* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLVII *
01086. Retílio Nunes Bastos [1932, 1934, 1937]
[Retílio Nunes Bastos || ANTT || RGP/7882 || PT-TT-PIDE-E-010-40-7882]
[Lisboa, 19/01/1906, empregado do comércio / caixeiro. Filiação: Bárbara da Silva Nunes, Bernardino Joaquim Ferreira Bastos. Solteiro. Residência: Travessa do Convento da Encarnação, 4 / Rua 20 de Abril, 221. Preso em 03/09/1932 pela PSP de Lisboa, juntamente com Carlos Pimenta Martins Pereira, por "afixar prospetos de propaganda subversiva na Rua da Palma e proximidades", tendo-lhe sido "encontrados dois livros de propaganda subversiva de matéria comunista"; levado para uma esquadra. Nas suas declarações, terá afirmado que já pertencera ao Partido Comunista, do qual se desligara em Dezembro de 1931 (Processo 511), o que não seria verdade. Libertado da 3ª esquadra em 14/09/1932. Continuou a estar ligado ao Partido Comunista e tinha funções de responsabilidade na Comissão Intersindical (CIS), Preso em 24/01/1934, por estar envolvido na Greve de 18/01/1934, e mantido, a partir do dia 25, em regime de regime de incomunicabilidade na 16.ª esquadra da PSP, em Campolide. Tentou suicidar-se em 08/01/1934, quando ainda permanecia incomunicável, golpeando a perna com o vidro de um frasco de medicamento (Processos 945 e 1051). Enviado o processo para o TME, foi libertado em 13/03/1934 por ter sido despronunciado. No entanto, terá estado mesmo envolvido nos preparativos do 18 de Janeiro, tendo-se deslocado ao Algarve para esse fim, usando nos contactos o pseudónimo "Raul Santos".
[Retílio Nunes Bastos || ANTT || RGP/7882 || PT-TT-PIDE-E-010-40-7882]
Preso em 24/08/1937, "para averiguações", recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Transferido, em 13/09/1937, para o Aljube e, em 12/07/1938, seguiu para Caxias. Voltou ao Aljube em 05/05/1939, sendo levado para a enfermaria, regressou a Caxias em 11/09/1939. Entrou, em 22/03/1940, na enfermaria do Aljube, de onde teve alta em 25/07/1940. Levado, em 26/09/1940, para Caxias, foi transferido para Peniche em 24/11/1940. Em 1942, passou pelo Aljube (07/09/1942) e por Caxias (15/10/1942). Em 1944, foi transferido para Peniche (23/05/1944), regressou a Caxias em 22/12/1945 e, em 01/10/1946, entrou na enfermaria do Aljube e, em 18/11/1946, reenviado para Caxias. Libertado em 11/06/1947. Entre 24/08/1937 e 11/06/1947, esteve, pelo menos, cinco vezes preso no Aljube, muitas delas com internamento na sua enfermaria, seis em Caxias e duas em Peniche.]
[alterado em 22/03/2022]
01087. Santos Cardoso da Silva [1932]
[S. João Batista - Coruche, c. 1889, ajudante de farmácia - Lisboa. Filiação: Casimira Monteiro, José Cardoso da Silva. Casado. Residência: Rua Morais Soares, 72. Preso em 02/09/1932, acusado de alugar "um quarto para lá esconder um chefe revolucionário" e manter ligações com Ferreira Marques e o ex-tenente Quilhó; levado para uma esquadra (v. Processo 524). Libertado do Aljube em 29/09/1932.]
[alterado em 30/03/2022]
01088. Artur Serra [1932]
[Artur Serra || ANTT || RGP/188 || PT-TT-PIDE-E-010-1-188]
[Mação, c. 1907, fragateiro. Filiação: Patrocínia Marques, Francisco Serra. Solteiro. Residência: s/residência / Rua de S. Pedro, 4 - Lisboa. Integraria a Célula 24 do Comité de Zona Nº 1 do Partido Comunista. Preso em 24/04/1932, na Serra de Monsanto, quando assistia à demonstração de lançamento de bombas e utilização de explosivos a serem utilizados na jornada do 1.º Maio, sob a orientação de Manuel Francisco da Silva ("O Manuel Pedreiro" que faleceu em 24 de Agosto de 1941, quando detido na Fortaleza de Angra do Heroísmo). Integrava as "Brigadas de Choque" do Partido Comunista, sendo considerado "elemento desembaraçado e bastante perigoso" (Processo 452). Foi determinado, em 10/08/1932, que lhe fosse fixada residência obrigatória em Cabo Verde ou em Timor. Encontrava-se, em Setembro de 1932, preso na Penitenciária, sendo julgado pelo Tribunal Militar Territorial no dia 7. Julgado pelo TME em 30/10/1934, acusado de, durante o ano de 1932, "ter tomado parte no fabrico, transporte, detenção e uso, para experiência, de bombas explosivas" e condenado a dez anos de degredo, com prisão, e multa de vinte mil escudos (Processo 16/933 - TME). Por ter interposto recurso, foi novamente julgado em 06/11/1934, tendo a pena sido alterada para dois anos de prisão, dada por expiada com a prisão preventiva sofrida.
[ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-507_c0001]
[ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-507_c0002]
Entrou no Aljube em 04/12/1934 e transferido, em 19/12/1934, para Peniche, de onde foi libertado em 27-28/03/1935.]
[João Esteves]
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