[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sexta-feira, 25 de março de 2022

[2776.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXVIII] || 1926 - 1933

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXVIII *

01136. Manuel Francisco Roque Júnior [1927, 1932, 1941, 1948]

[Manuel Francisco Roque Júnior || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-1-NT-8902 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Lisboa, 09/03/1903, trabalhador / serralheiro. Filiação: Isabel Maria Marques, Manuel Francisco Roque. Solteiro. Residência: Rua das Canastras, 22 - Lisboa. A militância de Manuel Francisco Roque Júnior foi intensa entre 1921, ano da fundação do Partido Comunista, e 1936, quando foi afastado por decisão da Internacional Comunista devido a declarações prestadas havia anos à Polícia. Manteve-se, no entanto, coerente com as suas ideias, falecendo alguns anos depois de Abril de 1974. Preso em 01/09/1921, juntamente com Armando dos SantosArmando RamosGuilherme de CastroJoaquim José GodinhoJoaquim RodriguesJorge da Silva PinheiroJosé de Sousa (Coelho), José Madeira RodriguesManuel da Silva CostaMatias José SequeiraSebastião Lourenço, na sequência da afixação de cartazes nas ruas e nas fábricas de Lisboa, comemorando o Dia Mundial da Juventude Comunista. Esteve na Cadeia do Limoeiro e foi transferido para o Forte São Julião da Barra, sendo todos libertados aquando dos acontecimentos de 19 de Outubro - "A noite sangrenta". 

[Manuel Francisco Roque Júnior || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

Participou no movimento revolucionário de Fevereiro de 1927, tendo sido deportado, sabendo-se que, em 1930, estava com residência fixada na Madeira. Quando regressou, continuou a militância ativa no Partido Comunista, de que fora um dos fundadores, pertencendo, em 1931 e 1932, ao seu Secretariado. Na sequência das numerosas prisões de Abril de 1932 e assalto, em Junho, à sua sede, assumiu, a partir de Julho, enquanto membro do Comité Regional de Lisboa, a reorganização do Partido Comunista, reatando ligações e dinamizando células e grupos de simpatizantes. Preso em 17/09/1932quando o Comité Regional de Lisboa, composto por Álvaro Duque da FonsecaArmando Ramos Raul Nunes Leal, estava reunido na sede da Associação de Classe dos Empregados de Escritório, situada na Rua da Madalena, 225 - 1º dto; recolheu, incomunicável, a uma esquadraDeodato Ramos, também daquele Comité, já tinha sido detido e, na mesma leva de presos relacionada com esta reunião constavam, ainda, José de VasconcelosJosé Nunes Scheidecker Togo da Silva Batalha. Foram ainda detidos no mesmo dia António dos Santos SerraHenrique FragosoJosé Amorim José Soares - "O Malatesta". Sujeito a um "interrogatório cerrado", ou seja torturado e espancado, acabou por indicar a morada da nova sede do Partido Comunista, que albergava também a das Juventudes Comunistas, localizada na Travessa do Combro, 11 - cave. Continuando a ser "ainda mais apertado", revelou a tipografia legal onde era feito o Avante!, sita na Rua Silva, 32 - loja e pertencente a João Fernandes Nascimento. Deportado para Angra do Heroísmo em 19/11/1933. Em 1935, foi escolhido para representar a CIS no VII Congresso da Internacional Comunista realizado em Moscovo, completando a comitiva Bento Gonçalves José Gilberto Florindo de Oliveira, pelo Partido Comunista, Francisco de Paula Oliveira, o seu representante junto da IC e que já vivia naquela cidade, Álvaro Cunhal e Domingos dos Santos, estes dois pela FJCP. Roque Júnior, cujos pseudónimos eram "Castro" e "Rafael Castro", viajou com Bento Gonçalves e Gilberto de Oliveira, saindo do país em Julho de 1935: os três atravessaram Espanha, dirigiram-se a Paris, passaram por Bruxelas, Malmö, Estocolmo, Helsínquia e, finalmente, chegaram a Leninegrado, onde apanharam o comboio para a capital da União Soviética. Aí permaneceu, por indicação de Francisco de Paula Oliveira, como representante do Partido Comunista junto do Profintern. No entanto, perante o acentuar da polémica pelas revelações feitas à Policia aquando da prisão de Setembro de 1932, foi expulso daquele por decisão da Comissão de Controle da Internacional Comunista, reunida em 15/07/1936. Passou, então, por Paris e participou, em Espanha, na luta contra os nacionalistas espanhóis, mantendo-se fiel aos seus ideais e "prestando sempre a melhor colaboração ao Partido". A sua situação era conhecida do Partido Comunista de Espanha que, na ficha dedicada a Roque Júnior, datada de 10 de Janeiro de 1939, o considerava "um bom antifascista" que tinha cumprido bem as suas funções militares, sendo a opinião dos camaradas boa. 

[Manuel Francisco Roque Júnior || F. 27/11/1941 || ANTT || RGP/13641 || PT-TT-PIDE-E-010-69-13641_P2]

Preso em 26/11/1941, na Beirã, provavelmente quando regressava do exílio. Recolheu à 1ª Esquadra, seguiu, em 11/12/1941, para o Aljube, em 15/01/1942, para Caxias e, em 04/05/1942, para Peniche. Libertado, por determinação do Governo, em 26/11/1943.

[Manuel Francisco Roque Júnior || F. 02/02/1948 || ANTT || RGP/13641 || PT-TT-PIDE-E-010-69-13641_P1]

Preso pela PSP de Lisboa em 30/01/1948, "por atividades subversivas". Levado para Caxias, foi libertado em 29/03/948. Participou, em 1969 e 1973, nas Comissões da CDE, vivendo intensamente o 25 de Abril de 1974 na zona oriental da cidade de Lisboa, onde residia. Faleceu poucos anos depois. Casado com Etelvina Adelaide.]

[alterado em 26/03/2022]
[alterado em 09/05/2024]
[alterado em 03/08/2024]

[João Esteves]

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