[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

domingo, 3 de fevereiro de 2019

[2045.] ANTÓNIO MENDES [I] || PRESO NO ALJUBE, CAXIAS E PENICHE

* ANTÓNIO MENDES *
[1909/1910 - ?]

PRESO EM 1932, 1933-1934, 1936, 1937, 1938-1942 || ESQUADRAS || ALJUBE || CAXIAS || PENICHE

[António Mendes || ANTT || PT-TT-PIDE-E-010-15-2802_m0017]

Filho de Maria das Dores e de Eugénio Mendes, António Mendes terá nascido em 9 de Setembro de 1909 ou 10 de Dezembro de 1910, em Vila  Real de Santo António.

Sapateiro, com residência na Rua Infante D. Henrique - 21, foi sendo detido sucessivamente na década de 1930, sempre em Vila Real de Santo António, passando vários anos nas diversas prisões.

A primeira prisão, em 29 de Julho de 1932, deveu-se a uma denúncia do Cônsul Geral dos Estados Unidos da América, em Lisboa, por António Mendes lhe ter dirigido uma carta «protestando contra a electrocussão de oito jovens negros que aquele governo pretendia executar» [ANTT, Cadastro Político 5243]. 

Nas buscas à sua residência, encontraram-se «bastantes panfletos e correspondência comunista» [Cadastro 5243; Processo 461-A], só sendo libertado em 12 de Dezembro do mesmo ano por ter sido abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro [Decreto 21 943].

[António Mendes || ANTT || PT-TT-PIDE-E-010-15-2802_m0017]

No ano seguinte, em 16 de Agosto de 1933, António Mendes foi entregue à Polícia Política pelo Comando da PSP de Faro por pertencer ao Partido Comunista Português. A ordem da sua detenção partiu de Lisboa, por ser um dos elementos de ligação a Francisco de Paula Oliveira [RGP/9303] aquando da  reorganização daquele Partido e das Juventudes Comunistas na sua terra natal, tendo o contacto sido estabelecido via Manuel Venceslau Leiria [RGP/18440].

Do trabalho partidário de Francisco de Paula Oliveira no Algarve resultou a criação de Comités Locais, ficando António Mendes responsável pela Comissão Sindical. Segundo o mesmo Cadastro, teria, ainda, estabelecido a ligação do marinheiro Artur Alves ao espanhol Bruno Alfonso Calvo, residente em Ayamonte [Processo 799].

Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 24 de Outubro de 1934 e condenado a 480 dias de prisão correccional e perda de direitos políticos por cinco anos [Processo 88/933, do TME], António Mendes saiu em liberdade em 11 de Dezembro por haver cumprido a pena. 

[António Mendes || ANTT || PT-TT-PIDE-E-010-15-2802_m0017]

Acusado de comunista, foi preso, pela terceira vez, em 21 de Março de 1936. Mantido numa esquadra da PSP de Vila Real de Santo António, saiu em liberdade em 9 de Abril [Processo 288/36].

Novamente detido pelo Posto daquela localidade em 17 de Março de 1937, acusado de continuar a manter, juntamente com Gilberto António Rodrigues [RGP/6383], militância comunista clandestina e contactos com os opositores à Ditadura, sendo libertado em 12 de Maio [Processo 366/37].

No ano seguinte, em 19 de Março de 1938, António Mendes seria detido pela quinta vez em seis anos, só saindo em liberdade quatro anos depois, em 22 de Março de 1942.

[António Mendes || ANTT || PT-TT-PIDE-E-010-15-2802_m0017]

Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 30 de Novembro de 1938, foi condenado a quatro anos e perda de direitos políticos por cinco anos, passando por inúmeras esquadras, Aljube, Caxias e Peniche, onde se encontrava aquando da libertação [Processo 122/38].

[António Mendes || ANTT || PT-TT-PIDE-E-010-15-2802_m0017]

O nome consta do Memorial de Homenagem aos Ex-Presos Políticos, inaugurado na Fortaleza de Peniche em 9 de Setembro de 2017.

Fontes:
ANTT, Cadastro Político 5243 [António Mendes / PT-TT-PIDE-E-001-CX06_m0813, m0813a].
ANTT, Registo Geral de Presos / 2802 [António Mendes / PT-TT-PIDE-E-010-15-2802_m0017].

[João Esteves]

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