* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXVIII *
01136. Manuel Francisco Roque Júnior [1927, 1932, 1941, 1948]
Participou no movimento revolucionário de Fevereiro de 1927, tendo sido deportado, sabendo-se que, em 1930, estava com residência fixada na Madeira. Quando regressou, continuou a militância ativa no Partido Comunista, de que fora um dos fundadores, pertencendo, em 1931 e 1932, ao seu Secretariado. Na sequência das numerosas prisões de Abril de 1932 e assalto, em Junho, à sua sede, assumiu, a partir de Julho, enquanto membro do Comité Regional de Lisboa, a reorganização do Partido Comunista, reatando ligações e dinamizando células e grupos de simpatizantes. Preso em 17/09/1932, quando o Comité Regional de Lisboa, composto por Álvaro Duque da Fonseca, Armando Ramos e Raul Nunes Leal, estava reunido na sede da Associação de Classe dos Empregados de Escritório, situada na Rua da Madalena, 225 - 1º dto; recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Deodato Ramos, também daquele Comité, já tinha sido detido e, na mesma leva de presos relacionada com esta reunião constavam, ainda, José de Vasconcelos, José Nunes Scheidecker e Togo da Silva Batalha. Foram ainda detidos no mesmo dia António dos Santos Serra, Henrique Fragoso, José Amorim e José Soares - "O Malatesta". Sujeito a um "interrogatório cerrado", ou seja torturado e espancado, acabou por indicar a morada da nova sede do Partido Comunista, que albergava também a das Juventudes Comunistas, localizada na Travessa do Combro, 11 - cave. Continuando a ser "ainda mais apertado", revelou a tipografia legal onde era feito o Avante!, sita na Rua Silva, 32 - loja e pertencente a João Fernandes Nascimento. Deportado para Angra do Heroísmo em 19/11/1933. Em 1935, foi escolhido para representar a CIS no VII Congresso da Internacional Comunista realizado em Moscovo, completando a comitiva Bento Gonçalves e José Gilberto Florindo de Oliveira, pelo Partido Comunista, Francisco de Paula Oliveira, o seu representante junto da IC e que já vivia naquela cidade, Álvaro Cunhal e Domingos dos Santos, estes dois pela FJCP. Roque Júnior, cujos pseudónimos eram "Castro" e "Rafael Castro", viajou com Bento Gonçalves e Gilberto de Oliveira, saindo do país em Julho de 1935: os três atravessaram Espanha, dirigiram-se a Paris, passaram por Bruxelas, Malmö, Estocolmo, Helsínquia e, finalmente, chegaram a Leninegrado, onde apanharam o comboio para a capital da União Soviética. Aí permaneceu, por indicação de Francisco de Paula Oliveira, como representante do Partido Comunista junto do Profintern. No entanto, perante o acentuar da polémica pelas revelações feitas à Policia aquando da prisão de Setembro de 1932, foi expulso daquele por decisão da Comissão de Controle da Internacional Comunista, reunida em 15/07/1936. Passou, então, por Paris e participou, em Espanha, na luta contra os nacionalistas espanhóis, mantendo-se fiel aos seus ideais e "prestando sempre a melhor colaboração ao Partido". A sua situação era conhecida do Partido Comunista de Espanha que, na ficha dedicada a Roque Júnior, datada de 10 de Janeiro de 1939, o considerava "um bom antifascista" que tinha cumprido bem as suas funções militares, sendo a opinião dos camaradas boa.
[João Esteves]
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