[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 25 de janeiro de 2020

[2268.] ALFREDO BARATA DA ROCHA [I] || VIGIADO PELA DITADURA EM 1930

* ALFREDO BARATA DA ROCHA
[1891 - 1956] 

Filho de Belmira Barata Gomes Feio e de Augusto de Queirós Rocha, Alfredo Barata da Rocha nasceu em 1891, no Bonfim - Bairro Oriental do Porto, tendo ficado órfão muito cedo. 

Criado pelas irmãs, frequentou a Faculdade de Medicina da Universidade de Porto, sendo um dos muitos alunos subsidiado pelo "Legado Assis" desde 1911. 

Integrou o 1.º Corpo Expedicionário Português e, em 14 de Março de 1917, embarcou para França como Alferes Médico Miliciano, tendo os pais já falecido. Ferido por duas vez, uma delas na Batalha de La Lys, em 9 de Abril de 1918, foi condecorado com a Cruz de Guerra de 1.ª Classe e recebeu a Medalha da Vitória.

Regressado da Guerra, defendeu, em 29 de Outubro de 1919, a tese de licenciatura intitulada "Gases tóxicos: Notas da guerra", aprovada com 20 valores por um júri presidido por Alberto de Aguiar. Leccionou, então, na Faculdade de Medicina do Porto.

[Alfredo Barata da Rocha || Névoa da Flandres || 1924]

Editou, em 1924, o livro Névoa de Flandres, contendo 35 poesias escritas enquanto soldado da Grande Guerra na qualidade de Alferes Médico (1917 - 1918), muitas delas dedicadas a outros combatentes.

Por sua iniciativa, criou-se, em 26 de Fevereiro de 1925, a "Agência do Porto" da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, sendo o seu primeiro Presidente.   

Com o 28 de Maio de 1926, Alfredo Barata da Rocha tornou-se, em 1930, objecto de vigilância na cidade do Porto e denunciado como «absolutamente desafecto à Ditadura militar», promovendo reuniões conspirativas no seu consultório, situado na Rua Sá da Bandeira, 405 - 1.º, e ser próximo do Dr. Veiga Pires, então regressado da deportação a que fora sujeito na sequência da Revolta fracassada de 28 de Julho de 1928. Segundo o Inf. 35, Alfredo Barata da Rocha era um «elemento perigoso pela audácia e combatividade que emprega», «não só como elemento de acção, mas também como propagandista de ideias dissolventes» [ANTT, Cadastro Político 3].

Fontes:
AHM, Alfredo Barata da Rocha - Alferes Médico Miliciano / PT/AHM/DIV/1/35A/1/02/0341.

ANTT, Cadastro Político 3 [Alfredo Barata da Rocha / PT-TT-PIDE-E-001-CX05_m0607, m0607a].

[João Esteves]

2 comentários:

Unknown disse...

Era meu tio avô, infelizmente não o conheci pois nasci um ano após a sua morte, mas ouvi contar muitas histórias da sua personalidade invulgar.

Teresa Barata da Rocha

sempratento disse...

Cara Teresa Barata da Rocha:
O Dr. A. Barata da Rocha (para mim e para os meus irmãos era o "Padrinho Doutor") era íntimo da casa dos meus pais e principalmente dos meus avós paternos (ele era compadre do meu avô porque padrinho de um dos meus tios). Quando ele deu aulas na Escola "Oliveira Martins" na Rua do Sol, vinha sempre descansar à tarde em casa da minha Avó na Rua Duque de Loulé nº 141, r/c. Vinha também com frequência a casa dos meus pais na Av Rodrigues de Freitas 312, 3ª. Quando ele faleceu eu tinha 14 anos.
Tenho neste momento em minha posse um desenho que é um retrato dele feito em Valencia, em 1929 ou 39 (é pouco compreensível a data) que nos foi oferecido pela família após o seu falecimento e que eu penso que deve ir para a sede da Liga dos Combatentes no Porto.
Não sei qual a sua relação familiar com o Dr Luis Barata da Rocha ( meu colega no liceu "Alexandre Herculano") que sabe tudo isto e cujo contacto infelizmente perdi.
Manuel Nicolau Brandão (mnicolaucb@gmail.com)