[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 23 de janeiro de 2021

[2470.] JOSÉ MOREIRA [I] || ASSASSINADO AOS 37 ANOS PELA PIDE

 * JOSÉ MOREIRA *

[12/10/1912 - 23/01/1950]

Militante do Partido Comunista e principal responsável pelas tipografias clandestinas, José Moreira foi preso em 22 de Janeiro de 1950, barbaramente torturado e assassinado pela PIDE em 23 ou 24 desse mesmo mês. Tinha 37 anos!  

[José Moreira || 23/01/1950 || ANTT || RGP/19600 || PT-TT-PIDE-E-010-98-19600]

Serralheiro, filho de Guilhermina de Jesus e de Manuel Maria, José Moreira nasceu em 12 de Outubro de 1912, em Vieira de Leiria.

Começou por trabalhar como operário vidreiro na Marinha Grande e, em 1945, enquanto militante do Partido Comunista, passou à clandestinidade, tornando-se responsável pelo sector das tipografias e distribuição da sua imprensa.

Foi preso com Filomena Pereira Galo [n. 0/10/1911], sua mulher, na manhã de 22 de Janeiro de 1950, em Vila do Paço, concelho de Torres Novas, onde viviam numa casa clandestina, devido a uma denúncia. Usava, então, o nome de José Mendes de Oliveira e a brigada da PIDE que a assaltou sabia quem nela vivia [Processo 184/50]. 

[Filomena Pereira Galo || 22/01/1950 || ANTT || RGP/19601 || PT-TT-PIDE-E-010-98-19601]

Como consta do Auto de Busca e Apreensão, descobriram rolos, papel e tinta da tipografia onde trabalhava e a sua bicicleta – marca “Popular Special, com dínamo, porta-bagagem, campainha e com a chapa número mil setecentos e setenta".

Levado nesse mesmo dia para o Aljube, ficou em isolamento contínuo e sujeito a violentas torturas na António Maria Cardoso, já que a PIDE pretendia obter rapidamente informações da localização das diferentes tipografias, de forma a impedir que fossem mudadas: desde há cinco anos, quando José Moreira assumira a responsabilidade por elas, que nenhuma tinha sido descoberta. 



José Moreira não prestou quaisquer informações e foi assassinado em 23 ou 24 de Janeiro de 1950, tendo o seu corpo sido atirado da janela do 3.º andar da sede da PIDE, numa tentativa de simular suicídio, e levado, já cadáver, para o Banco do Hospital de S. José.  

[José Moreira || 23/01/1950 || ANTT || RGP/19600 || PT-TT-PIDE-E-010-98-19600]

No programa televisivo da RTP "José Moreira e o pensamento moderno português", datado de 01/10/1975, o historiador Joaquim Barradas de Carvalho confirma a António Borges Coelho, também historiador, que trabalhou, entre 1945 e 1947/8, com José Moreira na distribuição do Avante! por todo o país, encontrando-se quinzenalmente para desempenhar essa tarefa. E que certo dia, no âmbito de uma reflexão sobre como proceder na eventualidade de se ser preso, José Moreira afirmou que "Se for preso, farei o que puder".

Como afirma António Borges Coelho no mesmo programa, José Moreira, "sendo um dos homens pouco conhecido, que não aparece no primeiro plano, fez a História" [https://arquivos.rtp.pt/conteudos/jose-moreira-e-o-pensamento-moderno-portugues/].

[João Esteves]

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