[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quinta-feira, 19 de junho de 2014

[0669.] CASIMIRA DA CONCEIÇÃO SILVA [MARTINS] [V]

* CASIMIRA DA CONCEIÇÃO SILVA [MARTINS] *
[08/09/1917 - 05/01/2009]
[in Mulheres portuguesas na resistência]
- Costureira. 

- Nasceu em Vila Franca de Xira a 8 de setembro de 1917 e faleceu a 5 de janeiro de 2009, com 91 anos. 

- Filha de “camponeses com pouca instrução”, entrou na militância comunista clandestina muito nova por via do casamento com António Dias Lourenço [25/03/1915-07/08/2010], então torneiro-mecânico e membro do Partido Comunista desde 1932. 

- Em 1942, já mãe de Ivone Conceição Dias Lourenço [03/04/1937-24/01/2008] e de Lígia Dias Lourenço, passou à clandestinidade com o marido e as duas filhas e trabalhou alguns anos nas tipografias. 

- Tornou-se, depois, companheira de José Augusto da Silva Martins [1912-1956], importante quadro comunista desde meados da década de 30 até 1950. Foram ambos detidos na madrugada de 9 de abril de 1949, juntamente com António Eusébio Bastos Lopes [08/08/1924-05/11/2007] e Mercedes de Oliveira Ferreira [n. 09/12/1928], na tipografia ilegal de Coimbrão (Leiria), estando então grávida de cinco meses. 

- Presa em Caxias, devido ao empenho de Cesina Bermudes acabou por ter o seu parto na Maternidade Alfredo da Costa, nascendo o filho a 18 de agosto de 1949. 

- Torturada física e psicologicamente, atribuindo propositadamente a PIDE a paternidade da criança ao primeiro marido, de quem já estava separada havia anos, aquela viveu os primeiros dois anos na cadeia. 

- Condenada, em 1951, a 20 meses de prisão correcional, foi restituída à liberdade em 13 de novembro, enquanto o companheiro só seria libertado em 1955, falecendo pouco depois.

- Segundo contou a Rose Nery Nobre de Melo, “durante vinte anos percorri o caminho das cadeias fascistas deste País, pois nunca mais dei-xei de ter familiares presos. Depois do meu marido sair, ficou lá o meu cunhado, o Júlio Martins. Mais tarde, a minha filha Ivone é presa e lá fica durante sete anos. Bem, houve uma altura em que tive três pessoas presas ao mesmo tempo” [Mulheres Presas na Resistência, p. 63]. 

- Apesar de todas as vicissitudes, nomeadamente por ter sido afetada pelo percurso do companheiro, com quem insistia em casar, manteve a militância até ao final da vida. 

- Após, 25 de Abril de 1974, desempenhou tarefas no Centro de Estudos Sociais do PCP.

- Rose Nery Nobre de Melo inseriu parte da sua “Biografia Prisional” e uma entrevista com Casimira da Conceição no livro dedicado às Mulheres Portuguesas na Resistência.

[João Esteves, "Casimira da Conceição Silva [Martins]", in Feminae. Dicionário Contemporâneo, CIG, 2013]

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