[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

domingo, 14 de junho de 2015

[0999.] ANTÓNIA GIRÃO DE AZUAGA SANTOS [I]

[1908-2002]
[Antónia e Jorge Gustavo Sanches de Castro Marques  dos Santos | década de 50]

Antónia Girão de Azuaga Santos é mais um dos muitos nomes que continua ignorado, que as histórias não referem e, no entanto, integrou o importantíssimo núcleo do Porto da Associação Feminina Portuguesa para a Paz, agremiação que nas décadas de 40 e de 50 envolveu os principais nomes da oposição feminina daquela cidade, nomeadamente a escritora Ilse Losa, a engenheira Virgínia Moura ou a professora Irene Castro

Filha de Fernanda Girão de Azuaga [1884/5-1968] e de Fernando Ezequiel de Moura Viana de Azuaga, nasceu a 30 de setembro de 1908 em Luanda e faleceu a 4 de novembro de 2002, com 94 anos.

Casou, no início da década de 30 (1933 ou 1934), com Jorge Gustavo Sanches de Castro Marques dos Santos [f. 06/11/1964], conceituado médico e antifascista portuense, para além de poeta, alpinista e um dos pioneiros do montanhismo em Portugal, que conhecera, ainda estudante de medicina, aquando duma manifestação de jovens estudantes nos primórdios da ditadura.

Em 1934, Antónia Azuaga assinou, com Aida Mesquita, Berta Neves, Cândida Bastos, Cecília Moreira, Claudina Martins, Ema Rosine Cunha, Henriqueta Mesquita, Laura Neves de Castro, Leopoldina Mesquita, Maria Clarisse Bastos, Maria Lucena, Maria Silva e Natalina Mora Pereira Bastos, o manifesto O Dia do Armistício que um grupo de senhoras distribuiu profusamente na cidade do Porto e noutras terras do país.

Na década seguinte, tornou-se a sócia nº 228 da Delegação do Porto da Associação Feminina Portuguesa para a Paz, com residência na Rua do Bonfim, 295. A sua filha, Maria Ermelinda Azuaga Marques dos Santos [junho de 1935 - abril de 2015], estava também inscrita na mesma agremiação, sendo a sócia nº 230.

Conviveu intensamente com a ativista Maria Branca de Lemos e o  marido Afonso, tendo-se ocupado da Casa-Museu Abel Salazar. 

Depois de enviuvar, passou a viver com a filha e o genro [Agostinho dos Santos Monteiro] em Favaios e, posteriormente, na Senhora da Hora, em cujo cemitério se encontra sepultada.

O meu muito obrigado à disponibilidade e amabilidade do filho e da neta, filha de Maria Ermelinda, pelas informações prestadas e que muito contribuíram para a construção desta pequena nota biográfica.

O dar rosto a cada um destes nomes que viveram e lutaram em tempos sombrios, retirando-os assim de um prolongado anonimato, só foi possível pelo contributo do filho Jorge Santos ao ceder esta fotografia do casal datada da década de 50. 

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