Uma das novidades que o Centenário da República tem propiciado é o enfoque, inusitado, na situação das mulheres nas primeiras décadas do século XX, líderes feministas e republicanas e consequente associativismo.
A revista Vértice é mais um exemplo e o n.º 154 da II Série, virado exclusivamente para o Centenário da República, dedica, talvez pela primeira vez na sua longa história de décadas, 34 páginas à temática das mulheres no contexto republicano, com textos assinados por Domingos Abrantes, Maria Alice Samara e João-Maria Nabais.
Como é óbvio, a luta das mulheres não começou com o feminismo republicano, mas também não se pode ignorar ou desvirtuar a importância e o contexto histórico datado deste só por ser, maioritariamente, composto por "burguesas", subalternizando algumas das suas justas reivindicações.
Aliás, muitas das intelectuais e militantes que se destacaram na resistência ao salazarismo, nomeadamente no âmbito da Associação Feminina Portuguesa para a Paz e Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, provinham da burguesia e muitas delas não "hibernaram", tendo participado activamente na oposição e vivido intensamente os acontecimentos políticos, sociais e económicos subsequentes à Revolução de Abril de 1974.
Certo é que tanto "operárias" como "burguesas" acabaram por ser silenciadas durante demasiado tempo e, pelo menos, o Centenário teve o mérito de as trazer para a discussão pública e integrá-las na análise histórica.
Certo é que tanto "operárias" como "burguesas" acabaram por ser silenciadas durante demasiado tempo e, pelo menos, o Centenário teve o mérito de as trazer para a discussão pública e integrá-las na análise histórica.
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