[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 6 de setembro de 2014

[0730.] ALICE BRAVO TORRES MAIA MAGALHÃES [I]



* ALICE BRAVO TORRES MAIA MAGALHÃES *
[1914-1989]

Professora, filha de Manuel Firmino de Almeida Maia Magalhães (1881-1932), militar republicano, e de Helena Bravo Torres Maia Magalhães, Alice Maia Magalhães nasceu a 8 de junho de 1914, no Porto, e faleceu a 4 de janeiro de 1989, em Lisboa. 

O seu percurso escolar e profissional foi exemplar: fez o Curso Geral no Liceu de Chaves, o Complementar no Liceu Maria Amália (1929-1931) e licenciou-se em Ciências Físico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com a elevada média de 18 valores.

Exerceu a docência nos liceus D. João de Castro (1937), Pedro Nunes (1937-1942, 1972), Almada (1972) e Maria Amália Vaz de Carvalho (1948-1949, 1972-1984). 

Entre 1943 e 1947, lecionou, como 2.ª assistente, na Faculdade que tinha cursado. 

Simultaneamente, engrossou, na década de 40, os movimentos de oposição à Ditadura do Estado Novo: desempenhou, em 1945, as funções de Vice-Presidente da Assembleia Geral da Associação Feminina Portuguesa para a Paz; assinou, no mesmo ano, as listas do Movimento de Unidade Democrática; e, pouco mais de um ano decorrido, em Janeiro de 1947, participou nas atividades culturais desenvolvidas aquando da “Exposição de Livros Escritos por Mulheres”, organizada pelo Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas na Sociedade Nacional de Belas Artes. 

Dissertou no dia 7, com Alda Nogueira (1923-1998), tal como Alice Maia Magalhães licenciada em Ciências Físico-Químicas pelas mesma Faculdade, sobre “A mulher e a ciência”, cabendo-lhe “analisar algumas figuras de mulher que no campo científico se têm evidenciado” [A Mulher, n.º 2, Maio de 1947, p. 9]. 

Ainda em 1947, participou ativamente nas campanhas contra a demissão, por motivos políticos, dos professores Manuel José Nogueira Valadares (1904-1982) e Aurélio Marques da Silva (1905-1965).

Tal como muitas outras docentes e funcionárias públicas que tiveram a ousadia de enfrentar o salazarismo, sofreu perseguições, esteve, entre 1949 e 1972, “expulsa do ensino por razões políticas” [Amaro Carvalho da Silva, “Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho”, Liceus de Portugal - Histórias, Arquivos, Memórias (coord. António Nóvoa e Ana Teresa Santa-Clara), Porto, Edições ASA, 2003, p. 493] e “viveu de lições particulares e dos seus ‘livros únicos’ de Físico-Químicas para os cursos complementares do ensino secundário” [idem]. 

Foi reintegrada no ensino a 1 de fevereiro de 1972 e lecionou até junho de 1984, ano em que se aposentou por ter completado 70 anos de idade, continuando a manter a mesma paixão pelo ato de ensinar e a intervir enquanto cidadã empenhada.

Segundo Amaro Carvalho da Silva, no texto sobre o “Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho” inserto na obra coletiva Liceus de Portugal, manteve-se solteira, adotou várias crianças e participou na constituição e dinamização da Associação de Solidariedade Social dos Professores.

Aquele professor escreveu uma detalhada entrada sobre Alice Bravo Torres Maia Magalhães para Feminae – Dicionário Contemporâneo [Lisboa, CIG, 2013].

Dicionário no Feminino (séculos XIX-XX), editado em 2005 pelos Livros Horizonte, contém também uma entrada referente a Alice Maia Magalhães. 

[João Esteves]

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