[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

[1630.] PEDRO BATISTA DA ROCHA [II]

* MILITANTE DAS JUVENTUDES COMUNISTAS E DO PARTIDO COMUNISTA || ACTIVISTA DO SOCORRO VERMELHO INTERNACIONAL || PRESO POLÍTICO || COMBATENTE DA GUERRA CIVIL DE ESPANHA || PASSAGEM PELOS CAMPOS DE INTERNAMENTO EM FRANÇA E DE TRABALHO NA ALEMANHA NAZI || EXILADO *


O percurso político de Pedro Rocha é invulgarmente rico e complexo, tendo abrangido quase todo o período da Ditadura Militar, Salazarista e Marcelista.

Filho de Hermínia do Carmo Batista e de António José da Rocha, músico militar preso por estar envolvido na Revolta Republicana de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, Pedro Baptista da Rocha nasceu em 25 de Julho de 1912, em Lisboa. 

[Escrito com paixão || Caminho || 1991]

Filho único, frequentou o Liceu Gil Vicente cujo ambiente, associado à influência familiar em torno dos ideais da República, muito contribuiu para a sua adesão à luta contra a Ditadura Militar e militância comunista, onde usou os pseudónimos de "Helder", de "Osvaldo" e de "José Pedro da Rocha".


Segundo as suas memórias, intituladas Escrito com paixão [Caminho, 1991], com 18 anos era já membro das Juventudes Comunistas, onde trabalhou directamente com Francisco Paula de Oliveira e, depois, com Fernando Quirino. 


Detectado e procurado como activista comunista desde 1932, Pedro Rocha desempenhou ainda trabalho partidário, entre outros, com Álvaro Duque da Fonseca, Carolina Loff da Fonseca, Cassiano Nunes Diogo e Júlio dos Santos Pinto. Em 1933, integrou o Secretariado Político das Juventudes Comunistas.

Foi, simultaneamente, activista do Socorro Vermelho Internacional em Lisboa e, posteriormente, encarregado da sua reorganização no Alentejo e Algarve.

Preso, pela primeira vez, em 23 de Julho de 1933, juntamente com Rodrigo Ollero das Neves [n. 27/06/1906], na casa da Rua Bernardim Ribeiro, 57, 4.º, foi julgado pelo Tribunal Militar Especial em 22 de Janeiro de 1934 e condenado a dezoito meses de prisão correccional e perda dos direitos políticos por dois anos, sendo libertado em 27 de Janeiro do ano seguinte.

Voltou a ser preso, "para averiguações", em 16 de Maio de 1936 e libertado em 26 do mesmo mês.

Em 1937, dando seguimento ao apelo do Partido Comunista para que militantes e simpatizantes se juntassem às forças republicanas de Espanha, Pedro Rocha partiu para aquele país, via França, chegando à Catalunha depois de uma atribulada e tormentosa viagem, tendo atravessado os Pirenéus a pé. 

[Diário de Lisboa || 9 de Setembro de 1983 || p. 5]

Em Espanha, manteve contactos estreitos com os portugueses Caetano João, César de Almeida, Jaime de Morais, Manuel Roque, Mário Reis, Miguel Ramos, Óscar Morais e Utra Machado, entre outros. Aí também se cruzou com Luís António Soares, pai de Pedro Soares, seu camarada das Juventudes Comunistas.

Concluído o curso na Escola de Artilharia N.º 2, em Lorca, perto de Valência, foi promovido a tenente de artilharia e, em 30 de Outubro de 1938, passou a capitão.

[Diário de Lisboa || 9 de Setembro de 1983 || p. 5]

Em Fevereiro de 1939, juntamente com Jaime Cortesão, Jaime de Morais, Mário Fernandes e outros portugueses, saiu de Espanha e começou a prolongada passagem pelos campos de internamento franceses e, em meados de 1941, durante um ano, esteve em campos de trabalho na Alemanha.

Regressou a Portugal em 1942, sendo preso, "para averiguações", em 4 de Dezembro de 1943, enviado para o Aljube e libertado em 19 de Janeiro de 1944.

Nesse mesmo ano, em Maio, partiu para Angola, onde continuou a ser vigiado e perseguido pela PIDE.


Partiu, então, para Brazaville e aí trabalhou, durante 14 anos, como locutor da RTF. Em fins de 1959, fixou-se no Brasil, trabalhando no Estado de São Paulo.

Logo que eclodiu a Revolução de 25 de Abril, ofereceu, por carta, os seus préstimos profissionais ao Movimento das Forças Armadas, não tendo obtido qualquer resposta.

Em 1976, ao fim de 28 anos de exílio e de 43 de militância antifascista, regressou a Portugal.

João Varela Gomes, em artigo publicado no Diário de Lisboa de 9 e 10 de Setembro de 1983, dá amplo destaque ao percurso político de Pedro Rocha, inserindo documentação sua enquanto participante na Guerra Civil de Espanha.

[Varela Gomes || "A derrota" || DL, 09/09/1983]

[João Esteves]

2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
António Quaresma disse...

Excelente blogue, João. Informação muito relevante.