* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLI *
00622. Luís Emílio dos Santos Seca [1927, 1929, 1931, 1939, 1945]
[Luís Emílio dos Santos Seca || F. 01/04/1939 || ANTT || RGP/11048 || PT-TT-PIDE-E-010-56-11048]
[Luís Emílio dos Santos Seca.
Freguesia da Sé - Bragança, 22/02/1896. Tenente do Exército, S. A. M. / Industrial. Filiação: Teresa Rodrigues Seca e Augusto César dos Santos Seca. Casado. Residência: Rua São Roque da Lameira, 2275 - Porto / Rua B à Calçada do Poço dos Mouros, 14 - Lisboa. Quando tenente da GNR no Porto, participou ativamente na Revolta de Fevereiro de 1927. Preso, ficou detido na Casa de Reclusão do Porto até ser transferido para Lisboa no "Infante de Sagres" e seria deportado nesse mesmo mês, como muitos outros militares, para os Açores - Angra do Heroísmo. Participou na Revolta de 20/07/1928 e conseguiu fugir, desertando. Referenciado como tendo participado na reunião noturna de 12 (ou de 23, segundo informe da Polícia) de Fevereiro de 1928, realizada no Porto, na Rua Duarte Ferreira - 17, onde se registaram confrontos com a polícia e do qual houve um morto e um ferido grave. Apesar da investida repressiva da Polícia de Informações daquela cidade, conseguiu fugir com Alcídio Lopes de Almeida e Manuel António Correia, escapando ao cerco. Vigiado através de informadores, foi preso em 07/01/1929 e entregue às autoridades militares em 12/01/1929. Embarcou, em 08/09/1929, para Ponta Delgada, onde lhe foi fixada residência. Interveio, em 8 de Abril de 1931, quando estava deportado em São Miguel, na Revolta das Ilhas contra a Ditadura e, durante o processo de rendição daquela ilha, dirigiu-se para Madeira no vapor "Pero de Alenquer", juntamente com outros revoltosos civis e militares, quase todos deportados. Preso, seguiu em 09/05/1931, no vapor Pedro Gomes para Cabo Verde, onde lhe foi fixada residência. Abrangido pela amnistia de 05/12/1932, regressou ao Continente e apresentou-se em 16/01/1933, ficando a residir em Lisboa. Continuou a ser vigiado. Preso pela Delegação do Porto em 24/01/1939; libertado em 06/04/1939.
[Luís Emílio dos Santos Seca || F. 11/08/1945 || ANTT || RGP/11048 || PT-TT-PIDE-E-010-56-11048]
Preso em 31/07/1945 e levado para Caxias; libertado em 16/08/1945.]
[alterado em 11/04/2023]
[alterado em 22/06/2024]
02031. Abílio dos Reis Morais [1931, 1935]
[Abílio dos Reis Morais.
Praia - Cabo Verde, 16/08/1896. Tenente de Infantaria. Filiação: Valentina dos Reis Morais, Augusto César de Morais. Casado. Residência: Avenida Marquês de Tomar, 37 - Lisboa. Quando alferes miliciano de Infantaria, integrou o 1.º Corpo Expedicionário Português e terá recebido louvores. Já tenente, aderiu às revoltas contra a Ditadura Militar de 3 de fevereiro de 1927, 20 de julho de 1928 e 26 de agosto de 1931 e, na sequência desta última, foi deportado para Timor, tendo embarcado no vapor "Pedro Gomes" na noite de 2 de Setembro de 1931, com mais 357 deportados (271 civis e 87 militares). Abrangido pela amnistia de 5 de dezembro de 1932, regressou a Portugal em meados de 1933. Continuou a conspirar e participou ativamente na Revolta de Mendes Norton, sendo preso em 26/08/1935, acusado de ser o lugar - tenente do tenente-coronel Ribeiro de Carvalho que, entretanto, se refugiou em Espanha. A Secção Política e Social da PVDE prendeu-o por indicação dos serviços secretos que consideravam a sua detenção como uma das "indispensáveis para fazer abortar o movimento prestes a eclodir". Quando foi detido, preparava-se para se deslocar a Mafra para mobilizar tropas para a revolta, tendo andado anteriormente pela província a fazer ligações revolucionárias, contando com a adesão de muitos sargentos e alguns oficiais. Levado para uma esquadra, seguiu para o Aljube em 01/10/1935. Por decisão do Conselho de Ministros de 16 de Dezembro de 1935, foi deportado, preso, para Angra do Heroísmo, para onde seguiu, em 18 do mesmo mês, a bordo do vapor "Cabo Verde". Mandado regressar em 13/05/1936, por ter sido autorizado a ir para o Brasil. Embarcou, em 14 de junho, com destino ao Rio de Janeiro, onde faleceu em fevereiro de 1955, com 58 anos.]
02032. Alfredo Marques Mendonça [1931]
[Alfredo Marques Mendonça.
Capitão do Serviço de Administração Militar (S.A.M.) e advogado. Por ter participado no movimento revolucionário de 26/08/1931, foi deportado para Timor em 02/09/1931, embarcando no vapor "Pedro Gomes". Fugiu, num barco holandês, a bordo do qual assinou, em 28/02/1932, o manifesto "Um Grupo de Deportados de Timor à Nação Portuguesa". Subscreveram-no outros deportados em fuga: Eduardo Carmona, Fernando de Utra Machado, Francisco de Oliveira Pio, Joaquim Ramos Munha, José Pereira Gomes, Manuel António Correia, Manuel Vireilha da Costa e Miguel de Abreu.]
02033. Américo Augusto Martins Sanches [1931]
[Américo Augusto Martins Sanches.
Capitão de Aeronáutica. Participou no movimento revolucionário de 26/08/1931 e foi deportado para Timor em 02/09/1931, embarcando no vapor "Pedro Gomes". Não foi abrangido pela amnistia de 05/12/1932, por ser considerado um dos "50 mais perigosos".]
02034. António Augusto Dias Antunes [1928, 1931, 1931]
[António Augusto Dias Antunes.
Castelo Branco, 27/10/1876. Coronel de Infantaria. Filiação: Maria da Piedade Dias Antunes, António Joaquim Antunes. Frequentou o Colégio Militar, a Escola Politécnica de Lisboa e os cursos de Infantaria e de Cavalaria da Escola do Exército. Participou em campanhas militares em Angola, onde foi capitão-mor e Governador da Província de Benguela e Quanza Norte. Desempenhou, entre novembro de 1927 e maio de 1928, o cargo de Diretor-Geral da Imprensa Nacional na sequência do falecimento de Luís Derouet. Preso aquando do movimentos revolucionários de 20/07/1928, e em 09/04/1931, foi um dos principais dirigentes do levantamento de 26/08/1931, integrando, com Agatão Lança, tenente-coronel Fernando Pais Teles Utra Machado, tenente-coronel Sarmento de Beires e coronel Hélder Ribeiro, o seu Comité Revolucionário. Preso, passou pela Penitenciária de Lisboa, foi demitido do Exército por decreto de 28/08/1931 e, em 02/09/1931, seria deportado para Timor, embarcando no vapor "Pedro Gomes". Encarcerado no campo de concentração de Oecussi, tornou-se o representante dos deportados junto das autoridades, por ser o militar mais graduado e, ao denunciar junto da Liga de Combatentes da Grande Guerra, as condições a que os prisioneiros estavam sujeitos, contribuiu para o seu encerramento. Na carta que então enviou à LCGG, deu a conhecer a insalubridade, os alojamentos, a deficiente alimentação e ausência de assistência sanitária e médica, permitindo a libertação de deportados sem que, no entanto, pudessem abandonar Timor. Excluído da amnistia aprovada em 05/12/1932, por ser um dos "50 mais perigosos", permaneceu em Timor, onde viveu com muitas dificuldades e se dedicou ao negócio do café. Faleceu em Ermera, a 22/01/1940, com 64 anos de idade.]
[João Esteves]