* 30 DE DEZEMBRO DE 1928 *
Realiza-se a 30 de Dezembro de 1928 a Assembleia-Geral do CNMP, presidida por Deolinda Lopes Vieira e secretariada por Tetralda Teixeira de Lemos e por Maria do Céu Branquinho:
"Assembleia Geral do ‘Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas’
Aos 30 de Dezembro de 1928 reuniu-se a Assembleia Geral do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas sob a presidência da sr.ª D. Deolinda Lopes Vieira e secretariada pelas sr.as D. Tetralda Teixeira de Lemos e D. Maria do Céu Branquinho.
A sr.ª presidente ao abrir a sessão pronunciou algumas palavras cheias de entusiasmo pela marcha das ideias feministas e faz ardentes votos para que o ‘Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas’ continue mantendo aquela linha de conduta que de todos é conhecida.
Lida a acta da sessão anterior foi aprovada.
O expediente que foi lido constava de uma carta da consócia D. Maria Luísa Amaro pedindo desculpa da sua não comparência e de um telegrama da consócia D. Julieta Carvalho, de Moura, saudando o Conselho.
Antes da ordem do dia usou da palavra a dr.ª Adelaide Cabete, presidente da direcção que lembrou à assembleia o compromisso tomado pelo Conselho de realizar um congresso feminista luso-espanhol, em Lisboa, no ano de 1930, pelo que era necessário começar a trabalhar nesse sentido dado a grande responsabilidade que daí advém. Foi resolvido que a nova direcção encetasse os trabalhos respectivos.
Continuando no uso da palavra aquela senhora disse também que os estatutos do Conselho precisavam de ser renovados e adaptá-los à situação em que actualmente vive, e afirmou mais que é necessário voltar à propaganda falada, fazer conferências etc. Para efectivação desta ideia, propôs que se nomeasse duas comissões assim constituídas, uma composta das Dr.as Elina Guimarães, Maria Amélia de Matos e Tetralda Teixeira de Lemos para rever os estatutos e a outra composta pelas sr.as D. Sara Beirão, D. Angélica Porto e dr.ª Elina Guimarães para elaborar o plano de conferências feministas. Estas duas propostas foram aprovadas.
Finalmente a mesma senhora referiu-se que a imprensa tem sido gentil para com o Conselho aceitando sempre as notícias que lhe envia pelo que propôs um voto de saudação à imprensa de Lisboa. Aprovado por aclamação.
Entrando-se na ordem do dia, 1.ª parte, procedeu-se à leitura dos relatórios e contas que foram aprovados.
Entrando-se na 2.ª parte da ordem do dia, eleições, feito o escrutínio deu o resultado seguinte:
Direcção
Presidente: Dr.ª Adelaide Cabete.
Vice-presidentes: Dr.ª Elina Guimarães e D. Angé-lica Porto.
Secretária geral: Dr.ª Tetralda Teixeira de Lemos.
Secretária do interior: Dr.ª Nídia Neto Ferreira.
Secretária do exterior: D. Antónia Laclaud Gonçal-ves da Silva.
Secretária das actas: D. Beatriz Magalhães.
Tesoureira do interior: D. Maria Leonarda Costa.
Tesoureira da província: D. Rosa Pereira.
Tesoureira da revista: D. Maria do Céu Branquinho.
Tesoureira adjunta: D. Adelaide Santos.
Vogais: D. Berta Garção, M.me Zoé Pereira, D. Josefina Ribeiro, D. Cipriana Nogueira, D. Caetana de Almeida, D. Rita das Dores Silva, D. Fernanda Pimentel, D. Fábia Ochôa, D. Mariana Silva, D. Maria Luísa Amaro, D. Alexandrina Mourato Vermelho, D. Maria Lopes Marques e D. Maria Gertrudes Amarante.
Assembleia-Geral
Presidente: D. Sara Beirão.
Vice-presidente: D. Aurora Fernandes da Silva.
Secretárias: Dr.ª Noémia Neto Ferreira e D. Hercília Rocha.
Suplentes: D. Irene Duarte, D. Ema Rua e D. Luísa Gouveia Pinto.
Conselho Fiscal
Presidente: D. Albertina Gamboa.
Relatora: D. Celeste Pinto Moniz.
Vogais: D. Amélia Trigueiros, D. Maria Santos, D. Maria Ferraz e D. Alice Taveira Martins de Sousa.
Presidentes de Comissões
Paz: D. Branca de Gonta Colaço.
Sufrágio: Dr.ª Elina Guimarães.
Assistência social: D. Maria O’Neill.
Higiene: Dr.ª Cristina da Cunha.
Moral: D. Angélica Porto.
Educação geral: Dr.ª Teresa Leitão de Barros.
Educação infantil: D. Deolinda Lopes Vieira.
Finanças: Dr.ª Maria Amélia Matos.
Emigração: Dr.ª Alexandra Carvalho de Araújo.
Imprensa: Dr.ª Adelaide Cabete.
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Relatório da Direcção de 1928
Durante o ano de 1928 o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas prosseguiu nos seus trabalhos feministas tendo reunido com regularidade duas vezes por mês para apreciação do expediente e tendo-se mantido em correspondência com as associações similares estrangeiras.
Pelo Conselho foi em Fevereiro entregue ao Ministro do Interior uma representação contra um projecto que suprimia o lugar de enfermeira, até então obrigatório, nos barcos que transportam um certo número de emigrantes portugueses. Essa reclamação foi atendida, não tendo a referida supressão sido levada por diante.
O facto marcante para 1928 não só na história do Conselho como do feminismo português foi sem dúvida alguma o segundo Congresso Feminista que no mês de Junho se realizou em Lisboa. A forma brilhante como ele decorreu está certamente ainda bem viva no espírito de todos não sendo portanto necessário fazer aqui o seu relatório pormenorizado, tanto mais que esse relatório deverá ser publicado na ‘Alma Feminina’. Foi sem dúvida alguma uma bela manifestação de que nos podemos orgulhar e que muito deverá ter contribuído para a difusão das nossas ideias.
Em Novembro, comemorando a semana da paz, a Ex.ma Sr.ª D. Maria O’Neill efectuou, por iniciativa do Conselho, uma notabilíssima conferência sobre a Paz Universal.
A vice-presidente, Elina Guimarães.»
[Alma Feminina, n.º 1, Janeiro e Fevereiro de 1929, pp. 3-5]
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