* ERNESTO JOSÉ RIBEIRO || A MORTE, NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO TARRAFAL, AOS 30 ANOS *
Militante comunista, teve responsabilidades nos preparativos da Greve Geral de 18 de Janeiro a ocorrer em Lisboa. Condenado a 14 anos de degredo, permaneceu dois anos na Fortaleza de São João Baptista, sendo enviado, em 1936, para o Tarrafal, onde faleceu ao fim de cinco anos.
[Ernesto José Ribeiro || ANTT || RGP/61]
Filho de Beatriz da Conceição Ribeiro e de Artur José Ribeiro, Ernesto José Ribeiro nasceu em 11 de Março de 1911, em Lisboa.
Servente de Pedreiro, seria o Controleiro da Célula N.º 3 do Partido Comunista.
Colaborou, entre outros, com Filipe José da Costa, Gabriel Pedro e Virgílio Martins nos preparativos da Greve Geral de 18 de Janeiro de 1934, nomeadamente na recolha de bombas explosivas e na realização de um comício relâmpago na Rocha do Conde de Óbidos, de forma a publicitar a greve junto dos operários da Administração do Porto de Lisboa [Processo 1011].
[Ernesto José Ribeiro || ANTT || RGP/61]
Entregue pelo Comando da PSP à Secção Política e Social da PVDE em 29 de Janeiro de 1934, foi julgado pelo Tribunal Militar Especial em 8 de Março e condenado a 14 anos de degredo, com prisão, e multa de vinte mil e escudos [Processo 106/934, do TME].
Embarcou, em 23 de Setembro, com destino à Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, e dois anos depois, em 23 de Outubro de 1936, integrou a primeira leva de presos políticos que foi enviada para o Tarrafal, onde chegou a 29 do mesmo mês.
[Ernesto José Ribeiro || ANTT || RGP/61]
Ernesto José Ribeiro faleceu no Campo de Concentração do Tarrafal em 8 de Dezembro de 1941, "pelas 010 horas", aos 30 anos de idade.
Segundo palavras de Edmundo Pedro, proferidas no encontro anual de 2002 dos ex-tarrafalistas e citadas por António Melo no jornal Público de 24 de Fevereiro de 2002, "Uma das [mortes] que mais me impressionou, foi a de Ernesto José Ribeiro, um operário da construção civil detido juntamente com o meu pai. Era, como eu, um convicto comunista. Quando sentiu que a morte se aproximava, visto que ficara anúrico durante três dias, dirigiu-me palavras que conservo, gravadas a fogo, na minha memória. Elas adquirem hoje, perante o que tem acontecido, um trágico e especial significado: - "Edmundo, sei que vou morrer em breve. Morro cheio de desgosto porque não poderei partilhar, com os camaradas que sobreviverem a esta prova, a entrada na sociedade sem classes - na sociedade comunista!" [António Melo, "Sobreviventes do Tarrafal reunidos em Lisboa", Público, 24/02/2002].
Fontes:
ANTT, Cadastro Político 5192 [Ernesto José Ribeiro / PT-TT-PIDE-E-001-CX08_m0916, m0916a].
ANTT, Registo Geral de Presos/61 [Ernesto José Ribeiro / PT-TT-PIDE-E-10-1-61_c0136].
ANTT, Fotografia 2516 [Ernesto José Ribeiro / ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-4-NT-8904_m0012].
[João Esteves]
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