrafo. Filiação: Perpétua Maria, José do Nascimento. Casado. Residência: Rua Saraiva de Carvalho, 107 - Lisboa. Preso em 11/05/1931, "por compor e imprimir na sua tipografia os manifestos intitulados 'Trabalhadores Portugueses', que foram distribuídos no dia 1º de Maio"; libertado em 23/06/1931. Preso em 21/09/1932, "por imprimir folhetos e manifestos clandestinos de propaganda comunista e mapas para a mesma organização", por intermédio de Jaime Tiago, Manuel AlpedrinhaMiguel Wager Russell; recolheu, incomunicável, a uma esquadra. A sua oficina e tipografia, que se encontrava fechada e selada, funcionava na Rua Silva, 32 - loja, tendo a informação sido obtida através da tortura de um outro preso (Processo 568). Libertado em 10/12/1932, por ter sido abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro. Julgado pelo TME em 16/12/1933, confirmou-se que estava abrangido por aquele Decreto (Processo 11/933 - TME). Há informações que apontam para dia 17 a data de prisão, mas a correta deve ser a do dia 21/09/1932.]

01144. Luís dos Santos Oliveira [1928, 1932]

[Luís dos Santos Oliveira || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-1-NT-8902 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Lisboa, c. 1904, serralheiro. Filiação: Adelaide de Oliveira, João de Oliveira. Casado. Residência: Rua Lopes, 22 - Alto do Pina, Lisboa. Preso diversas vezes durante a 1ª República, a primeira com cerca de 15 anos, acusado de bombista e de pertencer à Legião Vermelhada, foi deportado, em 1925, para a Guiné. Preso em 03/10/1919, "por se manifestar contra o governo e soltar gritos subversivos"; libertado no mesmo dia (Processo 387/PSE). Preso em 27/03/1923, "por suspeita de lançar uma bomba na Rua Arantes Pedroso"; deu entrada na Cadeia em 03/04/1923. Entregue, em 07/02/1924, ao Tribunal de Defesa Social (Processo 1944/PSE). Preso em 28/08/1924, "por ordem superior"; libertado em 29/09/1924 (Processo 2304/PSE). Preso em 18/05/1925, "por suspeita de pertencer à Legião Vermelha e ter tomado parte no atentado contra" Ferreira do Amaral, sendo enviado À PIC em 28/05/1925. Deportado, em 29/05/1925, para a Guiné, de onde se evadiu, seguindo a bordo do navio "Carvalho Araújo" (Processo 2617/PSE). Preso em 20/07/1928, por ter tomado parte no movimento revolucionário desse dia (Processo 3841). Preso em 05/07/1932, "por fazer propaganda contra a atual Situação, fazendo a apologia do sistema político da Rússia" e poder estar envolvido nos acontecimentos do dia 4, em Alcântara, o que não se provou; libertado da 1ª Esquadra em 20/09/1932 (v. Processo 577).] 

[João Esteves]

domingo, 27 de março de 2022

[2778.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXIX] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXIX *

01137José Nunes Scheidecker [1932]

[Preso em 17/09/1932, por ter alugado uma dependência da sua residência para o Partido Comunista e a FJCP instalarem a sua sede. Levado, incomunicável, para uma esquadra. Libertado em 28-29/10/1932.]
[alterado em 21/03/2023]

01138. Togo da Silva Batalha [19311932, 1937, 1944, 1958]

[Togo da Silva Batalha || F. 15/05/1944 || ANTT || RGP/7363 || PT-TT-PIDE-E-010-37-7363_P2]

[Lisboa, 21/09/1904, chofer / chefe de receção de chapas / motorista. Filiação: Ernestina da Silva Batalha, Ladislau Estêvão da Silva Batalha. Solteiro / Casado. Residência: Largo das Olarias, 16 / Rua 5 de Outubro - Póvoa de Santa Iria / Rua José Estêvão, 133 - Lisboa. Filho do socialista Ladislau Batalha (1856-1939). Preso em 26/08/1931, por envolvimento no movimento revolucionário desse dia, foi deportado para Timor: embarcou no navio Pedro Gomes em 03/09/1931 e chegou a Díli em 16/10/1931. Terá regressado no ano seguinte, pois foi preso em 17/09/1932, na mesma vaga de prisões do Comité Regional de Lisboa do Partido Comunista, por ter feito parte do Secretariado da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas e por ser conhecedor do local da tipografia onde eram feitos os trabalhos clandestinos. Libertado em 10/12/1932, por ter sido abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro. Preso em 07/07/1937, recolheu, incomunicável, a uma esquadra e, em 23/07/1937, foi transferido para o Aljube; libertado em 09/09/1937. Preso em 11/05/1944, levado para Caxias e libertado em 12/07/1944 (Processo 634/944). Afastado do Partido Comunista, integrou em 1946/1947, tal como outros ex-militantes e dirigentes, a Fraternidade Operária Lisbonense, aderindo por intermédio de José de Sousa

[Togo da Silva Batalha || F. 22/11/1958 || ANTT || RGP/7363 || PT-TT-PIDE-E-010-37-7363_P1]

Preso em 22/11/1958, "por atividades subversivas", levado para Caxias e libertado em 22/12/1958 (Processo 1153/58). Esteve em Angola e terá falecido em 1999.] 
[alterado em 06/04/2023]

01139. José de Amorim [1932]

[Arruda dos Vinhos, c. 1887, sapateiro. Filiação: Rosa Maria, Luís de Amorim. Casado. Residência: Travessa do Pasteleiro, 40. Preso em 17/09/1932, juntamente com António dos Santos Serra e José Soares, "O Malatesta", acusado de estar implicado num eventual assalto (Processo 555). Por despacho do Ministro do Interior, de 15/11/1932, foi-lhe aplicada a pena de seis meses de prisão. Libertado em 08/12/1932, por ter sido abrangido pela amnistia de dia 5 do mesmo mês.]

[João Esteves] 

sábado, 26 de março de 2022

[2777.] ÁLVARO DUQUE DA FONSECA || 1909 - 1971

 * ÁLVARO DUQUE DA FONSECA *

[24/11/1909 - 18/09/1971]

[Álvaro Duque da Fonseca || ANTT || RGP/430 || PT-TT-PIDE-E-010-3-430]

Filho de Ermelinda Fernanda Monteiro Duque [1890-1945] e de Vasco Loff da Fonseca [1884-1959], Álvaro Duque da Fonseca nasceu na Cidade da Praia, Cabo Verde, em 24 de Novembro de 1909.

Estudante, revelou-se um importantíssimo quadro do Partido Comunista em toda a década de 1930, trabalhando diretamente com os principais dirigentes, nomeadamente Bento Gonçalves

Primo de Carolina Loff da Fonseca e irmão de Dalila Duque da Fonseca, também ativistas, pertencia à estrutura diretiva da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas, tendo a responsabilidade do setor académico. 

Com as prisões, em Janeiro de 1932, de Bernard Freund e de Armando Soares [o futuro médico Armando Ducla Soares], participou na reorganização daquela, sendo eleito, na reunião realizada na Costa da Caparica, para o seu Secretariado, passando a ocupar a parte militar, anteriormente da responsabilidade do 2º sargento Armando Soares: os outros membros eram Carolina Loff da Fonseca (comissão feminina), Francisco de Paula Oliveira (imprensa), Júlio dos Santos Pinto (comissão sindical) e Silvino Leitão Fernandes Costa (organização). 

Passou a reunir-se semanalmente com os restantes membros do Bureau Militar, acompanhando o que se passava na Armada e no Exército. O setor militar das Juventudes Comunistas na Armada era composto por dois Comités de Zona: o terrestre, com células na Brigada de Marinheiros e no Quartel de Marinha; e o marítimo, com células nos navios de guerra Carvalho Araújo, República e Vasco da Gama e, ainda, no Navio Escola Sagres. 

Já as ligações com o Exército revelaram-se mais difíceis de reatar, devido à prisão de Armando Soares. No entanto, estabeleceu contactos com o Batalhão de Automobilistas, Regimento de Artilharia, Artilharia 3 e Companhia de Saúde (1º cabo Mamede, 1º cabo António Roque Pinto). 

Foi da sua responsabilidade, juntamente com Carlos Luís Correia Matoso e Silvino Leitão Fernandes Costa, a impressão do primeiro número do órgão O Soldado Vermelho, distribuído por todas as unidades da Guarnição Militar de Lisboa e da Armada. 

Com o mesmo grupo e a prima, redigiu e imprimiu o manifesto referente à jornada prevista para o dia 29 de Fevereiro de 1932, um outro destinado aos trabalhadores rurais da região de Lisboa e  vários números de O Jovem, órgão das Juventudes Comunistas, O Jovem Militante (teoria), O Elétrico Vermelho (Carris), O Aprendiz Vermelho e O Fatexa, órgãos da célula do Arsenal de Marinha, para além da impressão, também através de copiógrafo ciclostil, do primeiro dos Seis Cursos Elementares de Educação Comunista, traduzido do francês por Carlos Matoso

Com as prisões na Serra de Monsanto, em 24 de Abril, de Carlos Matoso e de Silvino Costa, transferiu da sede clandestina da FJCP para um quarto, alugado pela mãe de Francisco de Paula Oliveira, todo o material de organização e de propaganda, incluindo as máquinas. 

A responsabilidade política era cada vez mais abrangente, substituindo Silvino Costa no setor da Organização e ocupando, temporariamente, o lugar de Pavel na Comissão Política de Agitação e Propaganda, por este se ter deslocado a Bilbau para assistir ao Congresso da União das Juventudes Comunistas Espanholas. 

Entre as suas múltiplas atividades, estava, também, a redação de textos para diversa imprensa partidária, a par de reuniões com o setor militar e do Secretariado Político das Juventudes Comunistas. Em reunião deste, participou na delineação e aprovação do plano das comemorações da XVIII Jornada Internacional das Juventudes, a realizar em 4 de Setembro, que incluía pinturas nas paredes, cartazes de propaganda, selos, hasteamento de bandeiras em diversas partes da cidade de Lisboa e realização de uma manifestação e comício-relâmpago em Alcântara, por seu uma zona operária. 

Foi, então, convidado por Manuel Francisco Roque Júnior a participar na reunião do Comité Regional de Lisboa do Partido Comunista, a realizar em 17 de Setembrona sede da Associação de Classe dos Empregados de Escritório, situada na Rua da Madalena, 225 - 1º dto, e durante a qual foi preso, juntamente com Armando Ramos, Manuel Francisco Roque Júnior, que andava a ser vigiado, Raul Nunes Leal (Processo 568). 

Deodato Ramos, também daquele Comité, já tinha sido detido e, na mesma leva de presos relacionada com esta reunião constavam, também, José de VasconcelosJosé Nunes Scheidecker Togo da Silva Batalha. Foram ainda detidos no mesmo dia António dos Santos SerraHenrique FragosoJosé Amorim José Soares - "O Malatesta". 

Tal como os restantes detidos, recolheu, incomunicável, a uma esquadra, sendo, depois, sujeito a um "apertado interrogatório", ou seja barbaramente torturado e espancado. 

Como era 1º sargento cadete miliciano do Batalhão de Caçadores 7, na situação de licenciado, e fora convocado, em Agosto, para se apresentar no Regimento de Infantaria 1, em Mafra, acabou por ser entregue ao Quartel General do Governo Militar de Lisboa ao ser considerado desertor. 

Julgado pelo TME em 16/12/1933 (Processos 11/933  e 14/933 do TME), foi considerado abrangido pelas disposições do Decreto de 05/12/1932, cessando o respetivo procedimento criminal quanto à sua ação política. 

No entanto, continuava sob a alçada da justiça militar, tendo conseguido evadir-se aquando de uma deslocação para ser ouvido no Tribunal Militar, refugiando-se em Madrid.

Em 1933 estava, pois, em Espanha, onde colaborou com Miguel Wager Russell na impressão de propaganda política destinada ao seu país. Aí nasceu, em 24 de Novembro de 1933, a sua filha Magda

Regressou, clandestinamente, a Portugal e retomou os contactos com Partido Comunista através de Carlos Matoso. Passou a trabalhar diretamente com Bento Gonçalves e aquele, entre outros, sendo responsável pela ligação entre o Comité Central e o Socorro Vermelho Internacional e revisão de textos doutrinários publicados na imprensa partidária, para além de tarefas administrativos, funcionando junto da Comissão Política ligada ao Comité Central (Processos 1435 e 1500)

Preso em 27/02/1935, quando andava fugido e procurado há muito, levado para uma esquadra e transferido para o Aljube em 27/03/1935 e, em 26/05/1935, para Peniche (Processo 1273). Regressou ao Aljube em 03/03/1936 e julgado pelo TME em 04/03/1936, foi condenado a dois anos de prisão e perda de direitos políticos por dez anos (Processos 47 e 102/935 do TME).

Embarcou no Carvalho Araújo em 23/03/1936 com destino a Angra do Heroísmo e, em 23/10/1936, seguiu para o Tarrafal, de onde regressou em 01/10/1944 e levado para Caxias.

No Tarrafal, devido ao agudizar das divergências no seio dos tarrafalistas comunistas, foi expulso em 1943 e integrou, com outros, o Grupo dos Comunistas Afastados: na opinião de Joaquim Ribeiro, que permaneceu 16 anos naquele Campo, "era um indivíduo bastante culto e foi pena que tivesse resvalado na luta-antipartidária" (No Tarrafal, prisioneiro, 1976, p. 98).

Libertado em 12/10/1944, foi residir para a Rua Filipe da Mata, 126 - Lisboa. 

Por intermédio de José de Sousa, com quem tinha militado no Partido Comunista e estado em Cabo Verde, aderiu, por volta de 1946/1947, à Fraternidade Operária Lisbonense, tal como alguns outros antigos camaradas. 

Partiu para Angola e, na década de 1950, vivia em Moçambique, onde foi assassinado, juntamente com a mulher, no Dondo, Sofala, em 28/09/1971. Joaquim Ribeiro também se refere a este assassinato, "em condições trágicas ainda por esclarecer" (p. 98). 

Foi casado com Anémona Adelaide Pinto da França Xavier de Basto (1914-1975) e com Maria de Lurdes Matos Cardoso (1925-1971), havendo descendência dos dois enlaces.

[João Esteves]

sexta-feira, 25 de março de 2022

[2776.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXVIII] || 1926 - 1933

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXVIII *

01136. Manuel Francisco Roque Júnior [1927, 1932, 1941, 1948]

[Manuel Francisco Roque Júnior || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-1-NT-8902 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Lisboa, 09/03/1903, trabalhador / serralheiro. Filiação: Isabel Maria Marques, Manuel Francisco Roque. Solteiro. Residência: Rua das Canastras, 22 - Lisboa. A militância de Manuel Francisco Roque Júnior foi intensa entre 1921, ano da fundação do Partido Comunista, e 1936, quando foi afastado por decisão da Internacional Comunista devido a declarações prestadas havia anos à Polícia. Manteve-se, no entanto, coerente com as suas ideias, falecendo alguns anos depois de Abril de 1974. Preso em 01/09/1921, juntamente com Armando dos SantosArmando RamosGuilherme de CastroJoaquim José GodinhoJoaquim RodriguesJorge da Silva PinheiroJosé de Sousa (Coelho), José Madeira RodriguesManuel da Silva CostaMatias José SequeiraSebastião Lourenço, na sequência da afixação de cartazes nas ruas e nas fábricas de Lisboa, comemorando o Dia Mundial da Juventude Comunista. Esteve na Cadeia do Limoeiro e foi transferido para o Forte São Julião da Barra, sendo todos libertados aquando dos acontecimentos de 19 de Outubro - "A noite sangrenta". 

[Manuel Francisco Roque Júnior || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

Participou no movimento revolucionário de Fevereiro de 1927, tendo sido deportado, sabendo-se que, em 1930, estava com residência fixada na Madeira. Quando regressou, continuou a militância ativa no Partido Comunista, de que fora um dos fundadores, pertencendo, em 1931 e 1932, ao seu Secretariado. Na sequência das numerosas prisões de Abril de 1932 e assalto, em Junho, à sua sede, assumiu, a partir de Julho, enquanto membro do Comité Regional de Lisboa, a reorganização do Partido Comunista, reatando ligações e dinamizando células e grupos de simpatizantes. Preso em 17/09/1932quando o Comité Regional de Lisboa, composto por Álvaro Duque da FonsecaArmando Ramos Raul Nunes Leal, estava reunido na sede da Associação de Classe dos Empregados de Escritório, situada na Rua da Madalena, 225 - 1º dto; recolheu, incomunicável, a uma esquadraDeodato Ramos, também daquele Comité, já tinha sido detido e, na mesma leva de presos relacionada com esta reunião constavam, ainda, José de VasconcelosJosé Nunes Scheidecker Togo da Silva Batalha. Foram ainda detidos no mesmo dia António dos Santos SerraHenrique FragosoJosé Amorim José Soares - "O Malatesta". Sujeito a um "interrogatório cerrado", ou seja torturado e espancado, acabou por indicar a morada da nova sede do Partido Comunista, que albergava também a das Juventudes Comunistas, localizada na Travessa do Combro, 11 - cave. Continuando a ser "ainda mais apertado", revelou a tipografia legal onde era feito o Avante!, sita na Rua Silva, 32 - loja e pertencente a João Fernandes Nascimento. Em 1935, foi escolhido para representar a CIS no VII Congresso da Internacional Comunista realizado em Moscovo, completando a comitiva Bento Gonçalves José Gilberto Florindo de Oliveira, pelo Partido Comunista, Francisco de Paula Oliveira, o seu representante junto da IC e que já vivia naquela cidade, Álvaro Cunhal e Domingos dos Santos, estes dois pela FJCP. Roque Júnior, cujos pseudónimos eram "Castro" e "Rafael Castro", viajou com Bento Gonçalves e Gilberto de Oliveira, saindo do país em Julho de 1935: os três atravessaram Espanha, dirigiram-se a Paris, passaram por Bruxelas, Malmö, Estocolmo, Helsínquia e, finalmente, chegaram a Leninegrado, onde apanharam o comboio para a capital da União Soviética. Aí permaneceu, por indicação de Francisco de Paula Oliveira, como representante do Partido Comunista junto do Profintern. No entanto, perante o acentuar da polémica pelas revelações feitas à Policia aquando da prisão de Setembro de 1932, foi expulso daquele por decisão da Comissão de Controle da Internacional Comunista, reunida em 15/07/1936. Passou, então, por Paris e participou, em Espanha, na luta contra os nacionalistas espanhóis, mantendo-se fiel aos seus ideais e "prestando sempre a melhor colaboração ao Partido". A sua situação era conhecida do Partido Comunista de Espanha que, na ficha dedicada a Roque Júnior, datada de 10 de Janeiro de 1939, o considerava "um bom antifascista" que tinha cumprido bem as suas funções militares, sendo a opinião dos camaradas boa. 

[Manuel Francisco Roque Júnior || F. 27/11/1941 || ANTT || RGP/13641 || PT-TT-PIDE-E-010-69-13641_P2]

Preso em 26/11/1941, na Beirã, provavelmente quando regressava do exílio. Recolheu à 1ª Esquadra, seguiu, em 11/12/1941, para o Aljube, em 15/01/1942, para Caxias e, em 04/05/1942, para Peniche. Libertado, por determinação do Governo, em 26/11/1943.

[Manuel Francisco Roque Júnior || F. 02/02/1948 || ANTT || RGP/13641 || PT-TT-PIDE-E-010-69-13641_P1]

Preso pela PSP de Lisboa em 30/01/1948, "por atividades subversivas". Levado para Caxias, foi libertado em 29/03/948. Participou, em 1973, nas Comissões da CDE, vivendo intensamente o 25 de Abril de 1974 na zona oriental da cidade de Lisboa, onde residia. Faleceu poucos anos depois. Casado com Etelvina Adelaide.]
[alterado em 26/03/2022]

[João Esteves]

quinta-feira, 24 de março de 2022

[2775.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXVII] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXVII *

01133. José de Vasconcelos [1932]

[Pertencia à Associação de Classe dos Empregados de Escritório. Preso em 17/09/1932, recolhendo, incomunicável, a uma esquadra, quando o Comité Regional de Lisboa do Partido Comunista estava reunido na sede da Associação de Classe dos Empregados de Escritório. Na mesma leva de presos pela SVPS, constavam Álvaro Duque da Fonseca, António dos Santos Serra, Armando Ramos, Deodato Ramos, Henrique Fragoso, José Amorim, José Nunes Scheidecker, José Soares - "O Malatesta", Manuel Francisco Roque Júnior, Raul Nunes Leal e Togo da Silva Batalha, sendo alguns importantes dirigentes das Juventudes Comunistas. Libertado da 3ª Esquadra em 19/09/1932, "por haver conveniência para as investigações".]
[alterado em 28/03/2022]

01134. Armando Ramos [1932]

[Lisboa, c. 1901, pautador. Filiação: Maria da Conceição Ramos, Manuel Ramos. Solteiro. Residência: Rua do Sol ao Rato, 51. Um dos fundadores do Partido Comunista. Preso em 01/09/1921, juntamente com Armando dos SantosGuilherme de CastroJoaquim José GodinhoJoaquim RodriguesJorge da Silva PinheiroJosé de Sousa (Coelho), José Madeira RodriguesManuel da Silva Costa, Manuel Francisco Roque JúniorMatias José Sequeira e Sebastião Lourenço, na sequência da afixação de cartazes nas ruas e nas fábricas de Lisboa, comemorando o Dia Mundial da Juventude Comunista. Esteve na Cadeia do Limoeiro e foi transferido para o Forte São Julião da Barra, sendo todos libertados aquando dos acontecimentos de 19 de Outubro - "A noite sangrenta". Preso em 17/09/1932quando o Comité Regional de Lisboa, composto por Álvaro Duque da FonsecaManuel Francisco Roque Júnior Raul Nunes Leal, estava reunido na sede da Associação de Classe dos Empregados de Escritório, situada na Rua da Madalena, 225 - 1º dto; recolheu, incomunicável, a uma esquadraDeodato Ramos, também daquele Comité, já tinha sido detido e, na mesma leva de presos relacionada com esta reunião constavam, ainda, José de VasconcelosJosé Nunes Scheidecker Togo da Silva Batalha. Foram ainda detidos no mesmo dia António dos Santos SerraHenrique FragosoJosé Amorim José Soares - "O Malatesta". Filiado 174 da Célula 7 do Comité de Zona Nº 3 do Partido Comunista, era há meses procurado no âmbito do Processo 460. Participou ativamente na preparação da jornada a levar a cabo em 29 de Fevereiro, juntamente com Francisco Campos, tendo preparado a intervenção de cinco Brigadas de Choque, lideradas por Américo Anselmo, António Carpinteiro, Heitor Marques, João Duzentos e José Miranda. Aquando das prisões efetuadas em Abril, colaborou, com J. Belém, na reorganizou do Comité de Zona Nº 3, pondo a funcionar as Células 6, 7 e 17 os núcleos dos Açucareiros, dos Metalúrgicos e da Carris, todos de Santo Amaro, e os dois Núcleos mistos que se reuniam em Campolide e Amoreiras. Posteriormente, foi convidado por Manuel Francisco Roque Júnior a integrar o Comité Regional de Lisboa, onde representava o Comité de Zona Nº 3, composto, também, por Álvaro Duque da Fonseca, Deodato Ramos e Raul Nunes Leal (Processos 452, 460 e 568). Transferido, em 19/10/1932, do Aljube para a enfermaria do Limoeiro. Daqui, seguiu, em 28/11/1932, para o Hospital de S. José, onde ficou internado para tratamento. Libertado em 10/12/1932, por ter sido abrangido pela amnistia do dia 5 do mesmo mês. O processo foi enviado para julgamento em Fevereiro de 1933. Julgado pelo TME em 16/12/1933, foi considerado abrangido pela amnistia de 05/12/1932 (Processo 11/933 - TME). Em Junho de 1934, continuava a militar ativamente no Partido Comunista, ignorando a PVDE o seu paradeiro.]
[alterado em 25/03/2023]

01135. Raul Nunes Leal [1929, 1932]

[Raul Nunes Leal || F. 24/02/1920 || ANTT ||  || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Coimbra, c. 1902, adventício do tráfego da Alfândega de Lisboa. Filiação: Maria Boaventura Alves Leal, Raul Nunes Leal. Casado. Residência: Rua Castelo Branco Saraiva, 73. Preso ainda durante a 1ª República, como evidencia a fotografia de 24/02/1920. Preso em 22/04/1929, "por distribuir manifestos clandestinos e organizar subscrições a favor de Alberto Constante, que feriu a tiro dois auxiliares desta polícia"; libertado em 03/05/1929 (Processo 4310). Preso em 17/09/1932quando o Comité Regional de Lisboa, composto por Álvaro Duque da FonsecaArmando Ramos Manuel Francisco Roque Júnior, estava reunido na sede da Associação de Classe dos Empregados de Escritório, situada na Rua da Madalena, 225 - 1º dto; recolheu, incomunicável, a uma esquadraDeodato Ramos, também daquele Comité, já tinha sido detido e, na mesma leva de presos relacionada com esta reunião constavam, ainda, José de VasconcelosJosé Nunes Scheidecker Togo da Silva Batalha. Foram ainda detidos no mesmo dia António dos Santos SerraHenrique FragosoJosé Amorim José Soares - "O Malatesta". Filiado 93 da Célula 17 do Comité de Zona Nº 2 do Partido Comunista. Na sequência das numerosas prisões de Abril de 1932, foi um dos reorganizadores, a partir de Julho, daquele Comité, juntamente com Aníbal José da Fonseca e Eduardo Fiúza, conseguindo reativar as Células 4, 11, 14, 16, 20 e 24, assim como os núcleos de simpatizantes 1M, 2M, 3B, 4A, 1T e 1E. Integrou, depois, o Comité Regional de Lisboa, juntamente com Álvaro Duque da Fonseca, Armando Ramos, Deodato Ramos e Manuel Francisco Roque Júnior, representando o Comité de Zona Nº 2. Libertado em 10/12/1932, por ter sido abrangido pela amnistia do dia 5 do mesmo mês. O processo foi enviado para julgamento em Fevereiro de 1933. Julgado pelo TME em 16/12/1933, foi considerado abrangido pela amnistia de 05/12/1932 (Processo 11/933 - TME).]

[João Esteves]

quarta-feira, 23 de março de 2022

[2774.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXVI] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXVI *

01127. António Fernandes Emídio [1932]

[Fundão, c. 1916. Filiação: Maria de Assunção de Jesus, Joaquim Fernandes Emídio. Solteiro. Residência: Rua Maria Pia, 481. Preso em 11/09/1932, "por suspeita de haver tomado parte ativa na manifestação levada a efeito no dia 4 de Setembro de 1932 pelas Juventudes Comunistas, em Alcântara, comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado dos calabouços do Governo Civil em 16/09/1932.]

01128. José Rebelo da Silva [1932]

[Belmonte, c. 1910, pintor. Filiação: Albertina de Jesus, Raul Rebelo da Silva. Solteiro. Residência: Rua do Arco do Carvalhão, 206. Preso em 11/09/1932"por suspeita de ter tomado parte ativa na manifestação promovida pelas Juventudes Comunistas no dia 4 de Setembro de 1932, em Alcântara, comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado dos calabouços do Governo Civil em 16/09/1932.]

01129. Ludgero Pinto de Azevedo [1932]

[Estarreja, c. 1909, pintor. Filiação: Joaquina Augusta de Matos, António Pinto de Azevedo. Solteiro. Residência: Rua Maria Pia, 104. Preso em 11/09/1932"por suspeita de ter tomado parte ativa na manifestação promovida pelas Juventudes Comunistas no dia 4 de Setembro de 1932, em Alcântara, comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado dos calabouços do Governo Civil em 16/09/1932.]

01130. Emílio Loubet Marques [1932]

[Lisboa, c. 1908, trabalhador. Filiação: Maria José Marques, Alfredo Marques. Solteiro. Residência: Rua Guilherme Anjo, ao Monte Prado - Letra N. Preso em 11/09/1932"por suspeita de ter tomado parte na manifestação levada a efeito pelas Juventudes Comunistas em Alcântara, no dia 4 de Setembro de 1932,  comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado dos calabouços do Governo Civil em 16/09/1932.]

01131. Joaquim Mendes [1932]

[Covilhã, c. 1901, trabalhador. Filiação: Maria José, Agostinho Mendes. Solteiro. Residência: Rua do Alvito, 131. Preso em 11/09/1932"por suspeita de ter tomado parte ativa na manifestação realizada no dia 4 de Setembro de 1932, em Alcântara, pelas Juventudes Comunistas, comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado dos calabouços do Governo Civil em 16/09/1932.]

01132. José Soares [1928, 1932, 1942]

[José Soares - O Malatesta || ANTT || RGP/89 || PT-TT-PIDE-E-010-1-89_P2]

[Estivador, o percurso de José Soares, "O Malatesta" revelou-se complexo e atribulado entre o início da década de 1920, quando integrava as Juventudes Sindicalistas, e meados dada década de 1940, quando militava ativamente no Partido Comunista. Associado a atentados bombistas durante a 1ª Republica, conheceu a deportação na Guiné, de onde fugiu e para onde foi reenviado já durante a Ditadura Militar. Aderiu, nesse território, ao movimento revolucionário iniciado na Madeira em Abril de 1931. Voltou a estar deportado em Angra do Heroísmo e no Tarrafal, de onde regressou em 1940. Esteve na reorganização do Partido Comunista no início desta década, manteve cargos de responsabilidade, voltou a ser preso e deportado para o Tarrafal. Regressou em finais de 1945 e presidiu ao Sindicato Nacional dos Fragateiros do Porto de Lisboa. O temor, se não mesmo terror, de ser, mais uma vez preso, e reenviado, pela terceira vez, para o Tarrafal, levou-o a abandonar qualquer atividade política clandestina, fazendo esse compromisso com a PIDE.

[José Soares || O Malatesta]

"O Malatesta". Freguesia de S. Miguel - Lisboa, 05/01/1901, canalizador / estivador / comerciante. Filiação: Patrocínia Ribeiro, Artur Soares. Casado com Beatriz da Conceição Soares. Residência: Rua Senhora da Glória, 85 - Lisboa. Pertenceu, no início dos anos vinte, às Juventudes Sindicalistas, tendo participado, em 08/09/1922, no atentado a Sérgio Príncipe, principal dinamizador da Associação Comercial de Lojistas de Lisboa e dirigente da Confederação Patronal. Associado à Legião Vermelha, da qual seria um dos principais dirigentes, esteve associado a outros atentados bombistas e, em 30/04/1925, embarcou, com mais 17 presos sociais e de delito comum, no cruzador "Carvalho de Araújo" com destino a Angra do Heroísmo. 

[Diário de Lisboa || 30/04/1925]

No entanto, deverá ter sido transferido para a Guiné, de onde se evadiu. Preso em Outubro de 1928, no Porto, terá sido reenviado para aquele território, onde participou, em 17 de Abril de 1931, no movimento contra a Ditadura, integrando, com mais onze revoltosos, a Junta Governativa Revolucionária: era o único operário. Fracassado aquele, embarcou em Dakar com destino a Las Palmas e, em 17/09/1932, foi preso, recolhendo, incomunicável, a uma esquadra. Na mesma leva de presos pela SVPS, constavam Álvaro Duque da Fonseca, António dos Santos Serra, Armando Ramos, Deodato Ramos, Henrique Fragoso, José Amorim, José de VasconcelosJosé Nunes ScheideckerManuel Francisco Roque Júnior, Raul Nunes Leal e Togo da Silva Batalha, sendo alguns importantes dirigentes das Juventudes Comunistas. Transferido, em 18/11/1932, do Aljube para a Penitenciária de Lisboa, onde aguardará a deportação para Cabo VerdeEm 19/11/1933, embarcou de Peniche para Angra do Heroísmo – fortaleza de S. João Batista, onde chegou em 22/11/1933. Integrou, em 23/10/1936, a primeira leva de presos políticos que foi inaugurar o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde tentou evadir-se, sendo, por isso, barbaramente espancado juntamente com Júlio Fogaça e Henrique Ochsemberg

[José Soares - O Malatesta || F. 15/07/1940 || ANTT || RGP/89 || PT-TT-PIDE-E-010-1-89_P1]

Regressou em 15/07/1940 e saiu em liberdade, participando, então, ativamente na reorganização do Partido Comunista, nomeadamente junto dos estivadores e fragateiros, setores que conhecia muito bem desde os anos vinte. Preso em 29/04/1942, "para averiguações", seguiu para o Aljube e, em 05/11/1942, foi transferido para Caxias, regressando àquele em 21/11/1942. Julgado pelo TME em 05/04/1944 e condenado a 24 meses de prisão, voltou a ser deportado para o Tarrafal: embarcou em 26/07/1944 e, por ter sido abrangido pela amnistia de 1945, regressou e apresentou-se em 06/12/1945. Voltou à militância ativa no Partido Comunista, presidiu ao Sindicato Nacional dos Fragateiros do Porto de Lisboa e integrou, com Joaquim Couceiro, José Vitoriano e Manuel José Repas da Mata a Comissão Coordenadora Nacional do Trabalho nos Sindicatos Nacionais que funcionava junto do Secretariado do Comité Central. Abandonou, durante o ano de 1947, a atividade política, fazendo esse compromisso com a PIDE.]
[alterado em 25/03/2023]

[João Esteves]

terça-feira, 22 de março de 2022

[2773.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXV] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXV *

01121. José dos Santos [1932]

[Lisboa, c. 1913, picador de caldeiras. Filiação: Genoveva dos Santos. Solteiro. Residência: Rua da Fábrica da Pólvora, 103. Preso em 14/09/1932, "por suspeita de ter tomado parte ativa na manifestação promovida pelas Juventudes Comunistas, comemorando a XVIII Jornada Internacional, em Alcântara, no dia 4 de Setembro", recolheu, incomunicável, a uma esquadra (v. Processo 558). Libertado do Aljube em 22/09/1932, "por falta de provas".]
[alterado em 28/03/2022]

01122. João da Silva [1932]

[Funchal, c. 1911, marceneiro. Filiação: Maria Augusta da Silva, António da Silva. Solteiro. Residência: Rua da Fábrica da Pólvora, 103. Preso em 14/09/1932, "por suspeita de ter tomado parte ativa na manifestação promovida pelas Juventudes Comunistas, comemorando a XVIII Jornada Internacional, em Alcântara, no dia 4 de Setembro", recolheu, incomunicável, a uma esquadra (v. Processo 558). Libertado do Aljube em 22/09/1932, "por não se ter provado a acusação".]
[alterado em 28/03/2022]

01123. João Francisco [1932]

[Lourinhã, c. 1872, proprietário e industrial. Filiação: Maria Madalena. Casado. Residência: Rua da Indústria, 58. Preso em 16/09/1932, "por ter acusado falsamente o seu chofer, Luís dos Santos Oliveira, de ter tomado parte nos acontecimentos de Alcântara em 4" de Setembro (v. Processo 577). Recolheu ao Aljube; libertado do Aljube em 19/09/1932.]
[alterado em 28/03/2022]

01124. Caetano Hereno Nunes [1932]

[Dr. Preso em 16/09/1932, recolheu a uma esquadra. Libertado em 30/09/1932.]
[alterado em 01/04/1932]

01125. Francisco dos Santos Louro [1932]

[Serpa, 08/11/1903, condutor da Carris. Filiação: Bárbara Maria dos Santos, António dos Reis Louro. Solteiro. Residência: Rua Visconde de Santarém, 34 / Rua Saraiva de Carvalho, 370 - Lisboa. Preso em 16/09/1932, "por ter pintado no forro do seu boné de serviço uma caveira e duas tíbias, tendo a encimá-las as letras S. C. e, pela parte de baixo, as palavras 'Morte ou Glória' e por ser também acusado de professar ideias comunistas". Recolheu a uma esquadra; libertado do Aljube em 22/09/1932.]
[alterado em 28/03/2022]

01126. Tomás Rodrigues Borges [1932]   

[Tondela, c. 1900, condutor da Carris. Casado. Residência: Rua Aliança Operária, 30. Preso em 16/09/1932, "por ter pintado no forro do seu boné de serviço uma caveira e duas tíbias, tendo a encimá-las as letras S. C. e, pela parte de baixo, as palavras 'Morte ou Glória' e por ser também acusado de professar ideias comunistas". Recolheu a uma esquadra; libertado do Aljube em 22/09/1932.] 
[alterado em 28/03/2022]

[João Esteves]