[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

domingo, 19 de julho de 2015

[1032.] CATARINA RAMOS MACHADO [RAFAEL] [IV]


[1917-15/04/2010]

Quase 90 anos decorridos sobre o triunfo do Golpe  Militar de 28 de Maio de 1926 e 41 sobre o 25 de Abril de 1974, a Historiografia e os estudos académicos continuam a deixar na sombra muitos dos, apesar de tudo, poucos Homens e Mulheres que quiseram e souberam combater e resistir a uma ditadura de 48 anos.

E porque muitos desses Homens e Mulheres nunca procuraram o protagonismo, não tiveram necessidade de se evidenciar publicamente ou vangloriar-se, o silêncio torna-se ainda mais pesado e duradouro.

Catarina Ramos Machado é um daqueles nomes pouco estudados e conhecidos, até porque nunca foi presa pela polícia política, embora tenha mantido, entre 1947 e 1973, ininterrupta atividade nas tipografias clandestinas do Partido Comunista.

Mesmo antes de casar com Joaquim Serrão Rafael [14/12/1907-22/07/1974] e de enveredar pela clandestinidade, Catarina Machado já sabia o que era a luta política e a repressão policial. 

Nascida em Vale de Vargo, concelho de Serpa, era filha de Bernardino Batista Machado [n. 16/08/1889, filho de Bernardino José Machado e de Catarina de Jesus Batista] e de Mariana Ramos Godinho.

O pai, comerciante, era militante do Partido Comunista desde a 1.ª República e por sua casa, junto à fronteira com Espanha, passaram muitos quadros clandestinos em trânsito, incluindo Bento Gonçalves.

Também o irmão de Catarina Machado, Fiel Godinho Machado [n. 1912], teve militância e pai e filho foram presos em Janeiro de 1937 por propaganda comunista. Fiel Machado foi libertado em 6 de Maio e o pai, violentamente agredido e enviado para o Aljube, saiu a 5 de Junho de 1937, tendo sido encaminhado para a enfermaria nos dias anteriores à sua libertação. 

Catarina Ramos Machado aderiu ao Partido Comunista no início da década de 40 e com Joaquim Rafael, camponês nascido em Tremês, no distrito de Santarém, com quem casou, trabalhou 26 anos consecutivos em tipografias clandestinas de vários pontos do país sem que o casal tenha sido preso pela PIDE. 

Devido ao estado de saúde do marido, vítima de doença provocada pelo chumbo das tipografias, tiveram de deixar, contra vontade, a clandestinidade em 1973, tendo Joaquim Rafael morrido três meses após o 25 de Abril. 

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