* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXX *
02136. Joaquim José Piedade Godinho [1929, 1933, 1938]
[Joaquim José Godinho || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903]
[Joaquim José Godinho ou Joaquim José Piedade Godinho.
Lisboa (Monte Pedral), 10/01/1901. Empregado de comércio / viajante - comércio. Filiação: Rosa da Piedade, Manuel José Godinho. Solteiro. Residência: Rua da Bela Vista à Graça, 54 - Lisboa / Lugar de Botequim - Charneca da Caparica. Preso em 17/06/1919, por suspeita de ter arremessado um petardo sobre um carro elétrico, e libertado em 01/07/1919. Preso em 01 ou 04/09/1921, "por dar vivas à Revolução Social e afixar prospetos nas paredes". Era, nessa altura, militante das Juventudes Comunistas e foi preso, juntamente com mais onze jovens, quando afixava cartazes nas ruas e nas fábricas de Lisboa no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Juventude Comunista. Foram detidos Armando dos Santos, Armando Ramos, Guilherme de Castro, Joaquim José Godinho, Joaquim Rodrigues, Jorge da Silva Pinheiro, José Madeira Rodrigues, Manuel da Silva Costa, Manuel Francisco Roque Júnior, Sebastião Lourenço – encarcerados na Cadeia do Limoeiro – e José de Sousa Coelho e Matias José Sequeira – enviados para o Forte de São Julião da Barra, sendo todos libertados na sequência da insurreição militar de 19/10/1921 [José Casanova, "Os primeiros comunistas presos", 03/02/2007]. Preso em 05/06/1924, "por agitador" e "por pretender matar o Senhor Comissário da PSP"; libertado em 16/07/1924. Participou, em 28/08/1924, no assalto ao Castelo de São Jorge, liderado pelos tenentes de infantaria Carlos Vilhena e José Filipe Pereira Piçarra (enviado para o Tarrafal em 1937). Seria preso em 29/08/1924, como muitos outros civis envolvidos, e libertado em 21/11/1924.
Preso em 28/07/1925, "por suspeita de ser autor de lançamento de bombas"; libertado em 30/07/1925.
Preso em 28/06/1929, porque se evadiu quando estava deportado na Guiné, e entregue à PSP em 01/07/1929. Depois de se ter evadido da Guiné, passou por Espanha, onde contatou com exilados portugueses, e no regresso a Portugal envolveu-se em manejos revolucionários. Em março de 1931, foi encarregado pelo tenente Alexandrino de fabricar bombas de choque em Abrantes, a serem utilizadas no mês seguinte, quando se previa que eclodisse no Continente um movimento na sequência da revolta da Madeira. Relacionou-se, nesse âmbito, com o (ex-)tenente Alexandrino, Manuel Jacinto, dr. Correia da Fonseca e Manuel Lúcio. Fracassado aquele, regressou a Espanha, onde permaneceu até fevereiro de 1933. Voltou ao país na sequência da amnistia de 05/12/1932 e manteve contatos com Eduardo Ortiz, João Pedro dos Santos, (ex-)tenente Manuel António Correia e (ex-)major Sarmento de Beires, a quem ficou ligado para fins revolucionários. Em abril de 1933, recebeu de Joaquim Pires Jorge, grumete músico da Armada, duas carabinas metralhadoras cerca de 600 cartuchos com balas, material que se destina a armar grupos civis aquando da próxima revolução. Preso em 11/05/1933, "por se ter evadido da deportação", estar envolvido em manejos revolucionários e ser bombista. No momento da detenção foi-lhe apreendida uma pistola e encontrado enorme quantidade de material de guerra em casa. Evadiu-se em 07/07/1933, quando se encontrava nos quartos particulares do Comando da PSP de Lisboa. Julgado à revelia pelo TME de 08/01/1934, foi condenado a quatro anos de degredo. Ter-se-á refugiado em Espanha, onde reatou contatos com o Grupo dos Budas, participou na Guerra Civil e conviveu com José Maria Ferreira, "O Silva da Madeira", com quem entrou em Portugal com passaportes falsos.
Preso em 28/08/1938, para averiguações, seguiu para Caxias. Transferido para o Aljube em 31/08/1938, reentrou em Caxias em 15/09/1938 e voltou ao Aljube em 20/06/1939. Julgado pelo TME em 27/06/1939, a pena de 1934 foi agravada para cinco anos de degredo. Reingressou em Caxias em 29/06/1939 e saiu em liberdade condicional em 13/09/1939.]
[João Esteves]
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