* CONFLITOS LABORAIS *
FERREIROS, SERRALHEIROS, TORNEIROS
LISBOA || 1849
No serão de 10 de Setembro de 1849, entre 400 e 500 serralheiros de Lisboa entraram em greve exigindo diminuição das horas de trabalho.
A greve iniciou-se nas Fábricas Vulcano, com 30 operários, Fénix e do sr. Colares e estendeu-se a quase todas as serralharias da capital.
Aquela parece ter sido previamente combinada e organizada pois "é para admirar não só o segredo que anteriormente houve a seu respeito, mas também a união com que se efetuaram".
«No dia 10 a questão das horas de trabalho declarou-se nas fábricas da Boavista. Começou pelos ferreiros, aos quais se ligaram os serralheiros e torneiros.É prática antiga começar os serões no dia de Nossa Senhora da Luz, e prolongá-los até às 8 horas da noite: só para os torneiros começava no dia de S. Francisco. O trabalho principiava ao nascer do sol; e no primeiro de serão era também prática o serem os operários dispensados dele.No dia 10, ao cerrar da noite, uns 30 homens, saídos da fábrica Vulcano, se dirigiram para a fábrica Fénix, da qual os operários estavam saindo em consequência do uso a que já nos referimos. Depois o grupo, aumentado, caminhou para a fábrica do Sr. Colares, e daí saíram também os operários.No dia 11 compareceram em algumas oficinas; mas na fábrica Fénix, ao acender as luzes para o serão, todos saíram sem proferir palavra, e como se fossem um só homem. Em todos estes factos é para admirar não só o segredo que anteriormente houve a seu respeito, mas também a união com que se efetuaram.Em quase todas as serralharias de Lisboa se praticou o mesmo.[...] e a crise dos serralheiros em Lisboa é uma exigência de 400 a 500 homens em uma das capitais menos povoadas.»
[Revista Universal Lisbonense, Nº 46,
26 de Setembro de 1849, Tomo I, 2ª Série,
pp. 541-543]
[João Esteves / 1982-1987]
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