* MARIA JUDITE PINTO MENDES DE ABREU *
[16/02/1916 - 10/05/2007]
[09/02/1974: Discursando na Homenagem a Cristina Torres dos Santos e José Rafael Sampaio, in Joaquim Sousa, Cristina Torres, 1983] |
A Figueira da Foz conta com alguns nomes de mulheres muito relevantes (e pouco estudados) na oposição ao Estado Novo, entre os quais sobressaem os de Cesaltina Benguela Carrapiço Vasco, casada com o médico comunista Gilberto Vasco, Cristina Torres dos Santos [0711], Lucinda Mendes [Saboga], companheira de Agostinho Saboga, as irmãs Maria Celinda e Maria Regina Dias Carvalheiro, esta casada com o advogado Albano Cunha, Natividade Pinheiro (mãe) e Maria Judite Pinto Mendes de Abreu.
Filha de Guilhermina Andrade Pinto e de Maurício Augusto Águas Pinto, republicano e democrata que se evidenciou no combate à ditadura, Maria Judite Pinto Mendes de Abreu nasceu na Figueira da Foz a 16 de fevereiro de 1916 e faleceu em Coimbra a 10 de maio de 2007, com 91 anos de idade.
Matriculou-se, aos 17 anos, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, tendo concluído o curso no ano letivo de 1937/1938, com a classificação de 15 valores, e era também licenciada em Germânicas, curso onde conviveu com Madalena Coelho Marques de Almeida [0492], nome igualmente importante nas lutas oposicionistas das décadas de 40 e de 50 naquela cidade.
Tal como o pai, interveio, depois da II Guerra, na oposição democrática, intervindo nas suas principais iniciativas e movimentos. Por isso, apenas pode lecionar no ensino particular já que, por motivos políticos, lhe foi recusada a possibilidade de trabalhar na Escola Brotero, em Coimbra.
Fez parte do Movimento de Unidade Democrática e, em 1946, integrou o numeroso grupo constituído por mais de cem mulheres que solicitou a Maria Lamas [0555], na qualidade de Presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, a constituição de um núcleo em Coimbra, “tendo em vista levar a efeito várias realizações de alcance cultural e social, no sentido de elevar a mulher a um grau de maior dignificação, e de prestar à criança a assistência de que carece”.
Presidiu, nos últimos meses do CNMP, a esse importante núcleo, dando continuidade ao trabalho desenvolvido por Maria da Luz Casanova.
Militou, no mesmo período, na Associação Feminina Portuguesa para a Paz, à qual aderiu por intermédio de Maria Joana Rosendo Dias.
Interveio, entre 1949 e 1973, em todas as campanhas eleitorais da oposição e muito apoiou as lutas dos estudantes da academia de Coimbra, nomeadamente em 1962 e 1969.
Nos últimos anos da ditadura, integrou a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, o que lhe trouxe vários dissabores, e o Movimento Democrático de Coimbra, com intervenção local e distrital significativa.
Aderiu, depois do 25 de Abril de 1974, ao Partido Socialista. Devido ao seu percurso e intervenção cívica, foi indigitada para Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal da Figueira da Foz (de 30 de outubro de 1974 a dezembro de 1976), tendo sido eleita Presidente da Câmara Municipal de Coimbra nas primeiras eleições autárquicas (1976-1979).
Em 1983, recebeu, do Presidente da República general Ramalho Eanes, a Ordem da Liberdade.
[João Esteves]
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