[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quarta-feira, 23 de março de 2022

[2774.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXVI] || 1926 - 1933

 * PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXVI *

01127. António Fernandes Emídio [1932]

[Fundão, c. 1916. Filiação: Maria de Assunção de Jesus, Joaquim Fernandes Emídio. Solteiro. Residência: Rua Maria Pia, 481. Preso em 11/09/1932, "por suspeita de haver tomado parte ativa na manifestação levada a efeito no dia 4 de Setembro de 1932 pelas Juventudes Comunistas, em Alcântara, comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado dos calabouços do Governo Civil em 16/09/1932.]

01128. José Rebelo da Silva [1932]

[Belmonte, c. 1910, pintor. Filiação: Albertina de Jesus, Raul Rebelo da Silva. Solteiro. Residência: Rua do Arco do Carvalhão, 206. Preso em 11/09/1932"por suspeita de ter tomado parte ativa na manifestação promovida pelas Juventudes Comunistas no dia 4 de Setembro de 1932, em Alcântara, comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado dos calabouços do Governo Civil em 16/09/1932.]

01129. Ludgero Pinto de Azevedo [1932]

[Estarreja, c. 1909, pintor. Filiação: Joaquina Augusta de Matos, António Pinto de Azevedo. Solteiro. Residência: Rua Maria Pia, 104. Preso em 11/09/1932"por suspeita de ter tomado parte ativa na manifestação promovida pelas Juventudes Comunistas no dia 4 de Setembro de 1932, em Alcântara, comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado dos calabouços do Governo Civil em 16/09/1932.]

01130. Emílio Loubet Marques [1932]

[Lisboa, c. 1908, trabalhador. Filiação: Maria José Marques, Alfredo Marques. Solteiro. Residência: Rua Guilherme Anjo, ao Monte Prado - Letra N. Preso em 11/09/1932"por suspeita de ter tomado parte na manifestação levada a efeito pelas Juventudes Comunistas em Alcântara, no dia 4 de Setembro de 1932,  comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado dos calabouços do Governo Civil em 16/09/1932.]

01131. Joaquim Mendes [1932]

[Covilhã, c. 1901, trabalhador. Filiação: Maria José, Agostinho Mendes. Solteiro. Residência: Rua do Alvito, 131. Preso em 11/09/1932"por suspeita de ter tomado parte ativa na manifestação realizada no dia 4 de Setembro de 1932, em Alcântara, pelas Juventudes Comunistas, comemorando a XVIII Jornada Internacional" (v. Processo 558). Libertado dos calabouços do Governo Civil em 16/09/1932.]

01132. José Soares [1928, 1932, 1942]

[José Soares - O Malatesta || ANTT || RGP/89 || PT-TT-PIDE-E-010-1-89_P2]

[Estivador, o percurso de José Soares, "O Malatesta" revelou-se complexo e atribulado entre o início da década de 1920, quando integrava as Juventudes Sindicalistas, e meados dada década de 1940, quando militava ativamente no Partido Comunista. Associado a atentados bombistas durante a 1ª Republica, conheceu a deportação na Guiné, de onde fugiu e para onde foi reenviado já durante a Ditadura Militar. Aderiu, nesse território, ao movimento revolucionário iniciado na Madeira em Abril de 1931. Voltou a estar deportado em Angra do Heroísmo e no Tarrafal, de onde regressou em 1940. Esteve na reorganização do Partido Comunista no início desta década, manteve cargos de responsabilidade, voltou a ser preso e deportado para o Tarrafal. Regressou em finais de 1945 e presidiu ao Sindicato Nacional dos Fragateiros do Porto de Lisboa. O temor, se não mesmo terror, de ser, mais uma vez preso, e reenviado, pela terceira vez, para o Tarrafal, levou-o a abandonar qualquer atividade política clandestina, fazendo esse compromisso com a PIDE.

[José Soares || O Malatesta]

"O Malatesta". Freguesia de S. Miguel - Lisboa, 05/01/1901, canalizador / estivador / comerciante. Filiação: Patrocínia Ribeiro, Artur Soares. Casado com Beatriz da Conceição Soares. Residência: Rua Senhora da Glória, 85 - Lisboa. Pertenceu, no início dos anos vinte, às Juventudes Sindicalistas, tendo participado, em 08/09/1922, no atentado a Sérgio Príncipe, principal dinamizador da Associação Comercial de Lojistas de Lisboa e dirigente da Confederação Patronal. Associado à Legião Vermelha, da qual seria um dos principais dirigentes, esteve associado a outros atentados bombistas e, em 30/04/1925, embarcou, com mais 17 presos sociais e de delito comum, no cruzador "Carvalho de Araújo" com destino a Angra do Heroísmo. 

[Diário de Lisboa || 30/04/1925]

No entanto, deverá ter sido transferido para a Guiné, de onde se evadiu. Preso em Outubro de 1928, no Porto, terá sido reenviado para aquele território, onde participou, em 17 de Abril de 1931, no movimento contra a Ditadura, integrando, com mais onze revoltosos, a Junta Governativa Revolucionária: era o único operário. Fracassado aquele, embarcou em Dakar com destino a Las Palmas e, em 17/09/1932, foi preso, recolhendo, incomunicável, a uma esquadra. Na mesma leva de presos pela SVPS, constavam Álvaro Duque da Fonseca, António dos Santos Serra, Armando Ramos, Deodato Ramos, Henrique Fragoso, José Amorim, José de VasconcelosJosé Nunes ScheideckerManuel Francisco Roque Júnior, Raul Nunes Leal e Togo da Silva Batalha, sendo alguns importantes dirigentes das Juventudes Comunistas. Transferido, em 18/11/1932, do Aljube para a Penitenciária de Lisboa, onde aguardará a deportação para Cabo VerdeEm 19/11/1933, embarcou de Peniche para Angra do Heroísmo – fortaleza de S. João Batista, onde chegou em 22/11/1933. Integrou, em 23/10/1936, a primeira leva de presos políticos que foi inaugurar o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde tentou evadir-se, sendo, por isso, barbaramente espancado juntamente com Júlio Fogaça e Henrique Ochsemberg

[José Soares - O Malatesta || F. 15/07/1940 || ANTT || RGP/89 || PT-TT-PIDE-E-010-1-89_P1]

Regressou em 15/07/1940 e saiu em liberdade, participando, então, ativamente na reorganização do Partido Comunista, nomeadamente junto dos estivadores e fragateiros, setores que conhecia muito bem desde os anos vinte. Preso em 29/04/1942, "para averiguações", seguiu para o Aljube e, em 05/11/1942, foi transferido para Caxias, regressando àquele em 21/11/1942. Julgado pelo TME em 05/04/1944 e condenado a 24 meses de prisão, voltou a ser deportado para o Tarrafal: embarcou em 26/07/1944 e, por ter sido abrangido pela amnistia de 1945, regressou e apresentou-se em 06/12/1945. Voltou à militância ativa no Partido Comunista, presidiu ao Sindicato Nacional dos Fragateiros do Porto de Lisboa e integrou, com Joaquim Couceiro, José Vitoriano e Manuel José Repas da Mata a Comissão Coordenadora Nacional do Trabalho nos Sindicatos Nacionais que funcionava junto do Secretariado do Comité Central. Abandonou, durante o ano de 1947, a atividade política, fazendo esse compromisso com a PIDE.]
[alterado em 25/03/2023]

[João Esteves]

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