* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXI *
02097. António Marques / António Jorge Marques [1927, 1930, 1933]
[António Marques || ANTT || RGP/5]
[António Marques.
"O Marques da Ajuda", por residir na Rua da Torre - Ajuda. Lisboa (Santos-o-Velho), c. 1893. Serralheiro. Filiação: Matilde Maria, Joaquim Marques. Solteiro. Residência: Rua da Torre, 28 - Lisboa. Preso em 14/09/1927, por estar envolvido na organização de um movimento revolucionário contra a Ditadura Militar, mobilizando sargentos e reunindo-se com o Dr. Pires de Carvalho, o sargento ajudante Fontes e o 1.º sargento Jeremias. Deportado para Angola quatro dias depois, regressou ao fim de 15 meses, em 13/12/1928. Preso em 14/05/1930, por ter mantido reuniões com "elementos revolucionários" no Arco da Bandeira; libertado em 10/06/1930. Em Maio de 1932 era procurado, juntamente com José Maria Teixeira Cadão, por estar envolvido na tentativa de libertação dos presos José Maria Videira (1.º sargento reformado) e José Severo dos Santos (ex-sargento da Armada), detidos na esquadra de Alcântara. Da acusação, constava o fornecimento de pistolas e metralhadoras ao grupo que os devia soltar. Andou fugido quase um ano, sendo preso em 05/05/1933, "por ser um elemento muito ativo na organização do movimento revolucionário em preparação, onde atuava como agente de ligação do ex-comandante Sarmento de Beires". Nas declarações prestadas aquando da prisão, terá confirmado o envolvimento nos preparativos para a libertação dos detidos na esquadra de Alcântara, referiu que tinha sido Custódio Maldonado de Freitas quem o aliciara para tal e que a ação não se concretizara "por falta de probabilidades de êxito", tendo tido contactos com Nestor da Assunção e o chofer Joaquim Martins. Segundo as mesmas declarações, esteve escondido na Quinta da Formiga, onde permaneceu até julho de 1932; ficou alguns dias em casa de Maria Rabaça Loureiro, através de quem travou conhecimento com Sarmento de Beires; e refugiou-se em Alpiarça mediante contactos com Renato Pinhão, que conhecera através de Júlio Pinto de Oliveira. Nesta localidade, usou o nome José Joaquim Pereira. Em Alpiarça, devido à ligação a Sarmento de Beires, teria ficado encarregado de arranjar bombas, tendo, então, estabelecido contactos para esse fim com, entre outros, Joaquim Martinho do Rosário (Santarém), António José da Silva Fialho, António Jorge (Santa Ana), João Gaspar (Cartaxo), Simão Piteira Varela, Renato Pinhão (Alpiarça), Abel Pinhão, António Dias (Almeirim), Custódio Dias (Almeirim) e João Pereira dos Santos. Voltou para Lisboa em finais de fevereiro de 1933, mas regressou a Alpiarça e a Almeirim para recuperar o material já conseguido, tendo sido acompanhado, entre outros, pelo chofer Jaques Carlos Ferreira Isasca e Augusto Porfírio Cardoso. As bombas, o clorato e o antimónio ficaram, depois, guardados em Sacavém, em casa de João da Ana, sendo aí que a polícia descobriu o material bombista. Integrou a leva de 143 presos políticos que, em 19/11/1933, embarcou no vapor "Quanza", fundeado a cerca de 500 metros da praia sul de Peniche, com destino à Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, onde chegou a 22. Julgado nos Açores pelo TME de 21/08/1934, foi acusado de conspirar com Sarmento de Beires e outros para derrubar o governo e fabricar e transportar bombas, sendo condenado a 14 anos de degredo numa das Colónias e multa de vinte mil escudos. A pesada pena refletia o juízo de que "há muitos anos se dedica a manejos revolucionários, o que levou o Governo a deportá-lo para as Colónias por ser um elemento indesejável para a ordem pública". Interpôs recurso, mas a sentença foi confirmada pelo mesmo Tribunal em 30 de agosto. Seguiu, em 23/10/1936, para o Campo de Concentração do Tarrafal de onde só sairia em 6 de Julho de 1949, com destino ao Forte de Peniche. Embora o tempo de prisão a que fora condenado terminasse em 01/10/1950, só saiu em liberdade condicional em 26/04/1951. A liberdade definitiva só a obteve três anos depois, por sentença de 30/04/1954. No Tarrafal, segundo escreve Edmundo Pedro nas suas "Memórias" (II Volume, Âncora Editora, 2011), António Jorge Marques "colaborara em várias iniciativas de Bento Gonçalves, nomeadamente na construção da pequena fábrica de produção de gelo e, mais tarde, na tentativa, inacabada com a morte do Bento, de construir um barco de ferro. Fora ele que montara, sob a supervisão daquele meu infausto amigo e camarada, o cavername, em cantoneira e ferro T, destinado a receber as chapas metálicas, provenientes dos bidões de transporte do gasóleo, que serviriam para revestir o casco do barco" (p. 109). Libertado, "bastante envelhecido" quando teria "perto de sessenta anos", "sem familiares próximos" e vivendo "numa extrema miséria", procurou Edmundo Pedro no início da década de 50 e trabalhou alguns anos com ele na empresa Vóltio, Lda, da qual aquele era sócio, aproveitando a sua experiência de "excelente serralheiro civil" (Edmundo Pedro, Memórias, Vol. II, pp. 111).]
02098. José Alberto [1927]
[José Alberto.
Olhão. Trabalhador rural. Filiação: Maria do Carmo, Manuel José. Solteiro. Residência: Rua de Machede - Évora. Preso em setembro de 1927, "por ser chefe do grupo anarquista Universo, de Évora". Deportado para Angola em 18/09/1927, embarcando no barco "Zaire" com destino a Luanda.]
02099. António Proença [1927, 1931]
[António Proença.
Lisboa, c. 1895. Funileiro. Filiação: Bebiana da Conceição, Francisco Proença. Solteiro. Residência: Rua de S. Sebastião da Pedreira, 172 - Lisboa. Preso em 08/03/1927, "por ter fugido de bordo do vapor 'Lourenço Marques'"; entregue à Polícia Militar no mesmo dia. Deportado para Luanda, Angola, em 18/09/1927, juntamente com o irmão, António Proença, e outros presos políticos. Embarcou no barco "Zaire". Preso em 26/08/1931, por ter participado no movimento revolucionário desse dia, e deportado para Timor em 02/09/1931. Abrangido pela amnistia de 05/12/1932, regressou em 09/06/1933 e apresentou-se no dia 12, declarando ir residir na mesma morada.]
02100. José Vilhena Salema Júnior [1927]
[José Vilhena Salema Júnior.
"O Pepe". Preso por ordem superior em 18/02/1927 e enviado, em 21/02/1927, à Comissão de Inquérito relacionada com o movimento revolucionário desse mês. Deportado para Angola em 18/09/1927, tendo embarcado no vapor "Zaire".]
02101. Jorge dos Santos Mendes [1927]
[Jorge dos Santos Mendes.
Preso em 1927 e deportado para Angola em 18/09/1927. Embarcou, tal como muitos outros presos políticos e comuns, no barco "Zaire" com destino a Luanda.]
02102. José Azevedo [1927]
[José Azevedo.
Braga, c. 1886. Comerciante. Filiação: Maria Gomes de Azevedo, Alfredo Maria de Azevedo. Casado. Residência: Avenida Almirante Reis, 75 - Lisboa. Um dos proprietário do Armazém Azevedo, na Rua dos Fanqueiros, foi preso em 21/09/1927, "por ser detentor de armas de fogo sem a respetiva licença", e enviado ao Tribunal Militar em 29/09/1927. Referenciado, em janeiro de 1930, como fazendo parte de um comité secreto da Associação dos Lojistas, juntamente com Dário Névoa, antigo presidente da Associação dos Caixeiros, e António Casanova.]
02103. António José Azevedo [1927]
[António José Azevedo.
Braga, c. 1893. Comerciante. Filiação: Maria Gomes de Azevedo, Alfredo Maria de Azevedo. Casado. Um dos proprietário do Armazém Azevedo, na Rua dos Fanqueiros, foi preso em 21/09/1927, "por ser detentor de armas de fogo, sem licença"; libertado em 29/09/1927. Irmão de José Azevedo.]
02104. Armando Martins [1927]
[Armindo Martins.
Um dos proprietário do Armazém Azevedo, na Rua dos Fanqueiros, foi preso em 21/09/1927.
[João Esteves]
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