* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXII *
01106. Manuel Gregório Pestana Júnior [1926, 1926, 1928, 1928, 1931]
Filho de Maria Carolina Ramos de Andrade e de Manuel Gregório Pestana, escrivão de Fazenda que chegou a ser Administrador do Concelho de Porto Santo no final do século XIX, nasceu em 16/08/1886, na freguesia de Nossa Senhora da Piedade, Vila Baleira - Porto Santo.
Fez a instrução primária em Porto Santo e iniciou o liceu no Funchal, prosseguindo-o em Lisboa, no Colégio de Campolide, que frequentou entre 01/10/1899 e meados de 1905. Aí se destacou enquanto estudante, orador, poeta e escritor.
Matriculou-se, em 1905, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde enfileirou no grupo de estudantes republicanos e foi um dos "160 intransigentes" da greve académica de 1907, despoletada pela reprovação, por unanimidade, de José Eugénio Dias Ferreira nas provas para obtenção do grau de "doutor" ocorridas em 27 e 28 de Fevereiro.
Em 1908, começou a colaborar no jornal conimbricense A Revolta, surgido em Dezembro sob a direção de Aníbal Ramada Curto. Integrou, no ano seguinte, o grupo coimbrão da carbonária e, em 1910, manteve participação ativa na organização civil e militar do centro do país que ia preparando o derrube da Monarquia.
Formou-se em 20/07/1910 e estava no Funchal quando se deu a revolução republicana, sendo nomeado Administrador do Concelho. Em 1912-1913 foi eleito Presidente da Câmara, iniciando-se na Maçonaria, na loja A Revolta (Coimbra), com o nome simbólico de "Bakunine".
Eleito deputado pelo círculo do Funchal (1913-1917) e pelo círculo de Lisboa (1922-1926), integrou as listas do Partido Republicano Português, do Partido Democrático e, por fim, do Partido Republicano da Esquerda Democrática. Colaborou, em 1918-1919, com as iniciativas promovidas pela União dos Sindicatos do Funchal.
Em 1924-1925, colaborou com a Câmara Municipal de Lisboa e, em 1924, foi nomeado pelo Ministro da Justiça, José Domingues dos Santos, diretor das Cadeias Civis Centrais de Lisboa (Limoeiro), sendo afastado após o 28 de Maio de 1926. No curto ministério daquele, foi seu Ministro das Finanças (22/11/1924-15/02/1925).
Acompanhou-o na dissidência que levou à fundação do Partido Republicano da Esquerda Democrática: integrou o Diretório e foi eleito deputado por Lisboa nas eleições de 08/11/1925.
Após o Golpe Militar de 28 de Maio de 1926, foi mandado apresentar-se no Ministério da Guerra e preso em 25/06/1926, juntamente com o general Sá Cardoso, coronéis Hélder Ribeiro e Álvaro Poppe, Álvaro Castro e José Eugénio Dias Ferreira, todos levados para bordo da Fragata D. Fernando II e Glória, e libertado em 03/07/1926, devido à indignação causada junto de vários setores.
Neste mesmo mês, em 26/07/1926, seria "desligado do serviço" de Diretor das Cadeias Civis Centrais de Lisboa, passando a receber dois terços dos seus vencimentos.
Em 18/04/1928, desembarcou em Lisboa, sendo preso para interrogatório em 15/06/1928, um mês antes da Revolta do Castelo, em cujos preparativos estava implicado, assim como outros elementos do Partido Republicano da Esquerda Democrática.
Continuando a conspirar na preparação de um movimento revolucionário aglutinador que pusesse fim à Ditadura Militar, voltou a ser preso em 18 de Novembro de 1928 e interrogado em 4 de Dezembro. Encarcerado na Penitenciária, seria, em 8 de Janeiro de 1929, deportado mais uma vez para os Açores, juntamente com Adelino António Miranda, António José Chícharo, António Neves Rodrigues, Ernesto Carneiro Franco, Ilídio Nogueira, Joaquim Pinto Lima, Jorge Augusto da Silva Figueiredo, José Lopes Soares, José Santos Graça, Luís de Loureiro da Conceição Melo Borges de Castro, Manuel Gregório Pestana Júnior e Urbano Rocha Dantas.
Derrotado o movimento, refugiou-se no navio britânico "London" com outros revolucionários, pedindo asilo. Daí passou para o navio de guerra "Curlew", acabando por ser entregue, dias depois, às autoridades portuguesas e deportado para a ilha do Sal, em Cabo Verde, onde permanecerá até Março de 1932. Devido à contração de uma grave biliosa, acabou por ser transferido de urgência para o Funchal e, de seguida, fixada residência, até meados de 1935, em Porto Santo, não tendo sido explicitamente contemplado na amnistia de 5 de Dezembro de 1932.
Finda aquela obrigatoriedade, instalou-se no Funchal, exercendo a advocacia e integrando todos os movimentos oposicionistas.
Foi, em 1945, um dos organizadores do Movimento de Unidade Democrática (MUD) na Madeira, Em 1949, participou na campanha presidencial de Norton de Matos e, em 1958, na de Humberto Delgado, integrando a Comissão Distrital. Em 1961, foi candidato da oposição pelo Funchal, juntamente com Brito Câmara e Aníbal Trindade.
Faleceu em 19/08/1969, com 83 anos.
[João Esteves]
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