[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

segunda-feira, 21 de março de 2022

[2771.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXIII] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXIII *

01107. Henrique Alexandrino Vieira dos Santos [1932, 1933]

[Porto, 1913, estudante. Filiação: Maria do Carmo Vieira dos Santos, Alberto Alexandrino Vieira dos Santos. Solteiro. Residência: Rua Cidade de Manchester, 5 / R. de Santa Marta, 169 - Lisboa. Filho único do tenente Alexandrino dos Santos, um dos intervenientes no movimento revolucionário de Fevereiro de 1927 e de outras ações contra a Ditadura, viveu com a família em Espanha, nomeadamente em Madrid, onde aquele estava exilado, apesar de diversas incursões clandestinas a Portugal. Regressou a Portugal em 14/06/1932 e ficou a residir no Porto, em casa do avô, aproveitando para regularizar a sua situação militar. Mudou-se para Lisboa em 17/08/1932, ficando a residir em casa dos pais, na Rua Cidade de Manchester. Preso em 06/09/1932, juntamente com o pai, "sob a acusação de estar envolvido em assuntos de organização revolucionária", recolheu a uma esquadra; libertado da 23ª Esquadra em 15/09/1932 (Processo 514). Esta detenção visou obter informações sobre as atividades do pai, quer em Madrid, quer em Portugal. Preso em 18/03/1933, sob a acusação de, em Abril de 1931, ter transportado e entregue armas em locais de Lisboa a pedido do pai (v. Processo 754). Passou a residir definitivamente em Espanha onde, com o início da insurreição militar franquista em 17 de Julho de 1936, ofereceu, tal como o pai, colaboração ao governo legítimo de Espanha. O despoletar da Guerra apanhou-os em Barcelona e foi nessa zona que passaram a atuar. Faleceu em 05/10/1936, com 23 anos, no âmbito da defesa da República Espanhola na frente de Aragão, onde era oficial de uma seção de metralhadoras, havendo versões contraditórias quanto ao realmente sucedido. O seu nome foi atribuído a uma unidade do Partido Socialista Unificado da Catalunha e, em 30/05/1937, a casa de repouso do Corpo de Carabineros, dirigido pelo pai e inaugurada em Burriana (Castellón), foi batizada como "Enrique Alejandrino". (Robert Duró Fort, "Alberto Alexandrino dos Santos, un révoltionnaire ibérique pendant la guerre civile espagnole, 1936-1939", in Les Portugais et la guerre d'Espagne - Engagement militant, solidarités et mémoires, Riveneuve Continents 29-30, 2020, pp.107-138)] 

01108. José Pinto dos Santos [1932]

[Ovar, c. 1905, marceneiro. Filiação: Maria da Ascensão Folha, António Maria Pinto dos Santos. Solteiro. Residência: Praça 5 de Outubro, 15 - Ovar. Entregue pela Administração do Concelho de Montemor-o-Novo em 09/09/1932, "acusado de ter colocado pedras e travessas sobre os carris da linha de caminho de ferro de Évora", e levado, incomunicável, para uma esquadra (Processo 512). Em 14/10/1932, entregue pela PSP de Lisboa no Manicômio Miguel Bombarda, onde ficou internado.]

01109. João dos Santos [1932]

[Lisboa, c. 1910, servente de pedreiro. Filiação: Laura dos Santos Gonçalves de Oliveira, Isidro dos Santos. Solteiro. Residência: Travessa das Fiandeiras, 14. Preso em 10/09/1932, "por suspeita de ter tomado parte na manifestação promovida pelas Juventudes Comunistas, comemorando a XVIII Jornada Internacional, em Alcântara, no dia 4 de Setembro"; levado, incomunicável, para uma esquadra (v. Processo 558). Por despacho do Ministro do Interior, datado de 21/11/1932, foi "condenado" a quatro meses de prisão; libertado em 21/03/1933.]

01110Manuel Pinto [1931, 1932]

[Braga, c. 1910, torneiro de metais. Filiação: Maria da Conceição Pinto, António Boaventura Pinto. Solteiro. Residência: Rua Pedro Dias, 23 - Lisboa. Preso em 26/08/1931, na Rua do Rato, por ter participado no movimento revolucionário desse dia (Processo 328). Deportado para Timor, embarcou em 03/09/1931 no navio Pedro Gomes; desembarcou em Díli em 16/10/1931. Evadiu-se para Macau, regressou a Portugal e apresentou-se no Ministério do Interior em 12/09/1932. Entregue à PIP, recolheu ao Aljube (Processo 516) e foi libertado do Aljube, por ordem do Ministro do Interior, em 10/11/1932.]
[alterado em 24/03/2023]

01111. Joaquim Pedroso Júnior [1932]

[Marinha Grande, c. 1905, vidreiro. Filiação: Rosália Vaz, Joaquim da Silva Pedroso. Casado. Residência: Marinha Grande. Entregue pelo Comando da PSP de Leiria em 11/09/1932, juntamente com Armando Correia Magalhães, Arnaldo Couceiro de Abreu e Joaquim da Silva Couceiro, todos levados para o Aljube. Libertado, por ordem do Diretor-Geral de Segurança Pública, em 30/09/1932.] 

01112. Joaquim da Silva Couceiro [1932, 1949]

[Joaquim da Silva Couceiro || F. 03/01/1949 || ANTT || RGP/18707 || PT-TT-PIDE-E-010-94-18707]

[Marinha Grande, 20701/1908, vidreiro / agente de vendas. Filiação: Maria Rosa da Silva Couceiro, João Inácio Couceiro. Casado. Residência: Marinha Grande / Rua Manuel Pereira Roldão - Marinha Grande. Entregue pelo Comando da PSP de Leiria em 11/09/1932, juntamente com Armando Correia MagalhãesArnaldo Couceiro de Abreu e Joaquim Pedroso Júnior, todos levados para o Aljube. Libertado, por ordem do Diretor-Geral de Segurança Pública, em 30/09/1932. Na década de 1940, em 1945, tornou-se Presidente do Sindicato Nacional dos operários vidreiros da Marinha Grande. Preso em 01/01/1949, na Marinha Grande, e levado para Caxias. Transferido para o Aljube em 05/01/1949, regressou a Caxias em 14/01/1949; libertado em 22/01/1949. Expulso do Partido Comunista em resultado do seu comportamento durante os interrogatórios da PIDE, sendo na altura, Presidente daquele Sindicato.] 
[alterado em 23/03/2022]

01113. Arnaldo Couceiro de Abreu [1932]

[Marinha Grande, c. 1908, vidreiro. Filiação: Amélia Couceiro de Abreu, Arnaldo Couceiro de Abreu. Solteiro. Entregue pelo Comando da PSP de Leiria em 11/09/1932, juntamente com Armando Correia MagalhãesJoaquim da Silva Couceiro Joaquim Pedroso Júnior, todos levados para o Aljube. Libertado, por ordem do Diretor-Geral de Segurança Pública, em 30/09/1932.]

01114. Armando Correia de Magalhães [1932]

[Entregue pelo Comando da PSP de Leiria em 11/09/1932, juntamente com Arnaldo Couceiro de AbreuJoaquim da Silva Couceiro Joaquim Pedroso Júnior, todos levados para o Aljube. Entregue, em 22/10/1932, ao Comando da PSP de Leiria.]
[Trata-se de Armando Magalhães, cuja atividade política no âmbito do Partido Comunista foi muito relevante nos anos 30, nomeadamente em França e Espanha. Exilou-se no Brasil, onde montou uma fábrica de vidros no Rio de Janeiro, rompendo com o seu passado.]
[alterado em 25/03/2022]
[alterado em 21/03/2023]

[João Esteves]

Sem comentários: