[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

[1629.] REINALDO DE CASTRO [I] || GUERRA CIVIL DE ESPANHA(1937 - 1939)

* PRESO, DEPORTADO, GUERRA CIVIL DE ESPANHA, TARRAFAL * 

[Fotografia prisional de 11/01/1941]

Nascido há 110 anos, Reinaldo de Castro combateu a Ditadura Militar, foi preso e deportado (1931-1933), participou na Guerra Civil de Espanha (1937-1939) e, quando entregue pelas autoridades franquistas à PVDE, foi novamente preso e enviado para o Tarrafal (1941-1946).

Tal como sucede com muitos outros nomes que combateram o regime ditatorial saído de 28 de Maio de 1926, as suas vivências políticas e antifascistas são insuficientemente conhecidas, investigadas e/ou divulgadas.

Filho de Maria da Luz Monteiro e Castro e de Alexandre de Castro, Reinaldo de Castro, conhecido por "O Monteiro", nasceu em 6 de Junho de 1907, em Lisboa. 

Tomou parte na Revolta Militar de 26 de Agosto de 1931, quando era empregado na Câmara Municipal de Lisboa, e integrou o numeroso grupo de deportados para Timor em 2 de Setembro de 1931. 

Abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro de 1932, foi autorizado a regressar, tendo desembarcado em 9 de Junho de 1933, com residência na Rua Particular à Estrada das Amoreiras, A.C. 3.º Direito.

Em 1937, encontrava-se fugido à PVDE por desenvolver militância comunista, juntamente com Artur Gomes Crescêncio Fernandes Teixeira, Joaquim Fernandes Teixeira e Miguel Wager Russell. Na busca à sua residência, na Calçada de Santana, 58, 2.º Andar, encontraram-se jornais clandestinos (Avante, O Eco do Arsenal, O Eléctrico, O Jovem, O Proletário, O Volante, Unidade), selos do Socorro Vermelho Internacional e folhetos (A Chama de Julho, Ao País, Bandera Roja, Princípios do Comunismo, Programa da Frente Popular Portuguesa), bem como material de guerra.

No Livro de Cadastrados N.º 3 da Torre do Tombo [ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903-m0034], consta o nome  de  Reinaldo de Castro mas não a fotografia, estando anotada a inscrição "fugido" [Registo 2075, Cadastrado 3194].


Terá residido no Barreiro, tendo, então, cooptado para o Partido Comunista Júlio Augusto Cordeiro, a quem entregou o folheto "Passionária" a fim de ser distribuído.

Devido às suas actividades políticas, foi emitido pelo Tribunal Militar Especial um mandado de captura,  tendo sido julgado à revelia em 15 de Junho de 1940 e condenado a doze anos de degredo.

Entretanto, entre 1937 e 1939, participou, em Ocaña, na Guerra Civil de Espanha ao lado das forças republicanas. Em 26 de Dezembro de 1940, foi entregue pela polícia franquista às autoridades portuguesas e enviado para Peniche no dia seguinte. 

Em 2 de Janeiro de 1941, foi transferido para o Aljube e, em 30 do mesmo mês, para Caxias.

[Presos Políticos no Regime Fascista III: 1940-1945 || CLNSRF, 1984, p. 71]

Na sequência de novo julgamento pelo TME, realizado em 18 de Abril, Reinaldo de Castro foi condenado a 15 anos de degredo e enviado para o Campo de Concentração do Tarrafal em 17 de Junho de 1941, de onde seria libertado em 12 de Janeiro de 1946, tendo regressado no navio Guiné em 1 de Fevereiro. 

João Varela Gomes, em Guerra de Espanha - Achegas ao redor da participação portuguesa [Fim de Século, 2006, p. 63], refere-se à sua participação na Guerra Civil de Espanha, bem como à opção de "passar despercebido" quanto a esse passado.

Fontes: ANTT, PIDE, Serviços Centrais, Cadastros / Cadastro Político Nº 3194; ANTT, Registo Geral de Presos, Livro 65, Registo 12951; CLNSRF, Presos Políticos no Regime Fascista III: 1940-1945, 1984, p. 71.

[João Esteves]

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