[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

[1299.] IRENE BRANCO BÁRTOLO (RUSSELL) [I] || CAMPANHA DE NORTON DE MATOS

* IRENE BRANCO BÁRTOLO RUSSELL *
[1915 - 2001]
Filha de Maria Dulce Branco e de Anselmo Francisco Bártolo [n. 05/03/1877, Ílhavo], nasceu em Lisboa em 8 de Novembro de 1915.

 [Oliver Branco Bártolo || 1935]
[Assinatura || 1978]

Irmã do marinheiro artilheiro Oliver Branco Bártolo [n. 06/03/1909] e casada com Miguel Wager Russell [Santarém, 01/02/1908 - Lisboa, 19/02/1992], ambos enviados para o Campo de Concentração do Tarrafal, o primeiro em Outubro de 1936, depois de preso a 23 de Maio de 1935 por distribuir propaganda contra o regime salazarista, e o segundo em 5 de Junho de 1937, por militar no Partido Comunista Português.

Irene Branco Bártolo foi presa com o noivo em em 14 de Abril de 1937 e só foi libertada em 5 de Junho, tendo permanecido incomunicável todo esse tempo em esquadras da polícia.

[Miguel Wager Russell || 1937]

Devido à deportação daquele para Cabo Verde, sem qualquer julgamento, casou por procuração e só voltou a reencontrá-lo nove anos depois, quando regressou a Lisboa no navio Guiné a 1 de Fevereiro de 1946, com 38 anos. 

Três anos depois, em 1949, interveio ativamente na campanha presidencial de Norton de Matos, tendo falado em 28 de Janeiro, na Voz do Operário, na sessão promovida em  pela sua Comissão Eleitoral Feminina de Apoio. 

Numa sentida intervenção, onde denunciou a situação por si vivida e, infelizmente, comum a muitas outras mulheres cujos namorados e maridos ousaram combater a ditadura: “Agora fundei um novo lar, depois de muitos anos ter sido esposa sem marido. Mas o noivo que me tiraram era um rapaz novo e robusto, o marido que foram obrigados a restituir-me, um homem precocemente envelhecido pelo sofrimento e com a saúde abalada. Minha mãe morreu de desgosto, de desânimo, de privações, que eu e ela tivemos e passar por não termos o amparo dos homens da família. Eu resisti porque era mais nova, mais forte e, principalmente, porque não desanimei”[Às mulheres de Portugal: colectânea dalguns discursos pronunciados para propaganda da candidatura, Lisboa, Serviços Centrais da Candidatura do General Norton de Matos, 1949].

[João Esteves]

1 comentário:

Anónimo disse...

Só hoje leio este texto sobre a minha querida avó Irene. Mulher destemida, lutadora, cuidadora, uma mulher muito respeitada e amada pela família.
Obrigada, pelas palavras.
Andreia Russell, sua neta.