[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

terça-feira, 31 de março de 2020

[2334.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS - DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [XVI] || 1926 - 1933

* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || XVI *

00118. Albertino Borges de Oliveira [1928]

[Preso em 14/10/1928, libertado em 20/10/1928].

00119Alberto Alexandrino Augusto dos Santos [1932]

[Alberto Alexandrino dos Santos || c. 1937 || in Les Portugais et la guerre d'Espagne - Engagement militant, solidarités et mémoires || Riveneuve Continents 29-30 || 2020]

[Cedofeita - Porto, 04/07/1891, ex-Tenente. Filiação: Maria Augusta dos Santos, João Alexandrino dos Santos. Casado com Maria do Carmo Vieira dos Santos. Residência: Rua Cidade de Manchester, 5 - Lisboa. Militar de carreira, integrou, no ano letivo de 1915/1916, o corpo docente da Escola Prática Comercial Raul Dória, no Porto, sendo, tal como o pai, professor efetivo. De seguida, combateu como voluntário na 1ª Guerra, tendo sido ferido. Foi, entre 1926 e 1969, um ativo opositor da Ditadura portuguesa, combateu na Guerra Civil de Espanha (1936-1939) onde, devido às suas qualidades de disciplina, de organização e de estratega, se tornou o português com a posição mais alta na hierarquia militar leal à República Espanhola e, a partir de novo exílio, integrou a Resistência em França (1942-1944) contra a ocupação nazi. Tenente, participou na revolta que eclodiu no Porto em 3 Fevereiro de 1927 e, devido ao seu fracasso, exilou-se, primeiro, na Galiza, em Vigo, juntamente com Amadeu FernandesCésar de Almeida, Jaime Cortesão, Jaime de MoraisJoão Aires TorresJoão Carlos Lopes MartinsMiguel Augusto Alves Ferreira e Raúl Proença, entre outros. De seguida, fixou-se em Madrid e, em 1928, entrou clandestinamente em Portugal na sequência de tentativas de movimentações revolucionárias, nomeadamente na região do Minho, sendo vigiado desde, pelo menos, 12/07/1928, quando é referido que esteve em contacto com o capitão médico Canário e Joaquim da Silva, da Fábrica de Barcarena. Ao contrário de outros dirigentes, escapou à prisão em massa de 1 de Maio e integrou, com o capitão-tenente Aragão e Melo, João Lopes Soares (ex-capelão milita), coronel José de Mascarenhas, o tenente-coronel Norberto Guimarães e o major Sarmento de Beires, o comité da chamada Revolta do Castelo, desencadeada em 20/07/1928, a qual provocou divisões entre si e outros militares intervenientes. Mais uma vez, conseguiu não ser detido e refugiou-se, inicialmente, no interior do país, mantendo-se na clandestinidade durante alguns anos. Vigiado pelos informadores "Marítimo", "General", "Ave", "Trovão" e "24", as suas movimentações eram relatadas, dando-se conta dos encontros que manteve, entre Outubro de 1928 e Maio de 1930, com, entre outros, Aires Torres, tenente-coronel (António Germano Guedes) Ribeiro de Carvalho, tenente Araújo (José Maria de?), Armando Agatão Lança, capitão Carlos Chaves Costa, aspirante Gois Mota, tenente de infantaria Joaquim Videira, sargento da Armada José Severo dos Santos, coronel de infantaria Mendes Cabeçadas, tenente-coronel Norberto Guimarães. Segundo informações que constam do seu Cadastro Político, teria ido, em 1930, à Holanda comprar armamento, o qual veio a ser apreendido posteriormente. Em Fevereiro de 1931 andava fugido à Polícia (v. Processo 4735). Preso em 06/09/1932, juntamente com o filho, Henrique Alexandrino Vieira dos Santos, e enviado, em 07/09/1932, à Polícia Internacional Portuguesa - Porto, a fim de lhe ser organizado o processo. Enviado para Lisboa em 14/09/1932, apurando-se que mantinha ligações revolucionárias com Alfredo Fernandes, Artur Francisco do Couto, Emídio Guerreiro e capitão Nuno CruzEm 22/10/1932, foi-lhe fixada residência obrigatória em Cabo Verde (Processo 114/PortoProcesso 573/PI). Seguiu, em 05/01/1933, para a fronteira de Elvas por ter sido banido, por despacho do Ministro do Interior, do território nacional. Julgado pelo TME em 02/06/1934 (Processo 9/934 - TME). Instalou-se a Madrid, onde passou a ser proprietário de uma garagem, e integrou o grupo dos Budas, juntamente com Alberto Moura Pinto, Jaime de Morais e Jaime Cortesão, entre outros. 

[c. 1937 || in Les Portugais et la guerre d'Espagne - Engagement militant, solidarités et mémoires || Riveneuve Continents 29-30 || 2020]

A sua permanência em Espanha e, depois, em França é escalpelizada por Robert Duró Fort no artigo "Alberto Alexandrino dos Santos, un révoltionnaire ibérique pendant la guerre civile espagnole, 1936-1939" (in Les Portugais et la guerre d'Espagne - Engagement militant, solidarités et mémoires, Riveneuve Continents 29-30, 2020, pp.107-138). Na sequência do envolvimento no caso das armas do navio "Turquesa", foi preso em outubro de 1934, em Madrid, e saiu em liberdade condicional em 09/03/1935. Relacionado com o mesmo processo, seria novamente preso em 15/04/1935, desconhecendo-se a data da libertação. Com o triunfo da Frente Popular em Fevereiro de 1936, foi aprovada uma amnistia para os presos políticos e Alexandrino dos Santos persistiu nas suas atividades revolucionárias: continuou a acompanhar a situação portuguesa e, em Espanha, mantinha contactos com elementos da Federação Anarquista Ibérica, intelectuais e com o comunista José Luis Terry, com quem partilhava o apartamento em Madrid. Com o início da insurreição militar franquista em 17 de Julho de 1936, muitos militares republicanos portugueses ofereceram a sua colaboração ao governo legítimo de Espanha. Alexandrino estava, então, em Barcelona e aí vai ficar com o único filho, Henrique, sendo associado ao Partido Socialista Unificado da Catalunha, criado em 23/07/1936 na sequência da fusão de várias organizações políticas locais. Liderou, desde o início, colunas de voluntários em defesa da República, sendo comandante, ao mesmo tempo que reforçou a sua posição no PSUC enquanto dirigente das milícias socialistas naquela região. Participou na frente de Aragão (Tardienta, Vicién e Sangarrén) e, esteve, ainda em 1936, na defesa de Madrid, evidenciando, progressivamente, as capacidades de organização, de disciplina e de estratega. No início de Outubro, assinou o manifesto "Mensaje del verdadero Portugal", onde era condenada a aliança entre o Portugal de Salazar e os fascistas espanhóis, subscrita, também, por Alberto de Moura PintoArmando Zuzarte Cortesão, Fernando de Utra Machado, Gonçalo de ReparazIsrael Anahory, Francisco de Oliveira PioJaime de Morais, Júlio César de Almeida, Manuel Firmo e Jaime Zuzarte Cortesão. Publicado em 4 e 5 de Outubro na imprensa espanhola, nomeadamente no diário madrileno El Sol, coincidiu com a morte, em 05/10/1936, do filho Henrique Alexandrino, com 23 anos, no âmbito da defesa da República Espanhola, havendo versões contraditórias quanto ao realmente sucedido. Em Novembro de 1936, estava como segundo chefe do Estado Maior do exército na Catalunha e, em Dezembro, tornou-se, por nomeação oficial de o Ministro das Finanças, Juan Negrín, Comandante dos Carabineiros, mudando-se para Valência, então capital da República. Promovido, em 02/04/1937, a tenente-coronel dos Carabineros, o que corresponderá à graduação militar mais elevada conseguida por um português nesse conflito. O empenho na sua reorganização e enquanto chefe da base de Castellón de la Plana, culminando na inauguração da Academia dos Carabineros, reforçou a sua importância no desenrolar dos acontecimentos militares durante a Guerra e o reconhecimento das qualidades militares de liderançaCom o avanço franquista, a base passou para a Catalunha, nas proximidades de Barcelona. Simultaneamente, associou-se ao plano L, de Lusitânia, que visava derrubar Salazar através de uma invasão de portugueses por via marítima a partir de Espanha. Em Janeiro de 1939, com a ocupação da Catalunha pelas tropas de Franco, partiu com os seus homens para França através dos Pirenéus e ficou, temporariamente, confinado num campo em Prats-de-Mollo-la-Preste. Seguiu, depois, para Marselha, onde vivia, desde finais de 1938, Moura PintoNum novo exílio, instalou-se, em Setembro de 1939, em Montauban, e integrou a resistência dos antifascistas espanhóis naquele país. Em 18/04/1942, foi internado no campo de refugiados de Judes, em Septfonds, onde participou na reorganização do Partido Comunista de Espanha. Libertado em 27/05/1942, seria novamente preso em 08/07/1942 e internado, desta vez, no campo de Le Vernet d'Ariège. Libertado em 7 de Agosto, entrou na Resistência sob o nome de Alex, desempenhando, novamente, funções militares relevantes na zona de Tarn-et-Garonne, no âmbito da formação e instrução de militares. Membro das Forças Francesas do Interior, abandonou a Resistência em 26/08/1944, regressando, com os republicanos espanhóis, à luta activa contra o regime franquista, integrando a União Nacional. Instalou-se, em 1950, em Toulouse, onde faleceu em 1969, com a graduação de General. Admirado e reconhecido pelos espanhóis, lutou, até ao fim da vida, pela liberdade nos dois países. Os autores Pere Calders  e Jean Morgades, que com ele conviveram no âmbito militar, dedicaram-lhe, respetivamente, os livros Unitats de xoc (1938, 1984) e Vers l'entente ibérique (1945).]

[in Les Portugais et la guerre d'Espagne - Engagement militant, solidarités et mémoires || Riveneuve Continents 29-30 || 2020]

[alterado em 09/03/2022]

00120. Alberto Alonso Gonzalez [1931, 1937]

[Lisboa, 29/03/1910, enfermeiro - Lisboa. Preso em 22/08/1931 (Processo 9). Preso em 21/01/1937, libertado em 10/03/1937 (Processo 67/937)].

00121. Alberto Alves da Fonseca [1932, 1936, 1937] 

[Lisboa, 15/01/1907, estivador - Lisboa. Preso pela PSP de Lisboa e entregue, em 11/04/1932, à Polícia de Defesa Política e Social (Processo 332). Voltou para a tutela da PSP em 14/02/1932. Preso pela PSP em 27/06/1936 e entregue à PVDE em 04/07/1936, recolheu à 1.ª Esquadra e foi libertado no mesmo dia (Processo 1849). Preso em 24/07/1937, recolheu à 1.ª Esquadra e foi libertado em 19/11/1937 (Processos 944/37 e 1007/37)].

00122. Alberto Alves de Figueiredo [1932]

[Vila Real, 1908, trabalhador - Lisboa. Preso pela PSP de Lisboa e entregue na Polícia de Defesa Política e Social em 04/02/1932. Libertado no mesmo dia (Processo 221)].

00123. Alberto Alves [1933]

[Lisboa, 1900, trabalhador - Lisboa. Preso pela PSP em 01/05/1933 e entregue à Secção Política e Social em 02/05/1933 (Processo 686). Libertado em 10/05/1933].

00124. Alberto Augusto Azevedo [1929]

[Carrazeda de Ansiães, 1894, 1.º Sargento - Infantaria 6. Preso em 15/04/1929 (Processo 4315)].

00125. Alberto Augusto de Almeida [1932]

[Lisboa, c. 1891, pedreiro - Lisboa. Filiação: Maria Augusta de Almeida e José de Almeida. Solteiro. Residência: Visconde de Santo Ambrósio, 6 / Rua Pereira e Sousa, 13. Filiado na Aliança Libertária Portuguesa - Lisboa e integrava o Sindicato da Construção Civil. Preso por duas vezes durante a 1.ª República (1919, 1920): 17/08/1919, "como agitador"; 20/03/1920, "por ordem superior". Preso em 21/10/1932 por ligações anarcossindicalistas, nomeadamente com Eurico Pinto Mateus e Alfredo Crispim Duarte (Processo 587). Assegurava contactos internacionais, "sendo bastante culto, pois fala e escreve a língua francesa, o esperanto e percebe alguma coisa de alemão". Julgado pelo TME em 17/06/1933, foi absolvido.]
[alterado em 19/03/2023]

00126. Alberto Augusto [1931]

[Lisboa, 1899, professor de ginástica. "O Batatinha". Preso em Castelo Branco por andar fugido, deu entrada na Secção da Justiça e Informação do Comando da PSP de Lisboa em 13/11/1931 (Processo 212). Em 22/06/1932, foi-lhe fixada residência obrigatória nos Açores - Ilha Terceira. Libertado em 08/12/1932 por ter sido abrangido pela amnistia de 05/12/1932.]

00127. Alberto Cardoso Freire [1927]

[Alberto Cardoso Freire || 06/10/1927 || ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Lisboa, 1883, fiscal dos impostos. Preso em 29/09/1927 e deportado para Angola em 01/11/1927 (Processo 3253). Apresentou-se, em 17/02/1929, ao Governador Militar da Madeira vindo de Luanda. Regressou ao Continente em 27/03/1929].

00128. Alberto Carlos Ferreira de Andrade [1929]

[Montemor-o-Novo, 1907, 1.º Cabo de Metralhadoras N.º 1 - Lisboa. Preso em 01/04/1929 e libertado em 11/04/1929 (Processo 4269)].

00129. Alberto Cortez [1933]

[Pampilhosa da Serra, 1906, serralheiro mecânico - Lisboa. Preso em 05/08/1933, libertado em 08/08/1933 (Processo 760)].

00130. Alberto Costa [1927]

[Alberto Costa || F. 25/10/1927 || ANTT || ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

["O Tatuagem". Lisboa, Soldado N.º 1135 da Companhia de Artífices Automobilistas. Filiação: Virgínia da Silva, José Maria da Costa. Preso durante a 1.ª República por suspeita de ser monárquico (17/08/1923). Preso em 19/10/1927, por fazer parte de um grupo de indivíduos das oficinas gerais da Câmara Municipal de Lisboa que proferiam ameaças e fabricavam bombas. Deportado para Timor em 22/10/1927 
(Processo 3375). Passou, em 22/01/1929, de São Tomé para Angola e, em 20/10/1929, apresentou-se no Quartel-General do Governo Militar da Madeira. Embarcou, em 12/11/1930, para Ponta Delgada. Transferido, em 17/03/1931, para Cabo Verde, não sendo abrangido pela amnistia de 05/12/1932. Por ordem do Governo, regressou de Cabo Verde em 20/07/1945 e foi libertado.]
[alterado em 15/05/2023]

[João Esteves]

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