[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

domingo, 27 de dezembro de 2015

[1285.] MARIA TERESA DE MACHADO TEIXEIRA RUELA [I]

* MARIA TERESA RUELA *

|| ASSOCIAÇÃO FEMININA PORTUGUESA PARA A PAZ || PORTO ||

[Maria Teresa de Machado Teixeira Ruela || 23/06/1958 || ANTT || RGP/23176]

Filha de Maria Olga de Machado Teixeira Ruela e de Augusto Ruela, Maria Teresa de Machado Teixeira Ruela nasceu em 7 de Setembro de 1922.

Na década de 40 e início dos anos 50, quando residia na Avenida Fabril do Norte, Senhora da Hora, Matosinhos, pertenceu à Delegação do Porto da Associação Feminina Portuguesa para a Paz, sendo, segundo apontamento de Irene Castro, sua última Presidente, a sócia nº 296.

Integrou a Direção da AFPP-Porto e era sua Vice-Presidente desde 1950 quando, em Março de 1952, a agremiação foi proibida pela ditadura. 

Devido à sua consequente militância antifascista, foi presa no Porto pela PIDE em 23 de Junho de 1958, tendo recolhido às prisões privativas daquela cidade, enquanto o marido, também detido, foi enviado para Caxias. Morava, então, no mesmo arruamento de Matosinhos, só que noutra habitação.

Julgada em 7 de Setembro de 1959, foi condenada a dois meses de prisão, já expiada com a detenção sofrida, e suspensão dos direitos políticos por três anos.

Na década de 60, devido à possibilidade de nova detenção do marido e do filho João, nascido em 23 de Setembro de 1945, a família partiu para Argel, onde viveu exilada.

Maria José Ribeiro, no depoimento em 40 vidas por Abril [Modo de Ler, 2015], refere que "Foi no Porto que me iniciei na luta política, foi no Porto que conheci pessoas excelentes, solidárias, de um profundo humanismo, símbolos de coerência na luta pela dignidade do nosso povo e a soberania do nosso país. Desde logo, o Manuel e a Maria Teresa Teixeira Ruela - os primeiros camaradas  que conheci - [...]".

Casada com o médico comunista Manuel Joaquim de Machado Teixeira Ruela, conhecido na Senhora da Hora como o médico dos pobres, filho de Maria Vera Machado Teixeira [Ruela] e do tenente de infantaria João Pedro Ruela. Exilado em Argel, Manuel Teixeira Ruela saiu do Partido Comunista na sequência da invasão da Checoslováquia.  

[João Esteves]

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

[1284.] JOÃO GOMES JÚNIOR [IV] || 1872-1957

* JOÃO GOMES JÚNIOR *

[1872 - 1957]

João Gomes Júnior é um dos muitos nomes que passa despercebido na historiografia da 1.ª República e na da Oposição às Ditaduras Militar e Estadonovista e, no entanto, foi um denodado republicano, antes da República, e corajoso opositor do regime instaurado em 28 de Maio de 1926, tendo sido perseguido, preso e deportado já sexagenário.

Filho de Guilhermina dos Prazeres e de João Gomes, nasceu em Coimbra, em 9 de Novembro de 1872, e casou com Mariana da Conceição Gomes [10/09/1875 - 1961(?)], tendo o casal tido nove filhos [Carlos Gomes, Jaime, José Gomes dos Santos, Berta, Felismina, Mário Gomes dos Santos, João, Maria e uma rapariga falecida ainda bebé].

Industrial, serralheiro de reconhecida arte e comerciante, foi ativista do Partido Republicano de Coimbra - Comissão Paroquial da Freguesia de Santa Cruz, onde era, em 1910, o respectivo Secretário, sendo um dos muitos cidadãos que, em 6 de Outubro, assinou o Auto de Proclamação da República em Coimbra elaborado na sede do Município. 



Aquando do triunfo da Ditadura Militar, enfileirou a oposição ativa republicana e sofreu duras consequências políticas, económicas e familiares. Amigo e correligionário de Bissaya Barreto [1886-1974], fez questão de cortar relações e não mais lhe dirigir a palavra na sequência do posterior posicionamento ideológico deste.

Nos anos 30, a partir da mercearia que detinha na Rua da Sofia, colaborou com alguns dos filhos na impressão e difusão do jornal A Verdade, afeto a Afonso Costa, sendo aquele estabelecimento "também frequentado assiduamente por tertúlias de vários «desafetos» ao regime" [Alberto Vilaça]. 
 

Na sequência desse envolvimento, andou quase três anos fugido à Polícia Política, escondendo-se onde podia na zona da Figueira da Foz, Lares e Coimbra, inclusivamente em estações de comboio, foi condenado, preso e deportado. O armazém, que abastecia a cidade e muitos lugares dos arredores, foi fechado e, "logo após a sua fuga e as dos filhos, seguidas das prisões destes, a esposa ter-se-á visto mesmo forçada, por falta de todos estes apoios, a encerrar a mercearia, convocando os credores" [Alberto Vilaça], causando danos económicos e familiares extremamente gravosos ao quotidiano familiar. 

Um dos filhos, José Gomes dos Santos, esteve diretamente envolvido na fuga de Armando Cortesão, um dos responsáveis pelo órgão republicano, e entregou, por volta de 1935, parte do tipo que se salvara, "escondida talvez nos escaninhos da mercearia de João Gomes Júnior" ao Partido Comunista "que dele pôde assim passar a usufruir" [Alberto Vilaça]. Os caracteres tipográficos salvos foram entregues dentro de um saco a António Mano Fernandes [n. 23/01/1911], estudante antifascista conimbricense que faleceu em 30 de Janeiro de 1938, com 27 anos, por falta de assistência médica, tendo sido transferido já moribundo do Forte de Peniche para os Hospitais Universitários de Coimbra.


Por andar fugido, João Gomes Júnior foi julgado à revelia pelo Tribunal Militar Especial do Porto em 6 de Julho de 1934, acusado de ter autorizado, no segundo semestre de 1933, a armazenarem na sua mercearia muitos pacotes com o jornal clandestino A Verdade e que escondessem o tipo da impressão com que foi feito o seu número 5, para além de o ter distribuído na cidade de Coimbra.


Preso em Coimbra em 29 de Agosto de 1936, quando tinha 63 anos de idade, João Gomes Júnior foi transferido para o Aljube em 26 de Setembro e deportado para a Fortaleza de Angra do Heroísmo em 17 de Outubro do mesmo ano, tendo embarcado no dia seguinte no vapor Luanda.


O regresso deu-se em 3 de Novembro de 1937, quando embarcou no navio Carvalho de Araújo, e foi solto a 8, na véspera de completar 65 anos.


No final da década de 1930, Manuel Campos Lima [1916-1996], então diretor do jornal O Diabo, era visita de sua casa quando se deslocava a Coimbra, onde se reunia, entre outros, com José Gomes  dos Santos.

 [Coimbra || Década de 1950]

João Gomes Júnior faleceu em Coimbra, na sua residência, com 85 anos de idade [o nome próprio da esposa é Mariana e não Maximina como consta da necrologia].


[João Esteves]

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

[1283.] JOSÉ ADELINO COELHO [I]

* PARTIDO REPUBLICANO DE COIMBRA || COMISSÃO PAROQUIAL DE SANTA CRUZ || 1910 *

- JOSÉ ADELINO COELHO || BARBEIRO || RUA DA SOFIA -

[1910]

[1282.] FRANCISCO DE MENDONÇA [I]

* PARTIDO REPUBLICANO DE COIMBRA || COMISSÃO PAROQUIAL DE SANTA CRUZ || 1910 *

- FRANCISCO DE MENDONÇA || RUA DA NOGUEIRA - 

[1910]

[1281.] ANTÓNIO DE OLIVEIRA BARROS [I]

* PARTIDO REPUBLICANO DE COIMBRA || COMISSÃO PAROQUIAL DE SANTA CRUZ || 1910 *

- ANTÓNIO DE OLIVEIRA BARROS || RUA DA SOFIA -

[1910]

[1280.] JOÃO SÉRIO VEIGA [I]

* PARTIDO REPUBLICANO DE COIMBRA || COMISSÃO PAROQUIAL DE SANTA CRUZ || 1910 *

- JOÃO SÉRIO VEIGA || LARGO DA FREIRIA -

[1910]

[1279.] JOÃO DE ALMEIDA MARTINHO [I]

* PARTIDO REPUBLICANO DE COIMBRA || COMISSÃO PAROQUIAL DE SANTA CRUZ || 1910 *

- JOÃO DE ALMEIDA MARTINHO || TERREIRO DA ERVA -
[Terá partido nesse mesmo ano para Lisboa]

[1910]

[1278.] ADRIANO FERREIRA DA CUNHA [I]

* PARTIDO REPUBLICANO DE COIMBRA || COMISSÃO PAROQUIAL DE SANTA CRUZ || 1910 *

- ADRIANO FERREIRA DA CUNHA || PRAÇA 8 DE MAIO -

[1910]

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

[1277.] MARIA VIRGÍNIA CORREIA PEREIRA NOGUEIRA SECO [I]

* MARIA VIRGÍNIA CORREIA PEREIRA NOGUEIRA SECO || CNMP - COIMBRA *

- Provável familiar de Francisco e Sílvio Nogueira Seco, membros da Comissão Paroquial da Freguesia de Santa Cruz do Partido Republicano de Coimbra -


Professora. 

Nasceu em Coimbra em 1923 e faleceu em 2013, filha de Júlio Nogueira Seco, empregado dos correios. 

Frequentou, a partir do início da década de 40, a Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, licenciando-se em Ciências Matemáticas. 

Integrou o numeroso grupo de mulheres da região centro que, em 1946, solicitou a Maria Lamas, na qualidade de Presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, a formação de uma delegação em Coimbra, subscrevendo-se como Maria Virgínia Nogueira Seco, licenciada em Matemáticas. 

Irmã de Maria Luísa Nogueira Seco, licenciada em Filologia Germânica e que pertenceu ao mesmo núcleo. Casou com José Machado Gil, também professor de matemática e mãe do médico psiquiatra José Augusto Seco Machado Gil [Coimbra, 13/03/1953 – Joanesburgo, 15/06/1996].

[João Esteves]

[1276.] MARIA LUÍSA CORREIA PEREIRA NOGUEIRA SECO [I] || CNMP - COIMBRA

* MARIA LUÍSA CORREIA PEREIRA NOGUEIRA SECO || CNMP - COIMBRA *

Provável familiar de Francisco e Sílvio Nogueira Seco, membros da Comissão Paroquial da Freguesia de Santa Cruz do Partido Republicano de Coimbra

Licenciada em Filologia Germânica. 

Natural de Coimbra, filha de Júlio Nogueira Seco, empregado dos correios. 

Frequentou, a partir do ano letivo 1938-1939, a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde concluiu a licenciatura em Filologia Germânica com a monografia Breve estudo sobre Adalbert Stifter através das Bunte Steine (1944). 

Integrou o numeroso grupo de mulheres da região centro que, em 1946, solicitou a Maria Lamas, na qualidade de Presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, a formação de uma delegação em Coimbra, subscrevendo-se como Maria Luísa Nogueira Seco, licenciada em Letras. 

Irmã de Maria Virgínia Nogueira Seco, licenciada em Ciências Matemáticas e que pertenceu ao mesmo núcleo.


[João Esteves]

[1275.] SÍLVIO NOGUEIRA SECO [I]

* PARTIDO REPUBLICANO DE COIMBRA || COMISSÃO PAROQUIAL DE SANTA CRUZ || 1910 *

- SÍLVIO NOGUEIRA SECO || QUINTAL DO PRIOR -

[1910]

[1274.] FRANCISCO NOGUEIRA SECO [I]

* PARTIDO REPUBLICANO DE COIMBRA || COMISSÃO PAROQUIAL DE SANTA CRUZ || 1910 *

- FRANCISCO NOGUEIRA SECO || QUINTAL DO PRIOR -

[1910]

[1273.] FIGUEIRA DA FOZ [I]

* FIGUEIRA DA FOZ || 2011 *




 [Figueira da Foz || 13 de Maio de 2011]

domingo, 20 de dezembro de 2015

[1272.] CARLOS GOMES [I]

* PARTIDO REPUBLICANO DE COIMBRA || COMISSÃO PAROQUIAL DE SANTA CRUZ || 1910 *

- CARLOS GOMES [DOS SANTOS] || RUA DE MONTES CLAROS -

Filho mais velho de Mariana da Conceição Gomes [n. 1875] e de João Gomes Júnior [n. 1872].

Integrava, em 1910, a Comissão Paroquial da Freguesia de Santa Cruz do Partido Republicano de Coimbra, de que seu pai era o Secretário, e foi um dos muitos cidadãos que, em 6 de Outubro de 1910, assinou o Auto de Proclamação da República em Coimbra elaborado na sede do Município.

Filho e irmão de republicanos e oposicionistas à Ditadura Militar e à ditadura do Estado Novo, este militar de carreira [tenente em 1930, major na década de 40, tenente-coronel na década de 50] entrou em variadas conspirações e sublevações contra o regime, sendo disso acusado pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado e alvo de processos políticos levantados pela instituição militar, atenuados por ter sido colega de Santos Costa [1899 - 1982], com o qual sempre terá mantido uma relação de camaradagem militar.

Pai de Henrique Aureliano Vieira Gomes, médico com residência na Figueira da Foz que seria, na década de 1980, deputado pelas listas do Partido Socialista; de Humberto Carlos Vieira Gomes; e de Maria da Conceição Helena Vieira Gomes [Lopes Rego].  

[1910]

[1271.] ANTÓNIO RODRIGUES DE MOURA [I]

* PARTIDO REPUBLICANO DE COIMBRA || COMISSÃO PAROQUIAL DE SANTA CRUZ || 1910 *

- ANTÓNIO RODRIGUES DE MOURA || RUA DA SOFIA -

[1910]

[1270.] ANTÓNIO DOS SANTOS [I]

* PARTIDO REPUBLICANO DE COIMBRA || COMISSÃO PAROQUIAL DE SANTA CRUZ || 1910 *

- ANTÓNIO DOS SANTOS -

[1910]

sábado, 19 de dezembro de 2015

[1269.] JOSÉ DIAS COELHO [VII]

* JOSÉ ANTÓNIO DIAS COELHO *
[19/06/1923 - 19/12/1961]

[Fotografia do Arquiteto Hernâni Gandra || 1954]

[Diário de Lisboa || 18 de Junho de 1974]

[Diário de Lisboa || 19 de Dezembro de 1974]

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

[1268.] CÂNDIDA VENTURA [III]

* CÂNDIDA MARGARIDA VENTURA *

 [30/06/1918 - 16/12/2015]

Cândida Ventura faleceu ontem, aos 97 anos.

Hoje, ao ler-se  a imprensa online constata-se que alguns textos necrológicos sobre Cândida Ventura terão "bebido" num escrito biográfico aqui publicado em 20 de Junho de 2014 e devidamente assinado com as iniciais JE, sem que se vislumbre referência ao autor ou à fonte. 

Nada que surpreenda, atendendo ao estado a que o jornalismo e a imprensa chegaram.

Republica-se aqui o texto, com escassos acrescentos, sobre Cândida Ventura e que faz parte de um projeto de investigação mais amplo e que inclui outras biografias já afloradas.


Nasceu em Moçambique, na cidade de Lourenço Marques, a 30 de Junho de 1918, filha de António Ventura, funcionário dos caminhos-de-ferro, e de Clementina de Deus Franco Pires Ventura, mas cresceu nas Caldas de Monchique, no Algarve. As influências do pai, então funcionário da administração das termas de Monchique que “inculcou nos filhos o amor pela natureza, doando-nos a rectidão do seu carácter, a sua bondade, a compreensão, o diálogo e o respeito pelos outros como base das relações humanas” [O Socialismo que eu vivi, p. 21], e dos seus amigos, entre os quais se contavam o Dr. Rui Teles Palhinha e o poeta algarvio Cândido Guerreiro, marcaram a maneira de ser e de pensar de Cândida Ventura, estimulando-lhe o interesse pela História e pela Filosofia, para além da política. Como a mãe era professora primária, em 1929, com 11 anos, partiu para Lisboa e ficou no Instituto do Professorado Primário, fundado e dirigido por Amália Luazes. Estudou no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, ainda no Largo do Carmo, onde “foi de grande importância para mim a influência de professoras como Ema de Oliveira, Olímpia Bastos, Margarida Pinto, Seomara da Costa Primo (assistente do Dr. Rui Teles Palhinha)” [idem, p. 22], e em 1936 matriculou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa, onde conviveu, entre outros nomes, com Mário Dionísio [16/07/1916 - 17/11/1993], Vasco Magalhães-Vilhena [1916-1993] e Fernando Piteira Santos [23/01/1918 - 28/09/1992], com quem se casou muito nova. No novo meio académico, marcado pelos acontecimentos trágicos da Guerra Civil de Espanha, iniciou a sua vida política e, tal como os dois irmãos, Joaquim Pires Ventura e Maria Clementina Ventura Campos Lima [n. 19/06/1917], aderiu ao Partido Comunista Português, numa militância activa que perdurou por quatro décadas, até Agosto de 1976, desempenhando, de forma continuada, funções políticas relevantes. Pertenceu à Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas – trabalhou com Álvaro Cunhal, cinco anos mais velho, em 1937-1938 –, integrou o Bloco Académico Antifascista (BAAF), organização ilegal e clandestina criada em finais de 1935 que visava combater o fascismo e o governo salazarista, e a Federação Académica de Solidariedade, foi a responsável do Socorro Vermelho Internacional na sua Faculdade e actuou na Associação Feminina Portuguesa para a Paz e no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas. Fez parte da redacção do jornal O Diabo, participou, com outros jovens intelectuais e activistas, nos passeios de barco pelo rio Tejo de características culturais e políticas, realizados nos anos de transição da década de 30 para a de 40, e apoiou, em 1940-1941, os reorganizadores do Partido Comunista Português. Em 1943, no mesmo ano em que concluiu o Curso de Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra e teve papel de destaque na preparação e orientação das greves do calçado de S. João da Madeira, ocorridas em Agosto, passou à clandestinidade por proposta de José Gregório, tornando-se na primeira mulher com funções directivas após a recente reorganização. Sucedeu a Joaquim Pires Jorge enquanto responsável do PCP na zona Norte e, como tal, chegou a viver nas casas do Porto de Nina Perdigão e de Alexandre Babo, que já a conhecia desde os tempos do BAAF e a considerava “para a nossa geração uma referência determinante, quase um mito, ligado à sua luta, à sua coragem e até à sua beleza” [Alexandre Babo, p. 244]. Participou na reunião ampliada do Comité Central realizada, em Maio de 1945, na Casa da Granja; interveio no II Congresso Ilegal, realizado numa casa da Lousã em Julho de 1946, onde passou a integrar, como suplente (1946) e depois como efectiva (1957), o Comité Central, apesar de em Março de 1954, na sua V Reunião Ampliada, ter sido acusada de actividade fracionária, suspensa e readmitida em 1956. Desenvolveu tarefas na organização operária de Lisboa, foi a responsável pela criação do boletim 3 Páginas, órgão especificamente dedicado às mulheres clandestinas das casas do Partido, e em Abril de 1958 saiu ilegalmente do país para visitar a União Soviética. 


Presa a 3 de Agosto de 1960, ao fim de 18 anos de vivência clandestina no país, recolheu ao Forte de Caxias. Julgada pelo Tribunal Plenário de Lisboa a 13 de Maio de 1961, foi condenada a cinco anos de prisão maior, suspensão de direitos políticos por 15 anos e medida de segurança de internamento, indeterminado, de seis meses a seis anos. 



Libertada, por questões de saúde, a 11 de Julho de 1963, casou, em 5 de Maio de 1964, com Orlando Lindim Ramos, preso em Peniche, partiu, nesse mesmo ano, para o estrangeiro e retomou a actividade política. A partir de 1965, viveu na Checoslováquia enquanto representante do Comité Central naquele país e na Revista Internacional, sob o nome de Catarina Mendes. Aí conviveu com José Gregório e Amélia do Carmo, acompanhou por dentro os acontecimentos relacionados com a “Primavera de Praga”, afirmando posteriormente ter discordado das posições oficiais então assumidas pelos dirigentes partidários, e viu a filha Rosa juntar-se-lhe em 1969, quando tinha dezassete anos. Regressou a Portugal ao fim de dez anos, no início de 1975, e no ano seguinte consumou a ruptura com o Partido de décadas. Usou os pseudónimos “Joana”, “André”, “Maria” e “Catarina Mendes” e colaborou no Avante!. Após o afastamento do PCP, manteve intervenção política e cívica noutros quadrantes político-partidários e trabalhou como professora e funcionária do Ministério dos Negócios Estrangeiros antes de voltar ao seu Algarve e fixar residência em Portimão. Aqui, preocupou-se, entre outros aspectos, com a integração da comunidade oriunda dos Países de Leste. Escreveu, em 1984, o livro O Socialismo que eu vivi. Testemunho de uma ex-dirigente do PCP, com Prefácio de Artur London, com apontamentos memorialistas por vezes contraditórios, como sublinhou Linda Kondrátová, e em que é privilegiado o período posterior a 1968 em detrimento da rica militância anterior. 

Rose Nery Nobre de Melo inseriu a sua “Biografia Prisional” no livro Mulheres Portuguesas na Resistência


Mário Dionísio lembrou-a, enquanto “Joana de olhos claros”, em Balada dos Amigos Separados, embora posteriormente, na Autobiografia, se tenha revelado crítico  do seu percurso posterior [pp. 71-72]. 

Pacheco Pereira, na trilogia dedicada à biografia política de Álvaro Cunhal, inseriu fotografias suas, nomeadamente uma num dos passeios de barco pelo rio Tejo.

[João Esteves]

[1268-A.] CÂNDIDA VENTURA [IV] || DESCUBRA AS DIFERENÇAS

* CÂNDIDA MARGARIDA VENTURA E A IMPRENSA DITA DE "REFERÊNCIA" *
[30/06/1918 - 16/12/2015]

Ao ler-se  o Público online de 16/12/2015, 17:20, constatou-se que o texto necrológico sobre Cândida Ventura, sem autor explícito, era "semelhante", "muito semelhante", para não se dizer "idêntico" a um escrito biográfico aqui publicado em 20 de Junho de 2014 e devidamente assinado com as iniciais JE, sem que se vislumbre referência ao seu autor ou à fonte. 

"Plagiado", "copiado", "transcrito" centenas de vezes, omitindo-se, muitas vezes deliberadamente, fontes e autor, este caso não deixa de ser surpreendente pela sua ligeireza e à vontade, constituindo um péssimo exemplo de como funciona a pesquisa na internet e como há muito a imprensa perdeu credibilidade, não por falta de leitores, mas pelas opções empresariais, ideológicas, editoriais e jornalísticas assumidas, ainda que, por vezes, encapotadamente. 

No dia dezoito, depois de um contacto com o periódico, este  acrescentou à notícia online "Segundo o blogue Silêncios e Memórias, de Jão [?] Esteves" entendeu retratar-se na seção "O Público errou", referindo que "os elementos biográficos sobre Cândida Ventura, inseridos no obituário da antiga dirigente do PCP, recolhem elementos publicados em várias fontes". 

Perante a reafirmação de que "os elementos biográficos sobre Cândida Ventura, inseridos no obituário da antiga dirigente do PCP, recolhem elementos publicados em várias fontes", valerá então a pena, até para memória futura, comparar a "informação" do Público online com o conteúdo do escrito inserido há ano e meio neste blogue e republicado no dia 17: em primeiro lugar surge o escrito deste blogue, seguido do texto referido jornal, estando a sublinhado as expressões ou palavras "iguais":

Nasceu em Moçambique, na então cidade de Lourenço Marques, a 30 de Junho de 1918, filha de António Ventura, funcionário dos caminhos-de-ferro, e de Clementina de Deus Franco Pires Ventura, mas cresceu nas Caldas de Monchique, no Algarve. // "Cândida Margarida Ventura nasceu em Moçambique, na então cidade de Lourenço Marques, a 30 de Junho de 1918, filha de António Ventura, funcionário dos caminhos-de-ferro, e de Clementina de Deus Franco Pires Ventura, mas cresceu nas Caldas de Monchique, no Algarve."

As influências do pai, então funcionário da administração das termas de Monchique que “inculcou nos filhos o amor pela natureza, doando-nos a rectidão do seu carácter, a sua bondade, a compreensão, o diálogo e o respeito pelos outros como base das relações humanas” [O Socialismo que eu vivi, p. 21], e dos seus amigos, entre os quais se contavam o Dr. Rui Teles Palhinha e o poeta algarvio Francisco Xavier Cândido Guerreiro [1872-1953], marcaram a maneira de ser e de pensar de Cândida Ventura, estimulando-lhe o interesse pela História e pela Filosofia, para além da política. // "As influências do pai, então funcionário da administração das termas de Monchique que “inculcou nos filhos o amor pela natureza, doando-nos a rectidão do seu carácter, a sua bondade, a compreensão, o diálogo e o respeito pelos outros como base das relações humanas”, como escreveu em O Socialismo que eu vivi, dos seus amigos, entre os quais se contavam Rui Teles Palhinha e o poeta algarvio Francisco Xavier Cândido Guerreiro, marcaram a sua  maneira de ser e de pensar, Estimularam-lhe o interesse pela História, Filosofia e política.

Como a mãe era professora primária, em 1929, com 11 anos, partiu para Lisboa e ficou no Instituto do Professorado Primário, fundado e dirigido pela pedagoga Amália Luazes [1865-1938]. // "Como a mãe era professora primária, em 1929, com 11 anos, partiu para Lisboa e ficou no Instituto do Professorado Primário." 

Estudou no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, ainda no Largo do Carmo, onde “foi de grande importância para mim a influência de professoras como Ema de Oliveira, Olímpia Bastos, Margarida Pinto, Seomara da Costa Primo (assistente do Dr. Rui Teles Palhinha)” [idem, p. 22]. // "Estudou no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, ainda no Largo do Carmo, onde – recordou - “foi de grande importância para mim a influência de professoras como Ema de Oliveira, Olímpia Bastos, Margarida Pinto, Seomara da Costa Primo." 

Em 1936 matriculou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa, onde conviveu, entre outros nomes, com Mário Dionísio [16/07/1916-17/11/1993], Vasco Magalhães-Vilhena [1916-1993] e Fernando Piteira Santos [23/01/1918-28/09/1992], com quem se casou muito nova. // "Em 1936 matriculou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa, onde conviveu, entre outros com Mário Dionísio, Vasco Magalhães-Vilhena e Fernando Piteira Santos, com quem se casou."

No meio académico, marcado pelos acontecimentos trágicos da Guerra Civil de Espanha (1936-1939), iniciou a sua vida política e, tal como os dois irmãos, Joaquim Pires Ventura e Maria Clementina Ventura Campos Lima [n. 19/06/1917], aderiu ao Partido Comunista Português, numa militância activa que perdurou por quatro décadas, até Agosto de 1976, desempenhando, de forma continuada, funções políticas relevantes. // "No meio académico, marcado pela Guerra Civil de Espanha (1936-1939), iniciou a sua vida política e, tal como os dois irmãos, Joaquim Pires Ventura e Maria Clementina Ventura Campos Lima aderiu ao Partido Comunista Português, numa militância activa que perdurou por quatro décadas, até Agosto de 1976, desempenhando, de forma continuada, funções políticas relevantes."

Pertenceu à Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas – trabalhou com Álvaro Cunhal [1913-2005], cinco anos mais velho, em 1937-1938. // "Pertenceu à Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas e trabalhou com Álvaro Cunhal em 1937-1938, de quem tinha sido companheira."

Integrou o Bloco Académico Antifascista (BAAF), organização ilegal e clandestina criada em finais de 1935 que visava combater o fascismo e o governo salazarista. // "Integrou o Bloco Académico Antifascista (BAAF), organização ilegal e clandestina criada em finais de 1935 que visava combater o fascismo e o governo salazarista.

Foi a responsável do Socorro Vermelho Internacional na sua Faculdade. // "Foi a responsável do Socorro Vermelho Internacional na sua Faculdade

Integrou a Associação Feminina Portuguesa para a Paz e o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas. // "e integrou a Associação Feminina Portuguesa para a Paz e o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas."

Fez parte da redacção do jornal O Diabo, participou, com outros jovens intelectuais e activistas, nos passeios de barco pelo rio Tejo de características culturais e políticas, realizados nos anos de transição da década de 30 para a de 40, e apoiou, em 1940-1941, os reorganizadores do Partido Comunista Português. // Fez parte da redacção do jornal O Diabo, participou, com outros jovens intelectuais e activistas, nos passeios de barco pelo rio Tejo de características culturais e políticas, realizados nos anos de transição da década de 30 para a de 40, e apoiou, em 1940-1941, os reorganizadores do PCP.

Em 1943, no mesmo ano em que concluiu o Curso de Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra e teve papel de destaque na preparação e orientação das greves do calçado de S. João da Madeira, ocorridas em Agosto, passou à clandestinidade por proposta de José Gregório [19.03.1908-1961], tornando-se na primeira mulher com funções directivas após a reorganização. // "Em 1943, no mesmo ano em que concluiu o Curso de Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra e teve papel de destaque na preparação e orientação das greves do calçado de S. João da Madeira, ocorridas em Agosto, passou à clandestinidade, tornando-se na primeira mulher com funções directivas após a reorganização."

Sucedeu a Joaquim Pires Jorge [1907-1984] enquanto responsável do PCP na zona Norte e, como tal, chegou a viver nas casas do Porto de Nina Perdigão [Tomázia Josefina Henriques Perdigão, 02.05.1902-1988] e de Alexandre Babo, que já a conhecia desde os tempos do BAAF e a considerava “para a nossa geração uma referência determinante, quase um mito, ligado à sua luta, à sua coragem e até à sua beleza” [Alexandre Babo, Recordações de um caminheiro, Lisboa, Escritor, 1993]. // Sucedeu a Joaquim Pires Jorge como responsável do PCP na zona Norte e, como tal, chegou a viver nas casas do Porto de Nina Perdigão e de Alexandre Babo que, em Recordações de um caminheiro, a considerava “para a nossa geração uma referência determinante, quase um mito, ligado à sua luta, à sua coragem e até à sua beleza.”

Participou na reunião ampliada do Comité Central realizada, em Maio de 1945, na Casa da Granja; interveio no II Congresso Ilegal, realizado numa casa da Lousã em Julho de 1946, onde passou a integrar, como suplente (1946) e depois como efectiva (1957), o Comité Central, apesar de em Março de 1954, na sua V Reunião Ampliada, ter sido acusada de actividade fracionária, suspensa e readmitida em 1956. // "Participou na reunião ampliada do Comité Central realizada, em Maio de 1945, na Casa da Granja; interveio no II Congresso Ilegal, realizado numa casa da Lousã em Julho de 1946, onde passou a integrar, como suplente (1946) e depois como efectiva (1957), o Comité Central, apesar de em Março de 1954, na sua V Reunião Ampliada, ter sido acusada de actividade fraccionária, suspensa e readmitida em 1956."

Desenvolveu tarefas na organização operária de Lisboa, foi a responsável pela criação do boletim 3 Páginas, órgão especificamente dedicado às mulheres clandestinas das casas do Partido, e em Abril de 1958 saiu ilegalmente do país para visitar a União Soviética. // "Desenvolveu tarefas na organização operária de Lisboa, foi a responsável pela criação do boletim 3 Páginas, órgão especificamente dedicado às mulheres clandestinas das casas do PCP, e em Abril de 1958 saiu ilegalmente do país para visitar a União Soviética."

Presa a 3 de Agosto de 1960, ao fim de 18 anos de vivência clandestina no país, recolheu ao Forte de Caxias. // "Presa a 3 de Agosto de 1960, Ao fim de 18 anos de clandestinidade foi presa, no forte de Caxias, em Agosto de 1960."

Julgada pelo Tribunal Plenário de Lisboa a 13 de Maio de 1961, foi condenada a cinco anos de prisão maior, suspensão de direitos políticos por 15 anos e medida de segurança de internamento, indeterminado, de seis meses a seis anos.  Libertada, por questões de saúde, a 11 de Julho de 1963, partiu em 1964 para o estrangeiro e retomou a actividade política. //  "Julgada pelo Tribunal Plenário de Lisboa a 13 de Maio de 1961, foi condenada a cinco anos de prisão maior, suspensão de direitos políticos por 15 anos e medida de segurança de internamento, indeterminado, de seis meses a seis anos. Libertada, por questões de saúde, a 11 de Julho de 1963, partiu em 1964 para o estrangeiro e retomou a actividade política."

A partir de 1965, viveu na Checoslováquia enquanto representante do Comité Central naquele país e na Revista Internacional, sob o nome de Catarina Mendes. Aí acompanhou por dentro os acontecimentos relacionados com a “Primavera de Praga” e viu a filha Rosa juntar-se-lhe em 1969, quando tinha dezassete anos.  Regressou a Portugal ao fim de dez anos, no início de 1975, e no ano seguinte consumou a ruptura com o Partido de décadas. Usou os pseudónimos “Joana”, “André”, “Maria” e “Catarina Mendes” e colaborou noAvante! // "A partir de 1965, viveu na Checoslováquia como representante do Comité Central do PCP naquele país e na Revista Internacional, onde escreveu sob o nome de Catarina Mendes. Aí acompanhou por dentro os acontecimentos relacionados com a “Primavera de Praga”. Regressou a Portugal no início de 1975, e no ano seguinte, consumou a ruptura com o PCP, onde usou os pseudónimos de “Joana”, “André”, “Maria” e “Catarina Mendes” e colaborou no Avante!."

Após afastamento do PCP, manteve intervenção política e cívica noutros quadrantes político-partidários e trabalhou como professora e funcionária do Ministério dos Negócios Estrangeiros antes de voltar ao seu Algarve e fixar residência em Portimão. // "Após o afastamento do PCP, manteve intervenção política e cívica noutros quadrantes político-partidários e trabalhou como professora e funcionária do Ministério dos Negócios Estrangeiros antes de voltar ao seu Algarve e fixar residência em Portimão."

Escreveu, em 1984, o livro O Socialismo que eu vivi. Testemunho de uma ex-dirigente do PCP, com Prefácio de Artur London [1915-1986], com apontamentos memorialistas em que é privilegiado o período posterior a 1968 em detrimento da riquíssima militância anterior. Rose Nery Nobre de Melo inseriu a sua “Biografia Prisional” no livro Mulheres Portuguesas na Resistência. Mário Dionísio lembrou-a, enquanto “Joana de olhos claros”, em Balada dos Amigos Separados. Pacheco Pereira, na trilogia dedicada à biografia política de Álvaro Cunhal, inseriu fotografias suas, nomeadamente uma num dos passeios de barco pelo rio Tejo. // "Escreveu, em 1984, o livro O Socialismo que eu vivi. Testemunho de uma ex-dirigente do PCP, com Prefácio de Artur London [1915-1986], com apontamentos memorialistas em que é privilegiado o período posterior a 1968 em detrimento da riquíssima militância anterior.  Rose Nery Nobre de Melo inseriu a sua “Biografia Prisional” no livro Mulheres Portuguesas na Resistência.  Mário Dionísio lembrou-a, enquanto “Joana de olhos claros”, em Balada dos Amigos Separados. Pacheco Pereira, na trilogia dedicada à biografia política de Álvaro Cunhal, inseriu fotografias suas, nomeadamente uma num dos passeios de barco pelo rio Tejo.

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[João Esteves]

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

[1267.] MARIA LUCÍLIA ESTANCO LOURO [III]

* MARIA LUCÍLIA ESTANCO LOURO *




Nascida em Beja em 27 de Janeiro de 1922, filha de Albertina Emília Freire [1898-1971] e de Manuel Francisco Estanco Louro [1890-1953], Maria Lucília Estanco Louro pertence a uma geração única que em tempos sombrios soube, corajosamente, conciliar a docência e a intervenção cívica com o combate militante à ditadura do Estado Novo.

Se Maria Lucília Estanco Louro, licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1944, com a tese Paul Gauguin visto à luz da Caracterologia - Vida e Obra, continua a ser uma referência enquanto docente que se preocupou com a formação pedagógica, cultural e científica dos seus alunos à luz da historiografia mais avançada, também o é pelo ativismo antifascista desde o início dos anos 40 do século XX, tendo feito parte dos célebres passeios do Tejo e da Associação Feminina Portuguesa para a Paz.

Por isso, é indispensável a leitura da entrevista que concedeu, "num agradável encontro de fim de tarde", a Ilda Soares de Abreu e Maria José Remédios e publicada no nº 34 da revista Faces de Eva, através da qual se desvenda muito do seu percurso familiar, profissional, cívico e político, permitindo, também, completar o que dela consta em Feminae. Dicionário Contemporâneo [Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, 2013].


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 [Ilda Abreu e Maria José Remédios - Maria Lucília Estanco Louro || Faces de Eva, Nº 34, 2015 || Edições Colibri]