* CARLOS LUÍS CORREIA MATOSO || O EXÍLIO NO BRASIL [PARTE I] *
Carlos Matoso foi um importante militante comunista na década de 30. Preso em 11 de Maio de 1938, foi deportado para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde sofreu inenarráveis violências.
Regressado a Portugal em Janeiro de 1946, exilou-se no Brasil, onde constituiu família e acabaria por se suicidar em 3 de Março de 1959.
[Carlos Matoso || Fotografia do Passaporte cedida por Rodney de Castro Rodrigues]
Os tempos de exílio deste "homem honrado" [Armindo Rodrigues] são aqui evocados através de sua filha Maria Tereza Matoso Sampaio, mediante recolha do genro Rodney de Castro Rodrigues, a quem muito se agradece o generoso empenho na disponibilização de informações, documentos e fotografias de Carlos Luís Correia Matoso para que a sua Memória seja preservada. Pelos seus, que não o esquecem, e pelo País que tarda em reconhecer aqueles que combateram a Ditadura e viram, em muitos casos, as suas vidas aniquiladas para sempre.
[Carlos Matoso aos 4 e sete anos de idade || Fotografias da Família, cedidas por Rodney de Castro Rodrigues]
"Quem narra todos os fatos para mim é a filha Maria Tereza Matoso Sampaio, filha a qual Carlos Luis teve com Raimunda Mirtes Soares aqui no Brasil quando veio em exílio. As memórias são de uma garota que viveu com seu pai até seus 7 (hoje com 66 anos) antes de sua partida inesperada (suicídio) e dos poucos relatos de sua mãe, a qual pouco comentava para não trazer à tona mais tristeza" [Rodney de Castro Rodrigues, 14 de Julho de 2018].
"VINDA AO BRASIL"
"Acredita-se que Sr. Carlos Luís Matoso veio ao Brasil logo após sua saída do Campo de Concentração do Tarrafal, a mando de seu irmão [...] o Sr. Comandante José Francisco. Casado com única herdeira do banco Pinto Souto Maior, ele estava à frente de todas as empresas: Homem com muitas posses, [...] tinha negócios no Brasil e o Sr. Carlos Luís veio como caixeiro viajante, comercializando produtos da empresa do irmão por todo o Brasil."
[Carteira de trabalho do comércio do Rio de Janeiro || 1954 || Documentos da Família, cedidas por Rodney de Castro Rodrigues]
"FORTALEZA"
"Em Fortaleza, onde tinha muitos amigos portugueses e comerciantes, e sempre estava a vender mercadoria para eles. Certa vez estava ele passeando pelo parque das crianças à noite, não se sabe ao certo a época, mas pouco tempo que aqui havia chegado, conheceu Raimunda Mirtes. O local era ponto de encontros e passeios, inaugurado em 1810, antes conhecido como Parque da Liberdade. O destino dos dois estava traçado e pouco depois de três meses foi a casa da já então namorada, pedir a sua mão em casamento para a mãe de Raimunda. Casaram-se e moraram por um ano em Fortaleza. Após isso moraram por um tempo em Salvador, Bahia, e após esse período, seu irmão José Francisco o levou para São Paulo já com um cargo de maior destaque dentro da empresa Casas Souto Maior."
[Carlos Luís, Raimunda Mirtes e esposa de José Francisco, Elsa Souto Maior || Fotografia da Família, cedida por Rodney de Castro Rodrigues]
"MARIA TERESA"
"Alguns meses depois, Raimunda Mirtes já gravida de 8 meses da pequena Tereza, seu cunhado José Francisco chamou-a e perguntou: Mirtes, você prefere que sua filha venha a nascer carioca ou paulista? Ela prontamente respondeu: Onde é que você quer que a gente vá? Diga e iremos. José Francisco explicou os planos e em comum acordo partiram para o Rio de Janeiro, mais precisamente em Ipanema, até hoje um dos melhores e mais valorizados bairros da cidade. Ali nasceu Maria Tereza Soares Matoso."
[Carlos Luís e a filha Maria Tereza]
[Carlos Luís, Raimunda Mirtes e a filha Maria Tereza || Fotografia da Família, cedida por Rodney de Castro Rodrigues]
"GAROTA DE IPANEMA"
[Carlos Luís e a filha Maria Tereza || Fotografia da Família, cedida por Rodney de Castro Rodrigues]
[Continua...]
NOTA: O autor deste Blogue agradece, muito sensibilizado, a Maria Tereza Matoso Sampaio, filha de Carlos Luís Correia Matoso), à neta Rafaela Matoso e a Rodney de Castro Rodrigues, marido de Rafaela, a confiança de poder disponibilizar esta Homenagem a um Homem de respeito e cuja história de vida merece ser (re)conhecida.
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