* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCXXXII *
01977. Eduardo Henrique Maia Rebelo [1928, 1930, 1931]
[Areosa - Viana do Castelo, 1894. 1.º tenente da Armada. Filiação: Maria Antónia Maia Rebelo, Luís Joaquim Dias Rebelo. Residência: Rua de Santo António, 6 - Oeiras. Frequentou o Colégio Militar e a Escola Naval. Republicano, teve relevante participação na Revolução de 14/05/1915, que afastou o general Pimenta de Castro, e desempenhou funções militares em Moçambique e em Timor. Preso na residência de João Nicolau Lúcio Escórcio em 01/05/1928, quando estava reunido com outros elementos que integravam um «comité revolucionário», e levado para a Penitenciária de Lisboa. Ao contrário dos outros detidos, não foi logo deportado para S. Tomé em 04/05/1928, seguindo uns dias depois no barco "Zaire". No mês seguinte, houve uma tentativa de o libertar quando era conduzido num automóvel. Preso em 1930, seria deportado para Angra do Heroísmo em 08/06/1930 e, aquando da "Revolta das Ilhas", já como capitão tenente na reserva, integrou a Junta Revolucionária da ilha Terceira, juntamente com o comandante João Manuel de Carvalho e o major Lobo Pimentel. Fracassada aquela, ficou preso em Angra até ser enviado para Cavo Verde, apresentando-se na Praia em 18/06/1931. Foi-lhe fixada residência em Vila Nova de Sintra, na ilha Brava, e ficou excluído da amnistia de 05/12/1932. Permaneceu em Cabo Verde até 1937, quando lhe foi levantada a deportação, com a condição de não regressar ao Continente. Exilou-se em Dakar e, sem regressar mais a Portugal, faleceu em 1953.]
01978. João Cruz Cebola [1928, 1937]
[João Cruz Cebola || ANTT || RGP/7524 || PT-TT-PIDE-E-010-38-7524]
[Nisa, 21/09/1886. Comerciante. Filiação: Isabel da Piedade, Jerónimo das Necessidades Marques. Preso em 16/05/1928, quando comerciante a residir no Barreiro, «acusado de ter tomado parte nas reuniões do "comité revolucionário" ultimamente descoberto», e levado para os calabouços do Governo Civil. Preso em 21/07/1937, «para averiguações», recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Transferido, em 06/11/1937, para o Campo de Concentração do Tarrafal, sem ter sido julgado ou condenado. Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 35.041, de 18 de Outubro de 1945, seria libertado em 27/12/1945 e regressou a Lisboa, no barco “Guiné”, em 01/02/1946.]
01979. Vitorino Máximo de Carvalho Guimarães [1927]
[Vitorino Guimarães || ANTT || PT-TT-EPJS-SF-001-001-0002-0589A]
[Penafiel, 13/11/1876. Militar e político republicano. Filiação: Amélia Augusta de Carvalho Guimarães, Joao Antunes de Sousa Guimarães. Frequentou os Institutos Comerciais e Industriais do Porto e de Lisboa e a Escola do Exército, seguindo a carreira militar: integrou o CEP e, em 1936, atingiu a patente de coronel de Administração Militar. Lecionou na Escola do Exército, no Instituto dos Pupilos do Exército e no Instituto Superior do Comércio - Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras. Republicano, integrou o Comité Militar envolvido na preparação da implantação da República, exerceu cargos no Partido Republicano Português e foi eleito deputado por Bragança (1911, 1915) e Moncorvo (1919, 1921, 1925). Foi, por diversas vezes, ministro das Finanças (1915, 1921, 1922, 1923, 1925) e chegou a presidir ao 36.º governo republicano durante quatro meses e meio (1925). Preso em janeiro de 1927, por estar associado ao Partido Democrático, e levado para o Forte de S. Julião da Barra. Esteve deportado em Cabo Verde (Praia, ilha de Santiago), de onde embarcou, em junho de 1927, no vapor "África", com destino ao Funchal. Aqui, entrou no navio "S. Miguel", tendo como fim Santa Cruz da Graciosa, onde lhe foi fixada nova residência. Durante a viagem, tal como alguns dos companheiros, passou o dia 28 de junho em Angra do Heroísmo, sendo acolhido e homenageado pelos republicanos locais e deportados, incluindo militares. Chegou à Graciosa em 29/06/1927. Faleceu em 02/12/1957, em Lisboa.]
[alterado em 26/06/2024]
[alterado em 29/06/2024]
01980. José Cortês / Cortez dos Santos [1927]
[Lisboa, 30/01/1885. Iniciou a carreira militar em 1902. Integrou o Corpo Expedicionário Português, foi chefe do Estado Maior de Lisboa, do Porto e da GNR e lecionou nas instituições militares. Foi ministro da Guerra (1921) e deputado eleito por Torres Vedras (1922). Chegou a ser preso em 1921, acusado de ser um dos autores morais da "Noite Sangrenta", de 21/10/1921: seria absolvido em 1923. Preso em janeiro de 1927, quando era tenente coronel, e levado para o Forte de S. Julião da Barra. Esteve deportado em Cabo Verde (Praia, ilha de Santiago), de onde embarcou, em junho de 1927, no vapor "África", com destino ao Funchal. Aqui, entrou no navio "S. Miguel", tendo como fim Santa Cruz da Graciosa, onde lhe foi fixada nova residência. Durante a viagem, tal como alguns dos companheiros, passou o dia 28 de junho em Angra do Heroísmo, sendo acolhido e homenageado pelos republicanos locais e deportados, incluindo militares. Chegou à Graciosa em 29/06/1927. Regressou ao Continente em 26/02/1929, disso dando conta o Ministério do Interior. Segundo o Ministério da Guerra, estava preso na Casa de Reclusão Temporária de S. Julião da Barra em 05/12/1930, continuando na mesma situação em 14/04/1931. Por informação do Ministro da Guerra ao Ministro do Interior, datada de 05/06/1931, foi posto em liberdade, por nada se ter apurado, «ficando a residir em Lisboa». Prosseguiu a carreira militar, passando à reserva como brigadeiro (1947). Faleceu em Lisboa, em 17/12/1963.]
[alterado em 26/06/2024]
[alterado em 29/06/2024]
[alterado em 24/11/2024]
[José Cortez dos Santos || 05/06/1931 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-72]
01981. Aníbal Augusto Ramos de Miranda [1927]
[Santarém, 06/05/1869. Militar. Filiação: Ana José Carvalho Ramos de Miranda, Augusto dos Santos Ferreira de Miranda. Governar Civil de Santarém em 1921 e, em 1922, foi eleito senador pelo círculo de Santarém, integrando as listas do Partido Democrático. Preso em janeiro de 1927, quando era coronel, e levado para o Forte de S. Julião da Barra. Prosseguiu a carreira militar, atingindo o posto de general. Faleceu em 19/07/1959.]
[João Esteves]
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